terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um dia, todos os edifícios serão verdes

Este foi o slogan da campanha de lançamento, em Portugal, do Sistema Nacional de Certificação Energética de edifícios. Atendendo às recomendações de diretivas da Comunidade Européia de 2006, o programa português, implantado com sucesso a partir de 1 de janeiro de 2007, para edifícios novos com mais de 1.000 m2, agora foi ampliado para todas as novas edificações.

Assim como no Brasil, o programa português segue padrões que se assemelham aos já adotados para eletrodomésticos e definem parâmetros a serem atendidos para o desempenho energético das edificações, observando-se também o conforto dos usuários e a qualidade do ar.

Diferentemente do programa brasileiro Procel Edifica, no entanto, o modelo português é de atendimento obrigatório para novas edificações e grandes reformas. O certificado emitido pelo orgão regulador para as novas edificações vem acompanhado de recomendações para a manutenção do edifício e até para a melhoria dos índices de desempenho.

Sistemas de coletores solares para aquecimento de água, equipamentos eficientes de ar condicionado e iluminação e sistemas de coleta e reuso de água são algumas das tecnologias que são estimuladas pelo programa de certificação energética português.

Além do efeito direto sobre o consumidor, que pode escolher entre edifícios mais e menos econômicos, o sistema está causando grande transformação nos processos de projeto de novas edificações no país. Os arquitetos devem, obrigatoriamente, apresentar, para fins de aprovação, simulações computacionais do desempenho energético dos edifícios que projetam. Isto tem elevado significativamente o nível de detalhamentos e qualidade geral dos projetos, como também a responsabilidade dos profissionais projetistas no processo.

Coisa semelhante seguramente também acontecerá no Brasil, na medida em que o programa brasileiro se torne também de cumprimento obrigatório, o que deve ocorrer a partir de 2012.

Precisaremos estar preparados, pois, um dia, todos os edifícios serão verdes...

Por Antonio Macêdo Filho, dezembro 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Coca-Cola inaugura primeira fábrica “verde” da América Latina no Paraná

Coca-Cola inaugura primeira fábrica “verde” da América Latina no Paraná

1 - Da esq. para a dir.: o vice governador Orlando Pessuti e o presidente mundial da Coca Cola Muhtar Kent.
2 - Da esq. para a dir.: o vice governador Orlando Pessuti, o presidente da Coca Cola no Brasil Xiemar Zarazúa, o representante do ministro do Meio Ambiente Ivo Bucareski, o presidente mundial da Coca Cola Muhtar Kent, o presidente da Coca Cola na América Latina José Octávio Reyes, o prefeito de Fazenda Rio Grande Francisco Luis dos Santos e o diretor geral da Mate Leão Michel Davidovich.
3 - Da esq. para a dir.: o assessor especial do Governo Luiz Mussi, o presidente mundial da Coca Cola Muhtar Kent, o diretor geral da Mate Leão Michel Davidovich, o secretário da Indústria Comércio e Assuntos do Mercosul Virgílio Moreira Filho e o presidente da Coca Cola Xiemar Zarazúa.


foto: Julio Covello-AENotícias

O Paraná tem a primeira fábrica “verde” do grupo Coca-Cola na América Latina. A unidade foi inaugurada na Fazenda Rio Grande (Região Metropolitana de Curitiba), e na estrutura funcionará a Leão Júnior, adquirida pelo grupo em 2007, que tem como principal produto o Matte Leão. A fábrica tem capacidade de produção de 11 mil toneladas de chás secos por ano e foi construída de acordo com os mais avançados conceitos de sustentabilidade ambiental. O investimento é de cerca de R$ 20 milhões, segundo disse o secretário municipal da Indústria e Comércio do município de Fazenda Rio Grande, Elói Kuhn. A previsão é que em 2010 sejam investidos mais R$ 30 milhões.
(...) O Presidente mundial da Coca-Cola Company, Muhtar Kent, disse que o Brasil é atualmente o 4º mercado da companhia e que os investimentos no país para os próximos cinco anos são estimados em R$ 11 bilhões. “A abertura dessa fábrica mostra o importante papel que a Leão Junior desempenha no futuro da Coca-Cola Brasil”, disse. Ele relatou que durante os últimos 25 anos a companhia cresceu em 50 vezes seu volume de venda no Brasil. O empresário destacou ainda o papel do Brasil perante a crise econômica onde, segundo ele, lidera a saída da crise e devido a isso se configura como bom lugar para se investir.

Kent falou também que a Coca-Cola é responsável por 38 mil empregos diretos no Brasil e que a nova unidade na Fazenda Rio Grande é um marco importante. “Há inovações nesta fábrica, como o fato de que quase 40% da água utilizada na fábrica virá da chuva”, contou. Ele ainda lançou um novo produto, o Matte Leão Orgânico.

Michel Davidovich, diretor-geral da Matte Leão, explicou que a nova fábrica traz conceitos de bioarquitetura e que isso vai gerar economia tanto de água quanto de energia elétrica, respectivamente 36 e 23 %. Segundo ele, na construção as madeiras utilizadas foram de reflorestamento; é utilizado aquecimento solar; a cobertura dos prédios sociais, refeitório, salas técnicas e portaria é feita com telhado vivo; o piso é permeável; utiliza telhas translúcidas nos almoxarifados, expedição e área de produção, o que permite a utilização de luz natural; e há canalização das águas das chuvas. “Para se ter ideia, temos o maior telhado verde da América Latina”, disse. “Nosso compromisso com o meio ambiente é absoluto”, completou.

O chefe de Gabinete do Ministério do Meio Ambiente, Ivo Bucaresky, que representou o presidente Lula na solenidade, disse que o empreendimento da Coca-Cola é um modelo importante de economia sustentável e um exemplo aos demais empresários do país.

Fábrica

A nova unidade da Leão Júnior conta com área de 110 mil metros quadrados, sendo 20 mil de área construída, e vai gerar cerca de 300 empregos diretos. Lá serão produzidos chás secos, o tradicional Matte Leão a Granel e dos chás de saquinhos Matte Leão, Ervas, Frutas&Flores, Chá Verde e Chá Preto.

A fábrica foi construída de acordo com os mais avançados conceitos de sustentabilidade, seguindo os padrões da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e alinhada com a plataforma de sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, Viva Positivamente. Planejada pelos princípios de bioarquitetura, que visam causar o menor impacto possível no meio ambiente, ela foi cuidadosamente concebida para utilizar aspectos diferenciais de sustentabilidade. Em seu terreno de 110 mil metros quadrados, sendo apenas 20 mil de área construída, são utilizados recursos e tecnologias que respeitam e preservam a natureza. “Esta é a primeira de muitas fábricas ‘verdes’ do Sistema Coca-Cola Brasil. De acordo com nossas metas de sustentabilidade, todas as unidades novas ou que passarem por reformas seguirão os conceitos de certificação LEED”, destaca Marco Simões, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil.

A estimativa de economia de energia na nova fábrica é de até 23%, conquistada por meio da utilização de telhas translúcidas - que garantem a iluminação natural do ambiente -, do telhado verde (telhado vivo) e da ventilação natural que permitem uma redução no uso de ar condicionado. O consumo de água também será reduzido em 36%, devido ao reaproveitamento da água da chuva utilizada nos banheiros, limpeza e irrigação.

A unidade segue rigorosamente todas as normas brasileiras da construção civil (ABNT/CB-02 Construção Civil e CONAMA 307), além dos altos padrões estabelecidos pela Coca-Cola em âmbito mundial. Para atestar o comprometimento da Leão, a fábrica está em processo de obtenção da certificação LEED, fornecida pelo Green Building Council Brasil, o que garante a implantação das boas práticas da construção sustentável.

Estas mudanças beneficiarão também seus colaboradores, proporcionando melhoria na qualidade de vida e de trabalho. Para a construção da nova planta, aproximadamente 200 profissionais provenientes de Fazenda Rio Grande foram alocados. Desta maneira, a Leão passa a contribuir ainda mais para o desenvolvimento da economia local.

“Com o lançamento da nova fábrica, a Leão reafirma seu compromisso com o desenvolvimento do Estado do Paraná, gerando empregos e receita para a região, além de se comprometer com as melhores práticas do conceito sustentabilidade, presentes nesta unidade”, ressalta Michel Davidovich, diretor-geral da Leão. “Para produzir chás 100% naturais, nada melhor que uma fábrica integrada à natureza”, completou.

Novo produto orgânico

Além da fábrica, a empresa de 108 anos está lançando um novo produto, também dentro dos conceitos da sustentabilidade: o Matte Granel Orgânico. Ele é o primeiro produto orgânico do sistema Coca-Cola na América Latina e contempla melhorias ambientais focadas em sustentabilidade em toda a sua cadeia produtiva. Exemplo disso é que no plantio orgânico da erva-mate, com certificação ECOCERTI/IBD, não se faz uso de defensivos agrícolas ou adubos químicos. Os caminhões utilizam biodiesel para transportar a matéria-prima até a fábrica, reduzindo a emissão de CO2. Sua embalagem, com mensagens de educação ambiental, é proveniente de papel 100% reciclado e a caixa de embarque é certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council). A impressão econômica reduz cerca de 90% do uso de tinta, sendo esta uma tinta especial, que emite menos compostos orgânicos voláteis na atmosfera.

