sábado, 31 de julho de 2010

O Planalto não ficou verde

O governo perdeu uma bela chance de fazer do Palácio do Planalto - o mais importante prédio público brasileiro, sede da Presidência da República - um exemplo de sustentabilidade

Por Angela Pimenta, para a Revista Exame - 30/06/2010

A fim de reinaugurá-lo no dia 21 de abril, para celebrar o cinquentenário de Brasília, o que acabou não ocorrendo em razão de atrasos na obra, o governo decidiu que o novo Planalto contaria apenas com uma acanhada lista de recursos modernos em prol do meio ambiente.

Foram acrescidos um sistema de reúso de águas, um novo ar-condicionado e uma nova subestação de energia. Mas a reforma, que custou 100 milhões de reais aos cofres públicos e agora está prestes a ser entregue, deixou de incorporar várias tecnologias verdes e procedimentos de ponta já assimilados pela indústria da construção brasileira. Ficaram de fora a montagem de uma usina de cogeração de energia e o uso de válvulas de descarga que economizam água, entre outros itens.

No final das contas, a obra não saiu no prazo planejado e será inaugurada já defasada. Aliás, o prédio será entregue sem o Procel Edifica, selo de certificação de eficiência energética da construção, instituído pelo próprio Ministério de Minas e Energia.

O que a reforma ficou devendo

Teto: Painéis fotovoltaicos para armazenamento de energia solar e cobertura ventilada com isolamento térmico.

Canteiro de obras: Gestão susentável da construção, incluindo controle de água e energia.

Janela: Vidros de alto desempenho para controle solar. Eles permitem o aproveitamento da luz natural e barram o calor no ambiente interno.

Revestimento: Uso de tintas e vernizes que não emitem elementos orgânicos voláteis.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Aula Magna: Arquitetura e Desenvolvimento Sustentável

Especialista norte-americano fala sobre Arquitetura e Desenvolvimento Sustentável na UNICID

Arquiteto Rives Taylor, diretor de sustentabilidade em projetos do escritório Gensler, mostrará como projetar edifícios verdes

A Universidade Cidade de São Paulo – UNICID vai receber no dia 12 de agosto, das 19h30 às 21h, o arquiteto norte-americano Rives Taylor, diretor de sustentabilidade em projetos do Gensler, um dos maiores escritórios de Arquitetura e Design do mundo, e professor da Universidade de Houston (EUA). Na palestra “Design sustentável para um mundo melhor”, o especialista abordará projetos de sucesso desenvolvidos pelo escritório em todo o mundo com o selo LEED. A sigla, que em inglês significa “Leadership in Energy and Environmental Design” (LEED®), dá nome a uma certificação internacional para edifícios sustentáveis – residenciais e comerciais - concedida pelo Conselho de Construção Sustentável ("Green Building") dos Estados Unidos. Diferencial de mercado no Hemisfério Norte, o selo começa a ser cobiçado no país.

Segundo o Prof. Arq. Antonio Macêdo Filho, organizador da atividade e Diretor do Curso de Arquitetura da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, primeiro do país a ter ênfase em sustentabilidade das construções em sua estrutura, centenas de empreendimentos já estão buscando esta certificação no Brasil. “Uma construção verde é aquela que busca eficiência no uso de recursos como água, energia e materiais, assim como maior qualidade do ar, uso de luz natural e conforto térmico, com maior adequação do projeto às condições regionais em que a obra será implantada", explica.

De acordo com o Prof. Macêdo, as construções verdes no mundo e, em especial, nos Estados Unidos, já são uma realidade. "É um mercado que cresce 14,2% ao ano num universo de US$ 10 trilhões”, afirma. A explicação para esse número, segundo ele, é que as construções verdes reduzem o seu impacto no meio ambiente e o custo operacional dos edifícios.

Além do convidado internacional, experiências nacionais bem sucedidas serão apresentadas por Nelson Kawakami, Diretor Executivo do Green Building Council Brasil, em palestra a respeito das construções sustentáveis no Brasil e no mundo.

Informações e inscrições pelo telefone: (11) 2178-1389

SERVIÇO

Aula Magna: Arquitetura e Desenvolvimento Sustentável
Quando: dia 12/08, das 19h30 às 21h30
Onde: Auditório da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID
Endereço: R. Cesário Galeno, 448 – Tatuapé – próximo a estação Carrão do Metrô

PROGRAMAÇÃO

Apresentação
Arquitetura Sustentável: Contexto e Tendências – Prof. Antonio Macedo Filho - UNICID

A Construção Sustentável no Brasil e no Mundo – Nelson Kawakami, Diretor Executivo do Green Building Council Brasil

Sustainable Design for a Better World – Rives Taylor, University of Houston / Gensler Architecture and Desing (EUA)

Mais informações em: http://www.unicid.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2967&sid=1795

Divulgação:

Aviv Comunicação
Daniela Nogueira / Silvia Dias
imprensa@cidadesp.edu.br
Tel: (11) 2178-1283

Comentário:
Saiba como se tornar um especialista em construção sustentável:

O Arq. Rives Taylor apresentará ainda o workshop: "How to become a LEED AP", na EcoBuilding, em São Paulo, no dia 13/08.

Mais informações em: http://www.ecobuilding.com.br/workshops/ ou (11) 2361 6659.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Concurso vai premiar melhor plano de eficiência energética para edifício projetado por Rino Levi

Equipe vencedora recebe R$ 50 mil e poderá ser contratada para desenvolver o projeto executivo do edifício, atualmente ocupado pelo Ibope

Por Mauricio Lima, para PiniWeb, Julho 2010
A Otec, empresa de consultoria de sustentabilidade, lançou o "Concurso Otec de Eficiência Energética para Edifícios Existentes". A competição tem como objetivo premiar o projeto que apresentar as melhores soluções de eficiência energética para o edifício ocupado pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) em São Paulo. Os competidores também têm de realizar projetos que proporcionem o resgate histórico do prédio, que foi criado pelo arquiteto Rino Levi.

Edifício ocupado pelo Ibope

O grupo vencedor receberá R$ 50 mil e, segundo a Otec, poderá ser contratado pelo proprietário do prédio para desenvolver o projeto executivo do retrofit. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas até 10 de novembro no site do concurso. As equipes inscritas devem contar com, pelo menos, um arquiteto e um engenheiro.

A Otec cederá aos competidores o modelo representativo da situação atual e material gráfico do prédio, para serem utilizados como referência técnica. Os competidores também poderão visitar o edifício para verificação das instalações atuais.

Os projetos, que devem ser criados com o programa DesignBuilder, podem ser entregues até 28 de janeiro de 2011. O resultado do concurso sai em 15 de abril do mesmo ano.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Viviendas bioclimáticas son una realidad

Publicado originalmente em eltiempo.com.ec.

En Tenerife, una isla del océano Atlántico, perteneciente a la Comunidad Autónoma de Canarias-España se creó una urbanización compuesta exclusivamente por viviendas bioclimáticas. Esto es, 25 casas unifamiliares capaces de abastecerse de energía por sí mismas.

En este espacio, todo es limpio. Se trata, por tanto, de la primera urbanización bioclimática con cero emisiones de CO2. La revolucionaria idea se inició con un Concurso Internacional impulsado por el Cabildo Insular de Tenerife y el Instituto Tecnológico y de Energías Renovables y avalado por la Unión Internacional de Arquitectos, con el objetivo de convertirse en un laboratorio de viviendas desarrolladas bajo los criterios de arquitectura bioclimática y de adaptación a las condiciones del medio, y capaces de autoabastecerse desde el punto de vista energético.

El experimento ha funcionado, de modo que los resultados obtenidos se utilizarán como patrón en futuras iniciativas de construcción sostenible. Porque es esta una herramienta probada y fácilmente aplicable y exportable a otras zonas de climatología similar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Holcim abre inscrições para prêmio internacional de construção sustentável

Premiação é destinada a empreendimentos e projetos urbanísticos inovadores, economicamente viáveis e com uso eficiente de recursos naturais
Por Ana Paula Rocha, para PiniWeb, Julho 2010

Midiateca da PUC-Rio projetada por Angelo Bucci recebeu prêmio na última edição

Estão abertas as inscrições do 3º ciclo do Holcim Awards, concurso mundial da Holcim Foundation for Sustainable Construction, que visa reconhecer empreendimentos, projetos urbanísticos, de infraestrutura, e materiais, produtos e tecnologias construtivas sustentáveis.

Podem participar do Holcim Awards arquitetos, projetistas, engenheiros e estudantes envolvidos com projetos de construção sustentável. Os trabalhos devem ser apresentados em língua inglesa e considerar conceitos de sustentabilidade, que incluem: inovação e capacidade de transferência; padrões éticos e equidade social; uso eficiente de recursos naturais; desempenho econômico e compatibilidade; e impacto estético e adequação ao contexto.

