Arquiteto britânico especialista em urbanismo sustentável reuniu-se com a prefeitura de São Paulo para discutir ações para a cidade
Publicado originalmente em Estadao.com.br, em 08 de setembro de 2010
O arquiteto e urbanista Brandon Haw, sócio do escritório de arquitetura britânico Foster Partners, trabalha atualmente em um projeto ambicioso: a construção da cidade Masdar City, nos Emirados Árabes. O empreendimento quer ser a primeira cidade sustentável do mundo e um polo de pesquisas em tecnologias limpas. A conclusão do projeto, que teve início em 2007, está prevista para o ano de 2018.
Em visita a São Paulo, Haw reuniu-se com a prefeitura para discutir ações para tornar a cidade mais sustentável no futuro. Ele será um dos palestrantes do Fórum Urbanístico Internacional, que vai ser realizado pelo Secovi-SP no dia 21 deste mês (setembro 2010).
O que tornará Masdar City a cidade mais sustentável?
Haverá muitos atributos, pois a escala do projeto nos permitirá trazer tudo, habitação, transporte, infraestrutura, energia, água, para uma escala mais sustentável. E não estamos falando apenas de tecnologia. A base para o planejamento de Masdar são as comunidades tradicionais do deserto e sua relação com o ambiente. As construções serão orientadas conforme sua posição em relação ao sol, por exemplo. Masdar será desenhada para reduzir significativamente a demanda por energia, que será fornecida apenas por fontes renováveis, especialmente solar fotovoltaica. Mas a cidade será flexível o suficiente para incorporar as novas tecnologias emergentes.
O que uma metrópole como São Paulo precisa fazer para se tornar mais sustentável? É possível reorganizar a cidade para atender a essas questões?
O futuro de metrópoles como São Paulo claramente está em aumentar a densidade de suas áreas centrais. Com 11 milhões de habitantes, o investimento em infraestrutura é fundamental para que se ofereça maior mobilidade a seus habitantes. Não é mais sustentável, economicamente, socialmente ou ambientalmente, permitir que a cidade se espalhe ainda mais.
Uma opção é revitalizar bairros que já existem?
A revitalização de áreas centrais, a exemplo do que já ocorre na Nova Luz e na Mooca/Vila Carioca, é uma oportunidade e tanto para criar bairros vibrantes. Isso não se limita aos edifícios. É preciso rever a hierarquia das ruas e dos espaços abertos, criar usos múltiplos para os bairros, de modo que eles se tornem bons lugares para se morar e para trabalhar, com boa estrutura de transportes públicos. Há várias iniciativas de sucesso. Londres está revitalizando bairros inteiros para receber as Olimpíadas de 2012.
A tendência de selos para construções verdes pode ser indutora de cidades mais sustentáveis?
Métodos voluntários de construção verde como Leed e Breeam têm sido úteis em estabelecer padrões ambientais para as construções. Mas o grande papel indutor cabe à legislação. Na União Europeia, todas as novas moradias terão de ser neutras em carbono até 2016.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
"Skins" arquitetônicas: prédios terão pele para se adaptar ao clima
Por Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/09/2010
Engenheiros, arquitetos e biólogos da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, juntaram-se para criar um novo material que tornará as casas e os edifícios capazes de reagirem às mudanças no clima.
Os pesquisadores querem usar a flexibilidade e a sensibilidade das células humanas como modelo para a criação de "peles" para edifícios e casas, que poderão adaptar-se às mudanças no ambiente para aumentar a eficiência energética das construções.
Skins arquitetônicas
Com base nas respostas dinâmicas que as células humanas geram, os cientistas esperam projetar e construir interfaces entre sistemas vivos e sistemas artificiais que implementem algumas das principais características e funções dos sistemas biológicos.
Os principais alvos da pesquisa são a sensibilidade e o autocontrole dos tecidos biológicos, que serão transpostos para materiais que possam ser fabricados em escala suficiente para recobrir edifícios inteiros.
A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos gostou tanto do projeto que destinou nada menos do que US$2 milhões para a construção dos primeiros protótipos.
Materiais biomiméticos
O grupo está usando algoritmos computacionais para medir e visualizar em tempo real como as células interagem e modificam a geometria dos seus substratos. Esses programas estão sendo utilizados para projetar materiais flexíveis com padrões 1-D, 2-D e 3-D.
Eventualmente esses substratos poderão receber dispositivos nano e microeletromecânicos que implementem novas funções e propriedades e que façam a interface com os sistemas de controle ambiental do edifício.
"Nossa expectativa é que os edifícios possam no futuro responder aos fatores ambientais, como calor, umidade e luz, e responder a eles de forma eficiente," diz Shu Yang, coordenador do projeto.