Diferenciais na construção da nova fábrica da Leão

• Bio-arquitetura: Construção orientada para um reduzido impacto no entorno do terreno para preservar os espaços entre os prédios e criar áreas verdes no perímetro, aumentando o bem estar dos ocupantes.
• Baixo impacto sobre o solo: O projeto de terraplanagem do terreno previu a menor movimentação de terra possível, reduzindo os riscos de erosão do solo. Além disto, realizou a compensação dos volumes de corte e aterro, evitando qualquer importação ou retirada de material no espaço do terreno.
• Materiais ecológicos: Uso preferencial de materiais de construção certificados, de origem conhecida e próxima à construção, que causam baixo impacto ambiental na sua extração/fabricação, uso de madeiras certificadas (como o eucalipto); uso de materiais de baixo índice de emissão de COV (compostos orgânicos voláteis), evitando produtos como PVC e solventes, e evitando metais como cromados, alumínio e amianto.
• Fábrica em dois níveis: Abastecimento da matéria prima utilizando o desnível do terreno, aproveitando a força da gravidade para a movimentação das ervas e reduzindo o uso de energia.
• Aquecedor solar: Uso de aquecedores de água com energia solar, nas áreas de vestiários e laboratórios.
• Telhado verde: Aplicação do teto verde (telhado vivo) nos prédios sociais, refeitório, salas técnicas e portaria. Funciona como isolante térmico natural e como purificador de ar.
• Coleta da água da chuva: Captura da água do telhado do galpão industrial e armazenagem, para reúso em descargas, limpezas de pátios e irrigações.
• Uso racional da água: Além do aproveitamento da água da chuva, são usados elementos que ajudam na economia de água, como válvulas de descarga de volume reduzido.
• Piso permeável: Pavimentação das calçadas para pedestres em blocos do tipo Paver, que permite a permeabilidade da água das chuvas e evita o transbordamento do córrego.
• Drenagem pluvial: Escoamento da água de chuva por meio de valas gramadas, o que permite sua absorção pelo solo já durante a sua condução.
• Córrego: Recomposição da mata ciliar do córrego colado ao terreno, reestabelecendo o ecossistema do rio.
• Iluminação natural: Uso de iluminação natural nos almoxarifados, expedição e área de produção (inclusive dentro das salas de envase), no refeitório, nos vestiários e nas salas técnicas.
• Certificação LEED: Processo de certificação LEED (Leadership Energy and Environmental Design) em andamento junto ao GBC Brasil (Green Building Council Brasil), podendo ser uma das primeiras indústrias a obter a certificação no Brasil.
• Responsabilidade sócio-ambiental: Iniciativas para o fomento da agricultura local, focada na produção sem o uso de pesticidas e adubos químicos; projetos para a capacitação da mão de obra local, promovendo treinamentos em manipulação de alimentos, boas práticas de fabricação e operação de máquinas, entre outros; projetos para creches, academia de ginástica e salão de beleza (“espaço mulher”) para atender os funcionários.


Com informações da Agência Estadual de Notícias e [roberta.marins@fsb.com.br]
Redação, com colaboradores


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Tour First - Torre sustentável em Paris

Tour First - Torre sustentável em Paris (La Défense)

Neste mês de novembro de 2009, tive oportunidade de acompanhar a quarta edição da Missão Técnica Paris Batimat, organizada agora pela ArqTours, by Raquel Palhares (na foto, à direita).

Em uma semana fria de outuno europeu, visitamos, além do Salão Batimat, maior feira de construção do mundo (este ano um pouco menor, mais ainda enorme), pudemos também realizar algumas visitas técnicas bem interessantes. Comentarei a Batimat em uma próxima postagem.

Dentre as visitas técnicas que realizamos, destaco aqui a Tour First, que está em construção (na verdade, reconstrução) em La Défense, na grande Paris. O edifício será, quando concluído, em 2010, o mais alto da França. Trata-se na verdade de um enorme retrofit do edifício original, concluído nos anos 80.

Antes de visitar a obra do Tour First, tivemos também oportunidade de visitar o escritório de arquitetura responsável pelo projeto, onde o arquiteto titular gentilmente nos recebeu para uma apresentação detalhada sobre a intervenção, que foi fruto de um concurso internacional e envolveu todo o edifício.

A empresa proprietária do edifício tinha a intenção com esta renovação se adequar aos novos requisitos de sustentabilidade e
novos parâmetros de mercado. Um dos requisitos fundamentais era a adequação ao referencial HQE - Haute Qualité Environnementale , certificação ambiental de edificações que é a referência para a certificação brasileira AQUA - Alta Qualidade Ambiental.

A possibilidade de demolição chegou a ser considerada, mas a renovação completa se mostrou a opção mais sensata para a região de La
Defénse, importante distrito financeiro da capital francesa.

A proposta vencedora incorporou, no balanço geral entre as áreas de demolição e construção, mais de 9.000 m2 aos 77.000 originais, incluindo novos dez andares, o que tornará o edifício o mais alto do país.

A planta original dispunha os pavimentos tipo de escritórios em três segmentos separados. O novo projeto, por sua vez, criou uma extensão nas plantas tipo de 1,5 m. para fora do prédio, em toda a sua periferia, de forma a que os segmentos de planta passaram a ser inter-conectados internamente, sem necessidade de ir ao hall, possibilitando a ocupação por uma mesma empresa de toda a planta.

Toda a fachada original foi substituída. Todos os caixilhos e vidros originais foram encaminhados para empresas de reciclagem. Para a nova fachada, estudos de insolação e radiação foram realizados com o auxílio de simulação computacional, para determinar quais as regiões que necessitariam de maior ou menor proteção, em função da incidência de radiação durante o ano, considerando-se, inclusive a influência do sombreamento dos edifícios vizinhos, especialmente nos pavimentos inferiores do edifício.

A partir destes estudos, foram distribuídas pelas fachadas, soluções distintas que envolvem vidros duplos ventilados, vidros duplos não ventilados e vidros simples.

Os sistemas de ar condicionado, por sua vez, também foram projetados para estas variações de demanda térmica pela planta.

Os elevadores originais foram também substituídos por modelos mais eficientes, com sistema de reaproveitamento de energia, novo conjunto de sistemas de iluminação e de automação e controle garantirão a também maior eficiência energética ao complexo.

A reforma do edifício incluiu também, por conta dos novos andares que foram somados à estrutura, reforços estruturais nas fundações, que, surpreendentemente, conforme soubemos durante a visita, são feitas em radier, com apenas 30 m. de profundidade.

Do alto da imponente torre, podemos ter uma bela
vista de Paris, e da região de La Défense.

Apesar do alto custo da reforma, em torno dos 300 milhões de Euros, os proprietários, antes mesmo da conclusão das obras, já ficaram muito satisfeitos. O empreendimento foi comercializado a investidores que já garantiram a ocupação plena do edifício, após conclusão das obras.

É um exemplo de sustentabilidade aplicada a grandes obras e a comprovação de que de fato não há construção sustentável sem viabilização comercial.

As certificações ambientais são fundamentais para garantir às edificações o caráter de green buildings e a valorização dos empreendimentos. O referencial francês HQE, assim como o AQUA no Brasil, são uma boa ferramenta para isto.

A IV Missão Técnica Paris Batimat 2009 foi realizada entre 01 e 09 de novembro e 2009. A próxima edição será na mesma época, em 2011. Muito provavelmente haverá novas obras como esta para visitarmos na dinâmica região de La Défense.

A bientôt, Paris.

Por Antonio Macêdo Filho.


Insustentável Dubai

Caros,

Gostaria de compartilhar aqui minhas impressões sobre Dubai, onde estive recentemente, acompanhando missão técnica àquele Emirado Árabe organizada pela ArqTours, by Raquel Palhares. Estivemos também em Abu Dhabi. São ambas cidades impressionantes, especialmente Dubai.

Resultado de um cenário sócio-político-econômico único, o fenômeno de explosão de novas construções está alterando dramaticamente o skyline da cidade. O que está acontecendo naquela cidade dos Emirados Árabes Unidos não tem precedentes na história.

Nunca se viu tantas e tão impressionantes obras em um só lugar. Nem na Berlim pós re-unificação alemã, nem na Pequim pré-olímpica, a humanidade presenciou tamanha explosão construtiva, tamanho impacto na vida e na economia de uma cidade ou de um país.
Propocional ao impacto que todas estas obras têm para a imagem da cidade para o mundo, deve ser também o impacto provocado por tudo isto na vida da população nativa, reduzida a apenas 10% dos habitantes atualmente, assim como, e pricipalmente, no meio ambiente.