O concurso é dividido em duas categorias. Na principal, destinada a profissionais formados, os projetos devem estar em estágio avançado, com alta probabilidade de execução. Já a categoria Next Generation é aberta a jovens profissionais, com mais de 18 anos, que apresentam projetos criados nas universidades.

O Holcim Awards ocorre em nível regional e global, sendo que a primeira etapa é realizada em cinco regiões: Europa, América do Norte, América Latina, África&Oriente Médio e Ásia&Pacífico.

Ao todo, serão distribuídos US$ 2 milhões em prêmios para os melhores projetos em construção sustentável. Cada uma das cinco regiões premiará com US$ 100 mil a categoria Ouro, US$ 50 mil para a categoria Prata, US$ 25 mil para a categoria Bronze, além de US$ 50 mil para a categoria Next Generation. As regionais poderão ainda apontar quatro projetos para receber Prêmios de Reconhecimento, concedidos pelo júri, totalizando até US$ 75 mil.

Na fase global, os projetos que forem premiados com Ouro, Prata e Bronze em cada região serão submetidos a um júri mundial. Os vencedores desta etapa receberão um total de US$ 350 mil, sendo US$ 200 mil para o prêmio Ouro, US$ 100 mil para o prêmio Prata e US$ 50 mil para o prêmio Bronze.

Na edição anterior, o Holcim Awards recebeu cerca de 5 mil inscrições provenientes de 90 países. Do Brasil foram inscritos 294 projetos, sendo cinco projetos premiados na etapa regional latino-americana com medalhas de prata e bronze na principal categoria, prêmio Next Generation e duas menções honrosas (Holcim Awards Acknowledgement prizes).

Entre os premiados da etapa regional no 2º Ciclo do Holcim Awards estavam o projeto da Midiateca da PUC do Rio de Janeiro, assinado por Angelo Bucci da SPBR Arquitetos (Prata); e a torre multifuncional compacta, que abriga uma cisterna para coleta de água de chuva, a caixa de água e um equipamento coletor solar para aquecimento de água, de autoria de Maria Andrea Triana, Roberto Lamberts e Marcio Antonio Andrade da LabEEE da UFSC, Florianópolis (Bronze).

As inscrições vão até 23 de março de 2011. Mais informações sobre o prêmio no site http://www.holcimawards.org/

Revolutionair: turbina eólica com design by Philippe Starck

Turbine seu quintal
Marcia Bindo, para a Revista Vida Simples – 04/2010

Revolutionair: produção de energia eólica em casa

Projetada pelo designer de objetos Philippe Starck, a turbina eólica Revolutionair pode ser instalada em jardins e telhados para a produção doméstica de energia elétrica, a partir da força do vento

Depois de revolucionar o mundo com projetos inovadores, o designer Philippe Starck resolveu usar sua criatividade para desenvolver objetos funcionais capazes de transformar nossa vida. É o caso desta turbina eólica para uso doméstico, que transforma a força do vento em energia elétrica.

Basta você instalá-la no jardim, no telhado ou na frente de casa para ter mais de 1600 kWh por ano. A Revolutionair é uma boa opção para ter em casa energia totalmente limpa, acessível (o valor varia de 2500 a 3500 euros) e fácil de usar.

Novos ares
No topo dos prédios, turbinas de eixo vertical podem gerar energia eólica em áreas urbanas
Por Regina Valente, Revista Arquitetura & Construção – 09/2009

No começo deste ano, a empresa israelense Sovna, que atua no campo de energias alternativas, passou a obter eletricidade de turbinas eólicas de eixo vertical instaladas sobre sua sede, em Tel Aviv. Estudada desde a década de 20, essa tecnologia ainda está em desenvolvimento, já que o equipamento exige um sistema complexo para aproveitar melhor os ventos típicos das cidades, que sopram em todas as direções.

Menores do que os modelos mais conhecidos atualmente, que lembram moinhos de vento, os de eixo vertical são ideais para funcionar no topo de edifícios, desde que a estrutura suporte a carga e que a região receba ventos com velocidade média anual de 6 a 7 m/s. “Mas o rendimento ainda é menor em comparação às turbinas de eixo horizontal”, ressalta o professor Júlio César Passos, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina.

Uma das razões para isso é que as pás exigem impulso elétrico para funcionar, o que reduz o desempenho. Incipiente no Brasil, que subaproveita seu potencial eólico, essa tecnologia vem crescendo em países como Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e China.

De onde veio: Os primeiros modelos foram desenvolvidos pelo francês D. G. M. Darrieus em 1920. Os de grande porte, como o da Sovna, surgiram no final da década de 70, após a crise do petróleo.

Para onde vai: O desempenho deve melhorar. A eficiência está na casa dos 30% e, a curto prazo, pode chegar a 40%. A China já começou a fabricar modelos com cinco pás, ainda mais eficazes.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Governo britânico simula mundo superaquecido utilizando o Google

Publicado originalmente em Planeta Sustentável

Você acha que o próximo verão vai ser quente? Espere até ver a simulação do Google de um mundo cuja temperatura subiu 4 graus centígrados. O aplicativo pode ser baixado deste endereço: http://www.fco.gov.uk/en/global-issues/climate-change/priorities/science/

Usando um mapa feito pelo governo trabalhista britânico em 2009, o atual governo de coalizão coletou datos de temperatura do Met Office Hadley Centre e outros centros de pesquisa dos climas e os sobrepôs como um layer do Google Earth. Os resultados são assombrosos.

O aplicativo vem em boa hora. Este mês, cientistas advertiram que as promessas internacionais corrrentes de emissão de carbono podem mesmo levar o mundo a este aumento de temperatura. Diferentemente de uma ferramenta semelhante com dados do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change, ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), lançado pelo Google antes da Conferência de Copenhage, este mapa será atualizado regularmente.

O aplicativo traz também uma série de vídeos do YouTube com especialistas falando, por exemplo, de incêndios na África Subsaariana e de elevações do nível do mar. Além disso, há links para sites governamentais, onde se pode checar qual será a disponibilidade de água no mundo.

Brincar com o layer pode viciar. Além de não ser estático, o mapa mostra como os aumentos de temperatura são drasticamente diferentes em regiões do globo. Os polos ficam em vermelho (com um potencial aumento de temperatura de dez graus) e a maior parte da Europa mostra uma elevação entre 2 e 3 graus. Outras áreas quentes se destacam, como a Amazônia, relata o Guardian.

sábado, 24 de julho de 2010

Telhados verdes e jardins verticais

Telhados com gramado e jardins em paredes: como são construídos?
Por Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz, publicado originalmente em Uol.com.br.

Ilustração sobre foto do Centro de São Paulo mostra como a cidade poderia ser se os edifícios adotassem a os telhados verdes ou ecológicos

Nos últimos anos, o teto jardim ou teto verde entrou muito em voga com a disseminação da cultura da sustentabilidade. O problema é que, como pudemos ver no texto da semana passada, é necessária uma série de cuidados para realizar um verdadeiro jardim que você possa utilizar na cobertura de sua casa.

Por isso, algumas pessoas pararam para pensar: como poderíamos criar um teto verde, sem que necessariamente tivéssemos uma laje impermeabilizada? Qual seria a forma mais prática de ter um teto verde na cobertura? O que seria necessário para poder criar coberturas vegetais sobre construções de uma forma mais simples, ainda que não se possa frenquentá-la?

Com base nesses questionamentos, algumas empresas encontraram soluções muito interessantes e as lançaram recentemente no mercado brasileiro, com sucesso. Seus produtos são diferentes entre si, mas têm em comum o resultado final: a implantação de tetos verdes com relativa facilidade.

Para o uso dessa tecnologia, basta ter uma cobertura que suporte 50 kg por m², peso médio dos sistemas dessas empresas. A composição tecnológica do sistema varia de empresa a empresa, mas basicamente são uma série de camadas sobrepostas, formadas por:

• impermeabilizante, em geral do tipo anti-raízes, aplicada junto à laje de cobertura;

• camada de retenção e orientação de água;

• camada de retenção de nutrientes (deixa passar a água, mas impede que ela “lave o solo”, mantendo o alimento para as plantas crescerem saudáveis);

• o substrato (terra especial leve adubada) coeso (varia de empresa a empresa, e alguns são modulares e outros de enrolar);

• camada final do composto do substrato e, finalmente, a vegetação rasteira, que pode ser grama ou outras espécies de forração.

Imagem aérea do Centro de São Paulo. A impermeabilização do solo é praticamente total, o que causa enchentes e ilhas de calor

É possível utilizar esse tipo de solução sobre lajes e até sobre telhas metálicas, em que se sobe apenas para eventual manutenção.

Mas qual a utilidade de se ter um teto verde se não posso utilizá-lo?

São diversas as vantagens de um teto verde, ainda que não se possa subir nele para tomar sol ou jogar bola. Com o teto jardim você consegue melhorar a inércia térmica da sua construção, ou seja, ela não esquenta, nem esfria demasiadamente; melhora a acústica, ajuda na drenagem, contribui para a melhora da qualidade urbana como um todo e quem vê sua construção de cima agradece!

