quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A primeira escola sustentável certificada da América Latina é do Brasil

Por Igor Leal Figueiredo, para Revista Superinteressante e Ambiental Sustentável


A Escola Estadual Erich Walter Heine, inagurada em maio de 2011, no Rio de Janeiro, é a primeira da América Latina a receber o certificado LEED Schools (Leadership in Energy and Environmental Design), do Green Building Council. Poucas têm o selo. Fora os EUA, que concentram 118 construções desse tipo, Noruega, Bali e agora Brasil somam 121 escolas certificadas em todo o mundo.
A lista de características que conferem o status à construção é grande. Um exemplo é o sistema que capta água da chuva para uso nas descargas dos vasos sanitários, nos jardins e na limpeza e chega a economizar metade da água potável disponível no local.
Outras medidas interessantes são:
- Iluminação toda feita com lâmpadas LED, o que reduz em até 80% o consumo de energia. Há também painéis solares para geração de energia limpa;
- Formato da construção pensado para gerar maior aproveitamento da circulação do ar e, por isso, menor necessidade de refrigeração;
- Coleta seletiva e espaço para armazenar lixo para reciclagem;
- Uso de “telhado verde” com vegetação que absorve calor (deixando o ambiente com temperatura mais amena) e melhora o escoamento de água da chuva;
- Bicicletário e vagas especiais para veículos com baixa emissão de poluentes;
- Acessibilidade a alunos com necessidades especiais;
- Tratamento acústico nas salas de aula, corredores e ambientes internos próximos às salas;
- Análise prévia da qualidade do solo para a construção e uso de 70% da permeabilidade natural do terreno;
- Reaproveitamento de 100% do material de entulho gerado durante a obra.

Investimento na escola foi de R$11 milhões. A certificação para construções verdes dialoga com a necessidade cada vez maior de soluções que interliguem construção civil e sustentabilidade. Segundo dados da USP, de 40% a 75% dos recursos extraídos da natureza são utilizados nesse setor, responsável por grandes impactos ambientais ao longo do processo de produção de matéria-prima, transporte, montagem e descarte.
Os “restos” gerados pelas atividades de construção e demolição geram uma massa que chega a representar 500 kg de resíduos por habitante ao ano – mesmo que seja possível reciclar ou reaproveitar a maior parte desses materiais. Por isso, iniciativas que buscam melhorar a eficiência e economia das construções são sempre bem-vindas. Você não acha?




quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Visitas Guiadas Green Buildings em São Paulo EcoBuilding / ArqTours 2012

Caros,

Durante a semana da Construção Sustentável em São Paulo, por conta da feira Green Building Brasil, que ocorrerá em São Paulo entre os dias 11 e 13 de Setembro, no sábado dia 15/09 realizaremos mais uma edição das Visitas Guiadas Green Buildings em São Paulo EcoBuilding / ArqTours.

Clique na imagem abaixo para reservar vaga.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

BNDES e Finep oferecem linhas de financiamento para projetos e estudos em eficiência energética

Vanessa Melo, para o Procel Info, 17.08.12
 
Brasil – BNDES e Finep oferecem linhas de financiamento para projetos e estudos em eficiência energética. O secretário de Energia da Finep, Laércio de Sequeira, e o gerente de Meio Ambiente do BNDES, Guilherme Martins falam sobre as linhas de crédito das instituições e eficiência energética
 
Brasil – Atualmente, a preocupação ambiental tornou-se uma condição mercadológica de sobrevivência empresarial. Nesse cenário, os processos e produtos adquiridos devem apresentar e preencher as exigências, não só legislativas, mas também de clientes conscientes que desejam consumir produtos que foram produzidos com o mínimo de impacto ambiental e desperdício.

A forma como a energia é gerada, distribuída e consumida vem ganhando espaço dentro desse novo panorama e ganhando importância no setor que, atualmente, pode contar com diversas formas de financiamento para o estudo, desenvolvimento e para implantação de projetos de eficiência energética.

