quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Projeto de edifício de escritório une forma e eficiência

Caros,

Em recente concurso de projetos para a sede do Conselho de Administração de Santa Catarina, em Florianópolis, sagrou-se vencedor um projeto que se destaca por suas estratégias voltadas para a eficiência energética.

Reproduzo a seguir, em versão original em inglês, texto publicado no site Inhabitat.com, a respeito do projeto e aproveito para parabenizar os seus autores, da AUM Arquitetos. É um belo projeto e um bom exemplo.

Brilliant Brazilian Office Tower Marries Form with Efficiency

by Andrew Michler, 12/29/10

This beautiful mid-rise in Brazil will soon be the home of the Council of Administration of Santa Catarina. AUM arquiteto’s winning design not only achieves visual richness in a simple form, but it also features an outstanding energy-efficient plan that synthesizes the look and the function of the building. The design begins with location — a choice lot overlooking the Atlantic Ocean. The office tower uses the sea breezes to cool off and a host of other techniques to avoid running the AC — all while providing multiple connections to the outdoors and to the greater community.


The design strategy focuses on using passive means to cool the building. The screened façade on the sides blocks the rising and setting sun, while a patch of green roof and overhangs helps mitigate midday sun exposure. Patios and overhangs at the front of the building scoop up the sea breezes though operable windows.


Modules set within the side of the façade indent on each floor to allow office occupants to enjoy a small patio and green space complete with trees. The front and back also have outdoor space providing views of the sea and forested hillside respectively. The building is topped off with a solar electric array to help offset power consumption.

The entire building rests on just four pillars, with a large indoor theater for event hosting and three levels of tuck-under parking to make the best use of space. The overall design is efficient in terms of energy and space while being open to the surroundings to take advantage of the choice location and climate.

Ministérios se unem para incentivar energia solar

Da redação do Site Inovação Tecnológica - 29/12/2010

Embora a matriz energética brasileira já seja predominantemente baseada em energias renováveis e o Brasil tenha elevado potencial de irradiação, a participação da energia solar ainda é incipiente no País.

A usina heliotérmica que deverá ser construída em Pernambuco usará a tecnologia de cilindros parabólicos.[Imagem: Abengoa]

Reportagem recente da revista Photon (importante publicação de energia solar fotovoltaica em âmbito internacional) intitula o Brasil como "o gigante que está dormindo embaixo do sol".

Mas talvez este cenário possa começar a mudar a partir de 2011.

A reboque das iniciativas do setor privado, voltadas sobretudo para o uso da energia solar térmica para o aquecimento de água residencial, o governo federal deu os primeiros passos para uma política pública mais sólida para o setor da energia solar no Brasil.

Energia heliotérmica

Foi assinado nesta semana, em Brasília, um Acordo de Cooperação Técnica entre os ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT) e de Minas e Energia (MME) com o objetivo de fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico para o aproveitamento da energia solar no Brasil.

O foco dos esforços será a energia heliotérmica, que usa concentradores solares para aquecer fluidos e gerar eletricidade.

O princípio de funcionamento de uma usina heliotérmica é similar ao de uma termelétrica, com a diferença que o calor que alimenta as turbinas é gerado pela luz do Sol. Atualmente existem três tecnologias principais na área: cilindros parabólicos, torre central e disco parabólico.

O acordo entre os Ministérios prevê o acompanhamento conjunto de atividades, compartilhamento de informações, fomento para a elaboração de projetos-piloto, de pesquisa e demonstrações, de capacitação técnica e de acordos nacionais e internacionais, além da criação um Comitê Gestor.

Heliotérmica em Pernambuco

De acordo com o Coordenador de Energia e Inovação de Tecnologia do MCT, Eduardo Soriano, "o acordo vai alavancar a implantação da Planta Piloto de Geração Heliotérmica no Semiárido", em Pernambuco, com aporte inicial de R$ 23 milhões, sendo R$ 18 milhões do Fundo Setorial de Energia (CT-Energ) e R$ 5 milhões da Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente do estado (Sectma).

A Plataforma de Pesquisa Experimental abrange tecnologias de diversos tipos de sistemas, nos moldes de plataformas de pesquisa existentes no exterior, como a de Almeira (na Espanha). A primeira tecnologia a ser implantada será a de cilindros parabólicos.

O projeto conta com parceiros como a Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (Fapape), o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), dentre outras instituições em fase de negociação.

Tecnologia solar no Brasil

Na avaliação do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o documento é um marco do desenvolvimento da tecnologia solar no Brasil e, para isso, é essencial que o País elabore mecanismos que estimulem a produção de pesquisas e tecnologia nacional.

"É importante o Brasil não somente ir lá fora e comprar uma central solar, mas trazer a comunidade acadêmica, centros de pesquisa e também, numa outra etapa, as empresas que pretendem participar de todo o processo", afirmou Zimmermann.

Veja também a reportagem Energia solar no Brasil pode ser vantajosa a partir de 2013.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Residências: etiquetas para quem consome menos

Da Agência Ambiente Energia

As primeiras etiquetas de eficiência energética residencial foram entregues, no final de novembro, a nove projetos, entre os quais a Casa Eficiente da Eletrobras Eletrosul (foto). Elaborada pela Eletrobras e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalizaçao e Qualidade Industrial (Inmetro), a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia busca estimular a redução do consumo de energia em residências e edifícios multifamiliares, fazendo a classificação dos imóveis, assim como já acontece com os eletrodomésticos.

Voluntária, a certificação é concedida dentro do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE). “A população já entende a etiquetagem e as empresas da construção civil certamente vão querer obtê-la como um diferencial para o seu produto”, avalia o diretor de Tecnologia da Eletrobras, Ubirajara Rocha Meira. Para o presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentábel, Marcelo Takaoka, apenas com a adoção de tecnologias de eficientização já existentes é possível obter uma redução de até 40% da energia consumida nas residências brasileiras.

Segundo dados da Eletrobras, atualmente, edificações residenciais, comerciais, de serviços e públicas representam quase 45% do consumo brasileiro de energia, sendo que as residências respondem por 15% desse total. A economia que pode ser obtida a partir da redução do consumo com imóveis planejados, construídos ou reformados de forma eficiente interessa também ao governo, pois significa mais disponibilidade de energia para o crescimento rápido do país.

“A avaliação das edificações residenciais baseia-se em aspectos que apresentam consumo significativo de energia elétrica, ou seja, o desempenho térmico de fachadas e coberturas, com ênfase na iluminação e ventilação naturais, e na eficiência do sistema de aquecimento de água”, explica Solange Nogueira, gerente da Divisão de Eficiência Energética em Edificações da Eletrobras/Procel Edifica.

Metodologia – Para criar a etiqueta de eficiência energética residencial, o Inmetro selecionou diversas metodologias e combinou-as num processo sintetizado. A etapa seguinte foi a acreditação dos organismos de inspeção para emiti-las. Atualmente, o Laboratório de Eficiência Energética da Universidade de Santa Catarina (LabEEE), que colaborou no desenvolvimento dos Requisitos Técnicos da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R), é o único autorizado pelo instituto.

De acordo com Roberto Lamberts, supervisor do LabEEE, a metodologia de avaliação foi definida a partir de 150 mil simulações feitas para os diferentes climas brasileiros. Os critérios são diferentes para as oito regiões bioclimáticas do país. O engenheiro explica também que a etiquetagem está constituída de três índices, que avaliam o nível de eficiência do imóvel no verão, no inverno e o aquecimento de água. Há também um índice para avaliar o desempenho da edificação quando refrigerada artificialmente.

No caso de edifícios multifamiliares, cada unidade de apartamento terá etiqueta individual correspondente ao seu nível de eficiência energética e o prédio como um todo receberá sua própria etiqueta com o número de unidades por estágio de eficientização, que varia de “A” a “E”. Também serão avaliadas e receberão etiqueta as áreas de uso comum dos prédios.