Imagine-se chegando de avião em uma cidade grande como São Paulo e, no lugar desse visual cinza desolador que as metrópoles oferecem quando vistas do alto, houvesse uma infinidade de tetos verdes? Seria quase como “erguer” o solo onde se fez a construção. Como as cidades seriam incríveis se fossem assim!

Paredes Verdes

Ao mesmo tempo em que o desenvolvimento do teto verde ocorreu, surgiram as “paredes verdes”, os ensaios mais contemporâneos dos conhecidos jardins verticais.

A idéia já é antiga e, desde os anos 70, já existem peças de concreto para construção de muros, por exemplo, que se tornam como que pequenos vasos de plantas. O resultado do agrupamento dessas peças compõe uma espécie de paisagismo vertical.

Um dos usos que chamou muito a atenção do mundo da arquitetura foi a parede verde proposta pelos arquitetos suíços Herzog & De Meuron (autores do estádio ninho de pássaro em Pequim e da galeria Tate Modern, em Londres) para a praça de entrada de seu museu Caja Forum, em Madri.

O restaurante KAA, em São Paulo, de autoria de Artur de Matos Casas e paisagismo de Gil Fialho, possui uma grande parede que é um jardim vertical e é o ponto focal do projeto. O resultado valeu diversos prêmios à dupla.

Esquema de construção do tipo convencional de telhado verde.

Já existem outras opções, mais simples, no mercado atualmente

Imagine aquelas grandes empenas cegas, comuns em prédios antigos, que em muitos locais são infestadas por outdoors gigantescos. Como elas pareceriam com grandes jardins verticais iluminados à noite?

A verdade é que boa parte das cidades sofre com a falta de verde. Por serem muito impermeabilizadas e cheias de concreto, tendem a se tornar “ilhas de calor” e são alguns graus mais quentes do que o campo. As chuvas que caem nas cidades têm de ser escoadas, pois há baixa permeabilidade do solo – quanto mais verde, melhor nesse aspecto. A fauna sofre - dos passarinhos aos insetos.

A solução de jardins em coberturas e paredes agrada a todos, promove a sustentabilidade, ajuda o clima, é boa para a fauna e tende a deixar os locais mais bonitos e agradáveis.

Comentário:

Nos dias 03 e 04 de junho de 2011 realizaremos pela EcoBuilding, em São Paulo, mais uma turma do curso "Telhados Verdes e Jardins Verticais: Integração Paisagistica na Arquitetura", com o Arq. Henrique Benites. Mais informações em: www.ecobuilding.com.br.

Eu recomendo.

Arq. Antonio Macêdo Filho
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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Primeira usina solar do Brasil

Com capacidade de gerar 1 mw (suficiente para abastecer cerca de 500 casas), a primeira usina solar brasileira será interligada ao sistema elétrico da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf)

Por Giuliana Capello, para a Revista Arquitetura e Construção – 06/2010

Em breve, a paisagem de Tauá, CE, ficará parecida com a da foto acima, clicada em Sevilha, na Espanha. A novidade, ainda isolada, pode multiplicar-se em breve. “Com o aumento dos custos de produção de energia elétrica e a redução das despesas de fabricação das placas fotovoltaicas, prevejo uma paridade tarifária que tornaria a segunda opçãomais viável”, diz Ricardo Rüther, especialista no tema e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Construir pequenas usinas como a de Tauá, de abrangência local, ou instalar painéis fotovoltaicos próximos aos pontos de consumo (como em coberturas de prédios) pode ser um caminho interessante. “Assim, gasta-se menoscom redes de transmissão e distribuição”, afirma Ricardo. Sem falar nosganhos quantitativos: segundo ele, se a área inundada de Itaipu fosse coberta por placas fotovoltaicas, a produção de energia dobraria.

Em breve na sua casa

O Brasil ainda não fabrica placas fotovoltaicas (importa de marcas como Kyocera, Sharp, Sanyo e SS Solar),mas há grande expectativa quanto à participação do país na geração de energia solar. “Temos boa insolação e a maior reserva de quartzo do mundo, de onde se extrai o silício, usado nas células solares. Desenvolver o setor é questão de dez anos”, afirma Ricardo Ruther.

Além disso, a pressão mundial pelo uso de fontes renováveis favorece a queda dos preços das placas, o que disseminará o uso. “Por enquanto, os consumidores são pessoas de classe alta, dispostas a pagar mais pela energia limpa, ou populações muito carentes, que obtêm ajuda do governo para a compra dos painéis”, diz Airton Dudzevich, da loja paulista Supergreen, especializada em produtos e sistemas sustentáveis.

Veja também:

Usina solar integrada ao sistema elétrico

Uma megausina solar no Saara

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Verdes, pero no mucho

Os ambientalistas - quem diria - estão se mobilizando contra projetos de energia limpa

Ana Luiza Herzog, para Revista Exame - 19/05/2010

Para a ONG Wildlands Conservancy, que atua na região, a paisagem do Mojave é quase sagrada, e deve permanecer intocada.
Cerca de 4 000 quilômetros quadrados, área quase três vezes maior que a da cidade de São Paulo. É nesse mundo de terra, no deserto de Mojave, no estado americano da Califórnia, que vários investidores tinham planos de instalar uma série de usinas solares. O desejo do setor privado de avançar sobre esse lugar inóspito é compreensível. Uma lei estadual de 2006 estabelece que, até 2020, um quinto da eletricidade consumida na Califórnia deverá vir de fontes renováveis. O deserto de Mojave não poderia ser mais propício para dar conta dessa ambição: trata-se de uma das regiões dos Estados Unidos onde o sol é mais inclemente.

O plano seria perfeito se não fosse por uma questão: nem todos os "verdes" são a favor da ideia. Muito pelo contrário. Para o americano David Myers, principal ativista da Wildlands Conservancy, entidade que atua na região, a paisagem do Mojave é idílica, quase sagrada, e deve permanecer intocada. Além disso, o local abriga dezenas de espécies de plantas e animais que devem ser preservadas. "Grandes ONGs recebem muito dinheiro de grandes corporações. Não é nosso caso. Assim, podemos pensar mais objetivamente sobre as consequências negativas desses projetos nessa região", disse Myers a EXAME.

Para desespero dos investidores, como o banco Goldman Sachs, e das empresas do setor de energia, como a Pacific Gas and Electric, os ambientalistas contrários à energia limpa estão levando a melhor nessa inusitada queda de braço. Essa facção radical de ambientalistas conta com o apoio da senadora democrata Dianne Feinstein, uma das políticas mais poderosas dos Estados Unidos. Do outro lado está o governador californiano, Arnold Schwarzenegger, que declarou: "Se não pudermos colocar usinas solares no deserto de Mojave, não sei onde diabos iremos colocá-las". A verdade, porém, é que talvez o governador tenha mesmo de começar a procurar outro destino para os empreendimentos. Desde que Dianne começou a alardear seu desejo de manter o deserto intacto, alguns investidores simplesmente decidiram cancelar os projetos das usinas solares no deserto.

As dissensões entre os verdes em curso na Califórnia são um retrato claro de uma crise existencial que, nos últimos anos, aflige os ambientalistas de todo o mundo. O pivô é o aquecimento global. Afinal, até que ele se transformasse na questão central do movimento, a missão primordial dos guardiões da natureza era lutar pela preservação dos ecossistemas. Agora, cada vez mais, é preciso conciliar a defesa de baleias, pássaros, macacos, rios, vegetações nativas e paisagens paradisíacas com uma urgência bastante específica: energias renováveis. Infelizmente, uma fonte de energia limpa que não incomode ninguém, seja invisível e não faça nenhum barulho ainda não foi descoberta, e isso torna os dilemas ambientais um tanto quanto mais complexos. Em outras palavras: já foi mais fácil entender o que exatamente querem os ambientalistas.

"Nada é de graça. Tudo tem seu preço", disse a EXAME o renomado ecologista americano Bill McKibben. "Às vezes você está trocando uma pequena interferência na paisagem por uma enorme nuvem de dióxido de carbono que causa danos em todo o planeta." McKibben aponta para outra grande disputa entre um projeto de energias renováveis e os defensores das belezas naturais. Há muito tempo o governo americano, em parceria com a iniciativa privada, quer colocar em operação a Cape Wind, uma usina eólica composta de 130 turbinas instaladas no mar, capaz de abastecer 400 000 casas. O problema é a localização.

O projeto fica na baía de Cape Cod, e os moradores da região - quase todos milionários - simplesmente não eram simpáticos à ideia de ver, das janelas de suas casas de veraneio, o mar pontilhado por uma centena de cataventos. Havia resistência também de tribos indígenas, que alegavam que as turbinas gigantes, de 120 metros, poderiam danificar os cemitérios de antepassados localizados no fundo do mar ou atrapalhar a realização de cerimônias de saudação ao Sol. Por isso, ao longo de quase uma década, o Greenpeace e uma dezena de outras entidades locais favoráveis ao projeto tiveram de brigar com ninguém menos do que o senador Ted Kennedy, que morreu em meados do ano passado, e com Robert Kennedy Jr., o ambientalista do clã. Em abril, o governo Barack Obama finalmente deu o sinal verde para a obra, o primeiro parque eólico oceânico do país.