É do meio ambiente, aliás, que se origina toda a imensa quantidade de recursos que alimentam os mais variados devaneios urbanos e surtos arquitetônicos, frutos de mentes criativas e autoridades aparentemente onipotentes.

A proximidade do fim da era do petróleo nos Emirados Árabes Unidos, o que deve ocorrer dentro de uma geração, é o que motiva as suas autoridades a empreender algumas das mais impressionantes obras do planeta, algumas delas as mais grandiosas estruturas já construídas pelo Homem.

É um esforço gigantesco e o objetivo de atrair a atenção do mundo, turistas de todas as partes e muitos novos dólares, advindos não mais do petróleo, está sendo cumprido com eficiência. Todo mundo quer ir ver o acontece em Dubai. Eu também, confesso, estava ansioso para presenciar este fenômeno único de desenvolvimento urbano, este momento histórico que certamente será lembrado pelos futuros estudantes de arquitetura, nas disciplinas de história, como o mais louco e acelerado processo de urbanização de todos os tempos.

Sustentabilidade?

Enquanto o mundo todo (até a China já começou a tomar atitudes neste sentido), está preocupado com temas como sustentabilidade, meio ambiente, aquecimento global, economia de recursos e de energia, em Dubai, nada disto parece importar. Apenas importa construir, construir.
Bom para nós arquitetos. Podemos visitar um gigantesco parque de diversões arquitetônicas.

A questão a meu ver é: Mas qual a conta disto tudo? Até onde vai este ritmo de construção descomunal? Vai ter gente e empresas para ocupar todos estes prédios? Para mim pareceu evidente que a base de tudo é tão sólida quanto areia. Falta sustentabilidade.

Vamos considerar alguns fatos como referência:

A energia elétrica consumida nos Emirados Árabes é quase totalmente produzida em usinas a gás, portanto, não renovável. 60% de toda energia elétrica é consumida com os sistemas de ar condicionado, presentes em todo lugar, até mesmo em pontos de ônibus (não é luxo, dizem, é uma necessidade).

A água potável servida na cidade é produzida em estações de dessalinização, processo custoso que implica em aquecimento, evaporação e condensação da água marinha.

Não existe nada como um Ministério do Meio Ambiente (embora exista o do Petróleo) ou estudos de impacto ambiental. Não há tão pouco liberdade de imprensa, nada nem ninguém que seja capaz de contra argumentar em relação ao óbvio impacto ambiental causado pela construção de gigantescos aterros e arquipélagos artificiais em meio ao golfo pérsico.

Incorporadores de diversas partes do mundo encontraram em Dubai o ambiente e a oportunidade de realizar os mais improváveis empreendimentos imobiliários do mundo, multi-milionários, e, acreditem, praticamente livre de impostos. Isto mesmo, o único requisito aparente é a obrigatoriedade da participação nos empreendimentos de ao menos uma das incorporadoras de propriedade da pessoa física de sua alteza, o Xeique.

A mão de obra em Dubai é baratíssima, vinda de diversos países, a maioria da Ásia central, pricipalmente Paquistão e Índia. Durante as obras, os operários vivem em alojamentos coletivos insalubres fora da cidade, ganham em torno de US$ 300,00 por mês, enviam boa parte para suas famílias e após a conclusão das obras têm de encontrar outra obra ou retornar aos seus países. Ou seja, não agrega renda ao mercado local.
O grosso do capital vem de investidores eurepeus, que repatriam os seus lucros nos empreendimentos sem ter que dar satisfação a ninguém. Os clientes por sua vez, são turistas de passeio e milionários de todo o mundo, inclusive do Brasil, que compram casas paradisíacas em ilhas artificiais de areia branca e mar azul, e, ao menos no caso do arquipélago The World, sem infra-estrutura.

A construção de centenas de novos e imponentes edifícios de escritórios antecede em muito a demanda por espaços corporativos (apenas na região chamada Business Bay, onde se encontra o Buj Dubai, maior edifício do mundo, são 200 novos edifícios). De onde virão tantas empresas? Há tantos negócios? Será mesmo que vão fazer de Dubai a capital financeira do oriente?

Contrates

Bom, os shoppings centers, que são enormes, estão sempre cheios de gente aparentemente bem disposta a gastar. Todas as mais famosas grifes estão em seus corredores. Potentes carros de luxo, grandes beberrões de combustível, são bastante comuns (e a gasolina é ridiculamente barata). O padrão de consumo é de primeiro mundo.

Os hotéis estão cheios de turistas. Os ocidentais, a passeio ou a trabalho, estão por toda parte. Para estes, não há, ao contrário de outros países árabes muçulmanos, qualquer restrição ao uso de roupas de verão normais no mundo ocidental, inclusive para as mulheres. Pode-se inclusive consumir bebidas alcoólicas nos hotéis, o que é proibido para os árabes.

Com tudo isto, quase não se vê a cultura local. À exceção da região de Deira, onde estão os souks, tradicionais mercados de rua, tudo é novo e artificial. Não há resquícios da arquitetura tradicional, a não ser pelas frequentes mesquitas. A impressão que se tem é de estar na Las Vegas do oriente (sem o jogo, é claro, proibido nos Emirados).

O passado, as origens da cidade portuária, baseada no comércio de especiarias, pérolas e ouro entre oriente e ocidente, ficou definitivamente para trás. Dubai não olha para o seu passado, apenas vislumbra o seu futuro, cada dia mais presente.

Quando de seu lançamento, em 2002, o arquipélago The Palm -primeiro dos grandes empreendimentos marinhos lançados pela Nakheel Developments, incorporadora que está mudando o litoral da cidade - teve 100% dos seus condomínios (nas pétalas da palmeira), áreas comerciais (no tronco) e áreas para hotelaria (ao redor) vendido em apenas 3 dias. Um sucesso estrondoso.
Em sequencia, foram lançados outros empreendimentos ainda maiores, inclusive o arquipélago The World, a segunda palmeira, Palm Deira, a terceira, Palm Jebel Ali, e o gigantesco Dubai Waterfront.

O volume dos investimentos é gigantesco. Projetos multi-bilionários construídos em meio ao deserto ou ao mar. É de fato impressionante. Quase uma miragem. E, como tal, muitas vezes bem distante da realidade do mercado.

A Crise

Passada a onda de empolgação inicial, com a crise financeira internacional, boa parte dos investimentos que vinham sendo feitos em grandes volumes foram suspensos.
Recentemente, neste mês de dezembro, a Dubai World, empresa estatal que coordena a implantação dos diversos projetos, declarou a possibilidade de ter de suspender o pagamento de suas dívidas no mercado financeiro internacional por 6 meses. Alguns dos novos mega empreendimentos, como o Dubai Waterfront, por exemplo, tiveram o início de suas obras adiados.
Não fiquei surpreso. Estava na cara que aquele ritmo frenético não se sustentaria indefinidamente. Mas as obras que estavam em andamento, no entanto, continuam e o números de gruas em movimento na paisagem é ainda enorme.

Também não ficarei surpreso se o próprio Xeique, ou seus parentes dirigentes dos demais emirados, inclusive o de Abu Dhabi, que ainda tem muito petróleo, sairem com uma carta da manga e aparecerem com as garantias que permitirão a Dubai prosseguir em sua trajetória para se consolidar como uma das interessantes cidades do mundo.

Muito pouco sustentável mas, ainda assim, muito interessante Dubai.

Por Antonio Macêdo Filho.

Processo Aqua Habitacional

A Fundação Vanzolini lança certificação de construção sustentável para edifícios residenciais e conjuntos habitacionais. O Processo Aqua Habitacional avaliará o programa, a concepção e a construção dos edifícios para demonstrar a qualidade ambiental da obra.
por Ana Paula Rocha

A Fundação Vanzolini acaba de lançar a certificação da construção sustentável Processo Aqua (Alta Qualidade Ambiental) Habitacional, destinada exclusivamente para empreendimentos residenciais. O certificado avalia as três fases principais do edifício (programa, concepção e construção) para demonstrar a qualidade ambiental da obra.

Para obter a certificação, é necessário criar um Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) para controlar o projeto em todas as fases, incluindo avaliação por auditoria presencial, e atender a 14 categorias da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), criadas com base em critérios de desempenho. A adoção destes requisitos garante notas em três níveis: excelente, superior e bom.
Entre as determinações da certificação, estão a individualização dos medidores de consumo de água com determinadas características presentes na norma, a instalação de produção coletiva de água por aquecimento solar precedida de estudo técnico detalhado, inclusive, com garantia de resultados e, dentro do item gestão de energia, a norma prevê o uso de equipamentos com o Selo Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), além de lâmpadas economizadoras e iluminação das áreas comuns com sensores de presença.

Tanto o SGE quanto as categorias da QAE estão especificadas no Referencial Técnico do Processo AQUA para Edifícios Habitacionais. O conjunto de normas foi desenvolvido em parceria com a Cerqual, integrante do Grupo Qualitel, organismo francês de certificação de empreendimentos habitacionais sustentáveis na França.