Conheça os primeiros projetos certificados:

* Eletrobras Eletrosul, pela Casa Eficiente – Florianópolis (SC)

* Parceria Finep, Caixa e Núcleo de Pesquisa em Construção da UFSC, por meio do Programa Habitare, pelo protótipo de habitação de interesse social – Florianópolis (SC)

* Central de Crédito Rural com Interação Solidária, por duas residências – Chapecó (SC) e Frei Rogério (SC)

* Construtora Sphera Quattro, pelo empreendimento multifamiliar Residencial SJ1 – São José (SC)

* Empresa Cidade Pedra Branca, pelo empreendimento multifamiliar Travertino – Palhoça (SC)

* Construtora Rossi, pelo empreendimento multifamiliar Condomínio Atlântida – Xangri-lá (RS)

* Construtora Tecnisa, pelos empreendimentos multifamiliares Residencial Moai e Residencial Flex Guarulhos – São Paulo (SP) e Guarulhos (SP).

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O que o brasileiro pensa sobre sustentabilidade

Da redação da revista Época, dezembro 2010
Estudo mostra que aumentou a preocupação com o aquecimento global e que o brasileira leva em conta a responsabilidade social das empresas na hora de comprar. Entre 2009 e 2010, o brasileiro ficou mais preocupado com o meio ambiente e com as escolhas que influenciam o futuro do planeta

O brasileiro leva em conta as iniciativas sustentáveis das empresas antes de fazer compras e está ficando cada vez mais preocupado com problemas ambientais como a quantidade de lixo gerada e o aquecimento global. As conclusões são do estudo Futuros Sustentáveis, realizado pela consultoria Havas e pelo instituto de pesquisas GlobalScan.

Entre os nove países pesquisados entre março e abril deste ano, o Brasil ficou em terceiro lugar na lista daqueles onde as pessoas disseram se preocupar “sempre” com as questões ambientais, sociais e éticas na hora de fazer uma compra. Responderam desta forma 16% dos 2,5 mil entrevistados no Brasil, contra 20% dos indianos e 18% dos mexicanos. Na Alemanha e no Reino Unido, os últimos colocados, apenas 3% responderam à questão desta forma.

Os brasileiros também se mostraram mais propensos a premiar uma empresa que se mostra responsável do ponto de vista socioambiental do que a punir outra que não seja. Dos entrevistados, 90% disseram já ter recompensado uma empresa, enquanto 82% disseram já ter punido. Segundo os números dessa pesquisa, essa tendência é verificada em outros países em desenvolvimento, como a China, Índia e México, mas não nos países desenvolvidos pesquisados. Na França, por exemplo, 78% dos entrevistados disseram ter premiados empresas responsáveis enquanto 76% afirmaram ter punido as que não são.

Esse comportamento aparentemente se deve ao espaço que temas ambientais têm na lista de preocupações dos brasileiros. O estudo mostrou que 65% dos entrevistados se dizem “muito preocupados” com a poluição ambiental, terceiro assunto mais citado em uma lista de dez temas, atrás apenas da violência e da educação. Na comparação com a pesquisa anterior – realizada entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 – a preocupação com a poluição cresceu quatro pontos porcentuais, mesma tendência de outros temas semelhantes.

O excesso de lixo gerado, quarto tema mais citado, foi classificado como de “muita preocupação” por 62% dos entrevistados, antes 54% em 2009. O mesmo nível de preocupação foi obtido pelo tema “esgotamento de recursos naturais”, que tinha 58% em 2009 e passou a preocupação com a saúde, que se manteve estável em 59%. Se disseram muito preocupados com o aquecimento global 58% dos entrevistados, ante 49% de 2009. No mesmo período, houve redução das preocupações com pobreza (de 56% para 54%), desemprego (52% para 48%) e a economia (44% para 42%).

A pesquisa também mostra que 91% dos entrevistados acreditam que as grandes empresas devem estar ativamente envolvidas na resolução dos problemas sociais e ambientais do país, enquanto em 2009 os que tinham essa opinião somavam 88%. Para 85%, o apreço por uma companhia aumentaria se ela estivesse ligada a uma entidade de caridade ou ONG e 64% disseram que aceitariam pagar até 10% a mais em um produto fabricado de maneira socioambientalmente responsável.
O estudo deixa claro que, além de investir na própria imagem de responsabilidade social, as empresas devem divulgar seus produtos desta forma. Segundo os entrevistados, o que mais dificulta a compra de produtos sustentáveis é a falta de informação e a dificuldade de descobrir se eles realmente são sustentáveis. A segunda razão mais citada para não comprar os produtos foi o preço – para 52% – e a terceira foi a falta de acesso a esses produtos (37%).
Na lista de companhias mais responsáveis do ponto de vista socioambiental apareceu em primeiro lugar a Natura (27%), seguida por Petrobras (22%), Nestlé (15%), Vale (14%), e os bancos Bradesco e Real (9%).

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Blog do Macêdo atinge 11.000 visitas no mês de novembro

Caros,

É com satisfação que informo que o Blog do Macêdo ultrapassou as 11.000 visitas no mês de novembro, ou seja, mais de 360 por dia, em média. É uma marca que impressiona.

É também mais um indicativo de que as pessoas de fato estão cada vez mais se interessando e buscando se informar a respeito das sustentabilidade na Arquitetura e Construção.

Fico satisfeito em poder contribuir para a qualificação de profissionais e estudantes na área em todo o país, como faço também com os cursos que realizamos pela EcoBuilding, com a graduação em Arquitetura Sustentável pela UNICID, que dirijo, e com os cursos de Pós-graduação em Construção Sustentável pelo INBEC, em convênio com o GBC Brasil.

Agradeço aos colegas que seguem, incentivam, indicam, comentam ou apenas visitam o Blog do Macêdo. Vocês são o principal estímulo.

Obrigado a todos!

Arq. Antonio Macêdo Filho
amacedo@ecobuilding.com.br
amacedo@unicid.br

Santa Catarina terá centro de certificação para painéis fotovoltaicos

Da redação do Jornal da Energia - São Paulo, 29 de Novembro de 2010

Portugueses assinam acordo para transferir tecnologia para o Estado; ideia é atrair investidores do setor solar

O Estado de Santa Catarina deve receber em breve um laboratório de energia solar fotovoltaica que, com capacidade para certificar painéis de geração de energia a partir do sol, que poderá servir para incentivar os investimentos na fonte no País. O negócio começou a ser tratado neste mês, em Portugual, durante a realização de um fórum sobre energias renováveis. Ao final do evento, o Estado assinou um protocolo de intenções com a estatal Lógica, gestora do Parque Tecnológico da cidade portuguesa de Moura.

O documento prevê a instalação do laboratório em parceria com a Fundação Científica e Tecnológica em Energias Renováveis, criada por várias instituições de ensino e pesquisa de Santa Catarina. A intenção é certificar os equipamentos fotovoltaicos não só no Brasil, mas também na América Latina. “A implantação de um laboratório em parceria com a instituição responsável pela maior central de energia solar do mundo pretende estimular a produção desses painéis no Brasil e fazer nosso país avançar na geração de energia solar, ainda pouco explorada pelo potencial que temos”, explica o deputado estadual Pedro Uczai, que articulou a negociação.

O parlamentar, que coordenou as três edições do fórum Sustentar em Santa Catarina, esteve na edição portuguesa do evento e destacou a importância dos investimentos no setor solar não somente pela questão ambiental, mas também pela "oportunidade econômica e social". De acordo com o deputado, a construção de um laboratório semelhante na cidade de Moura, em Portugal, estimulou a criação de uma nova cadeia produtiva e a geração de mão de obra na área.

O protocolo de intenções firmado com os portugueses ainda prevê o desenvolvimento de esforços para instalar no Brasil duas fábricas de produção de painéis fotovoltaicos, a partir de diferentes tecnologias.

Residências ganham etiqueta de eficiência energética

Por Vanessa Barbosa, para Exame.com - 30/11/2010

No Brasil, as edificações respondem por 45% do consumo nacional de energia elétrica, sendo as residências responsáveis por 22% desse total. Para promover a economia e o uso racional da energia elétrica nas habitações familiares, a Eletrobras e o Inmetro lançaram nesta segunda-feira (29), em São Paulo, a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia para casas e edifícios residenciais.