A escolha entre evitar mudanças catastróficas no clima e preservar belezas naturais - de um pedaço de costa ou até mesmo de um lugar inabitado, como um deserto - tem se apresentado com frequência cada vez maior aos ambientalistas. Entre as ONGs de maior porte, a opção tem sido pelo pragmatismo. "Faz mais sentido negociar para que os empreendedores façam concessões para minimizar os impactos negativos do que tentar barrar os projetos", diz Roberto Maldonado, membro da ONG WWF na Alemanha. A entidade conseguiu que um empreendimento eólico no mar fosse construído a 30 quilômetros da costa. A energia gerada pelo projeto Alpha Ventus custa mais caro que o inicialmente previsto, mas a vista e as praias do norte alemão foram preservadas. "Todos saíram ganhando", diz Maldonado.

Mas nem todas as organizações de defesa do meio ambiente atuam dessa maneira. No Reino Unido, mais de 230 grupos conservacionistas promovem campanhas contra a instalação de usinas eólicas no interior do país. O Country Guardian vem protestando contra a tecnologia há quase 20 anos, quando foi instalado o primeiro catavento no país. Eles alegam que os equipamentos estragam a paisagem do campo e prejudicam a vida silvestre. Com esses argumentos, os opositores da energia eólica têm obtido vitórias importantes. Em abril, por exemplo, um projeto de construção de cinco turbinas no condado de Derbyshire, na região central da Inglaterra, foi rejeitado devido à pressão de grupos locais.

Os defensores da paisagem têm como aliado até mesmo o herdeiro do trono, o príncipe Charles. Supostamente um notório defensor das causas ambientais, Charles teria dito a assessores que as turbinas eólicas são "horrendas", segundo o jornal Daily Telegraph. Embora nunca tenha afirmado isso em público, Charles ecoa a opinião de muitos grupos ambientais. Manter a natureza intocada é um desejo nobre e inteiramente compreensível - mas será que é sustentável?

Verde contra verde - Os ambientalistas, acredite, agora estão protestando contra as energias renováveis. Conheça alguns projetos verdes alvo de críticas dos verdes.

Usina solar no deserto - O plano de construir usinas solares no deserto de Mojave, na Califórnia, encontra resistência de uma ONG por causa do dano causado à paisagem, à fauna e à flora.

Cataventos em alto-mar - Índios e membros da família Kennedy alegam que eles prejudicarão o cenário da costa de Massachusetts, além de reduzir o valor dos caríssimos imóveis da região.

Cataventos na terra - A Suprema Corte do Kansas decidiu a favor dos ambientalistas, que querem vetar a construção de usinas eólicas por causa do impacto em um tipo raro de vegetação nativa.

É preciso escolher o caminho da eficiência energética

Caros,

Faço minhas as palavras de Miriam Leitão, para a CBN:


É preciso escolher o caminho da eficiência energética

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgou que a China passou os EUA como maior consumidor de energia, mas o país negou, dizendo que os dados não são confiáveis. Achei engraçadíssimo, porque é a China que tem problema crônico de credibilidade, ninguém confia nas estatísticas por bons motivos. Ela divulga o número que quer e não tem transparência.

Mas é bem possível que o país tenha passado os EUA, porque no ano passado eles reduziram o crescimento e, com isso, o consumo de energia; enquanto na China cresce. A agência fala que o país consumiu 2,252 bilhões de toneladas de petróleo, 4% mais do que os EUA. Os dois juntos fazem um estrago, consomem metade do petróleo do mundo. São parceiros nas emissões de gases de efeito estufa provocados pelo uso intensivo do petróleo.

Como o Brasil, o que a China tem prometido ao mundo não é reduzir o consumo nem as emissões, mas diminuir a intensidade do consumo por produto. Para cada 1% do produto bruto, ela vai usar menos energia daqui para a frente, porque vai ficar mais eficiente. Em suma, está prometendo eficiência energética e isso todos devem fazer. A China sabe que tem que fazer isso, porque a demanda de energia tem uma trajetória explosiva. Há dez anos, segundo a AIEA, o consumo dela era metade do americano. Por isso, tem que tomar cuidado.

Nesta semana, conversei com um grande empresário brasileiro que defende a energia fóssil. Ele disse que não tinha jeito, porque a eólica e a solar são caras, não tem como garantir o crescimento. É claro que nenhuma energia sozinha vai segurar a barra de um mundo que consome cada vez mais.

O dado divulgado hoje pelo Sérgio Abranches também é interessante: a capacidade instalada de energia eólica de 2001 para 2010 no mundo multiplicou por oito, de 2006 para 2009, cresceu três vezes; na China, aumentou dez vezes.

Está todo mundo procurando as energias sustentáveis. Mais do que isso: há pesquisas em novas fontes e coisas promissoras. O petróleo é indispensável, mas vai acabar um dia. O mundo caminha para um imposto sobre o petróleo.

A energia está no centro do debate do século XXI. A escolha de sua fonte de energia entra em conflito direto com o problema do aquecimento global. No Brasil, há pouco esforço para a eficiência energética. Isso é um caminho importante para que a gente use melhor a energia já pronta para ser utilizada.

Comentário:

Concordo, plenamente.

Antonio Macêdo Filho

Preparando a gestão sustentável

Professor da Fundação Vanzolini fala sobre a adoção de uma gestão eficiente com vistas a um bom desempenho financeiro, ambiental e social O tripé da sustentabilidade que reúne as áreas ambiental, econômica e social deve servir para orientar os gestores das empresas, promovendo a interação com o meio ambiente, a fim de garantir o acesso das futuras gerações aos recursos naturais; com o mercado, para preservar a competitividade e continuidade da empresa; e com seus colaboradores, levando em conta a responsabilidade social. Temos de lembrar, no entanto, que, antes de mais nada é necessário montar um sistema de gestão, com objetivos claramente estabelecidos. No momento em que se incorpora a sustentabilidade dentro da visão e missão da empresa, automaticamente, essas três vertentes devem ser contempladas.

Além disso, a sustentabilidade empresarial deve se basear em três aspectos básicos: o ambiental, o econômico e o social. A primeira variável diz respeito ao uso racional dos recursos naturais e maximização dos impactos ambientais positivos no ciclo de vida dos produtos, desde a extração da matéria-prima até a sua disposição final. Mais ainda, a empresa tem de preocupar-se também com os impactos ambientais positivos e negativos de sua atividade produtiva. O aspecto econômico trata da sustentabilidade dos negócios das empresas, que devem buscar o lucro e a remuneração do capital. Já o terceiro ponto leva em consideração as políticas de responsabilidade social.

Atualmente, os modelos de gestão à disposição das empresas, que englobam esses três aspectos, são encontrados nas normas ISO 9001(Gestão da Qualidade), ISO 14001 (Gestão do Meio Ambiente), OHSAS, ISO 16001 e ISO 26001 (Gestão da Responsabilidade Social). Porém, apesar desses modelos de gestão serem bastante complexos e abrangentes, aderir às normas, por si só, não garante a sustentabilidade empresarial. Para que esses sistemas trabalhem de maneira integrada e eficiente é necessário uma diretriz única, que é a governança corporativa.

A governança corporativa é a capacidade das empresas de garantir uma gestão eficiente, estabelecendo padrões organizacionais para enfrentar os desafios internos e externos, com vistas a um bom desempenho financeiro, ambiental e social. Em resumo, significa consolidar as boas práticas de board, formando um conselho de administração competente, com controles externos eficazes (auditoria externa de terceira parte), que cooperem com o CEO a fim de obter uma gestão mais isenta, transparente e eficiente.

Isso significa prevenir a adoção de práticas que podem levar as empresas a conduzir sua linha de atuação baseadas em políticas equivocadas. Exemplos comuns são o da pequena empresa onde o proprietário confunde a pessoa jurídica com a pessoa física, juntando as finanças num único caixa. Outro caso comum é o de empresas familiares que, em processos de sucessão, desagregam-se em grupos de acionistas que lutam pelo seu controle. Quando conduzidos por critérios não aderentes à governança corporativa, esses embates entre grupos acabam quebrando a empresa.

A governança corporativa é um conceito complexo, mas prepara as empresas para tratar de maneira integrada as restrições advindas do meio ambiente empresarial, das legislações vigentes em um país, das regras de comércio internacional, mercado financeiro, entre outras variáveis. E isso é necessário, pois, cada vez mais, os governos criam regulamentações sobre produtos, relações de consumo, comércio internacional, relações com o mercado e meio ambiente. Isso sem falar nas crises econômicas, especulação financeira, mudanças nos cenários internacionais e competição com os países emergentes, fatores que podem abalar até as empresas mais sólidas.

