quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Arquitetos trazem a natureza à cidade por meio de jardins verticais

Por CicloVivo, reproduzido em Exame.com (com complementação de imagens)

São Paulo - Para lidar com a falta de vegetação em meio à cidade e ao crescimento urbano, arquitetos do mundo todo estão desenvolvendo projetos ambiciosos para trazer a floresta de volta, usando a tecnologia verde e colocando-as em estruturas verticais.

Projetos trazem a floresta de volta, usando a tecnologia verde e colocando plantas em estruturas verticais - Edifício Bosco Verticale, Milão

Há cem anos atrás, a resposta mais radical do mundo para a expansão da cidade moderna foi a construção de Letchworth, a primeira "Cidade Jardim" do mundo, em Hertfordshire, situada ao norte de Londres.

O criador do conceito de “Cidade-Jardim” foi Ebenezer Howard, que considerava Londres uma cidade poluída, lotada e um local desumano para se viver.

Ele imaginou uma comunidade utópica que poderia desfrutar o melhor da cidade e do campo: um jardim para cada casa e uma caminhada através de campos para os trabalhadores em direção a empregos nas fábricas. A ideia de “Cidade-Jardim” foi replicada em diversas localidades do mundo.

Na última década, porém, a ideia de Howard foi reinventada em conceitos pós-modernos para “cidades sustentáveis”, onde cada vez mais pessoas acreditam que acesso a um jardim é uma necessidade humana básica.

Para o escritório de arquitetura holandês MVRDV, a “Cidade-Jardim” de Howard já não pode ser uma resposta em um mundo com tantas pessoas.

Sua próxima ideia foi a provocativa Cidade dos Porcos, em 2001. Ele sugeriu que os porcos deveriam ser criados e abatidos em torres de vários andares. A empresa argumentou que os animais teriam uma vida melhor no alto do que no chão, e o campo seria liberado para as pessoas. Para eles a questão é a nossa relação com a comida, cidades e natureza.

Edifício Torre Huerta, Valência

A Torre Huerta, um projeto de habitação social de 96 apartamentos, em Valência, foi projetada também pelo escritório MVRDV, em parceria com o escritório MGAARQTOS, de Roterdã, Holanda.

Alguns dos 96 apartamentos terão uma varanda com árvores posicionadas de modo que ninguém ficará na sombra. Valencia costumava ser rodeada por pequenas lotes em que as famílias plantavam frutas e legumes, porém estes ambientes estão desaparecendo com a expansão da cidade para o campo. Esta foi a ideia dos arquitetos, transplantar esses locais em uma “colcha de retalhos” vertical.

Bosco Verticale - Milão, Itália

Stefano Boeri, arquiteto responsável pelo projeto Bosco Verticale - a primeira floresta vertical do mundo, em Milão, Itália, reconhece que existe um modelo alternativo de "arquitetura verde". O movimento "arquitetura viva" vai além da legislação vigente: trata-se de como as cidades devem se sentir.

Estas torres de Milão são possíveis por causa de uma nova colaboração entre arquitetos, engenheiros e botânicos. Ao mesmo tempo, este novo movimento é uma recuperação visionária da natureza, que desapareceu de nossas cidades.
Edifício Harmonia 57, São Paulo

O "edifício verde" do momento, no Brasil, é o Harmonia 57, um bloco de escritórios construído há três anos em São Paulo pela Triptyque, quatro arquitetos franco-brasileiros criaram a prática no Brasil. Suas paredes são construídas de concreto poroso, com silos para que as plantas cresçam na superfície, regadas pela neblina coletada em um engenhoso sistema de tubulações. "É um edifício que respira e transpira", dizem seus criadores.

O herói do movimento para dissolver as fronteiras entre arquitetura e natureza é Edouard François, que montou sua prática em Paris em 1998. Em um projeto inicial, ele encomendou uma "parede verde", sistema de fixação de plantas em paredes, que se tornou um revestimento de moda para hotéis boutique e centros comerciais.

Joseph Williams, um arquiteto recém-formado, propôs em seu projeto de graduação, um conjunto de habitações no leste de Londres que seriam construídas com uma treliça externa de seis andares. A intenção é filtrar o ar e o ruído, mas também criar um "descolamento psicológico da selva de concreto".

Vivemos em uma época em que as fronteiras entre ambientes internos e externos, a arquitetura e a natureza estão se dissolvendo. Como o naturalista John Muir escreveu: "Eu só saí para uma caminhada, e finalmente resolvi ficar fora até o pôr do sol, quando sai, eu encontrei o que realmente estava acontecendo".