A Finep - Financiadora de Estudos e Projetos – e o BNDES oferecem linhas de crédito para empresas do setor de energia que desejam alcançar destaque e índices positivos nesse sentindo.

A Finep, que tem o objetivo de promover o desenvolvimento por meio do fomento público à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas, dispõe de diversas opções, como nos mostra o engenheiro, analista e secretário técnico de Energia e Biocombustíveis da Finep, Laércio de Sequeira.

“O apoio da instituição abrange todas as etapas e dimensões do ciclo de desenvolvimento científico e inovação”, afirma Sequeira, que está constituído em pesquisa básica, pesquisa aplicada, melhoria e desenvolvimento de produtos, serviços e processos.

Para a Financiadora, o importante é o desenvolvimento em benefício do país que possa ser usado de diversas formas por empresas futuramente. O secretário de Energia da Finep exemplifica que “a Finep apoia o estudo e desenvolvimento para se adquirir máquinas e equipamentos mais eficientes, ou a indústria que deseja desenvolver uma lâmpada mais econômica. E não o projeto para a substituição dessas lâmpadas ou a aquisição desses equipamentos.”

(...)

O Inova Brasil não é uma linha específica para o setor de energia, porém pode atender às empresas da área com encargos reduzidos para a realização de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. As operações de crédito nessa modalidade são praticadas com encargos financeiros que dependem das características dos projetos. O apoio ocorre conforme três linhas de ação: inovação pioneira, inovação contínua e inovação e competitividade.

(...)

Já no BNDES, é sabido que para o financiamento de projetos de eficiência energética, o banco possui o ProEsco, que é o principal instrumento de financiamento do setor, que tem a finalidade de promover intervenções que comprovadamente contribuam para a economia de energia, aumentem a eficiência global do sistema energético ou promovam a substituição de combustíveis de origem fóssil por fontes renováveis.

Entre alguns focos de ação possíveis do programa estão a iluminação, a otimização de processos, ar condicionado e ventilação, refrigeração e resfriamento, aquecimento, geração, transmissão e distribuição de energia; gerenciamento energético, melhoria da qualidade da energia, inclusive correção do fator de potência e redução da demanda no horário de ponta do consumo do sistema elétrico.

Clique aqui para saber mais...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Curso Arquitetura Sustentável - Nova turma em São Paulo


Novas turmas MBA em Construções Sustentáveis pelo país

Caros,

Neste final de semana estamos inaugurando a quarta turma do MBA em Construções Sustentáveis INBEC / UNICID / GBC Brasil em São Paulo. Nas próximas semanas, teremos também aberturas de novas turmas em Fortaleza, Salvador e Porto Alegre e a primeira turma em Belém.

Estes fatos refletem o amadurecimento do mercado da Construção Sustentável por todo o país e contribuem para consolidar ainda mais o curso como o de maior êxito do país na área.

Estamos seguros de estarmos dando contribuição relevante, com a capacitação técnica de profissionais na área, para o desenvolvimento sustentável do país.


Mais informações e insrições para turmas em todo o Brasil em: www.inbec.com.br

Para a 4a turma em São Paulo, com início em 17 de Agosto 2012: (11) 2626 9575 / saopaulo@inbec.com.br


Projeto EcoHHouse testa produtos de construção sustentável

Por Gisele Eberspächer, para Atitude Sustentável, publicado em14/03/2011

EcoHHouse testa produtos de construção sustentável. Casa é construída em São Paulo para testar a eficiência de produtos sustentáveis

O projeto EcoHHouse foi fundado por três empresas (JBN Eletronics, Ambiental MS e Signal System) para mostrar como é possível viver de uma maneira mais sustentável. Junto com outros parceiros, o projeto está construíndo uma casa com recursos sustentáveis, com intenção de testar a eficiência dos itens, que podem ser aplicados em outras construções.

