terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Selo Procel Eletrobras para Painéis Solares Fotovoltaicos

Publicado no Portal procelinfo.com.br em Dezembro de 2012.


Brasil – Diferente do Selo Procel Eletrobras para eletrodomésticos, a concessão deste para painéis solares fotovoltaicos indica maior produção de energia elétrica, a partir de energia solar

Ivana Varela, para o Procel Info

Brasil – Atualmente, com o grande empenho e conscientização em direção a uma maior eficiência energética no uso e na geração, as fontes alternativas têm se tornado cada vez mais utilizadas no país. Através de muito estudo e tecnologia avançada se tornou possível transformar luz solar, tão abundante em terras brasileiras, em energia elétrica. Este procedimento é uma realidade graças às células fotovoltaicas, dispositivos elementares utilizados justamente para converter a energia da luz solar em energia elétrica.

O conjunto dessas células solares interligadas eletricamente e encapsuladas formam o módulo fotovoltaico. Quando montados de modo a formar uma estrutura única, esses módulos, também interligados eletricamente, resultam na construção do então chamado painel solar fotovoltaico. Quando expostos ao sol, os painéis captam a luz solar e fazem a corrente elétrica fluir entre duas camadas com cargas opostas. Apesar de cada célula solar fornecer uma quantidade relativamente pequena de energia, um conjunto de células solares espalhadas numa grande área pode gerar uma quantidade de energia suficiente para abastecer, por exemplo, uma residência.

A engenheira eletricista da Eletrobras, Dayana Teixeira, explica como acontece o processo do aproveitamento da energia solar em energia elétrica. “O material das células que compõe módulos fotovoltaicos, quando exposto a luz, permite uma circulação de corrente. E é essa movimentação de elétrons a responsável pela geração de eletricidade.”, afirma.

A eficiência dos módulos está atrelada ao tipo de tecnologia das células que os compõem, ou seja, é a tecnologia utilizada que dirá o quanto o módulo irá aproveitar da irradiação solar incidida sobre ele para transformar em energia elétrica. Sendo assim, um módulo com eficiência de 13% consegue transformar esse percentual da energia do sol incidida sobre o painel em energia elétrica.

Ainda segundo Dayana, existem tipos diferentes de tecnologia de células fotovoltaicas que compõe os painéis, silício monocristalino, silício policristalino, filmes finos, entre outros. Porém, cerca de 83% da produção mundial de módulos fotovoltaicos é baseada no silício cristalino.

Atualmente, os módulos já participam do programa de etiquetagem do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que classifica os módulos fotovoltaicos quanto à sua eficiência, que é medida em condições padronizadas de testes em laboratórios acreditados pelo Instituto. Entre os módulos avaliados, os mais eficientes são destacados com o Selo Procel Eletrobras.

Segundo Marcos Borges, responsável pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro, os ensaios laboratoriais dos painéis fotovoltaicos são realizados em condições padrão, onde verificam-se: a potência máxima, isolamento elétrico e a resistência de isolamento em condições de umidade, dentre outras análises. “Sendo aprovados nesses ensaios, os modelos devem ser registrados no Inmetro e submetidos a ensaios de manutenção, com periodicidade anual, de forma a evidenciar o contínuo atendimento aos critérios da regulamentação”, explica.

Os módulos e seus componentes já são etiquetados pelo Inmetro de forma voluntária desde 2008. Mas, em julho de 2012, o programa foi revisado e se tornou compulsório, de forma que fabricantes e importadores só poderiam comercializar, no país, produtos etiquetados e registrados pelo Instituto. “Trata-se de um programa diferente. Enquanto os eletrodomésticos são etiquetados considerando-se a eficiência energética relacionada com o consumo de eletricidade, os painéis fotovoltaicos são classificados quanto à produção de energia”, diz Borges.

"Como todos os equipamentos eletrônicos, os painéis solares fotovoltaicos para obter o Selo Procel Eletrobras de Eficiência Energética também precisam ter a classificação A de eficiência de energia na ENCE".

Os painéis solares fotovoltaicos para obter o Selo Procel Eletrobras de Eficiência Energética também precisam ter a classificação A de eficiência de energia na Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Até a presente data já estão etiquetados 270 modelos de painéis fotovoltaicos.Em abril deste ano foi inaugurada uma usina geradora de energia solar fotovoltaica no estádio de futebol Governador Roberto Santos, conhecido como Pituaçu. Os painéis ficam na cobertura das arquibancadas e vestiários. O projeto custou cerca de R$ 5,5 milhões, que foram investidos pela Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, Coelba, e pelo governo do Estado. A energia gerada é usada durante o dia nas instalações do estádio e a produção excedente é lançada na rede da concessionária. O sistema tem capacidade para gerar 400 kWp (megawatt pico), o que proporciona uma geração anual de energia elétrica estimada em 630 MWh.

Apesar dos custos da tecnologia dos painéis solares ainda serem muito altos, a opção tem se tornado mais acessível ao longo do tempo. ”Pela quantidade de produtos que já está etiquetada no nosso programa, acreditamos que os painéis solares serão uma realidade de mercado”, conclui Marcos Borges.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Tecnologia utiliza tubos de vidro a vácuo para aquecer água de residências e indústrias

O produto pode substituir os modelos atuais, que prejudicam o meio ambiente, gastam energia elétrica e ainda são caros.
O produto pode substituir os modelos atuais, que prejudicam o meio ambiente, gastam energia elétrica e ainda são caros.

Publicado em automatichouse.com.br Dezembro de 2012.