Engenheiros, arquitetos e biólogos juntaram-se para usar a flexibilidade e sensibilidade das células humanas como modelos para as "skins" arquitetônicas.[Imagem: University of Pennsylvania]
Engenheiros, arquitetos e biólogos da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, juntaram-se para criar um novo material que tornará as casas e os edifícios capazes de reagirem às mudanças no clima.
Os pesquisadores querem usar a flexibilidade e a sensibilidade das células humanas como modelo para a criação de "peles" para edifícios e casas, que poderão adaptar-se às mudanças no ambiente para aumentar a eficiência energética das construções.
Skins arquitetônicas
Com base nas respostas dinâmicas que as células humanas geram, os cientistas esperam projetar e construir interfaces entre sistemas vivos e sistemas artificiais que implementem algumas das principais características e funções dos sistemas biológicos.
A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos gostou tanto do projeto que destinou nada menos do que US$2 milhões para a construção dos primeiros protótipos.
Materiais biomiméticos
O grupo está usando algoritmos computacionais para medir e visualizar em tempo real como as células interagem e modificam a geometria dos seus substratos. [Imagem: Sabin+Jones/LabStudio]
As células vivas alteram suas matrizes extracelulares e, portanto, afetam seu ambiente circundante, com um gasto mínimo de energia, graças a uma combinação de forças físicas e as operações químicas.
A esperança dos pesquisadores é usar esses mecanismos celulares como inspiração para a criação de materiais biomiméticos passivos, sensores e sistemas de imageamento que serão integrados no edifício na forma de peles sensíveis que acionem sistemas de controle da iluminação e do aquecimento.
O grupo está usando algoritmos computacionais para medir e visualizar em tempo real como as células interagem e modificam a geometria dos seus substratos. Esses programas estão sendo utilizados para projetar materiais flexíveis com padrões 1-D, 2-D e 3-D.
Eventualmente esses substratos poderão receber dispositivos nano e microeletromecânicos que implementem novas funções e propriedades e que façam a interface com os sistemas de controle ambiental do edifício.
"Nossa expectativa é que os edifícios possam no futuro responder aos fatores ambientais, como calor, umidade e luz, e responder a eles de forma eficiente," diz Shu Yang, coordenador do projeto.
domingo, 19 de setembro de 2010
Brasil: colapso energético até 2022
Publicado por ecohabitar em Julho de 2010, reproduzindo Ambiente Energia
Por João Campos, da UnB Agência
Veja matéria completa aqui.
Por João Campos, da UnB Agência
O Brasil vai enfrentar uma crise energética e ambiental nos próximos 12 anos. Para combater os danos será preciso triplicar a rede de metrô, ampliar as malhas ferroviária e hidroviária e investir em fontes de energia hidrelétrica e nuclear. O anúncio foi feito pelo professor e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Samuel Pinheiro, em palestra no Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília. A conclusão faz parte do relatório Plano Brasil 2022, elaborado pelo governo federal.
São Paulo à noite, em imagem de satélite (NASA)
A necessidade de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, alarmada por cientistas de todo o mundo, tem obrigado países a desenvolver fontes de energia alternativas ao petróleo. O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo. No entanto, segundo dados o relatório, apenas 30% do subsolo do país é conhecido. “Estima-se que tenhamos a primeira ou segunda maior reserva de urânio do mundo. E temos capacidade para explorar a fonte, falta direcionar políticas”, comenta Samuel.
A necessidade de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, alarmada por cientistas de todo o mundo, tem obrigado países a desenvolver fontes de energia alternativas ao petróleo. O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo. No entanto, segundo dados o relatório, apenas 30% do subsolo do país é conhecido. “Estima-se que tenhamos a primeira ou segunda maior reserva de urânio do mundo. E temos capacidade para explorar a fonte, falta direcionar políticas”, comenta Samuel.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Prédios com etiqueta de eficiência energética economizam até 40% de luz
Apesar do apelo econômico, o Procel Edifica, emitido pelo Inmetro, ainda tem pouca adesão de construtores e incorporadores no Brasil
Por Vanessa Barbosa, para EXAME.com
Segundo o Ministério de Minas e Energia, setor de edificações responde por 42% do consumo de energia do país.
São Paulo - Conta-se nos dedos o número de empreendimentos brasileiros que possuem a etiquetagem de eficiência energética Procel Edifica. Lançada há pouco mais de um ano e válida para prédios comerciais e públicos, ela foi concedida a apenas 10 edifícios. Outros 40, que já foram avaliados pelo Inmetro, aguardam a emissão da etiqueta.