A etiqueta será concedida pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que já emite outras duas certificações semelhantes voltadas para eletrodomésticos e edifícios comerciais, públicos e de serviço. Mas dessa vez, os consumidores estão sendo munidos de mecanismos para escolher um novo lar levando em conta o seu desempenho energético. Uma escolha amiga do meio ambiente e boa para o bolso: morar em um prédio eficiente em energia pode reduzir de 30% a 40% a conta de luz no fim do mês.

Os empreendimentos participantes do programa (de adesão voluntária), são avaliados quanto ao desempenho térmico durante o inverno e o verão, e aos sistemas de aquecimento de água, iluminação e refrigeração. Para cada um dos pré-requisitos é dada uma classificação, que vai de "A" a "E", dependendo dos niveis de eficiência energética verificados. A média ponderada das categorias determina a nota final do prédio.

Segundo o diretor de tecnologia da Eletrobras, Ubirajara Moreira, aos poucos os programas de eficiência energética ganham mercado e despertam o interesse social. "É um processo em formação que vem envolvendo o setor privado e ganhando reconhecimento do consumidor", afirmou.

Durante o lançamento, também foram entregues as primeiras etiquetas de eficiência energética residenciais. Ao todo, nove empreendimento receberam a certificação. Um deles foi a Casa Eficiente da Eletrobras Eletrosul, em Florianópolis (SC), que possui soluções de eficiência energética como geração de energia fotovoltaica. O empreendimento é atualmente a sede do LMBEE - Laboratório de Monitoramento Ambiental e Eficiência Energética, responsável pela realização das avaliações técnicas das edificações do programa Procel Edifica.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Philips e CERTI selam parceria por OLED´s no Brasil

Da redação de Uol.com.br - Convergência Digital, 29/11/2010 (publicado sem as imagens, que acrescentei)

A Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI) e a Philips firmaram um convênio de cooperação com duração de três anos para a execução do projeto EMO (Emerging Marketing OLED), que viabilizará o desenvolvimento de soluções de iluminação para os mercados emergentes utilizando a tecnologia OLED.

O novo recurso é reconhecido por revolucionar o conceito de fonte de iluminação, pois permite o uso de lâminas emissoras de luz no lugar de lâmpadas e pela eficiência energética que proporciona. Este projeto conta com o suporte do BNDES-FUNTEC.

Com inúmeras patentes nessa área, a Philips é detentora da tecnologia mais avançada de OLED para iluminação no mundo. Por meio da parceria firmada no Brasil, a empresa possibilitará que o aprimoramento dessa tecnologia seja realizado em território nacional.

Durante os três anos do projeto os profissionais, técnicos e engenheiros do CERTI trabalharão em melhorias para as inovadoras lâminas emissoras de luz. Com elas, a Philips produzirá luminárias OLED, que devem ser comercializadas no Brasil a partir de 2013. Atualmente, o OLED é pesquisado e desenvolvido pela Philips somente na Alemanha, em um de seus diversos laboratórios, a Lumiblade.

“Quando falamos de OLED, falamos do futuro da iluminação que já vem se transformando com a realidade dos LEDs e que associado ao OLED impactará positivamente todos nós, porque, entre outras vantagens, é uma tecnologia energeticamente eficiente. Em breve, recorreremos a estes recursos em todos os ambientes e vivenciaremos uma experiência única com a iluminação. O projeto EMO é o primeiro passo para a realização desta nova perspectiva”, afirma o CTO e diretor de Tecnologia da Philips do Brasil, Walter Duran.

O OLED (Organic Light-Emitting Diode, na sigla em inglês), um diodo orgânico emissor de luz, será a próxima tendência em iluminação no mercado global nos próximos anos, complementando as já inovadoras soluções atuais de LED. O produto é baseado em uma tecnologia inovadora que revolucionará os conceitos de iluminação conhecidos atualmente.

Com o OLED, as lâmpadas e luminárias formadas por pontos de luz darão lugar a uma única lâmina capaz de produzir uma luz difusa, potente, muito semelhante à natural, mais confortável, de longa vida útil, baixa voltagem, com mais eficiência energética, que permite um design ousado e de fácil reciclagem por não conter elementos tóxicos ao meio ambiente em sua composição.

Com o advento dos OLED flexíveis muitas das superfícies poderão ter luz própria, como por exemplo, o interior de uma geladeira (nunca mais ficará escura, difícil de localizar algo). O teto curvo de um automóvel pode ser coberto de OLED flexível; imagine o que pode ser feito com esta “flexibilidade”. O produto recebe o nome de orgânico devido à utilização de moléculas de Carbono em sua composição. Funciona por meio de uma corrente elétrica que passa por semicondutores prensados entre duas lâminas de vidro extremamente finas.

Atualmente possui 1,8 mm de espessura, com a possibilidade de ainda chegar a 1,5 mm. Muito leves, podem ser utilizados sem a necessidade de grandes estruturas de sustentação. As luminárias OLED serão a nova tendência em iluminação e destacam-se também por sua alta eficiência energética, que possibilita uma economia de até 80%, com vida útil de cerca de dez mil horas. Já quando o assunto é a potência dessa luz, o OLED pode chegar a 150 (Lumens/Watt), 15 vezes mais do que as lâmpadas incandescentes.

sábado, 27 de novembro de 2010

GreenBuild Conference & Expo - Chicago 2010 - Minhas impressões.

Caros,

Neste mês de novembro estive em Chicago, onde visitei a GreenBuild Conference and Expo, realizada entre 17 e 19/11/10.

Havia estado também na edição de 2008, em Boston, a maior já realizada (veja post anterior a respeito). De modo geral, comparando-se os dois eventos e o contexto do mercado, passados dois anos, posso observar que o mercado da construção sustentável, ao menos por lá, está mais maduro.

Pavilhão de exposições. Foram mais de 1.000 expositores este ano.

Passou a fase do deslumbramento e do "quero ser verde" para a fase do "Ok, vamos fazê-lo. O que precisamos?". Em Boston o que mais se via era empresas distribuindo folhetos com destaques para os seus produtos ou serviços verdes. A maioria delas participando pela primeira vez de eventos do tipo.

Sala de uma das muitas sessões de educação do evento

Agora, em Chicago, o esforço não era mais sobre o marketing verde, mas sim sobre produtos e soluções. A crise imobiliária dos EUA afetou diretamente muitos mercados. A feira reproduziu isto (está menor do que em 2008), e parece-me que os conceitos mais importantes passaram agora a ser "inovação" e "eficiência".

Aqui estou com colegas arquitetos da Sérvia, da Suíca e dos EUA (Rives Taylor, que estará em São Paulo mais uma vez em breve), em frente ao Art Institute of Chicago, projetado por Renzo Piano

Isto ficou claro pelos temas das Education Sessions, mais voltadas a casos e aplicações e menos focadas em explicar como funciona o LEED, por exemplo.
Aqui estou com Jerry Yudelson, autor do livro "Green Building - A to Z", dentre outros relacionados à construção sustentável.

Em Boston, muitos buscavam se introduzir no mercado da construção sustentável. Agora a questão é como melhor atender à demanda, com eficiência e qualidade. Mesmo entre os representantes brasileiros presentes ao evento, havia muito mais de descoberta dois anos atrás do que agora. O mercado está amadurecendo. As pessoas agora estão buscando parcerias, aumentando o networking com os diversos agentes do mercado, buscando oportunidades.

Outro fato importante neste contexto: O Brasil é agora outro país, aos olhos do mundo. Todos estão muito interessados em possíveis oportunidades por aqui. Sabem que há muito o que fazer e que o mercado brasileiro está também amadurecendo, em especial no que se refere à sustentabilidade na construção.

A próxima GreenBuild será em Toronto, Canadá, pela primeira vez fora dos EUA, evidência da internacionalização que já se verifica com o LEED. Certamente teremos ainda mais a compartilhar com o mundo.