Um novo aquecedor de água foi desenvolvido para aproveitar energia solar. O produto é uma alternativa para os consumidores conscientes. Através dele, é possível ter água aquecida por um sistema que impacta menos o meio ambiente.
O aquecedor, batizado de Aquakent, utiliza uma tecnologia de tubos de vidro a vácuo para esquentar grandes quantidades de água. Ele pode ser usado em residências, edifícios, academias, hotéis, hospitais e indústrias.
Os tubos funcionam como isolante térmico, impedindo a perda de calor para o ambiente. O produto exige uma área coletora menor que a dos outros sistemas por ser mais eficiente e, por isso, também ocupa uma área reduzida de instalação, afirma a empresa em seu site.
Além disso, o produto lançado oficialmente na feira de hotelaria e serviços de bares e restaurante Equipotel 2012, em São Paulo, se enquadra às normas de sustentabilidade da certificação LEED.
A nova tecnologia pode substituir os modelos atuais, que prejudicam o meio ambiente, gastam energia elétrica e ainda são caros. Com o sistema ecológico, é possível gerar uma economia de até 80%. A empresa garante que a tecnologia pode ser aplicada desde uma casa popular até uma residência de alto padrão.
"É consenso mundial que a energia solar térmica se tornará um pilar fundamental e indispensável do futuro no mix de oferta de energia mundial. Nosso produto se encaixa como uma solução eficiente para suprir em médio e longo prazo grande parte da demanda de calor e frio nas residências e edificações", declara o diretor comercial da companhia, Ricardo Kamel.
A empresa brasileira JAMP desenvolve projetos sustentáveis em diversas áreas da economia. Os aquecedores são produzidos na cidade de Ouvidor, em Goiás, e o escritório está localizado em São Paulo. Com informações do Bem Paraná.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Eficiência energética em edificações dá samba no Brasil?


Publicado em Dezembro de 2012 no portal ambiente energia.