A análise faz parte do Programa Nacional de Conservação e Eficiência Energética em Edificações (Procel-Edifica), que promove a economia e o uso racional da energia elétrica nas edificações. Até o momento, a etiqueta se aplica somente a edifícios comerciais e públicos, que são analisados a partir de três características: sistema de iluminação; condicionamento de ar; e envoltória (análise da fachada, áreas de vidro, janelas, etc.).
Para cada um dos pré-requisitos é dada uma classificação, que vai de "A" a "E", dependendo do nível de eficiência energética da edificação. A média ponderada das três etiquetas determina a nota final do prédio. O sistema de ar-condicionado, por ser um dos que mais consomem energia, tem peso 4, e os demais, peso 3.
Atualmente, a adesão ao programa é voluntária. Mas não por muito tempo. "A ideia é tornar obrigatória a etiquetagem energética dos edifícios, assim como acontece com os eletrodomésticos", afirma Rodrigo Casella, arquiteto do Procel Edifica. "Até o final do ano, ela também deverá ser estendida para edificações residenciais".
Os prédios construídos segundo padrões de eficiência energética custam, em média, de 5% a 7% a mais que os tradicionais. Entretanto, a economia gerada pode chegar até 40%. Para Casella, o apelo econômico (e atrativo) da etiquetagem revela-se o canal mais efetivo para aumentar a adesão dos empresários do setor da construção civil, que ainda é baixa. "Eficiência energética significa economia na conta de luz, ou seja, além dos benefícios para o ambiente, a etiquetagem pesa menos no bolso", enfatiza o arquiteto.
Por uma Copa e Olimpíadas "verdes"
Nos próximos seis anos, o país deve presenciar um boom de novas construções para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Para estimular a adoção de soluções de baixo impacto ambiental pelo setor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma linha de crédito para hotéis em construção ou que pretendam passar por uma reforma.
Um dos pré-requisitos para inscrição no ProCopa Turismo é que o empreendimento tenha a classificação "A" do Procel Edifica. A linha de crédito é de R$ 1 bilhão e se destina a cidades-sedes e capitais, com valores que variam de R$ 3 milhões a R$ 10 milhões.
Leia mais:
Construções sustentáveis ganham mercado no Brasil
Fórum discute, em setembro, sustentabilidade no mercado de construção civil
Por Vanessa Barbosa, para EXAME.com
Segundo o Ministério de Minas e Energia, setor de edificações responde por 42% do consumo de energia do país.
São Paulo - Conta-se nos dedos o número de empreendimentos brasileiros que possuem a etiquetagem de eficiência energética Procel Edifica. Lançada há pouco mais de um ano e válida para prédios comerciais e públicos, ela foi concedida a apenas 10 edifícios. Outros 40, que já foram avaliados pelo Inmetro, aguardam a emissão da etiqueta.
A análise faz parte do Programa Nacional de Conservação e Eficiência Energética em Edificações (Procel-Edifica), que promove a economia e o uso racional da energia elétrica nas edificações. Até o momento, a etiqueta se aplica somente a edifícios comerciais e públicos, que são analisados a partir de três características: sistema de iluminação; condicionamento de ar; e envoltória (análise da fachada, áreas de vidro, janelas, etc.).
Para cada um dos pré-requisitos é dada uma classificação, que vai de "A" a "E", dependendo do nível de eficiência energética da edificação. A média ponderada das três etiquetas determina a nota final do prédio. O sistema de ar-condicionado, por ser um dos que mais consomem energia, tem peso 4, e os demais, peso 3.
Atualmente, a adesão ao programa é voluntária. Mas não por muito tempo. "A ideia é tornar obrigatória a etiquetagem energética dos edifícios, assim como acontece com os eletrodomésticos", afirma Rodrigo Casella, arquiteto do Procel Edifica. "Até o final do ano, ela também deverá ser estendida para edificações residenciais".
Os prédios construídos segundo padrões de eficiência energética custam, em média, de 5% a 7% a mais que os tradicionais. Entretanto, a economia gerada pode chegar até 40%. Para Casella, o apelo econômico (e atrativo) da etiquetagem revela-se o canal mais efetivo para aumentar a adesão dos empresários do setor da construção civil, que ainda é baixa. "Eficiência energética significa economia na conta de luz, ou seja, além dos benefícios para o ambiente, a etiquetagem pesa menos no bolso", enfatiza o arquiteto.
Por uma Copa e Olimpíadas "verdes"
Nos próximos seis anos, o país deve presenciar um boom de novas construções para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Para estimular a adoção de soluções de baixo impacto ambiental pelo setor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma linha de crédito para hotéis em construção ou que pretendam passar por uma reforma.
