sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Coca-Cola inaugura primeira fábrica “verde” da América Latina no Paraná

Coca-Cola inaugura primeira fábrica “verde” da América Latina no Paraná

1 - Da esq. para a dir.: o vice governador Orlando Pessuti e o presidente mundial da Coca Cola Muhtar Kent.
2 - Da esq. para a dir.: o vice governador Orlando Pessuti, o presidente da Coca Cola no Brasil Xiemar Zarazúa, o representante do ministro do Meio Ambiente Ivo Bucareski, o presidente mundial da Coca Cola Muhtar Kent, o presidente da Coca Cola na América Latina José Octávio Reyes, o prefeito de Fazenda Rio Grande Francisco Luis dos Santos e o diretor geral da Mate Leão Michel Davidovich.
3 - Da esq. para a dir.: o assessor especial do Governo Luiz Mussi, o presidente mundial da Coca Cola Muhtar Kent, o diretor geral da Mate Leão Michel Davidovich, o secretário da Indústria Comércio e Assuntos do Mercosul Virgílio Moreira Filho e o presidente da Coca Cola Xiemar Zarazúa.


foto: Julio Covello-AENotícias

O Paraná tem a primeira fábrica “verde” do grupo Coca-Cola na América Latina. A unidade foi inaugurada na Fazenda Rio Grande (Região Metropolitana de Curitiba), e na estrutura funcionará a Leão Júnior, adquirida pelo grupo em 2007, que tem como principal produto o Matte Leão. A fábrica tem capacidade de produção de 11 mil toneladas de chás secos por ano e foi construída de acordo com os mais avançados conceitos de sustentabilidade ambiental. O investimento é de cerca de R$ 20 milhões, segundo disse o secretário municipal da Indústria e Comércio do município de Fazenda Rio Grande, Elói Kuhn. A previsão é que em 2010 sejam investidos mais R$ 30 milhões.
(...) O Presidente mundial da Coca-Cola Company, Muhtar Kent, disse que o Brasil é atualmente o 4º mercado da companhia e que os investimentos no país para os próximos cinco anos são estimados em R$ 11 bilhões. “A abertura dessa fábrica mostra o importante papel que a Leão Junior desempenha no futuro da Coca-Cola Brasil”, disse. Ele relatou que durante os últimos 25 anos a companhia cresceu em 50 vezes seu volume de venda no Brasil. O empresário destacou ainda o papel do Brasil perante a crise econômica onde, segundo ele, lidera a saída da crise e devido a isso se configura como bom lugar para se investir.

Kent falou também que a Coca-Cola é responsável por 38 mil empregos diretos no Brasil e que a nova unidade na Fazenda Rio Grande é um marco importante. “Há inovações nesta fábrica, como o fato de que quase 40% da água utilizada na fábrica virá da chuva”, contou. Ele ainda lançou um novo produto, o Matte Leão Orgânico.

Michel Davidovich, diretor-geral da Matte Leão, explicou que a nova fábrica traz conceitos de bioarquitetura e que isso vai gerar economia tanto de água quanto de energia elétrica, respectivamente 36 e 23 %. Segundo ele, na construção as madeiras utilizadas foram de reflorestamento; é utilizado aquecimento solar; a cobertura dos prédios sociais, refeitório, salas técnicas e portaria é feita com telhado vivo; o piso é permeável; utiliza telhas translúcidas nos almoxarifados, expedição e área de produção, o que permite a utilização de luz natural; e há canalização das águas das chuvas. “Para se ter ideia, temos o maior telhado verde da América Latina”, disse. “Nosso compromisso com o meio ambiente é absoluto”, completou.

O chefe de Gabinete do Ministério do Meio Ambiente, Ivo Bucaresky, que representou o presidente Lula na solenidade, disse que o empreendimento da Coca-Cola é um modelo importante de economia sustentável e um exemplo aos demais empresários do país.

Fábrica

A nova unidade da Leão Júnior conta com área de 110 mil metros quadrados, sendo 20 mil de área construída, e vai gerar cerca de 300 empregos diretos. Lá serão produzidos chás secos, o tradicional Matte Leão a Granel e dos chás de saquinhos Matte Leão, Ervas, Frutas&Flores, Chá Verde e Chá Preto.