Por Gustavo Haydt* - A ideia de ter uma construção energeticamente eficiente e certificada não é nada nova, apesar de o assunto ter-se tornado constante nos últimos tempos. Mas qual o objetivo da eficiência energética na edificação? Um dos objetivos gerais da eficiência energética em edifícios é economizar no uso de energia sem comprometer os níveis de saúde, conforto e produtividade. Em outras palavras, utilizar menos energia no uso diário do edifício, mas tendo construções de igual ou melhor qualidade.
Historicamente se pode indicar a Europa como sendo uma pioneira na formalização de uma regulamentação com intuito de obter redução do uso da energia nas edificações. Para tal, desenvolveu regulamentos sobre a construção das envoltórias dos edifícios no final da década de 1970 para reduzir a transferência de calor através de elementos da envoltória (e.g. paredes e janelas) e de difusão de vapor e controle de permeabilidade ao ar, seguido por regulamentos e recomendações de melhores práticas sobre o cálculo, projeto e manutenção de conforto térmico (e.g. aquecimento, ventilação e ar condicionado – AVAC e água quente sanitária – AQS) (Pérez-Lombard et al., 2009).
Entretanto, o conceito de certificação das características energéticas dos edifícios só surgiu praticamente duas décadas depois (em 1993) com a promulgação da Diretiva Europeia 93/76/CEE. Esta considerava a importância da certificação como um instrumento para prestar uma informação objetiva sobre as características energéticas dos edifícios, contribuir para uma maior transparência do mercado imobiliário, incentivar o investimento na poupança da energia, ajudar a estabilizar as emissões totais de dióxido de carbono, dado que os setores residencial e de serviços eram responsáveis por cerca de 40% do consumo final de energia da Comunidade na época (energia majoritariamente de origem fóssil), e considerando, finalmente, que os edifícios novos iriam ter repercussões no consumo de energia a longo prazo (dado que a vida útil de uma construção pode ultrapassar os 50 anos) e que, por conseguinte, importava dotá-los de isolamento térmico eficaz e adaptado às condições climáticas locais.
No mesmo ano de 1993, se formava o Green Building Council dos EUA (USGBC), um grupo diversificado formado por arquitetos, corretores de imóveis, proprietários de edifícios, advogados, ambientalistas, e representantes da construção civil, cujo objetivo principal era promover a sustentabilidade no setor de construção civil. Para tal, percebeu-se a necessidade de um sistema para definir e comparar os “edifícios verdes”. Mas o que significa “edifício verde”? Esse conceito americano de “edifício verde” seria igual ao conceito Europeu de eficiência energética na edificação? “Verde” tornou-se a designação abreviada de um conceito de desenvolvimento sustentável aplicado à construção civil. De acordo com o USGBC (U.S. Green Building Council, 2006), o conceito está relacionado com edificações ambientalmente responsáveis, economicamente rentáveis, e saudáveis para se viver e trabalhar, sendo ligeiramente mais amplo que o conceito Europeu.
Após anos de pesquisa, em 1998, o USGBC lança o Programa de Projeto Piloto LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), também conhecido como LEED versão 1.0, e após extensas modificações finalmente consegue lançar o LEED “Green Building Rating System” (sistema de certificação para construções verdes) versão 2.0 em 2000 (U.S. Green Building Council, 2006), atingindo o objetivo de se ter um sistema para definir e comparar os “edifícios verdes”. Este sistema avalia o desempenho ambiental a partir de uma perspectiva ao longo do ciclo de vida do edifício, fornecendo um padrão definitivo para o que constitui um “edifício verde”. A certificação LEED traz a promessa de um consumo de energia até 30% menor, uma redução de até 50% no consumo de água e de até 80% nos resíduos, além da redução em média de 9% nos custos de operação (GBC Brasil, 2012). Todas essas vantagens vêm de um custo inicial em torno de 1% a 7% maior para um empreendimento comercial, dependendo do nível de certificação, porém este custo inicial tende a ser pago rapidamente com a redução dos custos de operação.
O LEED é, até hoje, um sistema de classificação voluntária e consensual voltado para o mercado de construção. Este fato ia em linha com a certificação das características energéticas dos edifícios da Diretiva Europeia 93/76/CEE. Porém, na Europa, o fato da Diretiva 93/76/CEE não ser obrigatória resultou em uma baixa implementação dos seus requerimentos pelos Estados Membros (Pérez-Lombard et al., 2009), e em consequência, levando a uma baixa economia de energia.
Aprendendo com a história, após praticamente 10 anos da Diretiva 93/76/CEE, a União Europeia lança a Diretiva 2002/91/EC que agora integra, para além do isolamento térmico, outros fatores com influência no uso de energia, como as instalações de sistemas de aquecimento e arrefecimento, a iluminação, e a aplicação de fontes de energia renováveis. Além da maior abrangência dos fatores que influenciam o uso de energia, a certificação passou a ser obrigatória em todos os Estados Membros e os novos edifícios passaram a cumprir requisitos mínimos de desempenho energético, adaptados às condições climáticas locais.
Em 2010, a União Europeia lança a Diretiva 2010/31/EU em que reforça a aplicação dos requisitos mínimos de desempenho energético para os edifícios novos e existentes, assegura a certificação de desempenho energético dos edifícios e exige que os Estados Membros garantam que até 2021 todos os novos edifícios serão do tipo NZEB (“nearly zero-energy buildings” – edifícios com consumo de energia muito baixo e que podem balancear o consumo de energia com a produção de energia através de renováveis).
Além de história, o que isso tem a ver com o Brasil? No Brasil a noção de eficiência energética nas edificações surge com o Decreto Nº 34.979, de 23 de Novembro de 1993 com o Programa Estadual de Conservação de Energia nas Edificações do Rio Grande do Sul. Este com o intuito de promover o uso de fontes energéticas alternativas nas edificações e propor normas, padrões e outros instrumentos técnicos e legais a serem adotados para incentivar a melhoria da eficiência energética nas edificações, assim como sua conservação.
Em 1996, é feita uma tentativa de consolidar as informações referentes ao estado da arte de eficiência energética em edificações com o objetivo de definir ações do Procel (Procel Edifica) nesta área e criarreferências para profissionais da área (Eletrobras; Procel, 2004). Porém, somente em 2010 (Portaria Inmetro nº 372, de 17 de Setembro de 2010) com revisão em 2012 (Portaria Inmetro nº 17, de 16 de Janeiro de 2012), os esforços do governo são efetivamente concretizados em um processo de etiquetagem de edificações para o Brasil (inicialmente para edifícios comerciais, de serviços e públicos), obtida através de avaliação dos requisitos contidos no Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C).
No ano de 2012, (Portaria Inmetro nº 18, de 16 de Janeiro de 2012) é publicado Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R) para a classificação dos edifícios residenciais. Assim como o RTQ-C, o documento é complementado pelo Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C), que apresenta o processo de avaliação das características do edifício para etiquetagem junto ao Laboratório de Inspeção acreditado pelo Inmetro.
Ambas as etiquetagens (RTQ-C e RTQ-R) seguem uma metodologia muito similar à encontrada nas transposições da Diretiva 2002/91/EC para os Estados Membros, como por exemplo o Decreto-Lei nº 80/2006 de Portugal sobre o Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE), com o mesmo foco na parte energética relativa ao uso do edificado fruto do comportamento térmico da construção e de seus sistemas energéticos (e.g. arrefecimento ou aquecimento), mas com uma diferença crucial, a etiquetagem Brasileira não é obrigatória e também não tem requisitos mínimos de eficiência, nesse ponto mais próxima da Diretiva 93/76/CEE.
Segundo Marcos André Borges, coordenador do programa de etiquetagem do Inmetro, o objetivo do Procel Edifica é provocar um impacto no mercado imobiliário e na medida em que existam prédios etiquetados e outros não, as pessoas iriam dar preferência a esse instrumento (Globo News, 2012). Além disso, Marcos André Borges faz uma alusão ao Procel para eletrodomésticos, onde indica que 80% dos consumidores já usam esse tipo de informação os comprar. Porém, prédios e apartamentos não são eletrodomésticos, eles acabam por não ser tão similares entre si como os eletrodomésticos e não são encontrados um ao lado do outro em uma loja.
Muitos outros fatores são levados em conta na hora de adquirir imóveis, como a ordem de grandeza do investimento, a disponibilidade, localização, tamanho, oferta de serviços pelo condomínio etc. Além disso, a inércia do mercado imobiliário é muito maior que a dos eletrodomésticos, o que pode levar muito tempo para a adoção da etiquetagem e sua percepção pela sociedade. Nessa linha de raciocínio, é interessante ressaltar “o objetivo de impactar o mercado imobiliário” mencionado acima. Lembremos que o Procel Edifica é uma etiquetagem voluntária e sem requisitos mínimos de eficiência, assim como estabelecido na Europa em 1993.
Se lá se percebeu que a certificação voluntária não surtiu o efeito desejado, e com isso resolveram introduzir uma nova regulamentação em 2002 para tornar seu uso obrigatório, o que levaria a pensar que no Brasil isso funcionaria? Se o processo de etiquetagem brasileiro é tão parecido com o Europeu, por que não aprender com os erros deles e o tornar obrigatório e com requisitos mínimos de eficiência, como já é feito em alguns outros produtos certificados pelo Inmetro?
Paralelamente ao Procel Edifica surge no Brasil em 2007 o Green Building Council Brasil (GBCB), que traz consigo a certificação LEED que até hoje certificou 67 empreendimentos (Gbc Brasil, 2012). Entretanto, nenhum desses empreendimentos é residencial, dado que, até então, somente está disponível no Brasil o LEED para edificações comerciais. Mas isto está prestes a mudar, pois o GBCB está tentendo criar referenciais brasileiros a serem adotados para as categorias residências (casas populares, de classe média e alta) e desenvolvimentos urbanos (conjuntos habitacionais, condomínios, loteamentos ou bairros novos). Estes referenciais têm como base o LEED for Homes desenvolvido pelo USGBC e os pré-requisitos descritos pelo Procel Edifica, não esquecendo do uso racional da água, de materiais e recursos, qualidade ambiental interna, regras sociais e inovação (Gbc Brasil, 2012).
Não se pode negar a importância da introdução de certificação energética no Brasil para uma futura redução no uso de energia do país, dado que somente o setor residencial respondeu por 22% do consumo final de energia elétrica no ano de 2004 e este possui um potencial de conservação energética de 32%, somente considerando refrigeração, condicionamento ambiental (somente equipamentos), iluminação e aquecimento de água (MME; EPE, 2007). Levando-se em conta que o isolamento térmico não entrou nos ganhos do condicionamento ambiental e dado que com o aumento da renda, há um aumento de conforto (maior aquisição de ar-condicionado), este potencial ainda pode ser muito maior.
Portanto, atualmente, o brasileiro tem a opção de “escolher” residências ou edificações comerciais quem tenham dois tipos diferentes de certificação. Esse fato é muito importante, tanto pelo lado informativo quanto pela qualidade dos empreendimentos, mas pode trazer algumas complicações dado que as certificações LEED e Procel não são necessariamente comparáveis e o LEED segue uma vertente mais ampla, voltada mais para a sustentabilidade, enquanto o Procel, praticamente, só valoriza as consequências do uso de energia (com um maior foco para eletricidade).
ELETROBRAS; PROCEL. Avaliação dos resultados do Procel 2003. Rio de Janeiro: [s.n.].
GBC BRASIL. Gbc Brasil. Disponível em:. Acesso em: 22 nov. 2012.
GLOBO NEWS. G1 – Casas e apartamentos podem receber selo Procel de eficiência energética. 8 nov. 2012.
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA; EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Plano Nacional de Energia 2030 – Eficiência Energética. Brasília: [s.n.].
PÉREZ-LOMBARD, L. et al. A review of benchmarking, rating and labelling concepts within the framework of building energy certification schemes. Energy and Buildings, v. 41, n. 3, p. 272–278, mar. 2009.
U.S. GREEN BUILDING COUNCIL. LEED for Existing Buildings v2.0 Reference Guide. [S.l.] U.S. Green Building Council, out. 2006.
Gustavo Haydt – é doutor em Sistemas Sustentáveis de Energia pela Universidade do Porto no âmbito do programa MIT Portugal, Pós-graduado em Energias Renováveis pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005). Atualmente é pesquisador no Grupo de Economia da Energia (GEE) do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador associado no Associated Laboratory for Energy, Transports and Aeronautics.
(Nota – artigo publicado no Infopetro (http://infopetro.wordpress.com), blog do Grupo de Economia de Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GEE/UFRJ)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Selo Qualiverde: Prefeitura incentiva construções de prédios ecoeficientes