Um dos pré-requisitos para inscrição no ProCopa Turismo é que o empreendimento tenha a classificação "A" do Procel Edifica. A linha de crédito é de R$ 1 bilhão e se destina a cidades-sedes e capitais, com valores que variam de R$ 3 milhões a R$ 10 milhões.
Leia mais:
Construções sustentáveis ganham mercado no Brasil
Fórum discute, em setembro, sustentabilidade no mercado de construção civil
sábado, 11 de setembro de 2010
A sustentabilidade nos alicerces do desenvolvimento
Há, evidentemente, uma clara intenção por parte dos governos federal e estaduais de converter o Brasil num amplo canteiro de obras
Por Ieda Novais, para Administradores.com.br
O bilionário americano Sam Zell, do grupo Equity International, esteve no Brasil nos dias 23 e 24 de junho para verificar oportunidades e expandir investimentos no País. Zell, que já tem participações em cinco empresas brasileiras, entre elas a Gafisa e a BR Malls, afirmou na ocasião que o país vai muito bem, disse não temer o risco de superaquecimento da economia e elogiou a opção brasileira por apostar no crescimento sem abrir mão da disciplina fiscal.
A percepção de Zell está correta. De fato, o Brasil desponta hoje, no cenário mundial, como o mais promissor dos países emergentes. Mas há lacunas que precisamos preencher nas áreas de infraestrutura – e este quesito abrange um amplo escopo, que vai da universalização do acesso aos serviços básicos de saneamento à ampliação e melhoria dos portos, aeroportos e rodovias, do suprimento das carências da população em termos de moradia à construção de usinas que gerem a energia necessária ao crescimento do País.
Há, evidentemente, uma clara intenção por parte dos governos federal e estaduais de converter o Brasil num amplo canteiro de obras. E será muito sábio otimizá-las, ou seja: além de materializar tudo aquilo de que o País precisa, os responsáveis pelas grandes e pequenas obras que estão previstas devem estar atentos à questão ambiental.
Isso é necessário por dois motivos. Primeiramente, é imprescindível cumprir uma agenda importante para o povo brasileiro, que cada vez mais clama pelo respeito ao meio ambiente e pela atenção aos problemas sociais. Em segundo lugar, existe uma possibilidade real de gerar créditos de carbono para o País. Neste sentido, os cuidados ambientais se transformam em bom negócio.
Créditos de Carbono
Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. A redução da emissão de outros gases de efeito estufa (GEEs) também pode ser convertida em créditos de carbono – para isso, utiliza-se o conceito de carbono equivalente. Esses créditos podem ser negociados no mercado internacional, onde, grosso modo, os países industrializados adquirem créditos dos países em desenvolvimento, e, dessa forma, obtêm uma espécie de aval para emitirem GEEs em suas atividades.
O crédito de carbono é gerado quando uma empresa consegue diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas pelas leis em vigor. Quando isso acontece, ela pode vender, a preço de mercado, o excedente de "redução de emissão" ou "permissão de emissão".
O setor da construção civil responde por 40% do consumo de energia, 30% do uso de matérias-primas, 20% da água, 40 % das emissões globais de GEEs, 30 % dos resíduos sólidos descartados e 20 % dos efluentes líquidos lançados nos corpos d'água. É um setor que, por sua própria natureza – sem trocadilhos! –, gera imenso impacto ambiental. Por outro lado, gera empregos para mais de 110 milhões de pessoas ao redor do mundo e recebe investimentos da ordem de três trilhões de dólares anuais.
Unindo agora as pontas de raciocínio, temos um setor economicamente forte, vital para o crescimento econômico de qualquer país, e em especial do Brasil, mas que ao mesmo tempo é ávido consumidor de recursos – e, justamente por isso, pode se transformar em gerador de créditos de carbono, na medida em que for capaz de tomar providências que o tornem sustentável.
Um primeiro passo é o uso exclusivo de madeira certificada, ou seja, oriunda exclusivamente de manejo sustentado. O Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) forneceu as metodologias necessárias para que se estime a contribuição dos Produtos Florestais Madeireiros na redução do carbono atmosférico (antes de se tornar matéria-prima, a madeira é árvore, que, quando jovem, captura CO2 da atmosfera). A Organização Internacional de Padronização (ISO) já está desenvolvendo uma norma técnica que permita a contabilizar as emissões de GEEs das cadeias produtivas de vários setores, incluindo o da madeira.
Outra medida interessante é priorizar a aquisição de materiais como tijolos e ferro de indústrias que praticam boas políticas ambientais, especialmente no tocante ao uso de energia limpa e à redução do consumo de recursos hídricos. Também é possível implantar, na própria obra, mecanismos para o aproveitamento da luz natural e para o uso racional dos recursos hídricos. Além disso, cada projeto deverá ser pensado de modo a causar o menor impacto possível ao meio ambiente no qual esteja inserido.