A fábrica foi construída de acordo com os mais avançados conceitos de sustentabilidade, seguindo os padrões da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e alinhada com a plataforma de sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, Viva Positivamente. Planejada pelos princípios de bioarquitetura, que visam causar o menor impacto possível no meio ambiente, ela foi cuidadosamente concebida para utilizar aspectos diferenciais de sustentabilidade. Em seu terreno de 110 mil metros quadrados, sendo apenas 20 mil de área construída, são utilizados recursos e tecnologias que respeitam e preservam a natureza. “Esta é a primeira de muitas fábricas ‘verdes’ do Sistema Coca-Cola Brasil. De acordo com nossas metas de sustentabilidade, todas as unidades novas ou que passarem por reformas seguirão os conceitos de certificação LEED”, destaca Marco Simões, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil.

A estimativa de economia de energia na nova fábrica é de até 23%, conquistada por meio da utilização de telhas translúcidas - que garantem a iluminação natural do ambiente -, do telhado verde (telhado vivo) e da ventilação natural que permitem uma redução no uso de ar condicionado. O consumo de água também será reduzido em 36%, devido ao reaproveitamento da água da chuva utilizada nos banheiros, limpeza e irrigação.

A unidade segue rigorosamente todas as normas brasileiras da construção civil (ABNT/CB-02 Construção Civil e CONAMA 307), além dos altos padrões estabelecidos pela Coca-Cola em âmbito mundial. Para atestar o comprometimento da Leão, a fábrica está em processo de obtenção da certificação LEED, fornecida pelo Green Building Council Brasil, o que garante a implantação das boas práticas da construção sustentável.

Estas mudanças beneficiarão também seus colaboradores, proporcionando melhoria na qualidade de vida e de trabalho. Para a construção da nova planta, aproximadamente 200 profissionais provenientes de Fazenda Rio Grande foram alocados. Desta maneira, a Leão passa a contribuir ainda mais para o desenvolvimento da economia local.

“Com o lançamento da nova fábrica, a Leão reafirma seu compromisso com o desenvolvimento do Estado do Paraná, gerando empregos e receita para a região, além de se comprometer com as melhores práticas do conceito sustentabilidade, presentes nesta unidade”, ressalta Michel Davidovich, diretor-geral da Leão. “Para produzir chás 100% naturais, nada melhor que uma fábrica integrada à natureza”, completou.

Novo produto orgânico

Além da fábrica, a empresa de 108 anos está lançando um novo produto, também dentro dos conceitos da sustentabilidade: o Matte Granel Orgânico. Ele é o primeiro produto orgânico do sistema Coca-Cola na América Latina e contempla melhorias ambientais focadas em sustentabilidade em toda a sua cadeia produtiva. Exemplo disso é que no plantio orgânico da erva-mate, com certificação ECOCERTI/IBD, não se faz uso de defensivos agrícolas ou adubos químicos. Os caminhões utilizam biodiesel para transportar a matéria-prima até a fábrica, reduzindo a emissão de CO2. Sua embalagem, com mensagens de educação ambiental, é proveniente de papel 100% reciclado e a caixa de embarque é certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council). A impressão econômica reduz cerca de 90% do uso de tinta, sendo esta uma tinta especial, que emite menos compostos orgânicos voláteis na atmosfera.