Para João Barassal Neto, coordenador geral do projeto, a casa irá apresentar três recursos fundamentais para a sustentabilidade: um sistema de reaproveitamento da água da chuva, a iluminação feita com tecnologia LED e o aquecimento de água por energia solar.

Modelo de fachada da EcoHHouse: recursos sustentáveis em teste. (Imagem: EcoHouse)

“A mudança de paradigma da maneira como as pessoas estão tratando o desperdício dos recursos naturais, está conscientizando cada vez mais as pessoas para se tornarem ecologicamente corretas e sustentáveis”, explica João.

Para repassar as informações para a sociedade e incentivar iniciativas já existentes no mercado, as empresas podem participar do projeto como parceiros – doando os produtos para que seja testados e aprovados pelo Grupo EcoHHouse. Depois de aprovados, esses produtos fazem parte de uma lista de fornecedores que podem usar a marca EcoHHouse em seus produtos.

João ainda fala que um dos maiores desafios da sustentabilidade hoje é a falta de acesso a produtos ou escolhas sustentáveis: “ A sustentabilidade já está fazendo parte do cotidiano, hoje vemos cada vez mais empresas e pessoas preocupam com o tema. Infelizmente ser sustentável ainda é caro, pois não temos políticas de incentivo de governos e prefeituras para que este custo caia ou se tornem mais baratos com a diminuição de impostos para quem as utilizar”, finaliza.

A casa é em São Paulo e as etapas de construção podem ser acompanhadas pelo: http://www.ecohhouse.com.br/

terça-feira, 14 de agosto de 2012

ARQUITETURA HOSPITALAR APOSTA EM PROJETOS SUSTENTÁVEIS .

Por Márcia Brandão, para Segs.com.br

Um dos assuntos mais discutidos no momento é a sustentabilidade. Para se ter uma ideia, no País há mais de 500 empreendimentos com certificado de construções verdes, conforme dados Green Building Council Brasil. Essa tendência está ganhando também adesão nos projetos das edificações hospitalares.

Para o presidente da ABDEH Fabio Bitencourt a construção de hospitais sustentáveis é um conceito que veio para ficar.

Cada vez mais cresce a preocupação com as construções verdes. Só no Brasil há mais de 500 empreendimentos com a certificação ambiental LEED - Leadership in Energy and Environmental Design registradas pelo USGBC - Green Building Council, organização mundial sem fins lucrativos com representação no Brasil. A estimativa é que até o final do ano o número de prédios verdes ultrapasse a 650, o que torna o Brasil o 4° no ranking mundial atrás apenas dos Estados Unidos, China e Emirados Árabes. Já para 2013 das novas construções entregues nas cidades de São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro pelo menos 50% delas já terão certificação LEED. No Brasil também há a certificação AQUA - Alta Qualidade Ambiental desenvolvido no País a partir da certificação francesa Démarche HQE.

A tendência de projetos sustentáveis também está crescendo nos edifícios hospitalares. No País, estabelecimentos de saúde como Delboni Auriemo, Fleury Medicina e Saúde e o Hospital Israelita Albert Einstein já adotaram elementos verdes nas suas construções. Para a arquiteta Ana Virginia Carvalhaes de

Faria Sampaio, o conforto e as questões relacionadas com sustentabilidade fazem parte hoje da grande maioria dos projetos. “Podemos verificar, principalmente nos últimos 10 anos, uma maior preocupação com as questões ambientais por parte dos arquitetos responsáveis por projetos na área hospitalar e também por parte dos fornecedores de insumos”, ressalta.

A opinião da especialista é compartilhada por Fabio Bitencourt, presidente da ABDEH - Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar. “O hospital sustentável é um conceito que veio para ficar e cada vez mais estará contido em leis, normas, regulamentos e nos princípios da formação dos arquitetos. Além disso, os materiais de construção, os equipamentos prediais e os métodos de trabalho deverão instruir-se nas bases do desenvolvimento sustentável”, afirma. “Este não é um assunto esgotável, muito pelo contrário, ele é dinâmico e complexo, assim como os componentes da assistência à saúde e dos edifícios concebidos para tal”, completa.