Aliando engenharia de alto padrão e criatividade, as empresas brasileiras responsáveis por tocar as obras que vão colocar o Brasil no caminho do sonhado protagonismo econômico e social poderão desempenhar um papel verdadeiramente transformador – e, principalmente, terão um interessante universo a desbravar no terreno da sustentabilidade.
Ieda Novais - diretora corporativa da BDO, quinta maior empresa do mundo em auditoria, tributos e advisory services.
Comentários de Antonio Macêdo Filho:
Parebenizo a autora pelo artigo e acrescento: o setor da construção está atento a estas questões e muitos dos seus agentes estão já tomando medidas para adotar práticas de sustentabilidade em seus projetos e obras, em todas as escalas. Me orgulho de ter sido um dos pioneiros no Brasil a chamar a atenção para o tema, no setor da construção, e de estar contribuindo ativamente neste processo, em especial no que se refere à capacitação e desenvolvimento profissional, em diferentes níveis.
Por Ieda Novais, para Administradores.com.br
O bilionário americano Sam Zell, do grupo Equity International, esteve no Brasil nos dias 23 e 24 de junho para verificar oportunidades e expandir investimentos no País. Zell, que já tem participações em cinco empresas brasileiras, entre elas a Gafisa e a BR Malls, afirmou na ocasião que o país vai muito bem, disse não temer o risco de superaquecimento da economia e elogiou a opção brasileira por apostar no crescimento sem abrir mão da disciplina fiscal.
A percepção de Zell está correta. De fato, o Brasil desponta hoje, no cenário mundial, como o mais promissor dos países emergentes. Mas há lacunas que precisamos preencher nas áreas de infraestrutura – e este quesito abrange um amplo escopo, que vai da universalização do acesso aos serviços básicos de saneamento à ampliação e melhoria dos portos, aeroportos e rodovias, do suprimento das carências da população em termos de moradia à construção de usinas que gerem a energia necessária ao crescimento do País.
Há, evidentemente, uma clara intenção por parte dos governos federal e estaduais de converter o Brasil num amplo canteiro de obras. E será muito sábio otimizá-las, ou seja: além de materializar tudo aquilo de que o País precisa, os responsáveis pelas grandes e pequenas obras que estão previstas devem estar atentos à questão ambiental.
Isso é necessário por dois motivos. Primeiramente, é imprescindível cumprir uma agenda importante para o povo brasileiro, que cada vez mais clama pelo respeito ao meio ambiente e pela atenção aos problemas sociais. Em segundo lugar, existe uma possibilidade real de gerar créditos de carbono para o País. Neste sentido, os cuidados ambientais se transformam em bom negócio.
Créditos de Carbono
Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. A redução da emissão de outros gases de efeito estufa (GEEs) também pode ser convertida em créditos de carbono – para isso, utiliza-se o conceito de carbono equivalente. Esses créditos podem ser negociados no mercado internacional, onde, grosso modo, os países industrializados adquirem créditos dos países em desenvolvimento, e, dessa forma, obtêm uma espécie de aval para emitirem GEEs em suas atividades.
O crédito de carbono é gerado quando uma empresa consegue diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas pelas leis em vigor. Quando isso acontece, ela pode vender, a preço de mercado, o excedente de "redução de emissão" ou "permissão de emissão".
O setor da construção civil responde por 40% do consumo de energia, 30% do uso de matérias-primas, 20% da água, 40 % das emissões globais de GEEs, 30 % dos resíduos sólidos descartados e 20 % dos efluentes líquidos lançados nos corpos d'água. É um setor que, por sua própria natureza – sem trocadilhos! –, gera imenso impacto ambiental. Por outro lado, gera empregos para mais de 110 milhões de pessoas ao redor do mundo e recebe investimentos da ordem de três trilhões de dólares anuais.
Unindo agora as pontas de raciocínio, temos um setor economicamente forte, vital para o crescimento econômico de qualquer país, e em especial do Brasil, mas que ao mesmo tempo é ávido consumidor de recursos – e, justamente por isso, pode se transformar em gerador de créditos de carbono, na medida em que for capaz de tomar providências que o tornem sustentável.
Um primeiro passo é o uso exclusivo de madeira certificada, ou seja, oriunda exclusivamente de manejo sustentado. O Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) forneceu as metodologias necessárias para que se estime a contribuição dos Produtos Florestais Madeireiros na redução do carbono atmosférico (antes de se tornar matéria-prima, a madeira é árvore, que, quando jovem, captura CO2 da atmosfera). A Organização Internacional de Padronização (ISO) já está desenvolvendo uma norma técnica que permita a contabilizar as emissões de GEEs das cadeias produtivas de vários setores, incluindo o da madeira.