Mais informações em http://www.vanzolini.org.br/

Desde 2007, a Fundação Vanzolini é detentora exclusiva do Processo AQUA para edifícios comerciais e de serviços, sendo que hoje já conta no país com a adesão de 14 empreendimentos, sete dos quais já certificados.

Meus comentários:

A partir de 2010, pelo EcoBuilding.com.br, o público poderá conhecer e se aprofundar na Certificação AQUA, inclusive podendo se tornar um auditor para o Processo AQUA, por meio dos cursos oferecidos em convênio da EcoBuilding com a Fundação Vanzolini.

Mais informações em:
www.ecobuilding.com.br

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Super brizes em Salvador


Cidades portuárias são importantes por diversas razões. Em muitas delas os portos são a principal atividade econômica do lugar.

Muitas destas cidades, no entanto, evoluem, crescem, desenvolvem outros negócios. A conjuntura se altera, os mercados mudam, e em muitos casos os portos perdem o seu valor original e sua função econômica e social. É o caso, dentre outras, de Barcelona, Buenos Aires, Lisboa, Nova York, Rio de Janeiro e Salvador, para citar apenas cidades que conheço.

A sustentabilidade aqui é uma questão de vitalidade urbana, de renovação, de readequação. As cidades precisam se adequar.

Buenos Aires eu tive oportunidade de conhecer antes e depois da reforma do Puerto Madero. A mudança foi dramática, criou novos espaços para a cidade. Hoje, juntamente com a Recoleta, é a região mais valorizada da capital argentina.

Barcelona e Lisboa se aproveitaram de grandes eventos realizados para se revitalizarem. Os jogos olímpicos de 1992 e a Exposição Universal de 1998, respectivamente, trouxeram novas caras e novos usos para as regiões portuárias das duas cidades. O Puerto Olímpico, em Barcelona, tem uma atividade noturna que atrai gente de todo o mundo.

Em Salvador, minha cidade natal, desde os meus tempos de estudante de arquitetura, já se falava da tal grande reforma da região do porto, da revitalização do comércio, no centro.

Muitas propostas já foram feitas. Recentemente, recebi de colegas algumas imagens de uma proposta que me pareceu bem interessante. Os antigos galpões do porto serão, assim como foi feito em Buenos Aires, tomados por alamedas, lojas, escritórios e restaurantes.

O lugar é mesmo especial. A vista da Baía de Todos os Santos é fantástica e está ao lado de locais que levam a imagem da Bahia mundo à fora, como o Mercado Modelo, o Elevador Lacerda e o Centro Histórico.

Como na Baía de Todos os Santos - fato muito raro no Brasil e que ocorre também na Baía de Guanabara - o sol se põe sobre o mar, temos uma paisagem impagável, mas também um sol poente que pode incomodar muito os usuários das edificações ao largo da orla.

É preciso tomar cuidado com a solução de fachada oeste nestes edifícios. No caso desta proposta, encontraram um sistema interessante, com super-brises que envolvem completamente a fachada (vejam as imagens). Se tiver um espaçamento que permita visibilidade de dentro para fora, pode funcionar bem. Me pareceu elegante.

Espero que a iniciativa progrida e os colegas consigam promover um projeto executivo e uma execução de qualidade, como a Bahia merece. O turismo é uma importante força motriz e deve se incrementar nos próximos anos. A Copa do Mundo virá para ajudar a dar também um impulso importante.

Vamos ver o que o Rio de Janeiro fará com a sua região portuária, também degradada e repleta de grandes galpões e edifícios em estado precário. As olimpíadas e o Rio merecem.
Por Antonio Macêdo Filho



terça-feira, 6 de outubro de 2009

Sustentabilidade segundo o AQUA

Reproduzo a seguir entrevista com Manuel Martins, da Fundação Vanzolini, responsável pela certificação de edificações AQUA.
Por Nanci Corbioli, publicada em PROJETODESIGN - Agosto de 2009

O engenheiro Martins foi um dos meus convidados palestrantes do Fórum EcoTech em São Paulo, que teve minha coordenação técnica.

Engenheiro civil formado pela Poli/USP em 1969 e doutor pelo Imperial College, de Londres, Manuel Carlos Reis Martins é o coordenador executivo do Processo Aqua, certificação de sustentabilidade conferida pela Fundação Vanzolini. Martins foi diretor e coordenador de qualidade no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e diretor da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O Processo Aqua (Alta Qualidade Ambiental) é uma certificação adaptada à realidade brasileira pela Fundação Vanzolini e por professores do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli/USP. O processo é fundamentado no sistema francês Haute Qualité Environnementale (HQE), mas adota critérios próprios e incorpora normas da ABNT. Entre suas características está a exigência de desempenho avaliado como bom, superior ou excelente em 14 categorias relacionadas à qualidade ambiental do edifício. Manuel Martins destaca, no entanto, que no Aqua existe a flexibilidade de escolhas, de modo a garantir o desempenho. “O projetista poderá justificar suas decisões. Claro que com base profissional”, completa. Fundamentada em um sistema de gestão que garante o controle do projeto e a execução da obra, a certificação por ora é destinada a edifícios de escritórios, escolares e hoteleiros, mas em breve também estará disponível para empreendimentos residenciais.

Por que a Fundação Vanzolini escolheu um modelo francês de certificação de sustentabilidade?

A USP tem relações com universidades de outros países e na Poli tínhamos um trabalho de pós-graduação ligado ao desenvolvimento de bairros sustentáveis em Paris. Quando conhecemos o HQE, percebemos que ele tinha boas características e poderia ser usado como base para um processo brasileiro de certificação. O HQE foi desenvolvido a partir de uma visão ampla da cadeia produtiva e do setor da construção, e estabeleceu categorias, que nós chamamos de os 14 grandes objetivos, de forma abrangente e relevante em termos de sustentabilidade da construção. Os critérios de avaliação levam em conta o desempenho, o que de imediato já permitia a adoção de soluções locais. O que interessa é o desempenho e não se a fachada, a parede ou o teto vão ser feitos disso ou daquilo. Essa característica facilitou o processo de adaptação.


Manuel Martins durante os debates no Fórum EcoTech, entre o Prof. Marcelo Roméro e Antonio Macêdo.


Como foi feita essa adaptação?

O pessoal na Poli já conhecia bem o assunto antes de existir certificação. Eles estudam isso há muito tempo no Brasil e conheciam o processo francês. O primeiro referencial adaptado foi o de escritórios e escolas, e nosso mercado veio demandando outros. Para edifícios comerciais, o desdobramento era mais fácil porque bastava ajustar alguns itens. O Processo Aqua foi lançado em abril de 2008 e mesmo nessa fase inicial em que temos poucos certificados já surgiu o interesse pela certificação de hotéis e comércio. Também houve interesse pela certificação residencial, mas o processo é um pouco mais demorado porque os itens de conforto, que são o ponto principal, mudam muito. Nosso referencial para residências está em fase de ajuste em relação a normas técnicas e legislação e deve ficar pronto no final de julho. Não se trata simplesmente de um desdobramento do primeiro, porque leva em conta as 14 categorias em acordo com as peculiaridades desse tipo de edificação. Isso considera as normas técnicas brasileiras, e busca complementos na normatização estrangeira quando necessário ou no conhecimento técnico disponível no país, em universidade ou outros centros.

Por que essa diferença se os sistemas são praticamente os mesmos?


Há muitas coisas que são uma preocupação comum, como limitar vazão de água ou adotar sistemas economizadores. Em um hotel ou em um escritório as condições de conforto não são as mesmas de uma residência. No Brasil, a não ser em regiões específicas, as casas e apartamentos usam menos ar condicionado que os escritórios. Em termos de aquecimento é a mesma coisa. Por outro lado, a acústica em uma residência é mais exigente que num escritório e isso também vale para um quarto de hotel. Como são as condições acústicas e de conforto térmico em uma sala? Quais são as condições sanitárias de uma cozinha? Isso vai levar em conta basicamente o tipo de revestimento, mas há a acessibilidade e normas para alturas de balcões. Isso não existe em um prédio de escritórios.

Existem apartamentos muito pequenos em que pessoas em cadeiras de rodas não conseguem passar pela porta. Como um projeto desses ficará diante do Aqua?

Esse projeto não atende a norma e não será certificado. Por que um empreendimento residencial não pode ser pensado desde o início para que venha a ter bom desempenho e acessibilidade? O espaço físico só é limitante se o projeto não considerar esses parâmetros. Não é porque o espaço é menor ou se destina a determinada faixa de renda que precisa ser ruim ou deficiente em termos de funcionalidade. Como fazer um bom projeto, com custos restritos e preço de venda limitado? Esse é um desafio que pode ser melhor enfrentado se pensado desde o começo do processo. Quem decide é o empreendedor, ele vai investir e dizer como deve ser feito. Se o empreendedor estiver sensibilizado, os nossos profissionais sabem fazer. Alguns profissionais podem não estar muito acostumados porque não é esse o ritmo que veio até hoje, mas formação e conhecimento eles têm.