Segundo Ana Virginia, autora da tese de doutorado “Arquitetura hospitalar: projetos ambientalmente sustentáveis, conforto e qualidade. Proposta de um instrumento de avaliação”, pela FAUUSP - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, para projetar um edifício hospitalar verde deve-se levar em consideração os seguintes aspectos: ambientais - preocupação em adequar o projeto ao meio ambiente aproveitando os recursos naturais locais; econômico - utilização de sistema construtivo racional, padronização, flexibilidade, modulação, reutilização de materiais evitando desperdícios e produção de resíduos, mão de obra qualificada e tecnologia que permita redução no consumo de energia e de água; sociais - preocupar com a satisfação dos usuários envolvidos em todas as etapas da construção e o que é fundamental, sem se esquecer das questões estéticas. “Projetar um edifício hospitalar sustentável é projetar levando em consideração os princípios básicos da Arquitetura e Urbanismo, é fazer Arquitetura”, assegura.

De acordo com a arquiteta, um projeto que procura utilizar recursos naturais resultará em um ambiente saudável, de qualidade e possibilitará aos seus usuários maior satisfação e bem-estar nas atividades que ali serão desenvolvidas. “Arquitetura sustentável é aquela compromissada com o conforto ambiental, adequada ao clima local, integrada ao entorno, preocupada com a qualidade do ambiente e com a satisfação do seu usuário”, explica. “Também pode minimizar o desconforto de ambientes hospitalares geralmente frios, impessoais, com odores e ruídos peculiares, com pessoas sofrendo e profissionais apressados, tornando-os mais humanos”, completa.

A arquiteta Ana Virginia Carvalhaes de Faria Sampaio estará presente no V Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar, promovido pela ABDEH no mês de setembro, em São Paulo.

ABDEH (www.abdeh.org.br)

Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

A ABDEH foi criada, em maio de 1994, com o objetivo de promover, desenvolver, difundir sobre estudos da edificação hospitalar, que vão desde seu planejamento até a operacionalização. Além disso, a Associação conta com a união de profissionais das áreas de arquitetura, engenharia, administração hospitalar e medicina, com o intuito de contribuir para a melhora dos serviços de saúde e também ter representatividade junto aos órgãos governamentais e não governamentais, entidades públicas e privadas, no Brasil ou no exterior.

A Associação conta com cerca de 600 associados espalhados pelo Brasil, entre eles, profissionais liberais e pessoas jurídicas como, escritórios de engenharia e arquitetura, construtoras e empresas de grande porte. Dentre suas atividades estão: cursos, congressos, palestras e visitas técnicas a hospitais, sendo que o principal evento bienal é o Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar, que terá sua 5ª edição, em setembro, na cidade de São Paulo.

Atualmente, a ABDEH é presidida por Fábio Bitencourt, conta com uma sede instalada em São Paulo e 17 regionais nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Pará, Distrito Federal, Roraima, Santa Catarina, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Piauí.

Comentário:

A ABDEH apóia e recomenda a seus associados, inclusive com a possibilidade de descontos, o curso de ESPECIALIZAÇÃO EM ARQUITEURA HOSPITALAR, promovido pelo INBEC, com chancela da UNICID - Universidade Cidade de São Paulo.

Fábio Bitencourt, da ABDEH, Arthur Brito, da Kahn do Brasil, Augusto Guelli, da Bross Consultoria, Ronald Góes e outros profissionais de renome do setor da Arquitetura Hospitalar brasileira fazem parte do corpo docente do curso, coordenado pela Prof. Arq. Elza Costeira.