Publicado em Procel Info por Lara Martinho, novembro de 2012.

Rio de Janeiro - Para incentivar empreendimentos que contemplem ações favoráveis ao desenvolvimento sustentável, reduzindo impactos ambientais, a prefeitura do Rio de Janeiro criou a certificação Qualiverde


Rio de Janeiro - Com o objetivo de incentivar empreendimentos que contemplem ações favoráveis ao desenvolvimento sustentável, de modo a aumentar a eficiência energética e reduzir impactos ambientais, a prefeitura do Rio de Janeiro criou a qualificação Qualiverde para edificações. O objetivo da certificação, instituída por meio do Decreto nº 35745, de 06 de junho de 2012, é zelar pela utilização racional e sustentável dos recursos naturais. A ideia surgiu há cerca de dois anos, quando a prefeitura, através da Secretaria de Urbanismo fez este estudo e chegou a conclusão da necessidade da certificação.

Os critérios ou práticas para a obtenção do Selo foram formulados e listados no referido decreto, que pode ser visto na íntegra no Portal da Prefeitura do Rio. As exigências são de cunhos diversos e contemplam desde as fases de planejamento e execução da obra até o funcionamento do empreendimento após a sua conclusão.

Exemplos de ações que devem ser adotadas por uma construção que deseja ter a qualificação é a utilização de telhado verde no teto do último pavimento da edificação, sendo permitidas áreas destinadas à circulação ou locação de painéis de captação de energia solar; o uso de aquecimento solar da água; a iluminação eficiente - que consiste na troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes -; estudos para a utilização da ventilação natural existente; tecnologias de economia e eficiência no uso de água e energia durante e depois das obras.

O empreendimento é qualificado de acordo com o número de ações que promove, ou seja, cada ação de sustentabilidade gera pontos para a edificação. Essa pontuação também é destacada no decreto, ao lado de cada ação descrita. O empreendimento que atingir, no mínimo, 70 pontos, já é qualificado como Qualiverde, e o que atingir, no mínimo, 100 pontos, será contemplado com a qualificação Qualiverde Total. A única diferença entre as duas certificações está na pontuação, pois seguem os mesmos critérios.

Segundo o arquiteto da Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio, Pedro Rolim, o objetivo do decreto é aumentar consideravelmente o número de construções ecoeficientes na cidade. Com investimentos privados de R$ 500 milhões em 35 projetos do governo estadual, a capital carioca quer atingir o patamar europeu e norte-americano, que equivale a uma média de 15% de construções sustentáveis no hall de suas novas obras.

O empreendimento é qualificado pelas ações que promove, ou seja, cada ação de sustentabilidade gera pontos para a edificação.


Desde o decreto, somente a Vila dos Atletas, localizada na Barra da Tijuca, possui o Selo. Segundo Rolim, é a primeira edificação pública a ser qualificada.

A divulgação do Qualiverde é feita através de seminários pelo Brasil e no exterior e tem o apoio da Firjan, do Conselho de Meio Ambiente, entre outras organizações.

Além de reduzirem a emissão de gases do efeito estufa e estimularem as práticas de desenvolvimento sustentável, as construções poderão obter descontos de até 50% ou mesmo isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). A qualificação em forma de decreto serve para que a prefeitura tenha a agilidade necessária para acompanhar as inovações tecnológicas que chegam ao mercado.

Como conseguir o Selo? 
Para requerer o Selo Qualiverde é necessário seguir vários procedimentos, como o preenchimento de formulário da prefeitura com informações do estabelecimento que serão analisadas pelas secretarias municipais de Urbanismo e Meio Ambiente. O formulário está disponível no site supracitado, anexo ao decreto municipal. Sendo aprovado, o projeto recebe o licenciamento para as obras com as exigências necessárias para obtenção do Selo. Após as obras, verificam-se as ações de sustentabilidade na obra e, então, é concedida a certificação.

