terça-feira, 31 de julho de 2018

Você conhece a certificação WELL?

A certificação WELL se refere a Bem-estar, Conforto e Saúde das pessoas nos ambientes construídos.

Trata-se da "segunda onda da sustentabilidade", segundo Rick Fedrizzi, fundador do USGBC, que criou o LEED, e atual CEO do International WELL Building Institute. (Veja aqui no blog link para entrevista que fiz com Rick Fedrizzi, em 2017)
Em novembro 2018, como parte da agenda da Missão Técnica para GreenBuild Conference & Expo Chicago 2018, teremos uma extensão a Nova York, com foco no WELL.

Além de visitar empreendimentos realizados e escritórios de projetos, teremos um workshop de um dia sobre o WELL, oferecido pelo próprio IWBI, exclusivamente para a nossa delegação do Brasil.



Venha fazer parte deste grupo e ajude a impulsionar a sustentabilidade para o próximo nível.

Mais informações aqui no blog em: Missão Técnica GreenBuild Chicago 2018 / LEED + WELL Experience NYC - Novembro 2018

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Quer fazer uma cobertura verde e não quer infiltrações? Veja o passo a passo



“Sol, Espaço e Verde para Todos”, é um dos epítetos do Arq. Le Corbusier, quando identificou, em seus estudos, uma cobertura verde como a quinta fachada de uma edificação. Entretanto, para que ela possa ter isto, resistência à progressão de raízes e durabilidade são os principais requisitos técnicos a se observar, já que uma correta impermeabilização é pré-requisito para qualquer cobertura verde.
Assim, à ideia inicial de Le Corbusier podemos acrescentar os conceitos de “Green Building”, com as seguintes vantagens de uma cobertura verde:
  • Redução do custo de energia gasto com ar condicionado;
  • da quantidade de particulado sólido na atmosfera;
  • da velocidade no escoamento das águas pluviais;
  • da transmissão de ruídos;
  • de uma melhor qualidade de vida nos centros urbanos, com a redução de emissão de CO2;
  • e do aumento da vida útil da impermeabilização.
Mesmo com todas estas vantagens, todo mundo pensa duas vezes antes de executar uma cobertura verde, e o principal receio é o risco de infiltrações. Afinal, este é um local que quando não chove, colocamos água todos os dias!
Temos normas técnicas em vários países no Mundo com preocupação nas coberturas verdes e entre elas, podemos citar a norma italiana, UNI 11235:2015 –  Istruzioni per la progettazione, l’esecuzione, il controllo e la manutenzione di coperture a verde.
Esta norma define os critérios de projeto, execução, controle e manutenção das coberturas verdes, em função das particularidades do contexto climático, da edificação e da destinação de seu uso.
E com exigências mais severas, podemos citar a norma alemã, da FLL, Sociedade alemã para pesquisa e desenvolvimento da paisagem e paisagismo (Forschungsgesellschaft Landschaftsentwicklung Landschaftsbau e.V.).
Quanto ao desempenho de uma impermeabilização para suportar a agressão das raízes, podemos citar a norma italiana UNI EN 13948 – Determinazione della resistenza alla penetrazione delle radici, que trata dos requisitos a produtos impermeabilizantes com características antiraiz.
Cabe ressaltar, que apesar de termos tipos de impermeabilização com as características técnicas a se evitar a agressão por raízes, podemos afirmar que não temos normas técnicas, que contemplem a exigência ou parâmetro de desempenho à esta necessidade, no Brasil.
Podemos ter uma cobertura verde sim e vamos elencar os principais passos necessários e informações pertinentes para que possamos aproveitar todos os benefícios de um contato com a natureza, ao alcance de nossas mãos.
PASSO A PASSO PARA EXECUTAR UMA COBERTURA VERDE
Temos que começar sabendo se a laje e demais componentes da estrutura, suportam a sobrecarga com a introdução de uma cobertura verde e isto significa a consulta ao Engenheiro Estruturalista ou de se já ter esta previsão no cálculo estrutural da edificação.
A IGRA, International Green Roof Association, cita três tipologias principais, que são variáveis em função do porte da vegetação e da espessura do substrato, para o cultivo:
  • Extensivo: utiliza plantas rasteiras de pequeno porte. A carga prevista varia entre 60 kg/m² e 150 kg/m²
  • Semi-intensivo: tem vegetação de porte médio. A carga prevista varia entre de 120 kg/m² a 200 kg/m²
  • Intensivo: utiliza plantas de porte médio a grande. A carga prevista varia entre 180 kg/m² e 500 kg/m²
Com isto posto, podemos pensar na impermeabilização a ser realizada de acordo com as exigências e recomendações nas normas técnicas, ABNT NBR 9574:2008 (Execução de impermeabilização) e da ABNT NBR 9575:2010 (Impermeabilização – Seleção e projeto).
Essa última exige a aplicação de sistemas e produtos impermeabilizantes com proteção contra raízes, no caso de jardins, jardineiras, coberturas verdes.
Especial atenção no projeto de impermeabilização para compatibilizar as interfaces e respectivos detalhes executivos com os sistemas hidráulicos, elétricos e sanitários.
Começamos a execução da impermeabilização pela correta preparação do substrato, com uma argamassa de regularização com cimento e areia, traço 1:3, garantindo caimento mínimo de 1% para os ralos.
Lembro que os vazamentos ocorrem nos detalhes, portanto todos os arremates/fixações na estrutura, de bocas de ralo, tubulações (hidráulica e elétrica) emergentes, junção nos cantos de piso com parede, juntas de dilatação, detalhes arquitetônicos, entre outros, devem estar perfeitamente executados, antes da impermeabilização.
Ilustro que além do desempenho desejado à estanqueidade, a impermeabilização deve suportar às agressões das raízes, e as soluções comumente indicadas para impermeabilizar coberturas verdes são:
a) Manta asfáltica antiraiz, na qual um biocida é disperso em toda a massa asfáltica, com especial cuidados nas soldas das emendas e arremates.
b) Solução asfáltica antiraiz, aplicada na forma de pintura sobre a proteção mecânica de um outro tipo de impermeabilização (moldada “in loco” ou pré-fabricada), que não seja antiraiz. Esta pintura asfáltica, tem seu desempenho atrelado a ausência de trincas na proteção mecânica e a sua eficácia será diminuída ao longo do tempo, devido ao desgaste, desta película, pelo contato com a água de irrigação ou pluvial.
Após a execução da impermeabilização e sua respectiva proteção mecânica, sobre a superfície impermeabilizada, temos que prever as seguintes camadas:
  • Camada drenante, com brita graduada, para escoar as águas de chuva contínuas e evitar o encharcamento excessivo da terra;
  • Camada filtrante, com um geotêxtil, para impedir o tamponamento da camada drenante por acúmulo das partículas de solo;
  • Camada de terra, para compatibilização com a vegetação a ser plantada na cobertura verde; 
  • Camada de vegetação.
Fica ainda um último lembrete de que uma cobertura verde é um sistema aberto, sendo impossível evitar a entrada de sementes invasoras que chegam ao local pela ação dos ventos, aves e morcegos, portanto a qualidade/beleza de sua vegetação implica em um cuidado “ad eternum”.