Todas essas restrições contribuem para tornar mais difícil a tarefa de gerir as corporações com sustentabilidade, no sentido amplo do termo. O uso de modelos de gestão consagrados e normalizados ajuda o administrador a focar sua atenção nesses pontos críticos, que estão fora do controle da empresa. Com isso, ele consegue ter bases mais sólidas para enfrentar as crises e adversidades, pois conta com uma estruturada bem organizada e capaz de dar respostas eficientes às situações adversas.

Daí a importância da governança corporativa, estruturada nas boas práticas de gestão que geralmente evitam atitudes pouco recomendadas como a confusão entre pessoa física e pessoa jurídica, o nepotismo, conflito de interesses, entre outras. E incentiva a consideração aos acionistas e aos stakeholders, a ética na condução dos negócios e o respeito ao meio ambiente e as pessoas.

José Joaquim Ferreira do Amaral (Vice-presidente da Fundação Vanzolini - formada por professores do Departamento de Engenharia de Produção POLI/USP)

Publicado originalmente em HSM Online, em 21/07/2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

ArqTours - Arquitetura e Turismo: Um belo projeto de arquitetura do século XXI.

ArqTours - Arquitetura e Turismo: Um belo projeto de arquitetura do século XXI.: "A real tradução da boa arquitetura contemporânea: programa criterioso e bem atendido, consciência ambiental e preocupação com o entorno: ade..."

China ultrapassa EUA no consumo de energia

Por Vanessa Barbosa para o Portal Exame, 19/07/2010

Impulsionada por anos de crescimento econômico acelerado, a China é agora o maior consumidor de energia do mundo, removendo os Estados Unidos do posto que ocupou por mais de um século. As informações da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) foram publicadas nesta segunda pelo jornal The Wall Street Journal.

Foto: Centro de Xangai

A agência, sediada em Paris, cujas previsões são geralmente consideradas como indicadores de parâmetro para a indústria de energia, disse que a China devorou um total de 2,252 milhões de toneladas equivalentes de petróleo no ano passado, ou cerca de 4% a mais que os EUA, que queimou 2.170 milhões de toneladas de óleo equivalente.

A métrica de petróleo equivalente representa todas as formas de consumo de energia, incluindo petróleo bruto, nuclear, carvão, gás natural e de fontes renováveis como a energia hidráulica. Para se ter uma idéia da rapidez com que o país asiático superou a maior potência econômica mundial em demanda energética, o consumo total na China era apenas metade do americano há 10 anos.

Em entrevista ao jornal americano, o economista-chefe do IEA, Fatih Birol, afirmou que a superação chinesa sobre os EUA "simboliza o início de uma nova era na história da energia, já que os americanos tinha sido o maior consumidor global de energia desde 1900".

A procura voraz da China por energia ajuda a explicar porque o país que recebe a maior parte de sua eletricidade a partir do carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis, também passou os EUA em 2007 como maior emissor mundial de emissões de dióxido de carbono e outros gases.

Se for analisada apenas a demanda por petróleo, os EUA ainda são o maior consumidor desta fonte energética por uma larga margem, passando, em média, cerca de 19 milhões de barris por dia. A China ocupa um distante segundo lugar com cerca de 9,2 milhões de barris por dia.

Entretanto, segundo o The Wall Street Journal, muitos analistas de petróleo acreditam que a demanda bruta americana atingiu o seu máximo, sendo improvável que cresça muito nos próximos anos.

Foto: Projeto de torre para o centro de Xangai (Gensler)

Diante desse novo cenário, continua o jornal, "a diminuição da intensidade energética da economia norte-americana seria uma razão chave para investidores, como a General Electric Co., vislumbrarem a China como um motor de crescimento futuro".

Para continuar alimentando a economia e evitar apagões e falta de combustível, a China precisará de 4 trilhões de dólares em investimentos em energia total nos próximos 20 anos, afirma o economista-chefe da IEA.

Birol, que já foi economista consultor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), disse, ainda, que o país espera criar nos próximos 15 anos cerca de 1.000 gigawatts de nova capacidade de geração de energia. Isso é o mesmo que o montante total da capacidade de geração de eletricidade dos EUA atualmente.


Em 2011, eletrodomésticos com selo Procel vão consumir ainda menos energia

Por Rogério Ferro, do Instituto Akatu, julho 2010


Geladeiras, máquinas de lavar e fogões terão que seguir normas mais rigorosas de eficiência energética e consumir ainda menos energia elétrica; novos aparelhos devem chegar ao mercado a partir do segundo semestre do próximo ano

A designer Alessandra Vaz passa muito pouco tempo dentro de casa, onde mora sozinha. Ela lava roupa uma a duas vezes por semana e usa o microondas, no máximo, três vezes por semana. No final de cada mês, a conta de luz nunca passa de R$ 18,00. Isso porque todos os seus eletrodomésticos têm o selo Procel com classificação A, que garante a maior eficiência no consumo de energia.

“Tive a sorte de começar a morar sozinha justamente quando havia o incentivo fiscal do governo para produtos de linha branca e fiz questão de comprar todos os aparelhos com o selo de eficiência energética. Valeu muito a pena”, festeja Alessandra.

O que ela não sabe é que agora, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), está revisando seus padrões para tornar ainda mais econômicos os produtos da chamada linha branca. Esses eletrodomésticos têm uma classificação de consumo de energia que vai de A, mais eficiente, ao E, menos eficiente.

Hoje, a maioria das geladeiras (90,5%), máquinas de lavar roupa (98,7%) e fogões (69,4%) fabricados no Brasil está dentro do padrão A. O Inmetro quer estabelecer critérios mais rigorosos para aumentar a garantia de eficiência energética dos eletrodomésticos.

Ou seja, eles têm que ser ainda mais econômicos. Segundo o Inmetro, com a revisão, apenas 5% dos fogões, 36% das geladeiras e 37% das máquinas de lavar roupa poderão receber o selo A de eficiência. Com isso, a indústria terá que se tornar mais competitiva e o consumidor terá mais opções.

Marcos Borges, Coordenador do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), explica que o processo de revisão está sendo conduzido em parceria com os representantes dos fabricantes, que ajudam a propor os índices de eficiência energética.

“Por essa razão, a primeira etapa é negociar com o setor produtivo quais serão os novos índices. Esse processo está em conclusão, e, até o começo de agosto, os novos regulamentos já deverão ser colocados em consulta pública por 30 dias. Em seguida, os comentários recebidos são analisados, consolidados e o regulamento final publicado. A partir daí, os fabricantes tem de 6 a 12 meses para se adaptar as novas regras”.

Na prática, o Inmetro espera que os eletrodomésticos mais eficientes estejam nas lojas no segundo semestre de 2011.

Mas atenção. Isso não quer dizer que consumidores como Alessandra, que já têm aparelhos com atual selo Procel, devem sair trocando pelos novos. “Esses aparelhos já são eficientes e devem ser usados até o fim da sua vida útil. Os consumidores que possuem esses eletrodomésticos já estão economizando bastante”, recomenda Heloisa Mello, gerente de operações do Instituto Akatu.

“O que nós queremos agora é aumentar esses índices de eficiência energética e dispersar. Vamos ter menos aparelhos com classificação em A, algo em torno de 15%, 20% e fazer uma distribuição de 15% a 20% em B e assim por diante”, explica o diretor da qualidade Inmetro Alfredo Lobo.

Segundo Borges, sempre que ocorre um acúmulo nas classificações superiores, o Inmetro reclassifica os programas subindo os índices de eficiência. Borges, explica os benefícios da rotina.

“Um refrigerador hoje é, em média, 60% mais eficiente que um modelo de 10 anos atrás. Desde a implementação do selo Procel, cerca de 9 bilhões de reais deixaram de impactar na conta de energia dos brasileiros. Isso equivale a 40 meses de operação ininterrupta e máxima de Angra I, usina de energia nuclear localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro”.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Universidades brasileiras ainda não são sustentáveis

Universidades brasileiras ainda não são sustentáveis
Por Roberto Machado, publicado originalmente no portal Universia, em junho de 2010

O Relatório Brundtland - elaborado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - exemplifica o desenvolvimento sustentável em atos que satisfaçam as necessidades presentes da sociedade sem comprometer o futuro do planeta. É baseado nesses preceitos que o SAQ (Questionário de Avaliação Sustentável, traduzido do inglês) da ULSF (University Leaders for a Sustainable Future) aconselha as instituições de Ensino Superior a terem uma visão ecologicamente correta no que diz respeito à grade curricular de seus cursos, ao desenvolvimento profissional dos funcionários, bem como ao corpo docente, à pesquisa, à administração e à missão. Diretrizes que podem ser determinantes para as futuras gerações, mas que, no Brasil, segundo profissionais da área, parecem estar distantes da realidade do campus universitário.