Prédios "energia zero" são o futuro da construção civil, afirma especialista

Por Vanessa Barbosa, de EXAME.com
Para Charles Kibert, engenheiro e professor da Universidade da Flórida, edifícios autossufientes em energia serão o antídoto contra a escassez de recursos.

Charles Kibert, da Florida University: "A esperança da construção civil está nos Edifícios de Energia Zero, que produzem mais energia do que consomem no período de um ano".

No futuro, toda a energia consumida por uma família em atividades cotidianas como aquecer a água, usar eletrodomésticos e até mesmo recarregar um veículo elétrico, será fornecida pelo próprio edifício através de fontes renováveis. A afirmação é do engenheiro e professor da Escola de Projeto, Construção e Planejamento da Universidade da Flórida Charles Kibert.

Segundo o especialista, o "Santo Graal" para a sustentabilidade energética da construção civil (setor que consome um terço de toda energia produzida no mundo) são os chamados Edifícios de Energia Zero (zero energy buildings ou ZEBs, na sigla em inglês), que produzem mais energia do que consomem ao longo de um ano.

Longe de um exercício de futurologia, os ZEBs já estão sendo incorporados na estratégia energética de diversos países no mundo, como Alemanha e Noruega e também nos Estados Unidos. Segundo Kibert, a Califórnia determinou recentemente, que os edifícios residenciais tenham energia zero até 2020 e os comerciais até 2030. "Em um planeta em constante aquecimento, viver dentro do orçamento da energia produzida pela natureza será imperativo", afirma.

Em visita ao Brasil para participar do 3º Congresso de Construção Sustentável, realizado pelho Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, o especialista falou à EXAME.com.

EXAME.com: O que são os Zero Energy Buildings e porque eles serão imperativos no futuro?

Charles Kibert: Prédios comerciais e residenciais são grande consumidores energéticos. Nos EUA, eles usam 40% da energia primária e 70% de toda a eletricidade produzida. Se continuarem nesse ritmo, em 2025 eles estarão consumindo mais que o setor industrial e de transportes juntos. A esperança está nos Edifícios de Energia Zero, que ao longo de um ano produzem mais energia do que consomem.

Os métodos de produção podem ser os mais diversos. Nos Estados Unidos, o mais comum é o fotovoltaico, que usa a energia do sol para gerar energia. Tudo depende das características de cada região. A Alemanha tem menor incidência de sol, entretanto produz mais energia solar que a gente devido à sofisticação das tecnologia usada e aos incentivos governamentais.

Para ser um ZEB, um edifício também precisa contar com moradores conscientes, capazes de viver com um "orçamento energético" determinado pela capacidade de produção do sistema adotado.

EXAME.com: Que outras fontes alternativas, além da solar, podem ser usadas?

Charles Kibert: O sistema fotovoltaico é o mais comum por causa de sua simplicidade; são placas estáticas de captação colocadas em um telhado. Mas é possível , também, ter um gerador eólico no topo do edifício e gerar energia a partir do vento. Outras alternativas são a biomassa e até a geotérmica, gerada através do calor proveniente do interior da Terra ou do vapor quente de fontes de água subterrâneas.

EXAME.com: Um edifício pode produzir mais energia do que consome?

Charles Kibert: Pode sim, e os que conseguem são chamados de Net Positive Buildings. A Alemanha possui um sistema bem desenvolvido que conta com um programa para incentivar a adoção de energias renováveis chamado feed-in tariff. Esse mecanismo garante o pagamento de um bônus para a energia que você produz. Nos EUA, temos um sistema parecido na Flórida, onde o consumidor 12 cents pela energia vida da rede elétrica local, mas recebe 25 cents se vender a energia produzida na sua própria casa. Trata-se de um sistema que estimula a produção excedentes de energia limpa nas residências.

EXAME.com: Qualquer tipo de edificação pode ser autossuficiente em energia?


Charles Kibert: Sim, mas todo o sistema deve ser pensando já na concepção da obra e implementado no começo das construção. É muito difícil e extremamente caro adaptar um edifício comum. Atualmente, na Califórnia, as construções residenciais estão mais adiantadas no processo do que as comerciais. Prédios residenciais tendem a ser mais baixos e ter menor área, o que facilita a implementação do sistema de energia alternativa. Quanto maior o prédio, maior a área necessária para implantação do sistema gerador.

Exame.com: Em que nível estão as regulamentações para ZEBs nos EUA?

Charles Kibert: Na Califórnia todos os edifícios residenciais têm que ser zero energy building até 2020, e os comerciais, até 2030. Mas pouco a pouco, todos os EUA têm se mobilizado nesse sentido. A política de energia nacional já determina que, em vinte anos, os ZEB´s sejam tecnicamente viáveis sob quaisquer circunstanciais para construções comerciais.

EXAME.com: Alguma certificação de construção verde, como o LEED, por exemplo, exige que um edifício seja ZEB?

Charles Kibert: Nos EUA, a American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers (ASHRAE), um importante centro desenvolvedor de standards energéticos criou, recentemente, um novo selo de energia para edificações cujo padrão máximo de qualificação (A+) só pode ser alcançado por Zero Energy Buildings.

Mas se levarmos em consideração o selo de construção sustentável LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), emitido pelo Green Build Council, veremos que pelo menos 60% de todos os pontos exigidos têm relação com a eficiência energética do prédio.

EXAME.com: Quais os países mais adiantados no desenvolvimento de ZEBs?

Charles Kibert: Há pesquisa e desenvolvimento em todas as partes do mundo, na Noruega, Canadá, Japão, nos EUA, Holanda, Itália, etc. A auto-suficiência energética tem atraído muito atenção hoje em dia por conta do aumento do preço da energia, pelo aquecimento global e problemas climáticos. Ao longo do tempo, os ZEBs diminuem os custos com energia porque usam recursos alternativos e, evitando, o uso de energia de origem fóssil conseguem diminuir as emissões de gases efeito estufa. É uma proposta bastante atrativa sob vários pontos de vista.

Como transformar empreendimentos existentes em empreendimentos sustentáveis

Por Luiz Henrique Ferreira, para administradores.com.br


O processo de reabilitação de edifícios para torná-los sustentáveis é bem mais complexo do que uma construção nova já sustentável

A cada dia que passa ouvimos falar mais sobre sustentabilidade, preservação do mei ambiente e aquecimento global. Estes conceitos, que até pouco tempo se restringiam aos grupos acadêmicos e ambientalistas, passaram a fazer parte de nossa realidade, devido ao aumento do acesso à informação e também aos primeiros indícios reais de esgotamento da capacidade do planeta em prover recursos naturais para a nossa sobrevivência.

A Construção Civil é responsável pelo consumo de boa parte dos recursos naturais do planeta, tanto na fase de obras quanto na fase de uso e operação dos edifícios. Apesar de ser uma fase de enorme impacto ambiental, a construção de edifícios dura no máximo dois anos, enquanto que o seu uso pode facilmente passar dos 50 ou 100 anos. Durante todo tempo de vida útil do edifício, ele irá consumir recursos naturais e despejar resíduos no planeta, consumindo muito mais energia, água e gerando muito mais resíduos do que na fase de obras.

Apesar do "boom" imobiliário dos últimos cinco anos, a idade média das construções na cidade de São Paulo ainda é de aproximadamente 25 anos. Isso significa que temos edifícios novos e eficientes, mas também edifícios muito antigos e ineficientes, que foram projetados e construídos numa época em que os conceitos de sustentabilidade e preservação ambiental nem sequer existiam! Portanto, apesar das iniciativas atuais de se construir de maneira sustentável, temos um grande desafio que é tornar os edifícios já existentes sustentáveis, pois eles acabam sendo os grandes responsáveis pelo esgotamento da água e energia do planeta.