Como é feito o processo de certificação no sistema Aqua?

Ele é dividido em três etapas. A primeira é a fase Programa, em que é estabelecido o programa de necessidades, o perfil de sustentabilidade com os níveis de desempenho que o edifício pronto deverá apresentar, e o sistema de gestão do empreendimento, para viabilizar o controle total do projeto a fim de garantir que esses objetivos sejam alcançados. O empreendedor fará a autoavaliação da consistência disso tudo, levando em conta a coerência e a viabilidade dos objetivos propostos. Isso será submetido à Fundação Vanzolini e, se atender às normas, o empreendimento receberá o certificado da primeira fase e passará à etapa seguinte, que é a Concepção. Nesse momento será desenvolvido o projeto executivo, com todos os detalhes de como será o empreendimento, e em acordo com o sistema de gestão escolhido para garantir o controle. Nessa segunda etapa ocorre também uma autoavaliação, dessa vez mais profunda, para demonstrar como o projeto desenvolvido atenderá os critérios nos níveis Bom, Superior ou Excelente que foram propostos nos objetivos da primeira fase. A Fundação Vanzolini fará a auditoria e, se tudo estiver correto, será concedido o certificado da segunda fase. A terceira etapa é a Realização, que abrange a obra feita em acordo com o sistema de gestão e com os projetos, para concretizar o perfil proposto. Uma nova autoavaliação será feita no final da construção, que depois passará pela última auditoria para verificar se o projeto implantado resulta no perfil desejado. Se estiver tudo certo, a fundação concede o certificado.

O Processo Aqua foi lançado em abril de 2008 e nessa fase inicial já surgiu o interesse pela certificação de hotéis e comércio. Também houve interesse pela certificação residencial, mas o processo é um pouco mais demorado porque ositens de conforto mudam muito.

Por quanto tempo vale esse certificado?

O certificado da fase Programa é válido até sair o da fase de Concepção, e este até a certificação da fase de Realização, na entrega da obra. E o certificado final vale por um ano. Essa não é uma certificação que se renova depois. Todos os elementos necessários ao bom desempenho do prédio em uso, que envolvem arquitetura e sistemas, já têm que estar ali.

Não existem fatores que podem de alguma forma alterar o desempenho desses sistemas durante o uso?

Existem, e por isso terá outra certificação depois, que poderá ser renovada periodicamente. Ainda estamos terminando de elaborá-la e não foi definido o prazo para renovação, mas acredito que serão auditorias anuais. Isso porque aquele sistema de gestão que se estabeleceu para garantir o atendimento desde o programa até a entrega da obra não é igual ao de gestão do uso. Uma coisa é projetar e construir, outra é usar. Os agentes que desenvolvem o programa, o projeto e constroem são uns, os que controlam a operação do edifício são outros. Se o síndico ou o condomínio quiserem manter a certificação ao longo do tempo, terão que estabelecer um sistema de gestão e de controle do uso, e nisso estarão incluídas boas práticas ambientais. Quem vai operar terá que garantir que serão mantidos os desempenhos dos sistemas nos níveis previstos. Isso será feito por meio de medições, registros, relatórios de desempenho. Além da avaliação documental, o operador mostrará também os sistemas em funcionamento. Há, por exemplo, um critério que contempla gestão de resíduos na operação do edifício, com condições sanitárias adequadas e aproveitamento pela cadeia local.

As economias em uso de energia, água, manutençãoe tratamento de resíduos vão garantir o retorno em prazo entre dois e cinco anos. Em um seminário,ouvi investidores dizendo que são locados mais rapidamente os conjuntos de escritórios em umprédio sustentável.

Quanto uma obra sustentável é mais cara que uma obra sem essa preocupação?

É necessário haver valores de referência. Primeiro é preciso imaginar a obra sustentável e depois imaginá-la não sustentável para ver a diferença. Talvez se gaste mais na fachada, mas em compensação menos no sistema de ar condicionado. No mundo, os números médios para projeto e construção são de até 5% do valor total da obra. As economias em uso de energia, água, manutenção e tratamento de resíduos vão garantir o retorno desses 5% em prazo que varia entre dois e cinco anos. Esse retorno beneficia o usuário e o empreendedor. Em um seminário, ouvi investidores dizendo que são locados mais rapidamente os conjuntos de escritórios em um prédio sustentável e que a construção mantém seu valor patrimonial por mais tempo devido aos sistemas de controle e manutenção.

Existem obras já certificadas pelo Processo Aqua?

A certificação tem pouco mais de um ano e por enquanto dois empreendimentos já receberam os primeiros certificados. Um é o Centro de Eventos Nortel, perto do Shopping Center Norte [zona norte de São Paulo], que recebeu a certificação da fase Programa durante a Feicon [março de 2009]. São três torres e um espaço para minigolfe que ninguém usava. Por isso, resolveram usá-lo para criar um centro de eventos. Uma de suas características é o teto verde, para reduzir os efeitos do calor, captar água de chuva e também para manter a vista dos hóspedes do hotel. O outro empreendimento é a loja Leroy Merlin em Niterói, que completou a certificação da fase Concepção e já está no final da obra. O previsto é que em agosto ela passe pela avaliação da etapa de Realização. Ali eles precisavam resolver outra questão. A frente da loja ficou voltada para o oeste e eles solucionaram esse problema usando materiais para a proteção contra o calor. Essa é uma característica do Aqua. Não é obrigatório ter determinada orientação, mas soluções adequadas devem ser previstas nas fases Programa e Concepção. O Aqua aceita soluções que tragam economia no restante do projeto e reduzam a necessidade de outras medidas. O que todo mundo quer é uma construção sustentável, confortável, saudável e econômica, tanto no investimento como no uso.

Então os critérios de certificação são flexíveis?

Sim. No Aqua ninguém ganha pontos só por colocar determinada coisa no prédio. Por exemplo, o sistema solar para aquecimento de água vai garantir pontuação no Leed [certificação norte-americana Leadership in Energy and Environmental Design, concedida pelo United States Green Building Council]. É certo que esse sistema reduz muito o consumo de energia nas edificações. Mas qual sistema devo instalar em um prédio de escritório que terá somente dois ou três chuveiros lá embaixo para os funcionários da limpeza e da manutenção? Claro que será o elétrico, porque não se justifica instalar as placas de captação e um sistema de distribuição todo complicado para quando o chuveiro for aberto lá embaixo já sair água quente na hora, sem ter que perder litros e mais litros de água fria até a quente chegar ao ponto de consumo. Essa flexibilidade do Processo Aqua permite escolhas em favor do melhor desempenho. Limitar a vazão de água é outro exemplo. Em edifícios altos precisa ter limitador de vazão, isso é básico. O mais relevante é otimizar o consumo, buscar sistemas economizadores, calcular e justificar as escolhas com o quanto de água será economizado. Se for feito dessa maneira, o sistema vai alcançar nível excelente. Não existe um número de referência. Cada empreendimento tem seu próprio potencial de economia.

Como é feita essa análise?

Alguns elementos são analisados numericamente, como o percentual de redução no consumo de energia ou qual a transmitância térmica. Mas há outros em que a análise é por demonstração. Por exemplo, o potencial para redução do consumo de água. O projeto já reduziu a vazão, emprega sistemas economizadores e água da chuva para algumas finalidades. Se não houver mais nada a fazer, fica estabelecido o consumo de água potável e se isso estiver justificado e explicado, a certificação levará em conta esses cálculos e justificativas.

Se não existem números de referência, como saber se o desempenho é bom, superior ou excelente?

A referência é a própria edificação sem esses elementos. É como se fossem dois projetos, um com todos os recursos e outro sem eles, para ver o quanto se economiza. Como seria o desempenho de um projeto se nada disso fosse feito? E qual é o ganho se fizer? Os projetistas têm mais facilidade para desenvolver um projeto já nesse conceito. Quando os agentes começam a pensar um empreendimento, imaginam qual sistema construtivo será usado, como vai ser o consumo de água etc. Se na hora de fazer o programa os profissionais puderem gastar um pouco mais de tempo pensando naquilo que deve ser feito, terão maiores chances de encontrar as melhores opções. Dedicar mais tempo ao programa e ao projeto sempre vai garantir mais economia, porque adaptar depois sairá mais caro. Quanto mais adiantado o projeto ou a obra, menor será a flexibilidade de mudança e maiores os custos. Precisa haver uma mudança de cultura geral, gastar mais tempo no desenvolvimento do programa e do projeto, ter gerenciamento integrado do empreendimento desde o programa até a entrega. Esses são os fatores que mais exigem esforços de mudança. As pessoas estão acostumadas a pedir o projeto para ontem. A decisão de fazer um empreendimento pode até demorar um pouco, mas quando isso fica decidido vem junto aquela aflição de construir e não há tempo para fazer essa reflexão inicial que deixaria o resultado muito melhor.