Em São Paulo, a primeira turma terá início em Setembro 2012. Há ainda vagas disponíveis. Para mais informações e matrículas, favor consultar: (11) 2626 9575 / saopaulo@inbec.com.br.

Estádio com Energia do Sol

Publicado em Ambiente Energia

Quando estiver pronta em 2013, a Arena Pernambuco será capaz de receber 46 mil torcedores, oferecendo não apenas conforto e segurança, como também o comprometimento com a sustentabilidade. Para isso, o estádio multiuso que está sendo erguido em São Lourenço da Mata contará com uma usina solar capaz de gerar a produção de 1.450 MWh/ano, o equivalente ao consumo de energia de 1.200 residências. O início da implantação está previsto para o segundo semestre de 2012, com expectativa para entrar em funcionamento até junho de 2013, quando a arena irá receber três jogos da Copa das Confederações.

A energia produzida pela usina, que será instalada em uma área contígua à Arena Pernambuco, será destinada ao estádio por meio de painéis fotovoltaicos que vão captar a luz emitida pelo sol. Módulos solares, que compõem o sistema, transformam a luminosidade em energia elétrica e, com o auxílio de um inversor, a corrente contínua passa a ser alternada. A partir desse momento, a energia produzida pode ser entregue para o sistema elétrico do estádio ou para a rede de distribuiçãoconvencional.

Esse processo vai diminuir o risco de perdas de transmissão, pois a energia será produzida e consumida no local. O baixo custo de manutenção permite a geração distribuída, reduzindo as despesas globais de energia. Além disso, traz benefícios ambientais, por ser uma fonte renovável e não poluente. “A instalação da usina solar fotovoltaica em um estádio que sediará partidas da Copa do Mundo representa uma excelente vitrine para a difusão de utilização de fontes renováveis de energia elétrica. Indiscutivelmente, a geração de energia solar representa uma significativa contribuição ao meio ambiente”,ressalta a assessora de eficiência energética do grupo Neoenergia, Ana Cristina Mascarenhas.

Com investimento de R$ 13 milhões, a instalação da usina solar faz parte de um Projeto Estratégico de Pesquisa eDesenvolvimento – “Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira”, lançado em agosto de 2011 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e que será realizado pelo Grupo Neoenergia, por meio da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), e pela Odebrecht Energias Alternativas, em parceria com o governo de Pernambuco.

A instalação dessa usina levará a Arena Pernambuco a integrar um grupo de estádios que são contemplados com esse tipo de energia renovável. Entre eles, estão os americanos Qwest Field, em Seattle, e AT&T Park, em São Francisco, além do alemão EasyCreditStadium, localizado em Nuremberg. Já no Brasil, os estádios do Rio de Janeiro (Maracanã), de Belo Horizonte (Mineirão) e de São Paulo (Itaquerão) também receberão sistemas solares

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Rumo à rede elétrica inteligente

Por Manuel Alves Filho, para o Jornal da Unicamp

Embora tenha tomado algumas providências, o Brasil ainda precisa fazer uma extensa lição de casa para poder criar as condições necessárias à implantação da chamada smart grid (rede inteligente) no seu sistema elétrico. A opinião é de Carlos Alberto Fróes Lima, que acaba de defender tese de doutorado sobre o tema, na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, sob a orientação do professor Gilberto de Martino Jannuzzi.

De acordo com o autor do trabalho, questões ligadas à legislação e regulação do uso dessa nova tecnologia seguem aguardando soluções. “A previsão é de que ostestes em âmbito nacional possam começar em 2013. Até agora, porém, não foram definidos pontos cruciais como as especificações dos novos medidores e nem mesmo os valores das tarifas. O país ainda está se organizando para estabelecer essas diretrizes”, analisa.
Fróes afirma que tais providências são urgentes e fundamentais porque o advento da smart grid proporcionará uma “revolução” do ponto de vista de controle e efetividade dos serviços tanto nos setores de geração, transmissão e distribuição da energia elétrica, quanto no comportamento do consumidor e na relação deste com as concessionárias do setor.