No caso de projetos de reforma ou de modificação de construção já existente, as ações e práticas de sustentabilidade deverão ser relativas à edificação em sua totalidade, bem como ao lote em que ela se encontra e não somente ao acréscimo de área construída ou reformada. Ou seja, é preciso fazer uma averiguação do local para detectar que adaptações serão necessárias e no que vai afetar a edificação ou o local onde se encontra.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Empresa carioca desenvolve novo modelo de turbina eólica para residências

Publicado em Automatic House - Novembro de 2012

Protótipos instalados em Maricá, Rio de Janeiro, na sede da empresa
Protótipos instalados em Maricá, Rio de Janeiro, na sede da empresa

A Enersud desenvolveu um novo modelo de turbina eólica para ser instalado nas grandes cidades, no topo de edifícios e casas. O plano de microgeração foi desenvolvido para atender às necessidades dos pequenos consumidores de energia, que poderão instalar os aerogeradores na parte superior das suas residências.
Fabricadas com tecnologia totalmente brasileira, as turbinas têm eixo vertical e a energia nelas gerada deverá suprir a demanda residencial, e também poderá ser utilizada nos sistemas internos de segurança de condomínios. Caso haja sobras, o consumidor poderá dispensar o excedente energético na rede pública, com um sistema de compensação que será estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A Enersud investiu um milhão de reais na construção dos novos aerogeradores, e a previsão é de que o equipamento entre no mercado a partir do segundo semestre do ano que vem. A empresa está bastante animada com a implantação desse novo modelo no Brasil, e acredita que, daqui pra frente, haverá um crescimento de 30% nos negócios.
Os primeiros protótipos foram instalados em Maricá, Rio de Janeiro, na sede da empresa, mas, em breve, mais turbinas serão implantadas em Salvador e em algumas cidades do norte do Rio de Janeiro. A Enersud diz que os estudos da microgeração com o uso de turbinas verticais estavam sendo desenvolvidos há algum tempo, no entanto, apenas recentemente houve avanços no uso e fabricação dessa tecnologia.
A empresa ainda estima que o mercado brasileiro absorva aproximadamente mil turbinas eólicas de pequeno porte por ano. Com informações daEnersud.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Prédio com ‘energia zero’

Publicado em Ambiente Energia em Outubro de 2012

Por Silvio Anunciação, do Jornal da Unicamp - Os edifícios residenciais, comerciais e públicos são responsáveis por aproximadamente 47% de toda a eletricidade consumida no país, conforme relatório do Ministério de Minas e Energia e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), instituições do governo federal. O dado é um dos fundamentos de estudo conduzido na Unicamp pelo engenheiro de controle e automação Bruno Wilmer Fontes Lima.
O pesquisador da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) acaba de propor metodologia para desenvolvimento de sistema de geração de energia que permitirá a esses prédios a produção de toda a eletricidade consumida por eles. O projeto utilizaria fontes renováveis, principalmente, painéis solares fotovoltaicos – dispositivos responsáveis pela captação e transformação da energia solar em elétrica. O estudo integra mestrado apresentado por Bruno Lima ao Programa de Pós-Graduação em Planejamento de Sistemas Energéticos da FEM.
“A ideia surgiu com esta nova tendência de edificações que podem gerar a própria eletricidade que consomem. Isso vem sendo implantado em alguns países da Europa,  no Japão e nos Estados Unidos. Nestes países já existem legislações obrigando, a partir de 2020, que prédios públicos sejam edifícios de energia zero, isto é, prédios que, ao longo do ano, gerem toda a eletricidade que consomem a partir de fontes renováveis”, conceitua o estudioso.
De acordo com ele, sua pesquisa objetiva, em especial, auxiliar engenheiros e arquitetos no dimensionamento de sistemas de energia zero, permitindo maior adoção deste tipo de edificação no país. O engenheiro revela que esta metodologia será aplicada, inclusive, em um laboratório de ensino e pesquisa da Unicamp, cujo projeto já está em andamento. O edifício para abrigar o laboratório deverá ser construído nas instalações da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC).
“A meta do projeto, desenvolvido em parceria com a CPFL [Companhia Paulista de Força e Luz], é ter o menor impacto ambiental durante sua construção e operação, além de tornar o prédio um edifício de energia zero. O laboratório contará com aproximadamente 600 metros quadrados e será integralmente instrumentado e monitorado, de modo a ser utilizado para futuras pesquisas nesta área”, informa o pesquisador.
O docente do Departamento de Energia da FEM, Gilberto de Martino Jannuzzi, orientou a dissertação. Já o projeto para a construção do laboratório da Unicamp, que deverá ser um dos primeiros edifícios de energia zero do país, é coordenado pela professora Vanessa Gomes da Silva, do Departamento de Arquitetura e Construção da FEC. O estudo de Bruno Lima obteve financiamento da CPFL, por meio de convênio com o Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da instituição.
Viabilidade – Ecologicamente corretos, os edifícios de energia zero também podem ser viáveis do ponto de vista econômico. O engenheiro e estudioso da Unicamp afirma ter efetuado cálculos demonstrando que, em aproximadamente 15 anos, os custos com a implementação e manutenção do sistema são pagos com a economia de energia obtida.
“O edifício de energia zero é mais caro que um prédio convencional, principalmente, devido ao acréscimo de custo para instalação do sistema de geração de energia. Mas os valores vêm diminuindo. É importante que estas tecnologias e conceitos tornem-se viáveis, pois só assim se popularizarão. Mas, infelizmente, ainda existem obstáculos no Brasil. O primeiro é que quem investe na construção do edifício, geralmente, não é aquele que vai pagar a conta de eletricidade. Outro problema é que, normalmente, a tomada de decisão não é feita sob uma visão de longo prazo”, destaca Bruno Lima.
Para o orientador do trabalho, o docente Gilberto de Martino Jannuzzi, uma série de fatores tem permitido o desenvolvimento de projetos renováveis e viáveis economicamente. Ele cita “o avanço das tecnologias de geração descentralizada de energia, a integração com edifícios e o conhecimento sobre as possibilidades de eficiência energética”.
A geração distribuída de eletricidade, de acordo com Gilberto Jannuzzi, é aquela produzida próxima ou no próprio local de consumo. “A sua utilização a partir de fontes renováveis pode atender parte da crescente demanda por energia no país, evitando, por exemplo, a construção de novas hidrelétricas e termelétricas; e reduzindo os impactos socioambientais”, esclarece o orientador, que atua como pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp.
Compensação - Recentemente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) baixou uma norma que deve estimular a implementação de projetos mais eficientes no país, como os dos edifícios de energia zero. Aprovada em abril deste ano, a resolução cria um sistema de compensação de energia. Ele permite que proprietários de geração distribuída de eletricidade, como seriam os donos de edifícios de energia zero, possam injetar o excedente da eletricidade não consumida na rede de distribuição.
A distribuidora, por sua vez, utilizaria este excedente como crédito para abater do consumo de eletricidade. Essa situação ocorreria, por exemplo, em momentos em que o sistema não fosse capaz de produzir energia suficiente, como nos horários de pico ou em períodos noturnos, quando os sistemas de energia solar não funcionam.
“Esta resolução possibilita certa viabilidade para os edifícios de energia zero no Brasil. Ela permite redução de custos porque dispensa a utilização de uma bateria para o sistema poder armazenar o excedente da eletricidade. O sistema com a bateria é mais caro do ponto de vista da manutenção e tem um impacto ambiental muito maior que os sistemas sem baterias. É assim que funciona na Europa e nos EUA”, explica Bruno Lima.
Etapas - A metodologia proposta pelo pesquisador da Unicamp consiste em etapas simples que incluem análises sobre o consumo de energia do edifício e sobre o potencial energético local. Ele cita como exemplo a cidade de Campinas, cujo potencial foi analisado com base em dados do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp.
“Os indicadores do Cepagri demonstram que o potencial eólico da região não é muito forte. A velocidade média anual do vento é muito reduzida, abaixo de 2 metros por segundo. Para uma geração eólica boa são necessários ventos com uma média anual acima de 5,5 metros por segundo, de acordo com estudos de especialistas da área. Por outro lado, o potencial solar da região é muito relevante”, detalha.
O estudo propõe ainda o dimensionamento e a simulação do sistema de geração, concluindo com a avaliação dos resultados para averiguar se a energia gerada seria suficiente para classificar o edifício como zero. “Indicamos também ferramentas para auxiliar na escolha de um sistema dentre diversas opções de arranjos e tecnologias, bem como o seu custo, o da eletricidade produzida por ele e o tempo de retorno de energia”, esclarece.
Solstício Energia - Após a conclusão do mestrado, o engenheiro Bruno Lima irá se dedicar às atividades da Solstício Energia, empresa recém-incubada por ele e mais um grupo de amigos na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incamp) da Agência de Inovação Inova Unicamp. “O empreendimento irá desenvolver projetos fotovoltaicos e, principalmente, buscar alternativas para tornar esta fonte de energia mais acessível à população com a redução de custos”, divulga.
Publicação
Dissertação: “Geração distribuída aplicada a edificações: edifícios de energia zero e o caso do Laboratório de Ensino da FEC-Unicamp”
Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)
Autor: Bruno Wilmer Fontes Lima
Orientador: Gilberto de Martino Jannuzzi
Financiamento: CPFL
(Fotos: Antônio Scarpinetti)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sharp anuncia placa fotovoltaica que pode substituir janelas