Cumprida a primeira fase do processo de certificação AQUA-HQE da filial da Tereos em São José do Rio Preto/SP, com consultoria de sustentabilidade EcoBuilding


Na semana passada, cumprimos a primeira etapa do processo de certificação AQUA-HQE do empreendimento Business Service Center da Tereos Açúcar e Energia em São José do Rio Preto/SP, com a realização, bem sucedida, da auditoria de Pré-Projeto junto à equipe de auditores indicados pela Fundação Vanzolini, em São Paulo, com nossa consultoria de sustentabilidade EcoBuilding. 

A Tereos é uma multinacional francesa, com matriz em Paris que, além do açúcar, produzido continuamente e em larga escala nos canaviais paulistas, também produz energia elétrica a partir do bagaço de cana, em um processo que reaproveita totalmente o resíduo de matéria orgânica no processo e gera eletricidade em volumes excedentes em grande medida à sua demanda.

Com isto, a empresa, além de ser portanto autônoma em energia, com geração própria renovável, vende energia limpa no mercado livre brasileiro e ainda fornece gratuitamente energia elétrica a hospitais, escolas e outras entidades da região. A sustentabilidade para a Tereos é portanto, pode-se dizer, intrínseca ao seu negócio.

Quando nós apresentamos aos gestores a ideia de adotar a certificação AQUA-HQE, criada no Brasil a partir do referencial francês HQE, para o novo edifício de escritórios da empresa em São José do Rio Preto (uma unidade dedicada a atividades administrativas para uma parcela da equipe), a coisa pareceu fazer todo sentido.

O edifício, com aproximadamente 2.500 m2 de área construída, foi projetado pelo arquiteto local Daniel Ribeiro, está sendo construído pela G5 Construtora e será o espaço de trabalho para 200 profissionais.

Diversas estratégias de sustentabilidade estão previstas e estão sendo implementadas como, por exemplo: Uso de energia solar fotovoltaica e solar térmica para abastecer os chuveiros que atendem aos vestiários que dão apoio aos ciclistas, que contarão com bicicletário para mais de 30 racks, equipamentos de ar condicionado e iluminação de alto desempenho energético e funcional, vidros de alta performance, estratégias para minimização e neutralização dos resíduos de obra (para o que contribui fundamentalmente as estruturas pré-fabricadas em concreto), materiais de conteúdo reciclado e baixo (ou nenhum) conteúdo de COV´s, dentre muitas outras.



Trata-se de um empreendimento que pode ser considerado um caso de sucesso, justamente por que é um edifício de proporções e orçamentos normais, no sentido de que não apresenta números especialmente espetaculares, mas demonstra que, ainda assim, é possível se alcançar elevados desempenhos ambientais, para benefício dos usuários, da empresa, do entorno imediato e do meio ambiente como um todo.

Estamos felizes em poder colaborar para a realização de mais este empreendimento sustentável. 

Consulte-nos caso possamos ajudar a implementar a sustentabilidade em seus projetos, sejam eles de empreendimentos normais ou especiais: contato@ecobuilding.com.br / +55 11 2218 0277.

Para saber mais sobre o Processo AQUA-HQE, recomendo o Curso Online EcoBuilding Fórum: Aplicação do Processo AQUA-HQE Habitacional.

Para outros curso online sobre Construção Sustentável: www.ecobuildingforum.com.br.