O senhor pode apontar outras diferenças entre os sistemas Aqua e Leed?

Temos apenas uma ideia sobre isso porque nosso objeto não é fazer um confronto ponto a ponto com o Leed. Os próprios americanos discutem a relevância do Leed, mas creio que seja um sistema adequado para as características deles. Em termos macro, todos os processos de certificação são semelhantes e envolvem as mesmas preocupações: emissão de carbono, energia, água, implantação no território, resíduos, conforto. No hemisfério norte há grande sensibilidade para a questão da energia, e nos Estados Unidos, com o novo presidente, eles estão ainda mais sensíveis a isso. O nome Leed corresponde a liderança em energia e projeto de engenharia, o que já evidencia o foco. No Brasil, nossa preocupação com água, resíduos, conforto e saúde não é menor que a preocupação com a energia. Por isso, nosso processo não prioriza um fator. No Aqua, são avaliados 14 requisitos e o empreendimento deve alcançar ao menos três resultados excelentes, quatro superiores e sete bons para obter a certificação. Não é possível abandonar algum critério ou escolher os quesitos nos quais pontuar. No entanto, se algum item estiver fora do contexto, é possível justificar que aquilo não se aplica ao projeto. Não é ignorar algum item, tem que justificar, dizer o porquê. No Aqua, quando o critério de avaliação não for bom para o contexto do projeto, é possível propor um parâmetro diferente do que está na norma, usar o referencial de outra maneira. No geral a norma pede baixa transmitância térmica, mas nas regiões mais quentes do país, por exemplo, pode ser necessário um tipo de envoltório que durante a noite favoreça a dissipação do calor acumulado ao longo do dia, até com a ajuda de ventilador, se for o caso. O projeto terá que responder em termos de orientação, sombreamento, equipamentos de proteção de fachadas, mas a norma não diz se tem que usar ar condicionado, se tem que usar brises. Existe a flexibilidade de o projeto responder de outra forma para garantir o desempenho e o projetista poderá justificar suas decisões. Claro que isso tem que apresentar base profissional. E nos casos mais complexos envolve até consultorias tanto no projeto como na avaliação de certificação.

Então o Aqua não avalia, por exemplo, a relação entre áreas opacas e translúcidas numa fachada?

Para o Processo Aqua não interessa qual é essa relação, o que conta é o desempenho final, e o profissional tem total liberdade criativa. Essa é uma das principais diferenças entre o Aqua e o Leed. A outra grande diferença é que o Aqua exige um sistema de gestão para garantir que o empreendimento realmente atinja os níveis previstos. A transmitância térmica tem que ser menor que a referência, dada por um edifício médio, com materiais nossos médios e características médias. Melhorar a aptidão do envoltório do edifício, partido arquitetônico, orientação, implantação, porte, aspecto geral, tudo isso deve ser considerado para limitar as necessidades energéticas. Existem simulações de computador para calcular qual vai ser a necessidade de energia no edifício para os sistemas de resfriamento, aquecimento, iluminação. No quesito energia, já começa no desempenho superior. Ou o projeto é superior ou não é nada. Se o projeto consumir 10% a menos que a referência, está no nível superior; se o consumo for 20% menor, então o nível é excelente. O edifício que atingiu o excelente tem consumo no mínimo 20% menor. É isso que o atendimento à norma garante.

A certificação, qualquer que seja, garante que o empreendimento será realmente sustentável?

O Processo Aqua está focado nos critérios do desempenho, então o projeto vai ser o melhor do ponto de vista técnico, de conforto, funcionalidade, economia. Ter a certificação é uma garantia de que esses critérios são reais e estão presentes, de que o assunto foi tratado e resolvido de forma abrangente e relevante. É assim que se trabalha com normas.

No Processo Aqua, são avaliados 14 requisitos eo empreendimento deve alcançar ao menos três resultados excelentes, quatro superiores e setebons para obter a certificação. Não é possível abandonar algum critério ou escolher os quesitos nos quais pontuar.

O Processo Aqua contempla conformidade dos materiais e questões sociais, como o emprego formal e as formas de obtenção dos materiais?

Sim. Essa é uma característica específica do Brasil e foi uma maneira de contribuir um pouco mais, porque o HQE não abrange esses aspectos. Existem no Aqua critérios para conhecer e usar fornecedores formais de produtos, sistemas e processos construtivos. A formalidade dos fornecedores deve se estender aos seus trabalhadores. Mas na verdade isso é um know-how do empreendedor. Ele que tem de conhecer esses fornecedores e não comprar de qualquer jeito, de qualquer um. Precisa ter critério.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ampliação Sustentável do Moulin Rouge de Paris

VERT MOULIN ROUGE

Luis de Garrido ha realizado el proyecto de ampliación sustentable del mítico MOULIN ROUGE de Paris (Francia)

El arquitecto Luis de Garrido, junto con la arquitecta polaca Dorota Kesicka han realizado un proyecto para la ampliación sustentable del mítico MOULIN ROUGE, en Paris.

El nuevo VERT MOULIN ROUGE propuesto es un edificio 100% sustentable; bioclimático; prefabricado, desmontable y transportable; con todos sus componentes ecológicos y reutilizables; con ciclo de vida infinito; con un consumo energético cero, y no genera residuos. Por ello, el edificio puede convertirse en un referente modélico para la arquitectura del futuro.

La característica más importante e innovadora del nuevo VERT MOULIN ROUGE es la impresionante red vegetal vertical de la fachada principal. Esta red vegetal, patentada por Luis de Garrido, esta compuesta por un conjunto de componentes vegetales lineales cilíndricos tensados, a modo de tela de araña, sobre la fachada principal. La red protege al edificio de la radiación solar directa, evitando que se caliente en verano, y al mismo tiempo proporciona una impronta visual impresionante. De este modo se convierte en el elemento diferencial más importante del proyecto. La red vegetal esta viva en cada momento, y evoluciona, en forma y color, con el transcurso del tiempo.
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Características generales del VERT MOULIN ROUGE

Los responsables del MOULIN ROUGE en Paris han decidido ampliar el edificio, dotándolo de nuevas actividades, y proyectarlo hacia el futuro.

El objetivo es construir una escuela de danza (con 5 salas de entrenamientos), una cafetería, un restaurante, un anfiteatro, un museo, dos tiendas de souvenirs y diferentes oficinas para administración. Además, el edificio resultante debe integrar al ya existente, tanto a nivel de fachada, como a nivel estructural.

Por supuesto, el edificio resultante debe mantener la mítica y particular iconografía que el MOULIN ROUGE ha mantenido en el transcurso del tiempo, desde su inauguración. Sin duda, el problema más complejo de resolver es el mantenimiento del molino existente, con una forma y un color muy característicos.

En la solución propuesta, y después de un cuidadoso análisis, se ha optado por mantener el molino existente en la fachada principal ya que es un hito que debe mantenerse. El molino forma parte, sin duda, de la trama urbana de Paris.

Por ello, Luis de Garrido ha proyectado un ingenioso y simple juego de volúmenes en la fachada. Cuatro planos se yuxtaponen entre si, dejando un espacio romboidal, justo en medio de la fachada, para colocar el molino. El plano mas importante se ha orientado perfectamente al sur con el fin de asegurar el perfecto comportamiento bioclimático del edificio (que se pueda refrescar en verano de forma natural, y calentarse en invierno de forma natural, proporcionando el máximo nivel posible de iluminación natural).

Los planos de fachada se han resuelto mediante una ingeniosa solución de fachada ventilada con triple piel de vidrio, y serigrafía bioclimática.

Pero sin duda, la característica más importante del edificio son los dos jardines verticales, y sobre todo, la fabulosa red vegetal vertical.

La red vegetal simboliza que el edificio debe mantener siempre al molino, y este, a su vez, queda irremediablemente atrapado en cualquier edifico que se construya. Como un enorme insecto atrapado en una tela de araña. A su vez, la tela de araña representa la sutilidad y la fortaleza del movimiento de las bailarinas del MOULIN ROUGE.

Esta innovadora y original red tiene como finalidad proteger al edificio de la radiación solar directa, y además dotarlo de un atractivo formal sin precedentes. La red consta de un conjunto de cilindros huecos de polipropileno reciclado. Los cilindros tienen un diámetro de 20 cm. y una longitud variable. Cada cilindro esta compuesto por un conjunto de celdillas reticulares, para dejar espacio para las raíces de las plantas, y está forrado por un tejido compacto de yute. Dentro de cada cilindro se asegura el riego continuado de las plantas, así como el correspondiente desagüe. Todos los cilindros se sujetan por medio de una red de cables tensados, que pasan por su interior. De este modo, en cada cilindro crece un conjunto de plantas diferente, y el conjunto se muestra como una red “viva” vegetal.