Crédito: Felipe Spencer

O processo de reabilitação de edifícios para torná-los sustentáveis é bem mais complexo do que uma construção nova já sustentável. Em alguns casos mais críticos, a ocupação do edifício durante o processo de reabilitação pode tornar-se inviável, porém em outros a reabilitação ocorre com o edifício em funcionamento. Além da questão da ocupação dos edifícios, normalmente o processo de reabilitação sustentável encontra dificuldades devido ao canteiro de obras restrito, alta quantidade de resíduos de demolição, falta de cadastramento da situação real do edifício e incômodos gerados aos usuários e vizinhos.

O primeiro passo para tornar um edifício existente sustentável é uma análise minuciosa da situação atual em relação aos requisitos de Alta Qualidade Ambiental (AQUA), que são baseados na qualidade intrínseca do edifício (QI) e na qualidade ambiental das práticas (QAP). A qualidade intrínseca do edifício demonstra como a construção em si atende aos critérios de sustentabilidade, como elementos de sombreamento de fachada (brises), sistemas de ventilação natural, facilidade de acessos para manutenção, iluminação natural, entre outros.

A qualidade intrínseca do edifício não está diretamente relacionada ao emprego de soluções de alta tecnologia, e sim a um bom projeto arquitetônico e a uma execução consciente, que levam a um alto desempenho ambiental e a uma economia significativa de energia e água durante a operação. Já a qualidade ambiental das práticas (QAP) decorre da maneira pela qual os usuários se relacionam com o edifício, e é tão importante quanto a QI, uma vez que o usuário é o grande responsável pelos impactos ambientais decorrentes de sua operação. Para se ter uma ideia, uma simples torneira aberta por 6 minutos gasta toda a água necessária para uma pessoa sobreviver um dia inteiro, considerando o consumo per capita recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Desta forma, não adianta nada o edifício ser totalmente sustentável se as práticas de operação não forem sustentáveis.

Uma vez concluída a análise inicial, chamada diagnóstico, é preciso traçar uma estratégia ambiental do edifício, hierarquizando quais iniciativas deverão ser postas em prática primeiro, sempre levando em consideração a relação custo x benefício x preservação do meio ambiente. A estratégia ambiental global do edifício tem como finalidade evitar que se tomem medidas isoladas, aparentemente sustentáveis, porém quando dentro de um contexto global sem resultados expressivos. Um exemplo interessante é a instalação de sensores de presença em todos os ambientes do edifício, inclusive os com lâmpadas fluorescentes: estudos comprovam que para ciclos menores do que 15 minutos é mais viável deixar o acionamento da lâmpada por interruptor do que instalar um sensor de presença.

Neste caso, a análise leva em conta, não só o consumo de energia, mas também o impacto ambiental decorrente do descarte das lâmpadas fluorescentes, que têm a sua durabilidade reduzida proporcionalmente ao número de ciclos. Resumindo, do ponto de vista global, a aparente redução no consumo de energia elétrica em uma lâmpada fluorescente com sensor de presença pode gerar um impacto ambiental maior, devido à redução da sua vida útil.

Por fim, não existe uma receita pronta para tornar os edifícios existentes em edifícios sustentáveis, pois a complexidade de uma construção é muito grande. A receita ideal é utilizar uma metodologia reconhecida para tornar o edifício sustentável, implementada por uma equipe que conheça a fundo os requisitos de Alta Qualidade Ambiental (AQUA), de modo que a reabilitação sustentável possa efetivamente atingir os resultados desejados, contribuindo efetivamente para a redução da escassez de recursos naturais e biodiversidade.

Luiz Henrique Ferreira é diretor da Inovatech Engenharia, consultoria especializada em construções sustentáveis.

Procel Edifica para prédios residenciais será lançado nos próximos dias

Por Ana Paula Rocha, para AU (Ed. Pini), publicado em PiniWeb - Novembro 2010

Etiquetagem avaliará as unidades habitacionais autônomas, as edificações residenciais multifamiliares como um todo e as áreas de uso comum do empreendimento

A Eletrobrás e o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) devem lançar em 29 de novembro a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (Procel Edifica) para prédios residenciais. A informação foi dada por Solange Nogueira, chefe da divisão de Projetos de Eficiência Energética em Edificações do Procel/Eletrobrás, no 3º Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável, realizado nos dias 8 e 9 de novembro, em São Paulo.

"No dia 10 de novembro termina a consulta pública dos Requisitos de Avaliação da Conformidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RAC-R). Para esse mesmo dia, está marcada uma reunião entre a Eletrobrás, o LabEEE (Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina) e outros agentes responsáveis pela etiquetagem para se discutir as sugestões recebidas na consulta pública. No dia 11, vamos fazer uma reunião da comissão técnica do Inmetro e esperamos que no dia 29 o Procel Edifica para Prédios Residenciais já esteja publicado no site do Inmetro", disse Nogueira.

O RAC-R, que define de que modo as edificações serão avaliadas, descrevendo a parte burocrática necessária para a obtenção da etiqueta, estava em consulta pública desde o dia 13 de outubro. Segundo Solange Nogueira, nesse período, mais de 300 sugestões foram recebidas pelo Inmetro.

A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (Procel Edifica) para prédios residenciais avaliará as unidades habitacionais autônomas, as edificações residenciais multifamiliares como um todo e as áreas de uso comum do empreendimento. Nas unidades habitacionais autônomas os principais pontos analisados serão a envoltória e o sistema de aquecimento de água. Já nas edificações multifamiliares os pontos resultarão da ponderação da avaliação das suas unidades autônomas e da avaliação da área externa. "Cada parte avaliada também pode receber pontos adicionais quanto à ventilação e iluminação naturais, uso racional da água, condicionamento de ar e até mesmo medição individualizada nos apartamentos", afirma Roberto Lamberts, do LabEEE.

Assim como nos prédios comerciais, dependendo do consumo de energia verificado, os edifícios residenciais serão classificados de "A" a "E", sendo "A" o mais eficiente. Somente em 2010, o Inmetro já etiquetou 12 prédios comerciais.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A internacionalização da certificação LEED

Por Antonio Macêdo Filho, Novembro 2010

A internacionalização da certificação LEED, de origem estadunidense, deve ser considerada em função das características de cada país onde se pretende aplicá-la. Padrões de referência de desempenho de equipamentos, hábitos de usos e consumos, desenvolvimento da indústria e fornecedores de materiais são alguns dos aspectos que tem grandes variações regionais, sem falar, evidentemente, de questões climáticas e ambientais.

Ao se adotar referências internacionais para certificação de empreendimento, corre-se o risco de menosprezar aspectos relevantes localmente, ou até mesmo adotar estratégias que podem eventualmente ser contrárias aos objetivos originais de melhor desempenho ambiental.

Por outro lado, uma certificação de reconhecimento internacional agrega importante valor a um empreendimento, diferencia e identifica, de forma clara, o compromisso dos envolvidos com a sustentabilidade daquela construção.

É importante, portanto, estudar e conhecer bem as características e recomendações de cada certficação, fazer as considerações que cabem em relação à realidade de cada local ou região e adotar, dentre as opções disponíveis, com visão ampla, as melhores práticas para favorecer a sustentabilidade de um empreendimento.

Projeto Integrado

Para se alcançar os melhores resultados, é preciso uma abordagem holística e abrangente, que somente será possível com o envolvimento, desde o início do processo, dos diversos agentes envolvidos no planejamento, projeto, execução, operação e manutenção do empreendimento a ser construído. Isto exige esforço, tempo e preparo da equipe de profissionais, inclusive para se envolver e conhecer bem a certificação que se pretende adotar, em especial se se trata de um modelo internacional como o LEED, a certificação ambiental de edificações mais conhecida e amplamente disseminada pelo mundo.

A versão 3 do LEED, de 2009, incorpora entre as suas categorias uma nova dedicada a Prioridades Regionais, como forma de favorecer o reconhecimento de características e demandas locais. A princípio válida apenas para os EUA e Canadá, recentemente, no mês passado, foi publicada uma nota informando a incorporação às Prioridades Regionais de demandas originadas em outros países.