Diferenciais na construção da nova fábrica da Leão

• Bio-arquitetura: Construção orientada para um reduzido impacto no entorno do terreno para preservar os espaços entre os prédios e criar áreas verdes no perímetro, aumentando o bem estar dos ocupantes.
• Baixo impacto sobre o solo: O projeto de terraplanagem do terreno previu a menor movimentação de terra possível, reduzindo os riscos de erosão do solo. Além disto, realizou a compensação dos volumes de corte e aterro, evitando qualquer importação ou retirada de material no espaço do terreno.
• Materiais ecológicos: Uso preferencial de materiais de construção certificados, de origem conhecida e próxima à construção, que causam baixo impacto ambiental na sua extração/fabricação, uso de madeiras certificadas (como o eucalipto); uso de materiais de baixo índice de emissão de COV (compostos orgânicos voláteis), evitando produtos como PVC e solventes, e evitando metais como cromados, alumínio e amianto.
• Fábrica em dois níveis: Abastecimento da matéria prima utilizando o desnível do terreno, aproveitando a força da gravidade para a movimentação das ervas e reduzindo o uso de energia.
• Aquecedor solar: Uso de aquecedores de água com energia solar, nas áreas de vestiários e laboratórios.
• Telhado verde: Aplicação do teto verde (telhado vivo) nos prédios sociais, refeitório, salas técnicas e portaria. Funciona como isolante térmico natural e como purificador de ar.
• Coleta da água da chuva: Captura da água do telhado do galpão industrial e armazenagem, para reúso em descargas, limpezas de pátios e irrigações.
• Uso racional da água: Além do aproveitamento da água da chuva, são usados elementos que ajudam na economia de água, como válvulas de descarga de volume reduzido.
• Piso permeável: Pavimentação das calçadas para pedestres em blocos do tipo Paver, que permite a permeabilidade da água das chuvas e evita o transbordamento do córrego.
• Drenagem pluvial: Escoamento da água de chuva por meio de valas gramadas, o que permite sua absorção pelo solo já durante a sua condução.
• Córrego: Recomposição da mata ciliar do córrego colado ao terreno, reestabelecendo o ecossistema do rio.
• Iluminação natural: Uso de iluminação natural nos almoxarifados, expedição e área de produção (inclusive dentro das salas de envase), no refeitório, nos vestiários e nas salas técnicas.
• Certificação LEED: Processo de certificação LEED (Leadership Energy and Environmental Design) em andamento junto ao GBC Brasil (Green Building Council Brasil), podendo ser uma das primeiras indústrias a obter a certificação no Brasil.
• Responsabilidade sócio-ambiental: Iniciativas para o fomento da agricultura local, focada na produção sem o uso de pesticidas e adubos químicos; projetos para a capacitação da mão de obra local, promovendo treinamentos em manipulação de alimentos, boas práticas de fabricação e operação de máquinas, entre outros; projetos para creches, academia de ginástica e salão de beleza (“espaço mulher”) para atender os funcionários.


Com informações da Agência Estadual de Notícias e [roberta.marins@fsb.com.br]
Redação, com colaboradores


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Tour First - Torre sustentável em Paris

Tour First - Torre sustentável em Paris (La Défense)

Neste mês de novembro de 2009, tive oportunidade de acompanhar a quarta edição da Missão Técnica Paris Batimat, organizada agora pela ArqTours, by Raquel Palhares (na foto, à direita).

Em uma semana fria de outuno europeu, visitamos, além do Salão Batimat, maior feira de construção do mundo (este ano um pouco menor, mais ainda enorme), pudemos também realizar algumas visitas técnicas bem interessantes. Comentarei a Batimat em uma próxima postagem.

Dentre as visitas técnicas que realizamos, destaco aqui a Tour First, que está em construção (na verdade, reconstrução) em La Défense, na grande Paris. O edifício será, quando concluído, em 2010, o mais alto da França. Trata-se na verdade de um enorme retrofit do edifício original, concluído nos anos 80.

Antes de visitar a obra do Tour First, tivemos também oportunidade de visitar o escritório de arquitetura responsável pelo projeto, onde o arquiteto titular gentilmente nos recebeu para uma apresentação detalhada sobre a intervenção, que foi fruto de um concurso internacional e envolveu todo o edifício.

A empresa proprietária do edifício tinha a intenção com esta renovação se adequar aos novos requisitos de sustentabilidade e
novos parâmetros de mercado. Um dos requisitos fundamentais era a adequação ao referencial HQE - Haute Qualité Environnementale , certificação ambiental de edificações que é a referência para a certificação brasileira AQUA - Alta Qualidade Ambiental.

A possibilidade de demolição chegou a ser considerada, mas a renovação completa se mostrou a opção mais sensata para a região de La
Defénse, importante distrito financeiro da capital francesa.

A proposta vencedora incorporou, no balanço geral entre as áreas de demolição e construção, mais de 9.000 m2 aos 77.000 originais, incluindo novos dez andares, o que tornará o edifício o mais alto do país.

A planta original dispunha os pavimentos tipo de escritórios em três segmentos separados. O novo projeto, por sua vez, criou uma extensão nas plantas tipo de 1,5 m. para fora do prédio, em toda a sua periferia, de forma a que os segmentos de planta passaram a ser inter-conectados internamente, sem necessidade de ir ao hall, possibilitando a ocupação por uma mesma empresa de toda a planta.