“O conceito de smart grid ainda não está disseminado no Brasil, sendo um assunto novo por aqui. Entretanto, ele é muito abrangente, envolvendo muito da eficiência energética e já vem sendo aplicado há algum tempo nos Estados Unidos, Japão e países europeus. A tecnologia cria uma série de possibilidades técnicas, operacionais e também de negócios”, elenca o pesquisador.

Dito de modo simplificado, o que se pretende com a introdução da smart grid é dotar a rede elétrica de inteligência, de modo que ela possa ser operada e controlada de forma digital (usando equipamentos com tecnologia de comunicação de dados em cada ponto da rede) e com mais eficiência. Atualmente, explica o autor da tese, a geração já dispõe de tecnologias inteligentes, que ajudam a manter a oferta em níveis adequados, mas também tem seus desafios de inovação.

A disposição, agora, é fazer com que a transmissão e a distribuição também atinjam um patamar de operação e supervisão superiores. Uma das alternativas, segundo Fróes, é instalar sensores nos diversos pontos da rede. Com isso, as concessionárias teriam como monitorá-la remotamente, identificando em tempo real eventuais interrupções no fornecimento, perdas técnicas e até mesmo furtos de energia.
Mais do que isso, por meio do medidor eletrônico, que deverá substituir o conhecido “relógio” eletromecânico, tanto a empresa fornecedora quanto os próprios clientes terão como acompanhar de maneira mais próxima e frequente o consumo. “Atualmente, um funcionário vai uma vez ao mês até a residência do cliente para registrar o quanto foi consumido no período anterior.

Com os recursos da smart grid, isso poderá ser feito a cada 15 minutos, por exemplo, pelas duas partes. Isso fará com que as pessoas possam ter maior controle sobre seus gastos com energia e a concessionária conheça melhor os hábitos dos seus clientes”, detalha Fróes. Além dessas vantagens, prossegue ele, a tecnologia também permitirá que sejam estabelecidas tarifas diferenciadas conforme o período do dia e conforme o consumo.

O pesquisador observa que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reguladora do setor, já estabeleceu uma primeira resolução nesse sentido. O documento prevê que o custo da energia no horário de pico será cinco vezes maior do que nos momentos de baixo consumo. “Com isso, o consumidor poderá programar melhor o uso da energia elétrica e, eventualmente, baixar o valor da sua conta. Em vez de tomar banho entre 18h e 21h, por exemplo, ele poderá deixar para fazer sua higiene pessoal depois desse período, quando a tarifa será menor”, exemplifica Fróes. Ocorre, entretanto, que as tarifas a serem praticadas ainda dependem de regulamentação. “Ou seja, a tarifa no horário de pico vai ser cinco vezes maior em relação a que valor? Isso ainda não foi definido”, acrescenta o autor da tese.


Segundo ele, uma consequência dessa possível mudança de atitude por parte dos consumidores poderá ser a redução dos investimentos em geração de energia. Ele esclarece que a oferta do serviço não é estimada a partir de uma demanda média, mas com base no pico de consumo. “Ora, se houver uma redução importante do consumo no horário de pico, a geração poderá ter um planejamento operacional diferenciado. Ou, dito de outra maneira, o país poderá crescer e se desenvolver sem que haja a necessidade de investimentos tão grandes em novas gerações”, imagina.

Outra alteração que a smart grid poderá introduzir diz respeito à atuação das concessionárias. Fróes diz que, assim como acontece em outros países, as empresas brasileiras poderão ser autorizadas a fornecer outros produtos e serviços além da energia elétrica. Nos Estados Unidos, por exemplo, as companhias do setor podem vender o serviço de operar eletrodomésticos considerados “inteligentes”. Além de serem eficientes e apresentarem um baixo nível de consumo de eletricidade, os aparelhos podem ser operados à distância pelas concessionárias. “Nesse caso, o cliente autoriza a empresa a desligar remotamente o seu aparelho quando chega o horário de pico e quando a oferta de energia não é suficiente para atender toda a população. Isto pode evitar apagões.