De acordo com Fernando Walcacer, vice-coordenador do NIMA/PUC-Rio (Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), os conceitos do relatório, na maioria dos casos, não fazem parte da realidade do Ensino Superior brasileiro. "Não existe comunicação entre professor, aluno e sociedade, tampouco compromisso ético". Para o educador, o corpo docente ainda tende a prender o conhecimento em vez de agregar conceitos sustentáveis às matérias e ao meio acadêmico. "A visão do professor deveria ser ampla a ponto de mostrar aos alunos como é possível agregar sustentabilidade aos temas abordados em cada disciplina. O isolamento habitual cria apenas nichos que não se comunicam entre si", declara.

Além da comunicação errônea, o vice-coordenador também cita a falta de planejamento como influência negativa à construção da idealizada universidade sustentável. O desafio foi inclusive tema do Colóquio Global de Reitores de Universidades, realizado em 2007, na Universidade de Nova York. Durante o evento, 25 gestores de diferentes nacionalidades discutiram o que as instituições deveriam fazer tanto dentro quanto fora do campus para mudar a situação. O debate, segundo Walcacer, resultou na criação de uma agenda ambiental para pontuar aspectos que giram em torno da coleta seletiva de lixo, economia de energia, construções ambientalmente corretas, educação ecológica para os alunos e a utilização de materiais recicláveis. "Essa agenda não pretende ser apenas mais um documento, precisa ser cumprida para que os resultados possam ser colhidos", conta ele.

Todos esses pontos, na opinião de Walcacer, convergem na educação da população em geral. "A sustentabilidade deve ser construída diariamente na vida de todas as pessoas", afirma. O educador aposta na construção de currículos acadêmicos mais sustentáveis para alcançar o nível de conscientização da sociedade, seja agregando disciplinas e cursos ambientais à grade curricular, organizando palestras, simpósios ou até mesmo semanas dedicadas ao Meio Ambiente. "Esses alunos serão formadores de opinião um dia, por isso o conhecimento que o Ensino Superior fornece é essencial para o futuro da sociedade", justifica.

Ainda que Antonio Leite Ruas Neto, professor de Sustentabilidade e Desenvolvimento Regional da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), partilhe da mesma opinião de Walcacer e defenda a inclusão de cursos sustentáveis no Ensino Superior, ele acredita que a demanda imediata por profissionais sustentáveis possa criar um vácuo empregatício. "Isso acontece porque a economia cria necessidades fictícias de mercado e as IES acolhem essa demanda com cursos muito específicos sem agregar conhecimento às disciplinas que já existem", argumenta. O professor acredita que, para as instituições, as necessidades de mercado têm prioridade frente à sustentabilidade. Para ele, a universidade deve se ater exclusivamente aos seus pilares. "Ensino, pesquisa e extensão precisam sempre ser discutidos com empresas e sociedade para que o intercâmbio de informação possa criar soluções sustentáveis", afirma.

Adacto Otooni, engenheiro ambiental da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro, também defende que o viés da sustentabilidade esteja no sangue de todas as disciplinas universitárias. Não apenas nas graduações ou pós-graduações de Ecologia e Biologia, tampouco apenas em cursos de extensão. O professor recomenda que a matéria se torne obrigatória em todos os cursos. "Fator que ainda não faz parte da realidade brasileira", afirma ele.

O papel da universidade, segundo Neto, é trazer o debate da sustentabilidade para dentro do campus acadêmico, com foco em todos os níveis profissionais e acessíveis a toda a comunidade. "O tema deveria percorrer todos os graus hierárquicos das empresas", aponta ele. Para inserir a sustentabilidade no mercado de trabalho, Fernando Schettino, professor do setor de Oceanografia e Ecologia da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), sugere que as universidades incorporem a rotina do futuro profissional permeada de atitudes sustentáveis. "Enquanto os advogados podem entender sobre a legislação ambiental e se adequar a ela, os engenheiros e arquitetos devem utilizar conceitos verdes em suas obras. Até os médicos, quando fazem o descarte de material hospitalar, podem fazer uso da consciência sustentável", exemplifica.

Além da presença obrigatória no mercado de trabalho, o professor da UERGS acredita que a sustentabilidade não deveria se limitar apenas ao que cada instituição acredita ser viável. "As soluções sustentáveis deveriam vir à tona de maneira global, já que é desse modo com que o problema se apresenta para nós. Nesse momento, a troca de informações entre universidades, envolvendo inclusive outros países, é essencial", sugere ele.

Para Schettino, as universidades ainda estão em processo de mudança. Ele defende a criação de um órgão governamental que avalie o quão sustentável cada instituição é e, com base nisso, defina a disponibilização de verbas para infraestrutura e pesquisa. "Dentro desse modelo nós realmente estaríamos formando profissionais e pesquisadores preocupados com o conceito de que as ações momentâneas irão preservar o futuro", avalia o professor da UEFES.

A correta divisão de recursos também é, na visão Otooni, essencial para a criação de tecnologias sustentáveis e de soluções alternativas que possam resolver os mais variados problemas ecológicos. "Profissionais capacitados para gerar esses conhecimentos as universidades têm", garante ele. O próprio governo, segundo o engenheiro ambiental, deveria criar mecanismos para manter o País focado na sustentabilidade. "O Brasil poderia ser um grande produtor de energia solar e eólica, mas, por falta de investimentos, não é", lamenta.

Campus exemplar

A responsabilidade da instituição de ensino, para Geraldo Borim, coordenador de gestão ambiental da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), não se restringe apenas à educação e à pesquisa. Por sua visibilidade, ela também tem o dever de se tornar exemplo tanto para a comunidade interna quanto para a externa. Suas ações, porém, não podem se restringir à reciclagem de lixo. Borim recomenda que as universidades desenvolvam infraestruturas verdes. "Há como trazer para dentro do campus conceitos de construção limpa, iluminação natural, ventilação e captação de água", aponta ele.

A USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, estuda a viabilidade de instalar um bicicletário e ciclofaixas para diminuir o trânsito de carros dentro do campus. "Esperamos conseguir incentivar esse hábito também fora dos nossos portões. Além disso, teremos em breve o recolhimento de produtos específicos, como óleo vegetal", diz Elisabeth Teixeira Lima, diretora em sustentabilidade da USP. Além dessas iniciativas embrionárias, há outras que já fazem parte da vida na universidade, como é o caso do Recicla USP, que já completa 16 anos. "Nesse projeto a produção acadêmica trabalha com impressões frente e verso e papel reciclado", explica a professora.

Mas, segundo a diretora, para que esses programas continuem em processo de evolução se faz necessário a adoção de indicadores de sustentabilidade para a criação de metas. "Para trabalhar a sustentabilidade é preciso se organizar. O ideal é quantificar o consumo de papel, copos plásticos, energia e água para que as estratégias possam ser traçadas", orienta Elisabeth. Foi a partir desse estudo que a USP decidiu reduzir os eventos esportivos, que geravam consumo de energia e resíduos acima da média.

Avalie se sua universidade é sustentável
 
A ULSF (University Leaders for a Sustainable Future), dos Estados Unidos, elaborou um questionário que mensura o envolvimento de instituições de Ensino Superior com a sustentabilidade. O SAQ (Questionário de Avaliação Sustentável) avalia sete itens: currículo; pesquisa e bolsas de estudo; operação; desenvolvimento de corpo docente; serviço; oportunidades para estudantes; e administração, missão e planejamento. Identifique o grau de sustentabilidade de sua universidade:

1 - Em quais cursos a sustentabilidade é abordada?

2 - Dê exemplos sobre pesquisas de sustentabilidade que estão sendo feitas dentro do campus.

3 - O que você vê enquanto anda pelo campus que mostra que sua universidade é sustentável?

4 - De que maneira os critérios de contratação e promoção do corpo docente contribuem com a responsabilidade sustentável dentro da instituição?

5 - Quais tipos de programas sociais relacionados à sustentabilidade a universidade promove?

6 - Como a instituição encoraja estudantes a considerar a sustentabilidade na sua carreira profissional?

7 - Qual a preocupação e o comprometimento da sua instituição com palestras sobre o tema e o Dia do Meio Ambiente? Descreva o que é feito.

Comentários de Antonio Macêdo Filho:

Tenho conhecimento de diferentes iniciativas, em muitas universidades. Ainda que isoladas, são bons exemplos. Sou diretamente responsável por uma delas: o curso de Arquitetura e Urbanismo da UniCid, primeiro curso de graduação do país a ter ênfase em sustentabilidade na construção.
Escrevi um post a respeito: http://amacedofilho.blogspot.com/2010/06/sustentabilidade-chega-graduacao-de.html

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A vila dos contêineres

A Holanda é um país de vanguarda, em muitas áreas. Os avanços sociais e o desenvolvimento econômico são notáveis.

Estive em Amsterdã recentemente (março 2010) e pude perceber também uma rica e, em alguns casos, inusitada arquitetura, o que comentarei em um próximo post.