Toda a fachada original foi substituída. Todos os caixilhos e vidros originais foram encaminhados para empresas de reciclagem. Para a nova fachada, estudos de insolação e radiação foram realizados com o auxílio de simulação computacional, para determinar quais as regiões que necessitariam de maior ou menor proteção, em função da incidência de radiação durante o ano, considerando-se, inclusive a influência do sombreamento dos edifícios vizinhos, especialmente nos pavimentos inferiores do edifício.

A partir destes estudos, foram distribuídas pelas fachadas, soluções distintas que envolvem vidros duplos ventilados, vidros duplos não ventilados e vidros simples.

Os sistemas de ar condicionado, por sua vez, também foram projetados para estas variações de demanda térmica pela planta.

Os elevadores originais foram também substituídos por modelos mais eficientes, com sistema de reaproveitamento de energia, novo conjunto de sistemas de iluminação e de automação e controle garantirão a também maior eficiência energética ao complexo.

A reforma do edifício incluiu também, por conta dos novos andares que foram somados à estrutura, reforços estruturais nas fundações, que, surpreendentemente, conforme soubemos durante a visita, são feitas em radier, com apenas 30 m. de profundidade.

Do alto da imponente torre, podemos ter uma bela
vista de Paris, e da região de La Défense.

Apesar do alto custo da reforma, em torno dos 300 milhões de Euros, os proprietários, antes mesmo da conclusão das obras, já ficaram muito satisfeitos. O empreendimento foi comercializado a investidores que já garantiram a ocupação plena do edifício, após conclusão das obras.

É um exemplo de sustentabilidade aplicada a grandes obras e a comprovação de que de fato não há construção sustentável sem viabilização comercial.

As certificações ambientais são fundamentais para garantir às edificações o caráter de green buildings e a valorização dos empreendimentos. O referencial francês HQE, assim como o AQUA no Brasil, são uma boa ferramenta para isto.

A IV Missão Técnica Paris Batimat 2009 foi realizada entre 01 e 09 de novembro e 2009. A próxima edição será na mesma época, em 2011. Muito provavelmente haverá novas obras como esta para visitarmos na dinâmica região de La Défense.

A bientôt, Paris.

Por Antonio Macêdo Filho.


Insustentável Dubai

Caros,

Gostaria de compartilhar aqui minhas impressões sobre Dubai, onde estive recentemente, acompanhando missão técnica àquele Emirado Árabe organizada pela ArqTours, by Raquel Palhares. Estivemos também em Abu Dhabi. São ambas cidades impressionantes, especialmente Dubai.

Resultado de um cenário sócio-político-econômico único, o fenômeno de explosão de novas construções está alterando dramaticamente o skyline da cidade. O que está acontecendo naquela cidade dos Emirados Árabes Unidos não tem precedentes na história.

Nunca se viu tantas e tão impressionantes obras em um só lugar. Nem na Berlim pós re-unificação alemã, nem na Pequim pré-olímpica, a humanidade presenciou tamanha explosão construtiva, tamanho impacto na vida e na economia de uma cidade ou de um país.
Propocional ao impacto que todas estas obras têm para a imagem da cidade para o mundo, deve ser também o impacto provocado por tudo isto na vida da população nativa, reduzida a apenas 10% dos habitantes atualmente, assim como, e pricipalmente, no meio ambiente.

É do meio ambiente, aliás, que se origina toda a imensa quantidade de recursos que alimentam os mais variados devaneios urbanos e surtos arquitetônicos, frutos de mentes criativas e autoridades aparentemente onipotentes.

A proximidade do fim da era do petróleo nos Emirados Árabes Unidos, o que deve ocorrer dentro de uma geração, é o que motiva as suas autoridades a empreender algumas das mais impressionantes obras do planeta, algumas delas as mais grandiosas estruturas já construídas pelo Homem.

É um esforço gigantesco e o objetivo de atrair a atenção do mundo, turistas de todas as partes e muitos novos dólares, advindos não mais do petróleo, está sendo cumprido com eficiência. Todo mundo quer ir ver o acontece em Dubai. Eu também, confesso, estava ansioso para presenciar este fenômeno único de desenvolvimento urbano, este momento histórico que certamente será lembrado pelos futuros estudantes de arquitetura, nas disciplinas de história, como o mais louco e acelerado processo de urbanização de todos os tempos.

Sustentabilidade?