O cliente também pode acionar ou pedir à concessionária para que o aquecedor seja acionado uma hora antes de ele chegar em casa, durante o inverno”. Ainda no campo das possibilidades, a smart grid pode criar também a figura do consumidor-fornecedor. Desse modo, aquela pessoa que dispõe de um sistema doméstico de geração de energia eólica ou fotovoltaica poderá transferir o excedente da sua produção para a rede, sendo remunerado por isso. “Nessa hipótese, o medidor eletrônico registrará tanto a entrada quando a saída de energia. Mas, para que isso aconteça, será necessário ainda o estabelecimento de normas para não haver interferências de frequências na rede de energia. Do mesmo modo, é preciso estabelecer as especificações técnicas dos medidores, para que os aparelhos executem as funções desejadas”, adverte Fróes.

Por fim, o pesquisador lembra que a smart grid poderá se constituir em uma grande oportunidade de negócios no Brasil. Ele observa que os aproximadamente 58 milhões de medidores domésticos convencionais terão que ser substituídos por equipamentos mais modernos. “Esses aparelhos precisão ser fabricados, instalados e consertados, quando for o caso, por alguém. Isso representará a criação de novas empresas e de um importante número de empregos, com a consequente geração de riquezas para
o país”, entende o autor da tese.

Ao ser questionado sobre quem pagará a conta por toda essa “revolução”, Fróes é direto: “Todos pagaremos, de alguma forma”. De acordo com ele, não se pode afirmar, num primeiro momento, que haverá redução do preço de tarifa por causa da adoção da rede inteligente. Ao contrário, a fase inicial exigirá altos investimentos, o que deve trazer algum tipo de impacto para o bolso do consumidor. “O Brasil vai ter que decidir como isso será feito. No Reino Unido, ficou definido que os clientes é que arcariam com o custo de instalação dos novos medidores. Aqui, a solução terá que ser discutida, inclusive com a
participação da sociedade”, pondera.

Um aspecto que parece claro, completa Fróes, é que a implantação da smart grid no sistema elétrico brasileiro é uma medida inevitável, em razão das vantagens que ela trará. “Atualmente, nossa rede, que começou a ser implantada na primeira metade do século 20, está obsoleta. É preciso atualizá-la. Penso que esse avanço em direção a uma rede inteligente será feito aos poucos. Afinal, não é possível mudar o setor da noite para o dia. Assim, vamos introduzir alguns neurônios progressivamente, de modo que ela fique cada vez mais inteligente. Outros países já fizeram isso com sucesso.

Nós também devemos chegar lá, mas é preciso reafirmar que muitas questões legais, técnicas e operacionais ainda não foram estabelecidas. Sem essas diretrizes, não iremos a lugar algum. Se a lição de casa não for feita com urgência e competência, os consumidores e o país sairão perdendo”, analisa.
Atualmente, a smart grid tem tido alguns de seus recursos testados, de forma piloto, em duas cidades brasileiras: Sete Lagoas, em Minas Gerais, e Parintins, no Amazonas. Na cidade mineira, foram instalados novos medidores e modernos sistemas de telecomunicação, que permitem a troca de dados entre os equipamentos de campo e as centrais computadorizadas.

Com isso, a concessionária local tem como monitorar os níveis de consumo da população, bem como identificar, em tempo real, eventuais interrupções no fornecimento de energia. Já no município amazônico, foram instalados sensores em vários pontos da rede de distribuição, que também permitem a intervenção imediata da fornecedora em caso de falhas no sistema. São testes como estes que poderão ser realizados em dimensão nacional em 2013. No ano seguinte, a tecnologia deverá entrar em operação comercial.