Foto: Edifício residencial de conteiners em Amsterdã, por Antonio Macêdo

Intimamente relacionada à agua (o país tem boa parte do território abaixo do nível do mar), a Holanda tem importantes portos. Reutilizar conteiners para fazer edifícios se tornou uma opção viável. É uma idéia interessante.

Conheci alguns destes edifícios em Amsterdã. Reproduzo a seguir matéria a respeito de um residencial construído com conteiners, publicada em Superinteressante. Também acho, de fato.


Foto: Edifício residencial de conteiners em Amsterdã, por Antonio Macêdo













Foto: Escola infantil feita com conteiners em Amsterdã, por Antonio Macêdo








A vila dos contêineres



Texto de Caroline D’Essen, para Revista Superinteressante – 05/2010
Estudantes de Amsterdã se mudam para apartamentos de lata

Em 1937, o americano Malcom McLean inventou grandes caixas de aço para armazenar e transportar fardos de algodão:os contêineres, hoje essenciais para o comércio na economia globalizada. Mas você aceitaria viver dentro de um? Na cidade de Amsterdã, capital da Holanda, fica a maior vila de contêineres do mundo:com aproximadamente 1 000 apartamentos de metal.
Ela fica a 4 quilômetros do centro e foi construída para atender à demanda por alojamentos estudantis na cidade. Os contêineres foram comprados na China, onde passaram por uma reforma e ganharam os equipamentos básicos de um apartamento, como pia, banheiro, aquecedor e isolamento acústico. Eles foram levados de navio para a Holanda e empilhados com guindastes para formar um prédio de 5 andares, que foi inaugurado em 2006 e hoje abriga cerca de 1 000 estudantes.

Os contêineres são pequenos, e o prédio não tem elevador (é preciso subir de escada). Mas, como o aluguel custa 320 euros por mês, barato para os padrões de Amsterdã, ninguém reclama. “No começo fiquei apreensivo, mas hoje acho bem eficiente”, diz o estudante alemão Torsten Müller, que vive lá há 6 meses. O sucesso foi tão grande que a empresa responsável pelo projeto já construiu outra vila num subúrbio de Amsterdã – e também está erguendo um hotel na cidade de Yenagoa, na Nigéria, para turistas que quiserem ter a experiência de dormir num contêiner. Mas com acomodações de luxo – lata por fora, quatro-estrelas por dentro.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Casa popular econômica e sustentável

Por Cristiane Teixeira. Publicado originalmente em "Minha Casa", julho 2010

Assim é esta casa popular que reúne soluções construtivas bem-vindas em qualquer obra, como o uso de madeira certificada e de ventilação e iluminação naturais fartas

A indústria e a universidade se juntaram para colocar de pé o projeto piloto de uma moradia popular que prima pela planta bem distribuída (veja o quadro abaixo), pelo uso de materiais amigos do meio ambiente e pelo conforto térmico obtido com recursos tão simples quanto a ventilação natural.

O segredo do sucesso começa pelo sistema construtivo, a alvenaria estrutural com blocos de concreto, que dispensa vigas e economiza nos acabamentos. Para quem se anima a investir em sustentabilidade, é possível ter banho aquecido por energia solar e aproveitamento da água da chuva, entre outras soluções que você vê nas próximas páginas.

Planejada para Crescer

Ela nasceu dentro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fruto de um projeto desenvolvido pelos professores Oswaldo Luiz de Souza e Alice de Barros Horizonte Brasileira, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Aprimorada em parceria com a Associação Brasileira de Cimento Portland e com a empresa cimenteira Holcim, a proposta resultou na morada que reúne sala, dois quartos, banheiro, cozinha e lavanderia coberta em uma planta básica de 46 m².

Para que o projeto piloto saia do papel e ganhe os canteiros de obra, é preciso envolver os comerciantes do setor de construção: a ideia é que em revendas parceiras do programa os interessados adquiram o projeto e os materiais e contratem a mão de obra.

A indústria e a universidade se juntaram para colocar de pé o projeto piloto de uma moradia popular que prima pela planta bem distribuída (veja o quadro abaixo), pelo uso de materiais amigos do meio ambiente e pelo conforto térmico obtido com recursos tão simples quanto a ventilação natural.

O segredo do sucesso começa pelo sistema construtivo, a alvenaria estrutural com blocos de concreto, que dispensa vigas e economiza nos acabamentos. Para quem se anima a investir em sustentabilidade, é possível ter banho aquecido por energia solar e aproveitamento da água da chuva, entre outras soluções que você vê nas próximas páginas.

A planta básica pode anexar facilmente a construção de uma suíte com closet: basta substituir a janela por uma porta para conectar os módulos, que assim somam 64 m2.

Ela nasceu dentro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fruto de um projeto desenvolvido pelos professores Oswaldo Luiz de Souza e Alice de Barros Horizonte Brasileira, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Aprimorada em parceria com a Associação Brasileira de Cimento Portland e com a empresa cimenteira Holcim, a proposta resultou na morada que reúne sala, dois quartos, banheiro, cozinha e lavanderia coberta em uma planta básica de 46 m².

Para que o projeto piloto saia do papel e ganhe os canteiros de obra, é preciso envolver os comerciantes do setor de construção: a ideia é que em revendas parceiras do programa os interessados adquiram o projeto e os materiais e contratem a mão de obra.

terça-feira, 13 de julho de 2010

A cidade ideal

Caros,

Mesmo não concordando em 100 % com o colega professor, considero o estudo interessante, e por isto reproduzo a seguir:

Texto de Rafael Tonon, para Revista Vida Simples – 06/2010
Nova York? Londres? São Paulo? Cabe a você escolher qual é a sua cidade

Existe uma decisão na sua vida que é mais importante que escolher a profissão que você vai seguir, a pessoa com quem quer passar os próximos anos da sua vida ou os amigos que quer ter por perto. Ela consiste em determinar em que cidade você deve viver. Segundo Richard Florida, professor de Administração e Criatividade na Escola de Administração Rotman, da Universidade de Toronto, essa é a questão principal que deve nortear nossas escolhas. Ele argumenta: o lugar em que moramos é crucial para todos os aspectos da nossa vida. Afinal, você vai estabelecer sua carreira e constituir sua família onde decidir habitar.

Por mais conectados que estejamos hoje no mundo moderno, é nas relações diárias que vamos criar nossos laços de afeto e nossas redes profissionais. O planeta é enorme, mas - como nos provam as coincidências - o mundo é mesmo muito pequeno. Florida fez um estudo completo sobre as melhores cidades para se viver nos EUA e no Canadá (ele vive em Toronto). Compilou o resultado e os rankings no livro Who’s Your City (sem previsão para chegar ao Brasil), que é best-seller nos dois países. Ele, que é um dos maiores nomes em tendências demográficas e inovação cultural, promete ampliar as pesquisas para outros lugares. Enquanto não faz isso, ensina como você pode encontrar sua cidade ideal.

Foto: Maquete de Londres, New London Architecture Center. Por Antonio Macêdo.

Por que a escolha do lugar em que vivemos se tornou uma questão tão crucial?

Eu defendo que o lugar que escolhemos para morar é a decisão pessoal mais importante que tomamos, porque ela tem um impacto profundo em nossa trajetória profissional, nossas redes sociais, família e estilo de vida e - sobretudo nos dias de hoje - na forma como conquistamos nossa própria felicidade. E não me refiro a um lugar como sendo necessariamente uma grande cidade, como a maioria pensa. Para alguns, esse ambiente pode ser uma pequena cidade rural ou um município médio - onde, em alguns casos, é possível aliar o sossego do interior com as vantagens de uma cidade. Isso depende muito de cada pessoa.

Hoje o mundo está todo conectado. Isso significa que o lugar em que estamos não tem mais tanta relevância?

Apesar dos benefícios das tecnologias, nada substitui a presença física. Isso porque a colaboração e a interação são elementos necessários à criatividade e à inovação. Acho que precisamos dar mais valor à importância das relações e das redes sociais que temos por perto. Profissionais criativos, por exemplo, precisam estar literalmente rodeados de pessoas inovadoras e com conhecimento para poder progredir. As novas tecnologias podem, sim, melhorar nossas conexões com o mundo, mas não suprir uma presença.

Temos a ideia de que só grandes economias abrigam oportunidades. Por que esse ponto de vista é equivocado?

Na verdade, existe um lado correto nessa forma de encarar a questão. A maior atividade econômica está, na maioria das vezes, concentrada em grandes regiões, que possuem novas e poderosas unidades de negócio. Essas grandes regiões recebem atividades econômicas e de negócios em grande escala. No mundo todo, mapeamos 40 megarregiões importantes, onde vive um quinto da população mundial e que abrigam um terço da economia global. Mas é claro que isso significa que essas regiões são muito mais competitivas - o que indica que em médias cidades pode haver ótimas oportunidades de trabalho, mesmo que não com o mesmo padrão salarial.

Quais características pessoais devemos levar em conta para escolher o lugar em que devemos viver?