El “VERT MOULIN ROUGE” tiene el máximo nivel de sostenibilidad

El nuevo VERT MOULIN ROUGE cumple perfectamente con los 5 pilares básicos en los que se asienta el concepto de Arquitectura Sostenible:

1. Optimización de recursos y materiales
2. Disminución de residuos y emisiones al medio ambiente
3. Disminución del consumo energético y uso de energía renovable
4. Mejora de la calidad de vida y la salud humanas
5. Reducción del precio de construcción y mantenimiento del edificio


1. Optimización de recursos y materiales

- Utilización de materiales recuperados, reutilizados y reciclados.
Todos los materiales incluidos en el VERT MOULIN ROUGE son reutilizados y reciclados. Del mismo modo, todos los materiales son recuperables, reutilizables y reciclables. Sin excepción alguna.

- Reutilización
Todos los componentes del prototipo se pueden utilizar una y otra vez, por lo que su ciclo de vida es infinito.

- Nula toxicidad
Los materiales utilizados no tienen ningún tipo de emisión, ni de sustancia dañina para el medio ambiente.

- Elevada durabilidad
El prototipo tiene una durabilidad infinita, ya que es fácilmente reparable.


2. Disminución de residuos y emisiones

- En la fabricación de los materiales
En la obtención de los materiales componentes del VERT MOULIN ROUGE no se ha generado ningún tipo de residuo, ni de emisiones.

- En la construcción del prototipo
No se van a generar residuos de ningún tipo en la construcción del edificio. Las piezas se van a colocar simplemente por presión y mediante clavos y tornillos, por lo que todos los componentes pueden recuperarse, y reutilizarse de nuevo.

- En la vida útil del edificio
No se generará ningún residuo, ni ninguna emisión, durante la vida útil del edificio.

- En el desmantelamiento
El edificio ha sido diseñado con el fin de no generar ningún residuo en su desmantelamiento. Todos los materiales quedarán intactos y listos para volver a utilizarse tantas veces como sea necesario.


3. Disminución del consumo energético y uso de energía renovable

- Obtención de materiales
Todos los materiales han sido elegidos por su bajo consumo energético. Además, como todos los materiales son prefabricados, se ha disminuido al máximo el consumo energético necesario.

- Construcción
En el proceso de construcción necesitará muy poca energía ya que se ha empleado un sistema micro-modular de construcción. Se ha diseñado uno a uno cada componente del edificio, con el fin de que puedan ser ensamblados en el menor tiempo posible, con la menor cantidad de medios auxiliares y con la menor cantidad de operarios.

- Desmantelamiento
El desmantelamiento futuro del edificio será muy sencillo, y se consumirá muy poca energía, ya que solo hay que quitar las piezas una por una, en orden inverso a como se han colocado en el montaje.

- Transporte del material y mano de obra
Los materiales y la mano de obra serán de la ciudad de Paris. No existe la necesidad de mano de obra especializada.

- Vida útil
La vida útil del prototipo conseguido puede decirse que es infinita, ya que si alguna pieza se rompe, simplemente se repara o se sustituye por una alternativa.


4. Mejora de la calidad de vida y la salud humanas

No existen emisiones tóxicas para el hombre, los animales y el medio ambiente en ninguna etapa de la fabricación de cada una de las piezas del prototipo, ni durante su vida útil (si se construyera para permanecer), ni en su posible desmantelamiento (parcial o total).


5. Reducción del precio de construcción y mantenimiento del edificio

Los costes de mantenimiento del prototipo son muy bajos. El único mantenimiento a corto plazo es la limpieza.


Características Bioclimáticas del VERT MOULIN ROUGE

1.1. Sistemas de generación de calor
En invierno, el edificio se calienta por si mismo, de dos modos: 1. Evitando enfriarse: debido a su alto aislamiento térmico, y disponiendo grandes superficies vidriadas en su fachada sur. 2. Debido a su cuidadoso y especial diseño bioclimático, y su perfecta orientación N-S, el edificio se calienta por efecto invernadero, radiación solar directa, y calefacción por suelo radiante solar; y permanece caliente durante mucho tiempo, debido a su alta inercia térmica.

1.2. Sistemas de generación de fresco
En verano, el edificio se refresca por sí mismo, de tres modos: 1. Evitando calentarse: disponiendo la mayor parte de la superficie vidriada al sur (la única fachada); disponiendo de protecciones solares para la radiación solar directa e indirecta (doble fachada ventilada de virio y la red vegetal adosada); y disponiendo un aislamiento adecuado. 2. Refrescándose mediante un sistema de enfriamiento arquitectónico de aire por medio de galerías subterráneas. Por otro lado, debido a la alta inercia térmica del edificio, el fresco acumulado durante la noche, se mantiene durante la práctica totalidad del día siguiente. 3. Evacuando el aire caliente al exterior del edificio, por las chimeneas solares de la fachada y de las cajas de escaleras, y por los huecos superiores de la doble fachada ventilada. Las tres chimeneas solares potencian la convección natural, y proporcionan un efectivo “efecto chimenea” para extraer el aire caliente del interior de el edificio.

Por otro lado, la gran torre central esta recubierta por paneles de madera cemento. Al calentarse estos paneles por efecto de la radiación solar, se calienta el aire del interior. Al calentarse, este aire asciende y escapa por las perforaciones de los paneles. De este modo se genera una corriente de succión, que extrae el aire recalentado del edificio. De este modo, el edificio se mantiene fresca en todo momento.

3. Sistemas de acumulación (calor o fresco)
El calor generado durante el día, en invierno, se acumula en el forjado sanitario y en los muros de carga de hormigón, manteniendo caliente el edificio durante la noche. Del mismo modo, el fresco generado durante la noche, en verano, se acumula en el forjado sanitario y en los muros de carga, manteniendo fresco el edificio durante el día. La cubierta ajardinada de alta inercia térmica, refuerza este proceso.

4. Sistemas de transferencia (calor o fresco).
El calor generado por efecto invernadero y radiación natural se reparte en forma de aire caliente por todo el edificio. Del mismo modo, el sistema de calefacción por suelo radiante se extiende por todo el edificio. El calor acumulado en los muros de carga se transmite a las estancias colaterales por radiación.
El aire fresco generado en las galerías subterráneas recorre el edificio por medio de un conjunto de rejillas repartidas en los forjados del edificio. Esta corriente de aire refresca todas las estancias del edificio.

5. Ventilación natural
La ventilación del edificio se hace de forma continuada y natural, a través de los propios muros envolventes, lo que permite una ventilación adecuada, sin pérdidas energéticas. Este tipo de ventilación es posible ya que todos los materiales utilizados son transpirables (cerámica, aislamientos naturales, paneles de hormigón, paneles de madera-cemento, pinturas orgánicas).


Ciclo de vida infinito del VERT MOULIN ROUGE

Todos los componentes de VERT MOULIN ROUGE han sido diseñados para montarse en seco a base de tronillos, clavos y por presión. De este modo se pueden extraer fácilmente del edificio, para poder ser reparados, reutilizados o restituidos. De este modo, el edificio puede perdurar hasta el infinito, con muy bajo consumo energético.


Reutilización y Transportabilidad

El conjunto de elementos de VERT MOULIN ROUGE (incluso los jardines verticales, la red vegetal vertical y la cubierta ajardinada) ha sido diseñado para que se pueda montar y desmontar fácilmente, y de forma indefinida. Por este motivo, estos elementos se pueden transportar a cualquier lugar, para montarse fácilmente (en menos de una semana) tantas veces como sea necesario.

Memoria constructiva.
Componentes ecológicos del VERT MOULIN ROUGE

1. Cimentación
Paneles prefabricados de hormigón armado.

2. Estructura horizontal
Paneles prefabricados de hormigón armado, ensamblados entre si por medio de perfilaría metálica atornillada.

3. Recubrimientos interiores
Paneles de madera, panelate, tarimas de bambú, linóleo, policarbonato, metacrilato, y pinturas ecológicas.

4. Elementos de distribución
Paneles de policarbonato, metacrilato, y hormigón armado.

5. Fachada
Fachada ventilada a base de placas de cerámica extrusionada, sujetas mediante perfiles metálicos de chapa plegada. Aislamientos de fachada realizados a base de mantas de cáñamo de alta densidad.

Fachada ventilada, con doble piel de vidrio y serigrafía bioclimática (a base de impresión de una malla de puntos a ambos lados de los vidrios).

6. Solados
Tarima de bambú, paneles de silestone ECO.

7. Pinturas
Pinturas ecológicas con disolvente al agua, sin biocidas, pigmentos orgánicos y CPV alto.

8. Aislamiento
Aislamientos realizados reciclando toallitas de papel de los aviones, y botellas de plástico. Aislamiento de cáñamo de alta densidad.

9. Recubrimientos exteriores y parasoles en las ventanas
Madera de IPE con tratamiento de sales de Borax y acabados a base de lasures.