Outra medida interessante é priorizar a aquisição de materiais como tijolos e ferro de indústrias que praticam boas políticas ambientais, especialmente no tocante ao uso de energia limpa e à redução do consumo de recursos hídricos. Também é possível implantar, na própria obra, mecanismos para o aproveitamento da luz natural e para o uso racional dos recursos hídricos. Além disso, cada projeto deverá ser pensado de modo a causar o menor impacto possível ao meio ambiente no qual esteja inserido.
Aliando engenharia de alto padrão e criatividade, as empresas brasileiras responsáveis por tocar as obras que vão colocar o Brasil no caminho do sonhado protagonismo econômico e social poderão desempenhar um papel verdadeiramente transformador – e, principalmente, terão um interessante universo a desbravar no terreno da sustentabilidade.
Ieda Novais - diretora corporativa da BDO, quinta maior empresa do mundo em auditoria, tributos e advisory services.
Comentários de Antonio Macêdo Filho:
Parebenizo a autora pelo artigo e acrescento: o setor da construção está atento a estas questões e muitos dos seus agentes estão já tomando medidas para adotar práticas de sustentabilidade em seus projetos e obras, em todas as escalas. Me orgulho de ter sido um dos pioneiros no Brasil a chamar a atenção para o tema, no setor da construção, e de estar contribuindo ativamente neste processo, em especial no que se refere à capacitação e desenvolvimento profissional, em diferentes níveis.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Senado lança cartilha sobre edifícios públicos sustentáveis
Publicação aborda temas como compras sustentáveis e a importância de o gestor público conhecer o conceito das construções verdes
Por Mauricio Lima, para PiniWeb
Capa da cartilha
O Programa Senado Verde, que objetiva introduzir a gestão ambiental nas rotinas administrativas, criou uma cartilha sobre Edifícios Públicos Sustentáveis, que aborda temas específicos como a questão das compras sustentáveis e a importância de o gestor público conhecer o conceito das construções verdes. A publicação também mostra como os investimentos em sustentabilidade podem se reverter em economia para o órgão público. A cartilha, desenvolvida pelo arquiteto e servidor do Senado Mario Viggiano, aponta, de forma detalhada, como funciona o processo para que um prédio público seja sustentável.
A publicação também mostra que a preocupação com a sustentabilidade deve estar presente em todas as fases do projeto, começando pelo arquitetônico, que deve coordenar uma perfeita integração com os projetos de todos os sistemas do edifício.
Aspectos como a paisagem, a organização do canteiro de obras, a utilização econômica da água, a possibilidade da cobertura verde, o uso correto de energia, a irrigação, o clima, materiais utilizados na obra e lixo estão divididos e explicados na cartilha. Cada uma das seções mostra como o prédio público deve trabalhar com essas questões para se tornar sustentável. Nas seções, aparecem também tecnologias que facilitam o aproveitamento de energia, água e lixo.
A cartilha ainda conta com tabelas demonstrando de forma econômica a vantagem de um edifício sustentável, além de exemplos de como dimensionar reservatórios de água e sistemas de energia fotovoltaica.
Para visualizar a cartilha, clique aqui.
Comentários do Prof. Arq. Antonio Macêdo:
A cartilha de construções sustentáveis do Senado está organizada de maneira bem didática, está também bem ilustrada e aborda todos os principais aspectos relacionados ao projeto e construção de edifícios sustentáveis, não apenas públicos. É, portanto, bom instrumento de consulta, especialmente para estudantes e profissionais não especializados que buscam uma visão ampla da questão.
Os anexos, em especial, que tratam de dimensionamento de instalações de aproveitamento de água e geração de energia fotovoltáca, além de cálculo de tempo de retorno de investimentos e agenda de trabalhos, me pareceram bem interessantes, pela forma simplificada com que trata destes assuntos, que podem parecer um tanto àsperos para a maioria.
Aproveito para parabenizar o Senado pela iniciativa, a equipe que desenvolveu o trabalho e os profissionais que desenvolveram as pesquisas que susidiaram a cartilha.
Por Mauricio Lima, para PiniWeb
Capa da cartilha
O Programa Senado Verde, que objetiva introduzir a gestão ambiental nas rotinas administrativas, criou uma cartilha sobre Edifícios Públicos Sustentáveis, que aborda temas específicos como a questão das compras sustentáveis e a importância de o gestor público conhecer o conceito das construções verdes. A publicação também mostra como os investimentos em sustentabilidade podem se reverter em economia para o órgão público. A cartilha, desenvolvida pelo arquiteto e servidor do Senado Mario Viggiano, aponta, de forma detalhada, como funciona o processo para que um prédio público seja sustentável.