No Brasil,  as contribuições a estas e outras evoluções podem ser feitas por quaisquer profissioanais que desejem participar das discussões promovidas pelos comitês técnicos LEED organizados pelo GBC Brasil. São espaços abertos onde se podem fazer sugestões para a melhor aplicação dos princípios da certificação. A internacionalização do LEED precisa disto: nossas considerações.

Arq. Antonio Macêdo Filho
amacedo@ecobuilding.com.br

Em tempo:

Na próxima semana, participarei em Chicago, EUA, de mais uma edição da GreenBuild Conference & Expo, evento anual promovido pelo USGBC e maior forum de construção sustentável do mundo. Muitos dos mais influentes profissionais do planeta na área estarão também presentes.

Além de mim, muitos dos profissinais envolvidos com os cursos oferecidos no Brasil pela EcoBuilding e também na pós-graduação em construção sustentável oferecida pelo INBEC e UNICID estarão também lá, sempre buscando a informação mais atualizada para compartilhar com os demais profissionais envolvidos com a sustentabilidade na construção no país.

Trarei mais informações na volta aqui no blog, no site e no twitter da EcoBuilding.

Até breve.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Arquiteto diz que energia solar pode ser financiada por emissões

‘Acho que cada país tem de estipular uma taxa sobre o carbono’, diz Norbert Lecner
Por Karina Ninni - estadao.com.br, 09 de novembro de 2010

Norbert Lechner é professor da Faculdade de Arquitetura, Design e Construção da Universidade de Auburn, nos EUA, e autor do livro "Heating, Cooling, Lighting: Sustainable Design Methods for Architects", uma bíblia da arquitetura sustentável. Ele veio ao Brasil para o 3º Simpósio Brasileiro da Construção Sustentável, que termina nesta terça-feira em São Paulo, e falou ao Estadão.

Estadão - Em seu livro Heating, Cooling and Lightening, você afirma que as construções são responsáveis por 48% de toda a energia consumida no mundo (40% para a manutenção dos prédios e 8% para a construção propriamente dita). Você acredita que o setor da construção civil terá incentivos para mudar esse cenário nos próximos anos mesmo que os líderes reunidos em Cancún não decidam por um acordo legalmente vinculante sobre emissões?

Lechner – A popularidade do sistema LEED (sistema de certificação) nos EUA indica um interesse crescente pelas construções sustentáveis. Muitos, senão a maioria, dos atores do setor de construção estão interessados no que chamamos “green building” nem tanto por questões ideológicas, mas porque querem estar preparados para ganhar dinheiro com aquilo que acreditam ser o futuro do setor. Com base nos resultados de negociações internacionais passadas sobre aquecimento global, eu não espero que acordos internacionais sejam a resposta para o problema. Acho que cada país tem de estipular uma taxa sobre o carbono. Quando alguns países-chave adotarem uma taxa, os outros os seguirão.

Estadão – A casa “zero em energia” (zero energy) é um projeto realmente possível? Temos as ferramentas para construir casas que consumam quase nada de energia?

Lechner – Do ponto de vista técnico, ela é possível, sim, tanto que já existem projetos. As construções zero em energia são baseadas em duas estratégias: eficiência energética e uso de energia renovável. Normalmente, o consumo de energia é reduzido em 80% por medidas de eficiência energética e os 20% que sobram podem ser produzidos por células fotovoltaicas, ou seja, energia solar. E esta pode se tornar economicamente viável se taxarmos o carbono.

Estadão – Do ponto de vista arquitetônico, é mais difícil criar um projeto sustentável em cimas tropicais ou em cimas temperados?

Lechner - Os climas temperados são muito complicados porque raramente são realmente temperados. São quentes no verão e muito frios no inverno. Portanto, as construções têm de ser desenhadas para atender a demandas opostas: aquecer no inverno e resfriar no verão. Isso inclui, por exemplo, dominar mecanismos de sombreamento a ponto de deixar o sol do inverno passar para o ambiente, mas não o sol do verão. Quanto aos climas tropicais, há dois tipos: quentes e secos e quentes e úmidos. Os primeiro são mais fáceis, porque neles as técnicas de resfriamento econômicas em energia funcionam muito bem. Nos climas quentes e úmidos, isso não acontece. Portanto, em locais de clima equatorial as construções têm de ser desenhadas para minimizar o uso de ar condicionado.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

II Missão Técnica EcoBuild Londres 2011 - 26/02 a 07/03

Caros,

Estão abertas as reservas para a segunda missão técnica EcoBuild Londres, com organização da ArqTours, by Raquel Palhares. Assim como em 2010, visitaremos também Amsterdã, entre os dias 26 de fevereiro e 07 de março de 2011.

Como sempre, além da feira, está prevista ainda uma agenda de visitas técnicas com foco especial nas questões relacionadas à sustentabilidade nas construções, com orientação e acompanhamento técnico. Recomendo.



Mais informações sobre a EcoBuild: http://www.ecobuild.uk/
Reservas pelo: raquel@arqtours.com.br
ou (11) 2361 6659 / 2359 0018
Vagas limitadas. Garanta a sua.

domingo, 7 de novembro de 2010

Nova película solar transforma janelas em painéis solares

Publicado originalmente em IdeiasGreen.com.br, em 05/11/2010

Cientístas do departamento de energia dos Estados Unidos desenvolveram um material super fino que poderá transformar uma janela comum em painel solar. Se esse projeto for bem sucedido, janelas inteiras poderão ser cobertas com essa película.
O material foi desenvolvido nos laboratórios nacionais de Los Alamos e Brookhaven. Na apresentação do projeto, os cientístas explicaram que a película é feita de uma material chamado 'fullerenes', que são moléculas compostas de 60 átomos de carbono em formato de bola de futebol. Ainda existe um longo caminho até que o material seja produzido em escala comercial, mas os cientístas estão muito confiantes com a evolução dos estudos.

sábado, 6 de novembro de 2010

Condomínio em Florianópolis faz demonstração com turbina eólica em miniatura

Publicado originalmente em CicloVivo.com.br, em 27/10/2010
As duas turbinas do condomínio terão a mesma estrutura, mas com o dobro do tamanho da atual, alcançando 1,20 metro de diâmetro e seis metros de altura. (Imagem: Divulgação)

Uma escultura de metal que gira com a força do vento vem chamando a atenção de quem passa pelo bairro Novo Campeche, em Florianópolis, atraindo muitos olhares curiosos.

O equipamento é, na realidade, uma turbina eólica da marca norte-americana Helix Wind, numa versão menor das que serão posteriormente instaladas no topo das duas torres residenciais do inovador condomínio Neo Next Generation, que está sendo erguido a poucos metros dali.

Bem diferente das enormes hélices das turbinas eólicas tradicionais, o equipamento possui dimensões reduzidas e se destaca pelo design vertical de alta tecnologia e com forte apelo estético, que aproveita ao máximo a força do vento para gerar energia limpa, completamente livre da emissão de carbono.

Trazido para o Brasil pelo empreendedor e urbanista Jaques Suchodolski, idealizador do projeto do Neo, o equipamento foi instalado apenas a título de demonstração e visualização desta tecnologia sustentável.

As duas turbinas do condomínio terão a mesma estrutura, mas com o dobro do tamanho da atual, alcançando 1,20 metro de diâmetro e seis metros de altura. Cada uma será capaz de gerar cerca de cinco kilowatts de maneira silenciosa e segura, numa configuração ideal para a instalação em residências e edifícios.