Publicado em altomatichouse.com.br, Outubro de 2012O novo painel é preto semitransparente, por este diferencial ele pode ser aplicado tanto às janelas, como às sacadas.

O novo painel é preto semitransparente, por este diferencial ele pode ser aplicado tanto às janelas, como às sacadas.
O novo painel é preto semitransparente, por este diferencial ele pode ser aplicado tanto às janelas, como às sacadas.

A Sharp desenvolveu uma placa fotovoltaica ideal para ser aplicada às sacadas de apartamentos. A tecnologia foi anunciada na última semana pela empresa japonesa e pode popularizar e facilitar a obtenção da energia limpa a partir do sol.
O novo painel é preto semitransparente, por este diferencial ele pode ser aplicado tanto às janelas, como às sacadas. A estrutura quebra a incidência direta dos raios solares, mais ainda assim permite a entrada da luminosidade natural no ambiente, isso ajuda também no controle térmico interno.
A estrutura possui eficiência de 6,8% na conversão da energia solar em eletricidade. O valor é considerado baixo, se comparado às placas fotovoltaicas tradicionais, que chegam a alcançar 20% de eficiência. No entanto, as placas só podem ser aplicas às superfícies, não atuando com a função de janelas.
Os painéis são feitos em vidro laminado, infundido com células solares. Eles possuem 135 centímetros de largura, por 96 de altura e devem estar disponíveis comercialmente a partir deste mês no Japão. A empresa ainda não divulgou quais são os planos de expansão para outros países.
A eficiência da tecnologia está diretamente ligada à sua praticidade, pois com estas placas não é necessário planejar mudanças estruturais em edifícios, basta apenas substituir o vidro pelo novo painel. Com informações do Cnet.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eficiência com responsabilidade

Publicado no Portal procelinfo.com.br em Outubro de 2012.

Rio de Janeiro – O descarte eficiente e seguro de lâmpadas fluorescentes é condição fundamental para que a economia de energia venha acompanhada de respeito ao meio ambiente
Carla Mendes e Brenno Marques, para o Procel Info


Rio de Janeiro – Apesar de apresentarem uma alternativa mais energeticamente sustentável do que as lâmpadas incandescentes, as lâmpadas fluorescentes podem se tornar uma ameaça ao meio ambiente e à população se não forem devidamente descartadas. Por conterem mercúrio, um metal pesado e tóxico, as lâmpadas fluorescentes que perdem sua utilidade devem ser recolhidas e encaminhadas a empresas capazes de realizar o descarte deste tipo de resíduo sólido de maneira segura e eficaz.

Segundo o artigo 33 da Política Nacional de Resíduos Sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de diversos tipos de produtos, dentre eles as lâmpadas fluorescentes, “são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos”.

Expansão do uso requer cuidados

Um dos motivos pelos quais a preocupação com o descarte das lâmpadas fluorescentes tem aumentado é o inevitável crescimento do consumo deste tipo de produto. A Portaria n° 1007, de 31 de dezembro de 2010, tem como objetivo reduzir a quantidade de lâmpadas incandescentes e elevar a participação de unidades mais eficientes, como as fluorescentes compactas e halógenas. A partir do dia 30 de junho de 2012, os fabricantes e importadores tiveram que parar de trabalhar com lâmpadas incandescentes de uso geral com potências de 150 W e 200 W que não atendam níveis mínimos de eficiência energética. A proibição está se dando de forma gradual, começando pelas maiores potências.

Segundo o chefe da Divisão de Estudos e Equipamentos Eficientes – PFDE, Rafael Meirelles David, “a regulamentação estabelece que as lâmpadas mais ineficientes que não atendem aos índices mínimos não podem mais ser comercializadas no país. A intenção é tornar o mercado de iluminação mais eficiente e induzir a introdução de novas tecnologias”.