A publicação também mostra que a preocupação com a sustentabilidade deve estar presente em todas as fases do projeto, começando pelo arquitetônico, que deve coordenar uma perfeita integração com os projetos de todos os sistemas do edifício.
Aspectos como a paisagem, a organização do canteiro de obras, a utilização econômica da água, a possibilidade da cobertura verde, o uso correto de energia, a irrigação, o clima, materiais utilizados na obra e lixo estão divididos e explicados na cartilha. Cada uma das seções mostra como o prédio público deve trabalhar com essas questões para se tornar sustentável. Nas seções, aparecem também tecnologias que facilitam o aproveitamento de energia, água e lixo.
A cartilha ainda conta com tabelas demonstrando de forma econômica a vantagem de um edifício sustentável, além de exemplos de como dimensionar reservatórios de água e sistemas de energia fotovoltaica.
Para visualizar a cartilha, clique aqui.
Comentários do Prof. Arq. Antonio Macêdo:
A cartilha de construções sustentáveis do Senado está organizada de maneira bem didática, está também bem ilustrada e aborda todos os principais aspectos relacionados ao projeto e construção de edifícios sustentáveis, não apenas públicos. É, portanto, bom instrumento de consulta, especialmente para estudantes e profissionais não especializados que buscam uma visão ampla da questão.
Os anexos, em especial, que tratam de dimensionamento de instalações de aproveitamento de água e geração de energia fotovoltáca, além de cálculo de tempo de retorno de investimentos e agenda de trabalhos, me pareceram bem interessantes, pela forma simplificada com que trata destes assuntos, que podem parecer um tanto àsperos para a maioria.
Aproveito para parabenizar o Senado pela iniciativa, a equipe que desenvolveu o trabalho e os profissionais que desenvolveram as pesquisas que susidiaram a cartilha.
Tecnologia nacional permite conexão de painéis solares à rede elétrica
Publicado originalmente em engenhariaearquitetura.com.br, setembro 2010 (sem referência à autoria)
Os sistemas fotovoltaicos se adaptam facilmente à arquitetura e a qualquer tipo de espaço vazio em que haja incidência de luz, como paredes, fachadas e telhados de prédios e residências. O sistema, além de causar menor dano ambiental, permite sua utilização em pequena escala e ainda pode ser instalado próximo ao ponto de consumo, de forma distribuída, minimizando perdas por transmissão e distribuição da geração centralizada. O sistema pode ser facilmente instalado nas cidades e nos grandes centros urbanos, permitindo a produção local de energia elétrica limpa.
Ao produzir parte da energia elétrica que consome, a residência pode reduzir sua dependência do fornecimento de energia convencional, proveniente da concessionária distribuidora de eletricidade, podendo ainda vender o seu excedente de energia para a mesma.
O conversor é um elemento essencial em qualquer sistema de geração de eletricidade conectado à rede elétrica. Além de fazer a conexão com a rede, é essencial porque transforma a energia de corrente contínua gerada pelos painéis fotovoltaicos em energia de corrente alternada, que é o tipo de energia usada para alimentar todos os aparelhos eletrodomésticos, máquinas e equipamentos que nós conhecemos.
Figura 1. Organização de um sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica. Divulgação Fusion Engenharia Ltda
A pesquisa que produziu um protótipo de conversor eletrônico foi desenvolvida no Laboratório de Eletrônica de Potência da FEEC. O produto foi testado com êxito durante dois meses no Laboratório de Hidrogênio do Instituto de Física, na Unicamp, numa instalação de painéis solares com capacidade de 7,5 kW. O equipamento será agora industrializado pela Fusion, uma empresa de tecnologia criada para desenvolver a energia solar no Brasil. “O nosso sistema permite a conexão direta dos painéis à rede elétrica, sem utilizar baterias. Toda a energia gerada pelos painéis é injetada na rede elétrica e é consumida pela própria residência ou prédio”, resume Marcelo Villalva. “Considerando uma situação em que o consumo é menor do que a energia gerada, ocorre a exportação de energia para a rede elétrica. Neste caso, a concessionária de energia elétrica recebe energia em vez de fornecer, ou seja, o seu medidor de energia gira no sentido contrário”, acrescenta o pesquisador.