Enquanto o mundo todo (até a China já começou a tomar atitudes neste sentido), está preocupado com temas como sustentabilidade, meio ambiente, aquecimento global, economia de recursos e de energia, em Dubai, nada disto parece importar. Apenas importa construir, construir.
Bom para nós arquitetos. Podemos visitar um gigantesco parque de diversões arquitetônicas.

A questão a meu ver é: Mas qual a conta disto tudo? Até onde vai este ritmo de construção descomunal? Vai ter gente e empresas para ocupar todos estes prédios? Para mim pareceu evidente que a base de tudo é tão sólida quanto areia. Falta sustentabilidade.

Vamos considerar alguns fatos como referência:

A energia elétrica consumida nos Emirados Árabes é quase totalmente produzida em usinas a gás, portanto, não renovável. 60% de toda energia elétrica é consumida com os sistemas de ar condicionado, presentes em todo lugar, até mesmo em pontos de ônibus (não é luxo, dizem, é uma necessidade).

A água potável servida na cidade é produzida em estações de dessalinização, processo custoso que implica em aquecimento, evaporação e condensação da água marinha.

Não existe nada como um Ministério do Meio Ambiente (embora exista o do Petróleo) ou estudos de impacto ambiental. Não há tão pouco liberdade de imprensa, nada nem ninguém que seja capaz de contra argumentar em relação ao óbvio impacto ambiental causado pela construção de gigantescos aterros e arquipélagos artificiais em meio ao golfo pérsico.

Incorporadores de diversas partes do mundo encontraram em Dubai o ambiente e a oportunidade de realizar os mais improváveis empreendimentos imobiliários do mundo, multi-milionários, e, acreditem, praticamente livre de impostos. Isto mesmo, o único requisito aparente é a obrigatoriedade da participação nos empreendimentos de ao menos uma das incorporadoras de propriedade da pessoa física de sua alteza, o Xeique.

A mão de obra em Dubai é baratíssima, vinda de diversos países, a maioria da Ásia central, pricipalmente Paquistão e Índia. Durante as obras, os operários vivem em alojamentos coletivos insalubres fora da cidade, ganham em torno de US$ 300,00 por mês, enviam boa parte para suas famílias e após a conclusão das obras têm de encontrar outra obra ou retornar aos seus países. Ou seja, não agrega renda ao mercado local.
O grosso do capital vem de investidores eurepeus, que repatriam os seus lucros nos empreendimentos sem ter que dar satisfação a ninguém. Os clientes por sua vez, são turistas de passeio e milionários de todo o mundo, inclusive do Brasil, que compram casas paradisíacas em ilhas artificiais de areia branca e mar azul, e, ao menos no caso do arquipélago The World, sem infra-estrutura.

A construção de centenas de novos e imponentes edifícios de escritórios antecede em muito a demanda por espaços corporativos (apenas na região chamada Business Bay, onde se encontra o Buj Dubai, maior edifício do mundo, são 200 novos edifícios). De onde virão tantas empresas? Há tantos negócios? Será mesmo que vão fazer de Dubai a capital financeira do oriente?

Contrates

Bom, os shoppings centers, que são enormes, estão sempre cheios de gente aparentemente bem disposta a gastar. Todas as mais famosas grifes estão em seus corredores. Potentes carros de luxo, grandes beberrões de combustível, são bastante comuns (e a gasolina é ridiculamente barata). O padrão de consumo é de primeiro mundo.

Os hotéis estão cheios de turistas. Os ocidentais, a passeio ou a trabalho, estão por toda parte. Para estes, não há, ao contrário de outros países árabes muçulmanos, qualquer restrição ao uso de roupas de verão normais no mundo ocidental, inclusive para as mulheres. Pode-se inclusive consumir bebidas alcoólicas nos hotéis, o que é proibido para os árabes.

Com tudo isto, quase não se vê a cultura local. À exceção da região de Deira, onde estão os souks, tradicionais mercados de rua, tudo é novo e artificial. Não há resquícios da arquitetura tradicional, a não ser pelas frequentes mesquitas. A impressão que se tem é de estar na Las Vegas do oriente (sem o jogo, é claro, proibido nos Emirados).

O passado, as origens da cidade portuária, baseada no comércio de especiarias, pérolas e ouro entre oriente e ocidente, ficou definitivamente para trás. Dubai não olha para o seu passado, apenas vislumbra o seu futuro, cada dia mais presente.