Com previsão de entrega das obras em março de 2012, o condomínio Neo Next Generation será o primeiro empreendimento residencial no Brasil a contar com um gerador próprio de energia eólica. Utilizando os mais modernos conceitos de sustentabilidade, o projeto prevê o uso de energia limpa para o aquecimento da água de todos os 24 apartamentos, resultando em uma economia de 50% na conta de luz para os proprietários. Além da energia eólica, o condomínio contará com uma estrutura de reaproveitamento de água da chuva e estação de tratamento de água.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O renascimento da energia nuclear

por Eduardo Araia, para Idéias Green

Depois de ficar algum tempo em plano secundário, a energia nuclear volta a ser uma opção concreta em vários países, incluindo o Brasil. Só os Estados Unidos, líderes em número de usinas, estudam a construção de 19 novas plantas nos próximos anos

(foto: Caetité)

Quando se fala em energia nuclear, a memória das pessoas com mais de 40 anos repassa, quase automaticamente, palavras como "Chernobyl" e "Three Mile Island". Os desastres ocorridos nessas usinas - o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986; o de Three Mile Island, nos Estados Unidos, sete anos antes - estão entre os principais argumentos dos críticos dessa forma de energia, como o físico brasileiro José Goldemberg, prêmio Planeta Azul (o Nobel do meio ambiente) de 2008. Por que investir nela, se um erro em seu funcionamento pode causar tantos estragos ambientais e humanos? E o que fazer com os perigosíssimos resíduos radiativos dessa atividade, cuja destinação até hoje é uma incógnita?

Mas a necessidade de ser autossuficiente em energia, a escassez de fontes para isso e a ameaça cada vez mais onipresente do aquecimento global (cujo combate envolve a adoção de tecnologias que não liberem gases-estufa na atmosfera) têm feito o mundo olhar com outros olhos para a energia nuclear. Ela, aliás, é defendida por um "verde" acima de qualquer suspeita: o cientista britânico James Lovelock, criador da Hipótese Gaia. De acordo com ele, atualmente não há outra alternativa "lógica" para a necessidade de substituir a energia oriunda de combustíveis fósseis além da nuclear.

Com isso, e apesar de todas as pressões contrárias (e do preço para lá de salgado), a energia nuclear destinada a fins pacíficos é - diversamente do que se observava há alguns anos - um negócio em expansão no mundo. Hoje em dia há cerca de 440 reatores em ação ao redor do planeta, localizados em 31 países e gerando aproximadamente 17% da produção global de eletricidade. Cerca de 50 reatores estão em construção, especialmente na China, na Coreia do Sul e na Rússia. A França, a Índia, a Finlândia e até o Brasil também estão erguendo novas plantas.

A França, aliás, tem demonstrado há um bom tempo confiar plenamente na energia nuclear: quase 77% de sua matriz energética se baseia nessa fonte, o percentual mais elevado do planeta. O país possui atualmente 58 usinas, o que lhe dá a vice-liderança mundial no número de plantas do gênero. O primeiro lugar nessa classificação é, disparado, dos EUA, com 104 - número que vai aumentar significativamente nos próximos anos, numa verdadeira "renascença nuclear" iniciada pelo governo de George W. Bush em 2007 e assimilada por Barack Obama.

A base tecnológica

Duas tecnologias aparentadas - reatores de água pressurizada e água fervente - têm convivido desde o início da era da energia nuclear. No reator de água pressurizada (tipo predominante nos EUA), a água superaquecida é bombeada sob alta pressão para o núcleo do reator, onde transfere sua energia térmica para um sistema a vapor secundário que gira uma turbina a fim de gerar eletricidade. No reator de água fervente, a água, injetada diretamente no núcleo, cria uma mistura de vapor d'água que gira a turbina.

A ânsia do governo Obama por tirar seu país da dependência do petróleo e trocá-lo por fontes energéticas mais limpas está por trás da abertura dos cofres para o setor nuclear. Só em fevereiro deste ano, a Casa Branca anunciou US$ 18,5 bilhões em créditos tributários para o setor, além de garantias de empréstimos para novos reatores. Um projeto de lei sobre o clima elevaria essas garantias para US$ 54 bilhões. Calcula-se que cada nova usina nuclear norteamericana custe entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões. (A propósito, a vida útil de cada usina do país é limitada a 60 anos.)

A nova fase de investimentos dos EUA em energia nuclear veio com tamanha intensidade - entre 2007 e 2009 houve 18 pedidos de construção de novas plantas - que encontrou os órgãos reguladores despreparados para a demanda.

Para cuidar dos novos pedidos de licenciamento, a Comissão Reguladora Nuclear (NRC, na sigla em inglês), que havia perdido pessoal em virtude da falta de trabalho, contratou cerca de mil funcionários, cuja falta de experiência já inquieta muita gente. No geral, os norte-americanos acompanham entre animados e apreensivos esse renascimento nuclear. Afinal, foi lá que falhas humanas e de equipamento levaram ao primeiro grande acidente nuclear da história (ver quadro abaixo). Lá também é o país do popularíssimo anti-herói da tevê Homer Simpson, ácido emblema do norteamericano médio. Funcionário de uma usina nuclear, ele exibe uma (des)qualificação profissional habitualmente satirizada nas tramas da série.

Para minimizar os riscos de problemas como ações desastradas de algum "Homer Simpson", os novos modelos de usinas são mais simples e, em caso de acidentes, dependem menos de intervenções humanas ou mecânicas. A NRC tem aumentado o controle regulador desses projetos, exigindo características de segurança adicionais ou alterações de engenharia para melhorar o fornecimento de água de resfriamento de emergência. Alguns projetos, por exemplo, investem na gravidade para suprir essa água, em vez de bombas passíveis de falhas. A meta é reduzir o risco de um acidente capaz de danificar os núcleos dos reatores para uma ocorrência a cada 10 milhões de anos. E, mesmo que isso acontecesse, o governo considera que ainda assim a radiação não escaparia, pois os reatores têm edifícios de contenção e sistemas específicos para impedir que ela seja liberada.

Vista assim, a história da expansão do maior parque nuclear mundial parece bem encaminhada. Mas há problemas, afirmam os críticos. As estruturas de contenção dos projetos de centrais nucleares, por exemplo, são reforçadas desde o 11 de Setembro de 2001, de modo a resistir ao impacto direto de um avião, mas um modelo que sete concessionárias pretendem adotar, da empresa Westinghouse, não suportaria um grande terremoto, avalia a NRC. A recomendação pós-Three Mile Island de que se seguissem no máximo dois esquemas-padrão para as usinas - uma forma de simplificar o licenciamento, a construção e a operação das novas centrais, com a vantagem adicional de reduzir custos - está sendo atropelada pelas concessionárias. Na ânsia de conquistar mais rapidamente os recursos oficiais, elas aumentaram o leque para cinco esquemas-padrão, desenvolvidos em projetos feitos sob medida, cada qual com suas particularidades e exigências. Isso significa muito mais trabalho para a NRC e gastos bem maiores de manutenção.

A indústria nuclear, representada pelo Nuclear Energy Institute, tem alegado que suas avaliações de risco na concepção das novas usinas, para medir a probabilidade de um acidente grave, têm resultado em números muito baixos. Mas, para Edwin Lyman - cientista sênior da Union of Concerned Scientists, que tem avaliado a segurança de reatores nos últimos 40 anos -, os riscos dos atuais projetos são muito baixos quando apenas os eventos internos (como incêndios ou quebras de tubulação) são considerados. No caso de eventos externos, como terremotos, as novas centrais não mostram nenhum ganho de segurança em relação às suas antecessoras.

Lyman lembra ainda que, como os reatores são novos, as concessionárias na verdade não possuem nenhuma experiência operacional com eles, o que torna as avaliações de risco mais um exercício teórico do que um estudo baseado em dados concretos. Mas o mais importante, segundo o cientista, é que o projeto original desses aparelhos lhes permite suportar apenas uma sequência previsível de eventos. Acontecimentos inesperados, como os observados em Three Mile Island, já causariam acidentes, alerta Lyman.

Energia nuclear, enfim, é um negócio que envolve riscos, e cabe aos investidores, aos governos (que em vários casos também estão no primeiro papel) e à sociedade avaliar se vale a pena correr esses riscos em função do provável retorno. Em países como o Brasil, a dúvida é considerável, dadas as alternativas disponíveis. Para quem não as tem, como França ou Japão, a opção pela energia nuclear é compreensível - e, uma vez adotada, não adianta muito reclamar das consequências. Como observou o químico japonês Yumi Akimoto, um dos formuladores da política energética de seu país, "se vamos aceitar o poder nuclear, temos de aceitar o sistema por completo. Algumas vezes queremos nos deliciar com a primeira colheita de frutas, mas esquecemos como cultivar as árvores".

