segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Empire State será um Green Building.

Caros,

No ano passado realizamos a I Missão Técnica Green Buildings em Nova York. Visitamos vários dos mais relevantes edifícios certificados da cidade. O Empire State Building, no entanto, era apenas o mesmo bom e velho gigante de concreto e aço, atração turística inevitável, ao menos para os que visitam a cidade pela primeira vez.

Agora, para a segunda edição da missão Green Buildings em Nova York, que ocorre no próximo mês de junho 2009, o Empire State Building será visto com outros olhos. O edifício está em processo de modernização e passará a ser também um Green Building. Os responsáveis esperam alcançar a certificação LEED ouro, nos próximos anos. É um caso e tanto, um edifício gigantesco, quase totalmente ocupado, visitado diariamente por milhares de pessoas, já com quase 80 anos de vida útil, será transformado num dos maiores green buildings do mundo. É um bom exemplo.

Será mais um feito impressionante na história deste projeto, cujas obras se iniciaram em 1929 e foram realizadas durante os efeitos da primeira grande crise financeira, iniciada naquele ano. Agora, curiosamente, em meio a outra crise de ordem semelhante, o prédio inicia o processo que lhe garantirá sobrevida de pelo menos mais algumas décadas, adequando-se a este novo século.

Reproduzo a seguir matéria sobre o assunto, publicada originalmente no site do New York Times, em 07 de abril 2009:

Equipe de especialistas anuncia revolucionário projeto de modernização com eficiência energética no Empire State Building.

O programa de atualização de US$ 500 milhões do prédio comercial mais famoso do mundo incorpora projeto completo para redução do uso de energia em cerca de 40%.
Imagem: Empire State, foto de Antonio Macêdo.

Usando o Empire State Building como caso e modelo de teste, parceiros de construção e projetos, consultores de classe mundial e sem fins lucrativos -- incluindo a Iniciativa Climática Clinton (CCI-Clinton Climate Initiative), Rocky Mountain Institute (RMI), Johnson Controls Inc. (JCI) e a Jones Lang LaSalle (JLL) -- divulgaram um processo inovador de análise e modernização das estruturas existentes visando a sustentabilidade ambiental.

Adotado como elemento principal do programa de atualização de mais de US$ 500 milhões sendo atualmente realizado no mais famoso prédio comercial do mundo, o programa é a primeira abordagem completa que integra diversos passos para o uso da energia de forma mais produtiva. O programa deverá reduzir o consumo de energia em até 38% e irá proporcionar um modelo replicável para projetos similares em todo o mundo. O trabalho já teve início nos sistemas do prédio e tem término previsto para o final de 2010. O restante do trabalho, a ser realizado nos espaços alugados, deverá estar concluído até o final de 2013. A parte que está programada para ser finalizada dentro de 18 meses irá resultar em mais de 50% da economia de energia prevista. O restante levará 36 meses adicionais com finalização até 2013.

O projeto irá provar a viabilidade dos projetos de modernização da eficiência energética para aumentar de forma dramática a eficiência energética do prédio e reduzir sua emissão de carbono total com períodos sensatos de retorno e lucratividade melhorada.

No final do processo de definição do projeto, a equipe analisou os passos a serem tomados em conjunto com outros passos visando a sustentabilidade, como parte do programa de reconstrução do Empire State, dentro da estrutura do sistema de qualificação do programa LEED (Leadership in Energy and Environment Design) do USGBC - U.S. Green Building Council. Os cálculos internos mostram que o Empire State Building poderá se qualificar para a certificação LEED ouro para Prédios Existentes, e os proprietários pretendem obter tal certificação.

"Prédios comerciais e residenciais são responsáveis pela maior parte da pegada de carbono total das cidades em todo o mundo -- mais de 70% no caso da Cidade de Nova York. Desde fevereiro de 2008, o Empire State Building tem sido usado como bancada de testes para a criação de um processo replicável para redução do consumo de energia e dos impactos ambientais", disse Anthony E. Malkin, da Empire State Building Company, proprietária do prédio. "A maioria dos novos prédios é construída visando o meio ambiente, porém a verdadeira chave para o progresso substancial é a redução do consumo de energia e da pegada de carbono dos prédios existentes".

"Este processo inovador, que desenvolveu novas técnicas para modelagem e organização de um programa integrado, oferece um caminho claro para a adoção em todo o mundo, levando a significativas reduções na emissão de gases com efeito estufa", conforme acrescentou Malkin.

"Juntamente com outros passos já tomados, para a reciclagem de resíduos e entulhos das construções, o uso de materiais reciclados e produtos ecológicos de limpeza e de dedetização, o modelo construído no Empire State Building irá de forma significativa acelerar a redução do consumo de energia e do impacto ambiental e permitirá mais operações sustentáveis -- e, ao mesmo tempo, irá melhorar a rentabilidade e o conforto dos inquilinos. Este é um programa real, que acontece em tempo real, criando empregos realmente ecológicos".

Os parceiros do projeto usaram ferramentas novas e já existentes de modelagem, medição e projeção em um processo novo, e que pode ser repetido, para analisar o Empire State Building e estabelecer um conhecimento total de seu uso de energia, bem como de suas eficiências e deficiências funcionais. Isto proporcionou recomendações de ações ao longo de uma curva de custo-benefício para aumentar a eficiência sem prejudicar o desempenho final. Com a revisão de mais de 60 atividades opcionais, a equipe identificou oito projetos economicamente viáveis, aplicáveis à renovações em todo o prédio, modernização de sistemas elétricos e de ventilação e reforma dos espaços alugados, que irão proporcionar um retorno significativo do investimento, tanto ecológica quanto financeiramente.