Rafael afirma, ainda, que de acordo com a Portaria, especificamente para as lâmpadas de 150 W e 200 W, os fabricantes e importadores poderão vender seus estoques até 31 de dezembro de 2012. “Os atacadistas e varejistas terão prazo de um ano para cumprir a determinação. Ou seja, eles poderão comercializar esses modelos até 30 de junho de 2013”, disse.

No caso das lâmpadas de 60 W (as mais utilizadas) 75 W e 100 W, a data limite para fabricação e importação se inicia em 30 de junho de 2013, sendo que a comercialização se encerra em 30 de junho de 2014. As lâmpadas de menor potência seguem um escalonamento semelhante, cujo processo termina em 30 de junho de 2017.

Visão da Eletrobras Procel

A Eletrobras Procel entende que esta é uma oportunidade para que o mercado introduza outras tecnologias mais econômicas que substituam a lâmpada incandescente. Segundo Rafael David, “estimativas da Eletrobras Procel mostram que se todas as lâmpadas incandescentes em uso no setor residencial fossem substituídas simultaneamente por lâmpadas fluorescentes compactas, a economia resultante seria de aproximadamente 5,5 bilhões de kWh por ano, o que equivale ao consumo anual de todo o Distrito Federal, com 2,5 milhões de habitantes. Esta economia pode chegar a até 10 bilhões de kWh por ano, em 2030, de acordo com as projeções de crescimento do País”.

A Eletrobras Procel conta com a parceria do Ministério de Minas e Energia e do Inmetro para ampliar o impacto dessas ações.
Esta é uma oportunidade para que o mercado introduza outras tecnologias mais econômicas que substituam a lâmpada incandescente.

Parcerias garantem descarte sustentável

Algumas empresas já se engajaram no objetivo de expandir o descarte correto das lâmpadas fluorescentes. No Rio de Janeiro, a Idea Cíclica – Instituto para Desenvolvimento Ambiental e Tecnológico - consolidou uma parceria com a Naturalis Brasil, e trouxe para o Rio de Janeiro a tecnologia capaz de destinar corretamente e com segurança, lâmpadas de qualquer tipo, da forma mais simples e barata possível.

A máquina que, em inglês, chama-se Bulb Eater, ganhou no Brasil o nome de “Papa-Lâmpadas”. O equipamento é um triturador que, em poucos segundos, mói lâmpadas fluorescentes e separa o vapor do mercúrio, altamente tóxico, do vidro e alumínio. Várias empresas como CSN, Votorantim, White Martins, Whirpool, dentre outras, já atuam em parceria com a Naturalis Brasil no projeto em outros estados.

No estado do Rio de Janeiro, a concessionária de energia Ampla, do Grupo Endesa, leva às 66 cidades sob sua concessão o projeto Papa-Lâmpadas. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, a Ampla “realiza a descontaminação das lâmpadas fluorescentes desde 2007, em parceria com a empresa Idea Cíclica. A distribuidora de energia estabelece convênios com empresas e instituições, como hospitais, universidades e Secretarias, para realizar gratuitamente o descarte ambientalmente correto das lâmpadas e das substâncias nelas contidas”.
Outro projeto da empresa, o Consciência Ampla Sobre Rodas, ajuda na difusão do uso das lâmpadas fluorescentes. Os clientes que se encaminham à carreta do projeto com uma conta de luz em dia, mais uma lâmpada incandescente, recebem duas lâmpadas eficientes.

Detalhes Técnicos

O Papa-Lâmpadas é composto de um tambor metálico de 200 litros e possui um triplo sistema de filtragem: um para pó fosfórico, um para partículas de vidro e um para retenção de gases venenosos.

O equipamento foi importado dos Estados Unidos e submetido a testes no IPT da USP, em que recebeu certificação por atender, de forma excelente, à norma ABNT-NBR 10004, que dispõe sobre o descarte de resíduos sólidos. O Papa-Lâmpadas é o único equipamento exclusivamente testado para atender às normas da ABNT-NBR 10004 e O.S.H.A. método NIOSH 6099. De acordo com a empresa Naturalis Brasil, o equipamento tem capacidade para compactar aproximadamente 850 lâmpadas.

Mais informações sobre o projeto encontram-se no site da Naturalis Brasil.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Telhado verde e telhado branco estão em crescente adoção no mundo. Os especialistas em conforto ambiental da UFSC, falam dos benefícios e adoção das técnicas no país

Publicado em Outubro de 2012 no Portal Energia.