10. Carpintería exterior
Carpintería de madera laminada de castaño.

11. Vidrios
Vidrio doble laminado (3+3-20-4+4) con cámara de aire. Vidrio templado de 10 mm., con serigrafía bioclimática.

12. Cubierta ajardinada
Cubierta ajardinada con aislamiento a base de fibra de madera (8 cm.), lámina impermeabilizante Sopralene, lámina de filtro de fibras sintéticas no tejidas, lámina de drenaje geotextil, y sustrato vegetal (40% arena, 60% residuos vegetales). Especies vegetales autóctonas del mediterráneo, sin necesidad de riego (lavanda, romero, tomillo, …).

13. Remates y vierteaguas
Chapa galvanizada lacada en rojo.

14. Estructura del jardín vertical
Paneles reticulares de 50*50 cm. desmontables, para albergar la vegetación y el sistema de riego hidropónico.

15. Jardín vertical
Especies vegetales adaptadas al clima de París, con riego hidropónico.

16. Red vegetal vertical
Red a base de cilindros de polipropileno dispuestos en forma de red por medio de cables tensados de acero. Los cilindros mantienen diferentes especies vegetales adaptadas al clima de París, con riego hidropónico. La red vegetal está patentada por Luis de Garrido.

17. Iluminación
Se utilizarán exclusivamente luminarias a base de leds.

18. Instalación de fontanería
Tuberías de polipropileno

19. Instalación de saneamiento
Tuberías de polietileno.

20. Instalación eléctrica
Tuberías de polipropileno y cables libres de halogenuros.

21. Sistema solar Térmico
Captores solares térmicos para la generación de A.C.S. del edificio.

22. Sistema solar Térmico
Captores solares fotovoltaicos, que proporciona la electricidad necesaria de todo el edificio. Lo captores fotovoltaicos, al igual que los captores térmicos, se integran en el caparazón de vidrio de la cubierta ajardinada. De este modo, los usuarios de la cubierta ajardinada quedan protegidos del sol y de la lluvia.

23. Calderas y suelo radiante solar
Calderas de condensación, y captores solares de alto rendimiento.

24. Sistema geotérmico
Sistema geotérmico por pilotaje, integrado con el sistema solar y calderas de condensación.

Innovaciones más destacadas del VERT MOULIN ROUGE

Ciclo de vida infinito


Todos los componentes de VERT MOULIN ROUGE han sido diseñados para montarse en seco a base de tronillos, clavos y por presión. De este modo se pueden extraer fácilmente del edificio, para poder ser reparados, reutilizados o restituidos. De este modo, el edificio puede perdurar hasta el infinito, con muy bajo consumo energético.

Transportabilidad. Por piezas independientes
El conjunto de elementos de VERT MOULIN ROUGE (incluso los jardines verticales y la red vegetal vertical) ha sido diseñado para que se pueda montar y desmontar fácilmente, y de forma indefinida. Por este motivo, estos elementos se pueden transportar a cualquier lugar, para montarse fácilmente (en menos de una semana) tantas veces como sea necesario.

Eliminación absoluta de residuos
Todos los componentes del edificio serán realizados en fábrica, sin generar residuo alguno. Del mismo modo, se montará sin generar residuos, y podrá desmontarse (si fuera necesario) sin generar residuos. Las claves del logro son: la industrialización absoluta, el diseño de los sistemas de ensamblado, y el sistema compositivo empleado en el diseño del conjunto arquitectónico.

Flexibilidad extrema
Debido a su diseño, VERT MOULIN ROUGE puede adoptar diferentes configuraciones arquitectónicas. Su interior es diáfano, y mediante un sistema de tabiques móviles puede adoptar cualquier tipo de compartimentación espacial.

Industrialización total
Todos los componentes del edificio han sido realizados en fábricas diferentes. Estos componentes se han ensamblado en la ubicación del edificio, obteniendo el edificio. Ni un solo componente se ha realizado “in situ”. Por supuesto, esto obliga a realizar un buen proyecto arquitectónico.

Alto grado de bioclimatismo
VERT MOULIN ROUGE ha sido diseñado para tener el mejor comportamiento bioclimático posible. Es decir, que el edificio se caliente al máximo, por si mismo, en invierno, y se refresque al máximo, por si mismo, en verano. Todo ello, sin necesidad de “aditivos tecnológicos”. Simplemente por su diseño arquitectónico y sin ningún coste adicional.

Autosuficiencia energética
VERT MOULIN ROUGE tiene un consumo energético cero de energías convencionales.

El edificio se calienta en invierno por medio de la combinación de 3 sistemas diferentes:

1. Correcto diseño bioclimático
2. Incorporación de un sistema de captores solares térmicos
(para el A.C.S. y la calefacción por suelo radiante)
3. Incorporación de un económico e ingenioso sistema geotérmico-arquitectónico.

Del mismo modo, el edificio se refresca en verano por medio de la combinación de 2 sistemas diferentes:

1. Correcto diseño bioclimático
2. Incorporación de un económico e ingenioso sistema geotérmico-arquitectónico de refresco del aire exterior de ventilación.

La iluminación de extraordinario bajo consumo (leds), y los electrodomésticos de alta eficiencia energética (del restaurante y cafetería), se alimentan por la electricidad generada por los captores fotovoltaicos.

La energía necesaria para la calefacción del suelo radiante y el agua caliente sanitaria procede de la combinación de un sistema geotérmico y un sistema solar. No es necesaria la utilización de ningún otro sistema, ni conexión a la red eléctrica. VERT MOULIN ROUGE es un edificio autosuficiente.

Red vegetal vertical
La característica más impactante del VERT MOULIN ROUGE sin duda es la red vegetal vertical. Esta innovadora y original red tiene como finalidad proteger al edificio de la radiación solar directa, y además dotarlo de un atractivo formal sin precedentes. La red consta de un conjunto de cilindros huecos de polipropileno reciclado. Los cilindros tienen un diámetro de 20 cm. y una longitud variable. Cada cilindro esta compuesto por un conjunto de celdillas reticulares, para dejar espacio para las raíces de las plantas, y está forrado por un tejido compacto de yute. Dentro de cada cilindro se asegura el riego continuado de las plantas, así como el correspondiente desagüe. Todos los cilindros se sujetan por medio de una red de cables tensados, que pasan por su interior. De este modo, en cada cilindro crece un conjunto de plantas diferente, y el conjunto se muestra como una red “viva” vegetal. El sistema está actualmente patentado por Luis de Garrido.

Jardín vertical desmontable y transportable por módulos
El edificio tiene dos jardines verticales en su fachada principal. Cada jardín vertical se ha construido a base de paneles celulares de polietileno, atornillados a una estructura metálica portante. De este modo, cada panel vegetal se puede componer por separado en el invernadero (para controlar su diseño y estimular el crecimiento de las especies vegetales), y trasladarse al edificio cuando sea necesario (con plantas ya crecidas). Del mismo modo, se puede extraer cada panel vegetal del edificio, con el fin de trasladarlo a otro lugar, repararse y reutilizarse, tantas veces como se desee.

Diseño del jardín autóctono de la cubierta ajardinada
El jardín de la cubierta ajardinada se ha proyectado a base de especies vegetales autóctonas del centro de Francia, sin apenas consumo de agua. La cubierta vegetal del VERT MOULIN ROUGE simboliza y muestra como en cualquier terreno se puede construir con una ocupación del 100%, y al mismo tiempo, garantizar una zona verde del 100%.

Interiorismo reversible
Todos los acabados interiores de VERT MOULIN ROUGE son reversibles. Es decir, se pueden retirar, recuperar y sustituir fácilmente. Todos los acabados se han ensamblado por presión, o con tornillos. De este modo se pueden reparar, y sustituir fácilmente. Este concepto se extiende incluso a los acabados del baño y cocina, los sanitarios y el mobiliario de la cocina.

Estructura transportable, a base de paneles de hormigón y perfiles metálicos
El sistema constructivo utilizado en VERT MOULIN ROUGE a base de elementos estructurales atornillados (paneles de hormigón, perfiles metálicos) permite su transportabilidad, sin necesidad de transporte especial.

Cimentación transportable
La misma cimentación del prototipo se ha realizado mediante un doble nivel de placas de hormigón armado. Las placas de hormigón armado se unen entre sí por medio de perfilaría metálica atornillada. De este modo se consiguen dos cosas. En primer lugar la creación de una cámara de aire subterránea que permite el enfriamiento del aire de ventilación en verano (y el calentamiento del aire de ventilación en invierno). En segundo lugar, permite que, si se decide desmontar el edificio, y trasladarlo a otro lugar, no quede ni rastro de su construcción, ya que incluso la cimentación se puede transportar.

Bajo precio
El sistema constructivo empleado, permite la reducción hasta un 50% de los costes de construcción.

Por todo lo expuesto, el edificio puede convertirse en un referente modélico para la arquitectura del futuro. Una arquitectura que necesariamente debe dar respuesta al nuevo orden social y económico de los próximos años.




Enviado pela assessoria de imprensa de Luis de Garrido.