"Neste problemático ambiente econômico, existe uma tremenda oportunidade para as cidades e os proprietários de prédios modernizarem os prédios existentes para pouparem dinheiro e energia", disse o ex-Presidente Clinton. "Estou orgulhoso com o trabalho que a iniciativa climática da minha fundação tem feito em 40 das maiores cidades do mundo, incluindo Nova York, onde tivemos um papel principal na formação de um conjunto exclusivo de parceiros, os quais estão trabalhando para tornarem possível a modernização do Empire State Building. É este tipo de colaboração inovadora que é crucial para a proteção de nosso planeta e para fazer com que nossa economia se recupere novamente".

"Este projeto utiliza toda experiência, pesquisa e inovação que acumulamos em nossos 125 anos neste negócio", disse Iain Campbell, Vice-Presidente da Johnson Controls, a companhia de serviços de energia do programa. "É gratificante saber que da mesma maneira que apontamos para este prédio como uma das grandes realizações de nossos avós, nosso netos poderão apontar para nós da mesma forma".
Imagem: Empire State e New York city, foto de Antonio Macêdo.

"Este projeto não irá somente reduzir de forma dramática o impacto ambiental do Empire State Building, mas também poderemos fazê-lo de uma maneira que irá proporcionar economias significativas de custos para o prédio e também para seus inquilinos", disse Raymond Quartararo, Diretor Internacional da Jones Lang LaSalle.

Com o custo do projeto inicialmente estimado em US$ 20 milhões, as economias adicionais e redirecionamento de despesas, originalmente planejadas no programa de modernização do prédio, e gastos alternativos adicionais nas instalações dos inquilinos, o Empire State Building irá economizar US$ 4,4 milhões em custos anuais com a economia de energia, reduzir seu consumo de energia em cerca de 40%, recuperar seu custo extra líquido em cerca de três anos e cortar sua emissão total de carbono através de oito iniciativas-chaves, incluindo:

1. Modernização da iluminação das janelas: Renovação de aproximadamente 6.500 janelas de vidro com isolamento térmico, usando os vidros e caixilhos existentes para criar painéis de camadas triplas de vidro com novos componentes que reduzem dramaticamente a carga de aquecimento do verão e a perda de calor durante o inverno.

2. Modernização do isolamento dos radiadores: Isolamento adicional por trás dos radiadores para reduzir a perda de calor e aquecer de forma mais eficiente o perímetro do prédio.

3. Modernização da iluminação, aproveitamento da luz do dia e tomadas dos inquilinos: Introdução de projetos de iluminação melhorados, controles da luz do dia e sensores de ocupação das cargas das tomadas em áreas comuns e nos espaços alugados, para reduzir os custos de eletricidade e cargas de resfriamento.

4. Substituição dos Manipuladores de Ar: Substituição das unidades de manipulação de ar por ventiladores com controladores de freqüência variável para permitir maior eficiência energética durante a operação e, ao mesmo tempo, melhorar o conforto dos inquilinos individuais.

5. Modernização da planta de resfriadores: Reutilizar os cascos dos resfriadores existentes e ao mesmo tempo, remover e substituir o seu interior para melhorar a eficiência e a capacidade de controle dos resfriadores, incluindo a introdução de controladores de freqüência variável.

6. Atualização do sistema de controle de todo o prédio: Atualizar o sistema existente de controle do prédio para otimizar as operações de HVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado), bem como proporcionar informações de sub-medição mais detalhadas.

7. Atualização do controle de ventilação: Introdução de ventilação com controle de demanda nos espaços ocupados, para melhorar a qualidade do ar e reduzir a energia necessária para condicionar o ar exterior.

8. Sistemas de gestão de energia dos inquilinos: Introdução de sistemas de uso de energia individualizados baseados na Web para cada inquilino, para permitir gestão mais eficiente do uso de energia.
Imagem: Empire State, foto de Antonio Macêdo.

Recentemente, diversas iniciativas foram lançadas, incluindo o programa de Modernização de Prédios da CCI e do PlaNYC da Cidade de Nova York em 2007, com o objetivo de reduzir a significativa pegada de carbono das estruturas existentes nas principais cidades. O programa piloto, lançado no Empire State Building, deixa de apresentar passos teóricos e direcionais e traz planos de ação quantificáveis que podem ser amplamente adotados em todo o mundo. Através das ações tangíveis anunciadas hoje (abril de 2009) pela Iniciativa Climática Clinton, Johnson Controls Inc., Jones Lang LaSalle, Rocky Mountain Institute e pela Empire State Building Company, os proprietários de prédios possuem agora um exemplo prático de um caminho economicamente inteligente para serem membros responsáveis da comunidade global. Este projeto pode aumentar a confiança das cidades, estados e governos de todo o mundo na viabilidade de programas que fazem mudanças positivas, agora.

"Para tornar as cidades mais limpas e mais eficientes em relação à energia, precisamos urgentemente de modelos replicáveis para a modernização dos principais prédios existentes. Este exemplo visionário ajudará a informar e inspirar iniciativas que poderão cortar as emissões de carbono, economizar energia, economizar dinheiro, criar empregos e fornecer melhores locais de trabalho nos prédios por todo o mundo", disse Amory B. Lovins, Presidente do Conselho e Cientista-Chefe do Rocky Mountain Institute.

Fonte: NOVA YORK, 6 de abril /PRNewswire
Por Adam Pietrala e Viet N'Guyen
(com adaptação de Antonio Macêdo Filho)

O processo de análise completo está disponível on-line como material de fonte aberta ao público nos endereços www.esbsustainability.com e www.esbnyc.com.

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