Primeiro, é preciso entender que as qualidades dos lugares não são iguais para todos. Alguns preferem uma pequena comunidade com uma cena artística local e vibrante, enquanto outros querem viver em uma enorme metrópole repleta de manifestações culturais. Eu espero que as pessoas entendam que a escolha do lugar certo para elas depende de perceber suas próprias características e anseios. Nós todos escolhemos os lugares nos quais queremos montar nosso lar a partir de uma perspectiva muito pessoal e particular, baseada em atributos e qualidades que são importantes para nossas vidas.

Como encontrar, então, o lugar ideal que atenda nossas expectativas?

Temos que lembrar que, quando se trata da escolha de um lugar para morar, assim como todas as decisões da vida, nós não podemos ter tudo. Sempre há concessões. Muitas das pessoas que se mudam por causa de suas carreiras precisam abrir mão de estar sempre próximas da família e de amigos. Aqueles que escolhem ficar próximos da família podem ter de abrir mão de oportunidades economicamente mais atrativas. Antes de tudo, é preciso determinar o que é mais importante para você e para o estilo de vida que você almeja.

Quando fazemos a escolha de onde viver, é necessário levar em conta oito passos:

1. Conheça bem suas prioridades: determine o que é imprescindível para você.

2. Compare: faça uma relação entre a cidade em que vive e a em que gostaria de morar, enumerando suas necessidades e vontades.

3. Faça sua lição de casa: pesquise tudo sobre o lugar - como é o mercado de trabalho, como vivem as pessoas que moram lá...

4. Pondere: esse lugar pode oferecer a você uma boa qualidade de vida? Tem um sistema de transporte público eficiente? Tente tirar o maior número de vantagens dele.

5. Confira o básico: esse lugar tem saúde básica e segurança, boa estrutura educacional e urbana?

6. Cheque os valores: o custo para viver nessa cidade está de acordo com seu orçamento?

7. Faça um balanço: há aspectos conflitantes no que você elencou em sua lista? Por exemplo: a cidade quase não tem trânsito, mas em compensação possui um péssimo sistema de saúde.

8. Visite os lugares e conheça in loco as ruas e as pessoas de lá.

Com esses pontos traçados, é difícil errar na hora de decidir.

Para saber mais : Who’s Your City, Richard Florida, Basic Books (edição americana)

Como construir uma casa de carbono zero

A casa verde ideal já possível, diz livro

Foto: Northwest Property Imaging


Os autores de Green from the Ground Up, David Johnston and Scott Gibson, lançaram um novo livro chamado Toward a Zero Energy Home: A Complete Guide to Energy Self-Sufficiency at Home (Em Direção à Casa de Energia Zero: Um Guia Completo para a Auto-Suficiência de Energia no Lar). O livro ensina a construir casas saudáveis, verdes e eficientes energeticamente. A casa de energia zero é tipicamente definida como aquela que produz tanta energia quanto consome por ano, e fica cada vez mais fácil de ser construída com o surgimento de novos equipamentos.

Os autores explicam que não há um caminho exclusivo para tal casa. "Construir casas que são auto-suficientes em energia está completamente dentro de nossas capacidades - não num ponto distante no tempo, mas já", dizem eles. Para chegar lá, deve-se ser muito atento a técnicas de construção, design solar passivo, energia renovável, design de ventilação, aquecimento e ar condicionado apropriado e um estilo de vida de energia zero.

Johnston and Gibson fornecem 12 estudos de caso com diversas estratégias. Alguns exemplos são focados no custo baixo, e outros não medem recursos. Uma boa leitura para arquitetos, construtores ou para quem deseja construir no presente sua casa do futuro, diz o Jetson Green.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Casa sustentável da Universidade Técnica da Virgínia vence Solar Decathlon Europe 2010

Por Ana Paula Rocha, para PINIweb.com.br

Conhecida como Lumenhaus, residência de 75 m² possui sistema de paredes deslizantes que criam sensação de ampliação do ambiente, além de interação entre o interior e exterior do projeto

A equipe da Universidade Técnica da Virgínia (Virginia Polytechnic Institute & State University) venceu o Solar Decathlon Europe 2010, competição de casas sustentáveis realizada entre os dias 18 e 27 de junho, em Madri, na Espanha. Ao todo, 17 equipes participaram do concurso.

A casa de 75 m², conhecida como Lumenhaus, foi inspirada nos projetos do arquiteto Mies Van Der Rohe e possui paredes deslizantes nas fachadas norte e sul. Chamado pela equipe de Virgínia como "Eclipsis System", o sistema é composto por duas camadas deslizantes independentes. Uma é um painel de isolamento térmico, que nada mais é do que um painel translúcido de policarbonato enchido com aerogel para proteger o interior da residência das condições meteorológicas. Já a outra camada é formada por uma 'veneziana quebra-luz' composta por um painel de aço inoxidável, flexível para a criação de pequenas abas sob medidas diferentes. A perfuração e os ângulos em que os círculos são dobrados para trás são especificados de acordo com as exigências do local e dos projetos interiores para a iluminação e privacidade dos ambientes.

"A casa interior e o exterior moderam uma transição sem emenda quando o sistema de Eclipsis está aberto, entregando uma transparência rica do espaço. Quando o clima está bom, as telas podem ser abertas, criando uma conexão física e psicológica com o ar livre. Os dobros do espaço no tamanho e as paredes do norte e sul tornam-se inexistentes, fazendo os quartos ilimitados", disseram os profissionais da equipe.

Circulos de aço na fachada moderam entrada de luz na residência

Além desse sistema, a casa também é totalmente mantida por energia solar, colhida por meio de painéis fotovoltaicos bifaciais, tipo de sistema que, segundo a equipe da universidade, pode aumentar a potência da energia captada em até 15%. O ângulo dos painéis pode ser ajustado segundo a época do ano, variando sua inclinação de zero a 17 graus. Outras características da casa incluem revestimento com materiais reciclados e a favor do meio ambiente, um sistema de aquecimento do assoalho e a possibilidade do proprietário controlar o microclima da residência com um smartphone.

A casa modular é projetada para ser extremamente flexível, adaptando-se às necessidades do proprietário. As unidades múltiplas podem ser conectadas ou empilhadas para criar dois, três ou quatro ambientes novos.

A Lumenhaus obteve 811,83 pontos na classificação final do Solar Decathlon Europe 2010. Todos os projetos participantes foram avaliados quanto à arquitetura, engenharia e construção, sistemas solares e de água quente, condições de bem-estar, equipamento e funcionamento, comunicação e sensibilização social, industrialização e viabilidade de mercado, inovação e sustentabilidade. Conheça os projetos divulgados pela coordenação da competição:

1º lugar

Projeto: Lumenhaus

Equipe: Virginia Polytechnic Institute & State University
País: Estados Unidos
Pontos: 811,83
2º lugar

Projeto: Ikaros Bavária
Equipe: University of Applied Sciences Rosenheim
País: Alemanha
Pontos: 810,96
3º lugar

Projeto: Stuttgart Team
Equipe: Stuttgart University of Applied Sciences
País: Alemanha
Pontos: 807,49

4º lugar

Projeto: Armadillo Box
Equipe: Ecole Nationale Supérieure d'architecture de Grenoble
País: França
Pontos: 793,84
5º lugar

Projeto: LUUKKU
Equipe: Helsinki University of Technology
País: Finlândia
Pontos: 777,01

6º lugar

Projeto: Team Wuppertal
Equipe: Bergische Universität Wuppertal
País: Alemanha
Pontos: 772,72


7º lugar

Projeto: Napevomo House
Equipe: Arts et Métiers Paris Tech
País: França
Pontos: 762,67

8º lugar

Projeto: RE:Focus
Equipe: University of Florida
País: Estados Unidos
Pontos: 743,22
9º lugar

Projeto: SML House
Equipe: Universidad CEU Cardenal Herrera
País: Espanha
Pontos: 736,55

10º lugar

Projeto: Living Equia
Equipe: Fachhochschule fur Technik und Wirtschaft Berlin
País: Alemanha
Pontos: 728,85

11º lugar

Projeto: Bamboo House
Equipe: Tongji
País: China
Pontos: 682,84

12º lugar

Projeto: Solarkit
Equipe: Universidad de Sevilla
País: Espanha
Pontos: 677,82


13º lugar

Projeto: Low³
Equipe: Universidad Politécnica de Cataluña
País: Espanha
Pontos: 667,58

14º lugar

Projeto: La Envolvente Del Urcomante
Equipe: Universidad de Valladolid
País: Espanha
Pontos: 650,98
15º lugar

Projeto: Nottingham House
Equipe: University of Nottingham
País: Inglaterra
Pontos: 643,18



16º lugar

Projeto: Sunflower
Equipe: Tianjin University
País: China
Pontos: 584,79

17º lugar

Projeto: Fablabhouse
Equipe: Instituto de Arquitectura Avanzada de Cataluña
País: Espanha
Pontos: 582,81