Bairro solar na Alemanha produz quatro vezes mais energia do que consome

Por Mayra Rosa para CicloVivo, publicaodo em 20/12/2011

O bairro solar Schlierberg, em Friburgo, Alemanha, é capaz de produzir quatro vezes mais energia do que consome, provando que uma construção ecológica pode ser muito lucrativa.


O bairro é autossuficiente em energia e atinge isso através do seu projeto de energia solar, que utiliza painéis fotovoltaicos dispostos na direção correta. Parece uma estratégia simples mas, geralmente, os projetistas pensam nas instalações solares tardiamente, e dessa forma os painéis perdem parte de sua eficiência.

A vila, projetada pelo arquiteto alemão Rolf Disch, enfatiza a construção de casas e vilas que planejam as instalações solares desde o início do projeto, incorporando inteligentemente uma série de grandes painéis solares sobre os telhados. Os edifícios também foram construídos dentro das normas de arquitetura passiva, o que o permite produzir quatro vezes a quantidade de energia que consome.

O condomínio, com cerca de 11 mil m2, possui densidade média, tamanho balanceado, acessibilidade, espaços verdes e exposição solar.


Ao todo são 59 residências e um grande edifício comercial, chamado Solar Ship, que criam uma região habitável com o menor impacto ambiental possível. Nove das residências são apartamentos localizados na cobertura do edifício comercial. As residências multifamiliares possuem entre 75 e 162 m2.

Todas as casas são de madeira e construídas apenas com materiais de construção ecológicos. O conceito de cores foi desenvolvido por um artista de Berlim, Erich Wiesner.

As casas têm grande acesso ao aquecimento solar passivo e utilizam a luminosidade natural. Cada casa possui uma cobertura simples, com beirais largos, que permitem a presença do sol durante o inverno e
protegem as casas durante o verão. Tecnologias avançadas como o isolamento a vácuo, aumentam o desempenho térmico do sistema da construção.

As coberturas possuem sistemas de captação de água da chuva. A água é utilizada na irrigação de jardins e nas descargas de vasos sanitários. Os edifícios também utilizam lascas de madeiras para o aquecimento no inverno, diminuindo ainda mais o impacto no ambiente.

As instalações permanecem livres de carros, graças à garagem abaixo do edifício comercial, onde é organizado um sistema de compartilhamento de automóveis.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Novas Turmas MBA em Construções Sustentáveis em São Paulo e Ribeirão Preto

Caros,

Com satisfação informo que restam agora poucas vagas disponíveis para a 3a turma do MBA em Construções Sustentáveis em São Paulo, para 20 de Janeiro de 2012.
Além desta,  novas turmas estão prevista para serem abertas também no início de 2012 em Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e outras cidades.
Para mais informações e inscrições, favor acessar: www.inbec.com.br/mba_constru_sus.php



domingo, 11 de dezembro de 2011

Califórnia quer todas as casas novas com eficiência energética até 2020

Por CicloVivo, publicado em Exame.com, em 30/08/2011

Práticas sustentáveis incluem uso de materiais ecológicos, sistemas de aquecimento e refrigeração a partir de energia alternativa e reciclagem

Projeto de casa "verde" do escritório C.F. Møller Architects - Divulgação/C.F. Møller Architects


São Paulo - Habitação sustentável vem em todas as formas e tamanhos e, em 2020, o estado da Califórnia espera que todos os seus novos projetos habitacionais sejam beneficiados dentro do conceito de consumo zero de energia. Práticas sustentáveis incluem materiais, aquecimento e sistemas de refrigeração, captação de energia, reciclagem, técnicas de construção e muitos outros sistemas e tecnologias que estão se desenvolvendo diariamente.

Com tanta inovação contínua, a meta da Califórnia é fazer todas as novas habitações com eficiência energética. Enquanto muitos concordam que isso, de fato, é a abordagem mais responsável e inteligente para nosso crescente consumo energético, incorporadoras e construtoras estão divididas sobre os obstáculos potenciais financeiros que surgem a partir de tal objetivo.

Os grupos responsáveis ​​por estabelecer este objetivo no estado americano são a Comissão de Energia e a Comissão de Utilidades Públicas da Califórnia (PUC, sigla em inglês), que recebem autoridade para preparar tal objetivo sob o Ato de Soluções para o Aquecimento Global, mais conhecido como AB32, que exige que o Estado reduza suas emissões de gases de efeito estufa até 2020.