Ícones do desastre nuclear

(foto: Mark Resnicoff)

Chernobyl - Construída em Pripyat, na Ucrânia (então parte da União Soviética), a usina de Chernobyl foi palco, em 26 de abril de 1986, do pior acidente nuclear da história: uma explosão de vapor em seu reator 4, seguida de incêndio, novas explosões e, por fim, um derretimento nuclear. A nuvem de radiatividade resultante atingiu a União Soviética, a Europa Oriental, a Escandinávia e o Reino Unido. A contaminação, 400 vezes maior do que a registrada em Hiroshima após a explosão da bomba atômica, em 1945, levou à evacuação e ao reassentamento de populações de grandes áreas da Ucrânia, da Rússia e de Belarus (país no qual caiu cerca de 60% da radiatividade). Um relatório da ONU de 2005, contestado por ambientalistas, informou que o acidente causou 56 mortes até aquela data e originou doenças que matariam mais 4 mil pessoas. Defeitos no projeto do reator e falhas humanas são as prováveis causas do acidente.

(foto": Wikimedia Commons)

Three Mile Island - Situada na Pensilvânia (EUA), a usina de Three Mile Island registrou em 28 de março de 1979 o até então maior acidente nuclear do mundo. A soma de erros humanos e de projeto levou a central a sofrer uma fusão parcial, com vazamento de radiatividade para a atmosfera. Em poucos dias, cerca de 140 mil pessoas deixaram voluntariamente a área num raio de oito quilômetros a partir da usina. Esse acidente nuclear ocorreu 13 dias após o lançamento do filme Síndrome da China (estrelado por Jane Fonda e Jack Lemmon), que abordava um episódio fictício semelhante.

O desafio do lixo nuclear

O que acontece com o lixo nuclear? De início, deve-se considerar que há três tipos de resíduos nucleares: os de baixa, média e alta radiatividade (a passagem de uma classe à outra acima equivale a um aumento de cerca de mil vezes na radiação). Os primeiros, que incluem, por exemplo, rejeitos de indústrias e hospitais, podem ser estocados em depósitos provisórios. Os últimos, que abrangem os restos do combustível nuclear utilizado nas usinas, devem ir para depósitos permanentes.

Isso não ocorre com o lixo de Angra, empilhado em uma piscina de resfriamento ao lado do reator. Várias barreiras de aço, chumbo e concreto cercam a piscina e o próprio reator para minimizar o risco de vazamento. A piscina de Angra 2 pode guardar lixo nuclear por cerca de 40 anos, tempo estimado de funcionamento da usina.

As usinas, em si, são outro problema. Quando sua vida útil acaba, várias partes delas estão contaminadas e representam risco. Mas, até hoje, nenhuma usina foi desmontada, e os cientistas ainda não têm uma resposta definitiva sobre o que fazer com esse material.

(foto: Infonet)

Os planos brasileiros

Dono de várias opções de geração "limpa" de energia, o Brasil poderia ficar alheio à nova onda nuclear. Só o aproveitamento do bagaço da cana plantada em São Paulo, por exemplo, equivaleria à produção de cinco usinas como Angra 2. Mas o atual governo não só decidiu construir Angra 3 (1.405 megawatts), a um custo estimado de R$ 7 bilhões e com entrada em operação prevista para 2015, como planeja erguer até 2030 mais quatro novas centrais de energia nuclear. Segundo declarações de Carlos Henrique Mariz, representante da Eletronuclear (a subsidiária da Eletrobra s responsável pela área) no Nordeste, ao portal Invest NE, em março, duas usinas serão erguidas naquela região, com início de atividades em 2019 e 2021, e as demais, no Sudeste. Cada usina de 1.100 MW, como as projetadas para o Nordeste, custaria US$ 4,4 bilhões.

Em termos estratégicos, a ideia tem fundamento. Segundo as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa que beneficia o urânio e fabrica o combustível nuclear no Brasil, o País possui a sexta maior reserva desse minério do mundo (309 mil toneladas), capaz de abastecer 32 usinas nucleares de 1.400 MW durante os cerca de 60 anos de sua vida útil. Para Mariz, as usinas no Nordeste permitirão que a região deixe de importar energia, algo que faz desde os anos 1990.

Todas as providências estão sendo tomadas com relação à segurança desses empreendimentos, frisa Mariz. Com isso, a única grande questão em aberto seria o destino do lixo nuclear produzido pelas usinas. O Brasil tem apenas um depósito permanente de resíduos radiativos, em Goiás; os existentes em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro, localizados em centros de pesquisa nuclear, são provisórios.

Comentários:
A questão do crescimento da oferta de energia no Brasil, que tem de dar conta da contínua evolução do consumo, não é simples. A tradicional matriz hidrelétrica não pode ser expandida na mesma velocidade da demanda.

Parte da solução tem sido importar gás (da Bolívia, que estatizou as instalações montadas pela Petrobrás) para ser utilizado em usinas térmicas, poluentes e muito menos eficientes do que as hidrelétricas, além, claro, de usarem de recurso não renovável, mas de construção rápida.
Diante disto, e considerando também o fato de que o Brasil dispõe de amplas reservas naturais de urânio bem como da tecnologia de enriquecimento, estou convencido de que a energia nuclear é uma boa opção para atender à demanda nacional de energia de curto e médio prazos.
Cabe acrescentar que outras opções não devem ser desenconrajadas. Ao contrário, parques eólicos, usinas solares, pequenas centrais hidrelétricas, usinas de biomassa, são todas opções que devem ser estimuladas, inclusive por que têm fontes renováveis.
O que não pode ocorrer é ter o desenvolvimento do país tolhido ou retardado por falta de energia.
Sou, portanto, hoje em dia, favorável à energia nuclear.


Arq. Antonio Macêdo Filho

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Projetos para etiqueta de eficiência energética para prédios residenciais estão em consulta pública

Já o Procel para edifícios comerciais acaba de ser alterado e tem novo texto publicado. Agora, economia no uso de água passa a ser contemplada como bonificação da etiquetagem
Por Mauricio Lima, para Construção Mercado, publicado originalmente em PiniWeb

Depois dos edifícios comerciais, agora os residenciais devem ganhar etiqueta de eficiência energética

O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) disponibilizou para consulta pública dois projetos para a formatação da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (Procel Edifica) para residências: o Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R) e os Requisitos de Avaliação da Conformidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RAC-R).

O RTQ-R fica em consulta pública no site do Inmetro até esta sexta-feira (22). Esse regulamento define as condições técnicas necessárias de unidades habitacionais autônomas, de edificações residenciais multifamiliares e de áreas de uso comum de edificações multifamiliares ou de condomínios residenciais para o recebimento da etiquetagem.

Já o RAC-R, está em consulta pública desde o dia 13 de outubro, ficando disponível para visualização até 13 de novembro. O objetivo do RAC-R é definir, a partir do próprio RTQ-R, de que modo as edificações serão avaliadas, descrevendo a parte burocrática necessária para a obtenção do selo.

Etiqueta para edifícios comerciais

O Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) para edifícios comerciais passou por revisão é já está disponível. As alterações foram publicadas na última quinta-feira (14).

A nova portaria apresenta modificações nos requisitos para a aprovação da envoltória, sistemas de iluminação e de condicionamento de ar. Além disso, a economia no uso de água passa a ser contemplada como bonificação da etiquetagem. Ainda foram adicionados à nova portaria novos materiais que serão levados em consideração na avaliação.

O Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE), laboratório indicado pelo Inmetro para realizar as avaliações e o único a fornecer as etiquetas, disponibilizou uma versão da nova portaria, com as mudanças destacadas na cor azul.

A validade da etiqueta é de cinco anos, prazo em que os edifícios certificados deverão passar por novas avaliações do Inmetro. No Brasil, 14 edifícios já têm a certificação.