telhado brancoA preocupação com a economia de energia é eminente de quem se preocupa com o meio ambiente e pretende adotar práticas mais sustentáveis. Uma alternativa que está em crescente adoção no mundo são as técnicas dos telhados ecológicos.
Existem duas alternativas de telhado que contribuem com o meio ambiente, reduzindo o calor nas grandes cidades, combatendo o efeito estufa e ainda, economizando energia. Uma delas é pintar o telhado dos prédios de branco, chamados de Cool Roofs, a outra são os telhados verdes, conhecidos como Green Roofs. Essas técnicas vêm ganhando cada vez mais adeptos em todo o mundo.
Com o telhado de branco o sistema é simples, afinal a cor branca reflete mais luz e absorve menos calor solar. Sendo assim, naturalmente, com os ambientes mais frescos, as pessoas podem reduzir o uso de condicionadores de ar e de ventiladores. “Os telhados brancos refletem a radiação solar incidente que é a maior parte dos problemas em climas quentes, pois resulta em grandes ganhos de calor pela cobertura. Uma cor preta absorve 90% da radiação incidente e uma cor branca pode absorver apenas 20%” diz Roberto Lamberts, especialista em eficiência energética em edificações e professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O professor também esclarece que “esta propriedade já é usada na etiquetagem de eficiência energética de edificações e na Norma Brasileira de Desempenho Térmico, mas precisamos normatizar isto para garantir as propriedades”.
Com o telhado verde, em que o telhado é coberto por solo e vegetação, também há uma redução no calor interno, pois melhoram as condições térmicas e acústicas da edificação, tanto no inverno como no verão. Estudos de bioclimatismo indicam que, com o uso de coberturas vivas, seja possível melhorar em 30% as condições de temperatura no interior da edificação, sem recorrer a sistemas de climatização e aquecedores artificiais. Os telhados também ajudam a manter a umidade relativa do ar constante e formam um microclima no entorno da edificação.
Cláudia Krause, doutora e especialista em conforto ambiental associada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ), ressalta que o telhado verde corrige a incidência de calor tanto no inverno como no verão. “O telhado verde pode retardar o calor para um horário menos quente, sendo importante à noite para as regiões frias, que podem reduzir a perda de calor armazenado noturno. Como a correção do calor existente é feito por equipamentos a base de energia elétrica, quanto menos funcionarem, ou por menos tempo, menor o consumo.”
“O resultado é uma superfície que irá trabalhar com o sol, que tende a ser mais eficiente ao longo do dia pelo efeito da inércia do solo. Esta inércia vai funcionar à noite como uma barreira à saída de calor porventura gerado no interior pelas outras superfícies, como as paredes e pela própria presença de equipamento de geração de calor interno”, explica Krause da UFRJ.
Quando se trata dos benefícios econômicos das técnicas, Cláudia é bem otimista. “Um telhado de laje recoberto por impermeabilização usual, cinza ou negra, absorveria em torno de 80 a 90% da radiação solar incidente. Uma telha pintada de branco, uma laje com piso muito claro ou uma laje com cobertura verde, absorveriam em torno de 10 a 20% da radiação solar ou nenhuma. Estamos falando, em teoria, de 60% da radiação solar incidente ao longo de um dia que não seria absorvido pela edificação”, diz. Isso consequentemente geraria uma economia do consumo de energia.
Uma das ações de telhados ecológicos que ficou mundialmente conhecida foi o incentivo da prefeitura de Nova York, pela divulgação e promoção de ações de sustentabilidade. A prefeitura de Nova York criou um programa pelo qual pretende pintar de branco, senão a totalidade, a maior quantidade possível de telhados da cidade.
e Dubai a Nova Delhi e Osaka, no Japão, os telhados reflexivos vêm sendo promovidos pelas autoridades locais cuja prioridade é reduzir custos de energia. Nos Estados Unidos, eles se tornaram equipamento padronizado já há uma década - um exemplo disso são as novas lojas da cadeia Wal-Mart. Mais de 75% das 4.268 lojas que o grupo opera nos Estados Unidos estão equipadas com eles.
Califórnia, Flórida e Geórgia adotaram códigos de edificações que encorajam a instalação de telhados brancos em edifícios comerciais. Aproveitando recursos dos fundos federais de estímulo a projetos que promovem eficiência energética, departamentos estaduais de energia e empresas locais de eletricidade muitas vezes oferecem financiamento aos interessados em adquirir telhados frios.
telhado verde
Telhado verde
No Brasil, tramita na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) dois projetos de lei que preveem a utilização da técnica denominada “telhado verde” e “telhado branco” nas novas construções do Estado do Rio de Janeiro.
A técnica traz diversos benefícios ao meio ambiente e é uma alternativa viável e sustentável, uma vez que promove o reequilíbrio ambiental, e melhora as condições termoacústicas da edificação, tanto no inverno como no verão.
Repercutindo o debate sobre estes dois tipos de telhados, a Câmara Municipal de São Paulo discute atualmente dois projetos de lei referentes às coberturas dos imóveis da cidade: um deles prevê que os telhados sejam pintados de branco e outro propõe a utilização de telhados verdes em condomínios edificados com mais de três unidades.
Sobre a obrigatoriedade do uso da técnica, o professor da UFSC, Roberto Lamberts diz que é preciso, primeiramente, divulgar amplamente as vantagens das técnicas. “Falta conhecimento das vantagens, existem prefeituras querendo obrigar o uso de tetos verdes, outras de tetos brancos. Não podemos obrigar, devemos mostrar as vantagens, pois em alguns casos é melhor usar branco, em outros é melhor usar verde”.
Para Cláudia Krause, a falta de informação também é um dos motivos que ainda não fez a técnica ser utilizada com maior abrangência no Brasil. “Falta, de forma geral, informações objetivas para as particularidades do clima tropical, que facilitem ao arquiteto ou engenheiro em sua escolha para cada caso específico. A legislação deveria focar e levar em conta a questão, sobretudo, do manejo, da manutenção, do cuidado pós construção para o caso da telhado verde, e de conhecimento da durabilidade em clima tropical das características vindas de fábrica sobretudo quanto ao brilho e, na proposição urbana, ao resguardo do direito de vizinhança”.
Para os telhados conquistarem de vez o Brasil, ainda é preciso, além de mais informação, o barateamento do custo para implantação e normatização dos produtos. “Há espaço e indicação para os dois. Naturalmente, eles não concorrem, quer pelo local de cada aplicação, pela possibilidade de facilidade de manutenção ou pelo custo. Mas acredito que sejam em função da maior divulgação de suas técnicas, seus riscos, seus custos. Hoje ainda é mais barato a pintura (o telhado branco), mas a cobertura naturada pode trazer um benefício a mais, pois além de reduzir a absorção da radiação, ele não reflete (evita ofuscamento a vizinhos “mais altos”), contribui para uma redução das superfícies impermeáveis das cidades e um certo sequestro de carbono”, afirma Krause, especialista da UFRJ.
“Telhados brancos são baratos, têm grande potencial de melhorar o desempenho de coberturas com baixa resistência térmica e grande potencial de uso em quase todo o país. Acredito que falta apenas conhecimento pelo meio técnico e normatização para diferenciar os produtos com maior durabilidade”, diz Lamberts, da UFSC.
O fato é que as técnicas oferecem diversas vantagens econômicas, de conforto ambiental e ecológicas. O mundo já está adotando amplamente o conceito, e o Brasil precisa buscar “seu lugar ao sol” em se tratando do desenvolvimento e divulgação das técnicas no Brasil. A compulsoriedade talvez ainda não seja necessária, pois o bom senso e o desejo de melhorar o mundo em volta deve partir da consciência de cada um. Para quem deseja adotar a técnica, para Cláudia Krause, a procura de um profissional qualificado é essencial, pois somente ele poderá indicar a melhor técnica, verde ou branco, e os materiais mais adequados ao clima e perfil do consumidor.