Jeanne Clinton, criadora do plano e gerente da filial da divisão de energia na PUC, disse que é importante tornar as metas conhecidas no mercado para se certificar de que todos estão fazendo sua parte. Panama Bartholomy, vice-diretor para a eficiência e energias renováveis ​​da Comissão de Energia, observa que esta estratégia de fazer construtoras de moradias e proprietários, individualmente responsáveis é mais econômica do que construir novas infraestruturas para acomodar as necessidades energéticas crescentes.

Para alcançar esse objetivo serão exigidos a cooperação entre várias agências que podem requerer mandatos federais e estaduais, incentivos, subsídios e financiamentos feitos pela agência de investigação.

A Comissão de Energia da Califórnia apresenta um novo conjunto de padrões a cada três anos, então, presumivelmente, em 2020, será determinado um mandato de consumo zero de energia. Ao longo dos próximos nove anos, construtores e compradores serão capazes de transitar entre as novas exigências e as despesas iniciais.

As construtoras também estão esperançosas de que até lá, os preços das casas terão baixado o suficiente para cobrir as despesas iniciais adicionais da construção de casas com eficiência energética. O que os empreiteiros estimam é um adicional de US$ 25 mil a US$ 50 mil. Com isto em mente, apesar da adaptação das casas já construídas ser mais difícil, casas novas têm a chance de reunir, no futuro, diretrizes de energia que prometem produzir tecnológica e esteticamente uma arquitetura inovadora em um futuro próximo.

Um clássico da arquitetura sustentável: Centro cultural em ilha do Pacífico, de Renzo Piano

Por Mayra Rosa, de CicloVivo, publicado em Exame.com, em 29/11/2011

O Centro está localizado em uma faixa estreita de terra, cercada por água. Dez pavilhões foram projetados inspirados nas formas das cabanas tradicionais da cultura Kanak

As “cabanas”, que variam entre 20 e 28 metros, foram assimetricamente situadas ao longo de um caminho principal


São Paulo - O Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou foi inteiramente planejado com base na cultura Kanak, um tribo da região de Nouméa, na ilha de Nova Caledônia, no Pacífico Sul. Projetado pelo famoso arquiteto italiano, Renzo Piano, a obra é considerada uma das pioneiras da arquitetura sustentável, pois carrega aspectos econômicos, socioculturais e ambientais.

Construído para homenagear Jean-Marie Tjibaou, um líder assassinado da cultura Kanak, o arquiteto utilizou estratégias eficientes de construção sustentáveis para manter os pavilhões frescos e integrá-los à natureza. A obra teve seu início em 1991 e foi terminada somente em 1998.

O Centro está localizado em uma faixa estreita de terra, cercada por água. Dez pavilhões foram projetados inspirados nas formas das cabanas tradicionais da cultura Kanak. As “cabanas”, que variam entre 20 e 28 metros, foram assimetricamente situadas ao longo de um caminho principal.

Organizados em grupos de vilas temáticas, os pavilhões são envoltos por vegetação, expressando a relação milenar dos Kanaks com a natureza.

Os edifícios abrigam instalações culturais como galerias para exposições, bibliotecas, auditórios, um anfiteatro e estúdios para atividades tradicionais, de música, dança, pintura e escultura.

As cabanas foram feitas com a madeira iroko, tradicional da região, combinadas com estrutura de aço e fechamentos em vidro. A arquitetura respeita as construções tradicionais e utiliza métodos sofisticados de engenharia. Este contraste é a expressão essencial do desafio do projeto: o de prestar homenagem a uma cultura com suas tradições, sem cair em uma paródia do mesmo.

Piano utilizou estratégias eficientes para manter os pavilhões frescos. Cada pavilhão possui uma parede curva, que consiste de um sistema de persianas móveis, uma parede de madeira laminada e uma parede adicional de bambu, que filtra a luz. As persianas móveis são operáveis e permitem que o vento entre e o ar quente escape.

Os pavilhões também possuem claraboias operáveis na cobertura e uma tela de madeira laminada que facilita a ventilação natural, permitindo que o vento, que é constante na região, empurre o ar quente de dentro do edifício, para fora, melhorando assim a ventilação natural e descartando a necessidade do uso de ar condicionado.

O centro também possui departamento administrativo e áreas de pesquisa, que ficam alojados em uma segunda série de cabanas.