Quando de seu lançamento, em 2002, o arquipélago The Palm -primeiro dos grandes empreendimentos marinhos lançados pela Nakheel Developments, incorporadora que está mudando o litoral da cidade - teve 100% dos seus condomínios (nas pétalas da palmeira), áreas comerciais (no tronco) e áreas para hotelaria (ao redor) vendido em apenas 3 dias. Um sucesso estrondoso.
Em sequencia, foram lançados outros empreendimentos ainda maiores, inclusive o arquipélago The World, a segunda palmeira, Palm Deira, a terceira, Palm Jebel Ali, e o gigantesco Dubai Waterfront.

O volume dos investimentos é gigantesco. Projetos multi-bilionários construídos em meio ao deserto ou ao mar. É de fato impressionante. Quase uma miragem. E, como tal, muitas vezes bem distante da realidade do mercado.

A Crise

Passada a onda de empolgação inicial, com a crise financeira internacional, boa parte dos investimentos que vinham sendo feitos em grandes volumes foram suspensos.
Recentemente, neste mês de dezembro, a Dubai World, empresa estatal que coordena a implantação dos diversos projetos, declarou a possibilidade de ter de suspender o pagamento de suas dívidas no mercado financeiro internacional por 6 meses. Alguns dos novos mega empreendimentos, como o Dubai Waterfront, por exemplo, tiveram o início de suas obras adiados.
Não fiquei surpreso. Estava na cara que aquele ritmo frenético não se sustentaria indefinidamente. Mas as obras que estavam em andamento, no entanto, continuam e o números de gruas em movimento na paisagem é ainda enorme.

Também não ficarei surpreso se o próprio Xeique, ou seus parentes dirigentes dos demais emirados, inclusive o de Abu Dhabi, que ainda tem muito petróleo, sairem com uma carta da manga e aparecerem com as garantias que permitirão a Dubai prosseguir em sua trajetória para se consolidar como uma das interessantes cidades do mundo.

Muito pouco sustentável mas, ainda assim, muito interessante Dubai.

Por Antonio Macêdo Filho.

Processo Aqua Habitacional

A Fundação Vanzolini lança certificação de construção sustentável para edifícios residenciais e conjuntos habitacionais. O Processo Aqua Habitacional avaliará o programa, a concepção e a construção dos edifícios para demonstrar a qualidade ambiental da obra.
por Ana Paula Rocha

A Fundação Vanzolini acaba de lançar a certificação da construção sustentável Processo Aqua (Alta Qualidade Ambiental) Habitacional, destinada exclusivamente para empreendimentos residenciais. O certificado avalia as três fases principais do edifício (programa, concepção e construção) para demonstrar a qualidade ambiental da obra.

Para obter a certificação, é necessário criar um Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) para controlar o projeto em todas as fases, incluindo avaliação por auditoria presencial, e atender a 14 categorias da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), criadas com base em critérios de desempenho. A adoção destes requisitos garante notas em três níveis: excelente, superior e bom.
Entre as determinações da certificação, estão a individualização dos medidores de consumo de água com determinadas características presentes na norma, a instalação de produção coletiva de água por aquecimento solar precedida de estudo técnico detalhado, inclusive, com garantia de resultados e, dentro do item gestão de energia, a norma prevê o uso de equipamentos com o Selo Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), além de lâmpadas economizadoras e iluminação das áreas comuns com sensores de presença.

Tanto o SGE quanto as categorias da QAE estão especificadas no Referencial Técnico do Processo AQUA para Edifícios Habitacionais. O conjunto de normas foi desenvolvido em parceria com a Cerqual, integrante do Grupo Qualitel, organismo francês de certificação de empreendimentos habitacionais sustentáveis na França.

Mais informações em http://www.vanzolini.org.br/

Desde 2007, a Fundação Vanzolini é detentora exclusiva do Processo AQUA para edifícios comerciais e de serviços, sendo que hoje já conta no país com a adesão de 14 empreendimentos, sete dos quais já certificados.

Meus comentários:

A partir de 2010, pelo EcoBuilding.com.br, o público poderá conhecer e se aprofundar na Certificação AQUA, inclusive podendo se tornar um auditor para o Processo AQUA, por meio dos cursos oferecidos em convênio da EcoBuilding com a Fundação Vanzolini.

Mais informações em:
www.ecobuilding.com.br