Como no Brasil ainda não é possível vender energia em baixa tensão para a concessionária de energia elétrica, deve-se dimensionar o sistema solar fotovoltaico para que a energia produzida seja menor ou igual à energia consumida. Na prática você compra menos energia da concessionária e usa a energia solar para suprir uma parte do seu consumo”, acrescenta Marcelo Villalva. Outra forma de utilizar a energia solar é nos sistemas com baterias, mas neste caso não existe conexão com a rede elétrica. Para isso é necessário associar um banco de baterias com um inversor ao sistema do painel solar para poder acumular a energia e depois utilizá-la”, afirma Ruppert. Villalva aproveita para dar dicas de instalação: “o ideal é instalar os painéis solares nas coberturas para poder utilizar a melhor inclinação para cada região geográfica, além de permitir orientar os painéis para o Norte, que proporciona o melhor aproveitamento ao longo do dia. A instalação em fachadas reduz o aproveitamento, pois os painéis ficam na posição horizontal e nem sempre podem ser voltados para o Norte.”
Os sistemas fotovoltaicos se adaptam facilmente à arquitetura e a qualquer tipo de espaço vazio em que haja incidência de luz, como paredes, fachadas e telhados de prédios e residências. O sistema, além de causar menor dano ambiental, permite sua utilização em pequena escala e ainda pode ser instalado próximo ao ponto de consumo, de forma distribuída, minimizando perdas por transmissão e distribuição da geração centralizada. O sistema pode ser facilmente instalado nas cidades e nos grandes centros urbanos, permitindo a produção local de energia elétrica limpa.
Ao produzir parte da energia elétrica que consome, a residência pode reduzir sua dependência do fornecimento de energia convencional, proveniente da concessionária distribuidora de eletricidade, podendo ainda vender o seu excedente de energia para a mesma.
No Brasil, o uso de pequenos geradores conectados à rede elétrica de baixa tensão não está regulamentado. No entanto, cientes de que a
regulamentação é questão de tempo, e em sintonia com o que ocorre em países como a Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Japão, alguns pesquisadores brasileiros desenvolvem tecnologias que permitam a conexão de painéis solares fotovoltaicos diretamente à rede elétrica. É o caso dos engenheiros Ernesto Ruppert Filho e Marcelo Gradella Villalva, pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Durante pesquisa de doutorado, eles desenvolveram um conversor eletrônico (também conhecido como inversor) que permite a interligação de fontes alternativas de energia com a rede elétrica convencional. O conversor retira energia dessas fontes e injeta na rede elétrica. A tecnologia do conversor pode ser usada com painéis solares fotovoltaicos e também com outras fontes de energia (por exemplo, geradores eólicos, que usam a energia do vento para produzir eletricidade). Veja a organização de um sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica na figura 1.O conversor é um elemento essencial em qualquer sistema de geração de eletricidade conectado à rede elétrica. Além de fazer a conexão com a rede, é essencial porque transforma a energia de corrente contínua gerada pelos painéis fotovoltaicos em energia de corrente alternada, que é o tipo de energia usada para alimentar todos os aparelhos eletrodomésticos, máquinas e equipamentos que nós conhecemos.
Figura 1. Organização de um sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica. Divulgação Fusion Engenharia Ltda
A pesquisa que produziu um protótipo de conversor eletrônico foi desenvolvida no Laboratório de Eletrônica de Potência da FEEC. O produto foi testado com êxito durante dois meses no Laboratório de Hidrogênio do Instituto de Física, na Unicamp, numa instalação de painéis solares com capacidade de 7,5 kW. O equipamento será agora industrializado pela Fusion, uma empresa de tecnologia criada para desenvolver a energia solar no Brasil. “O nosso sistema permite a conexão direta dos painéis à rede elétrica, sem utilizar baterias. Toda a energia gerada pelos painéis é injetada na rede elétrica e é consumida pela própria residência ou prédio”, resume Marcelo Villalva. “Considerando uma situação em que o consumo é menor do que a energia gerada, ocorre a exportação de energia para a rede elétrica. Neste caso, a concessionária de energia elétrica recebe energia em vez de fornecer, ou seja, o seu medidor de energia gira no sentido contrário”, acrescenta o pesquisador.
Como no Brasil ainda não é possível vender energia em baixa tensão para a concessionária de energia elétrica, deve-se dimensionar o sistema solar fotovoltaico para que a energia produzida seja menor ou igual à energia consumida. Na prática você compra menos energia da concessionária e usa a energia solar para suprir uma parte do seu consumo”, acrescenta Marcelo Villalva. Outra forma de utilizar a energia solar é nos sistemas com baterias, mas neste caso não existe conexão com a rede elétrica. Para isso é necessário associar um banco de baterias com um inversor ao sistema do painel solar para poder acumular a energia e depois utilizá-la”, afirma Ruppert. Villalva aproveita para dar dicas de instalação: “o ideal é instalar os painéis solares nas coberturas para poder utilizar a melhor inclinação para cada região geográfica, além de permitir orientar os painéis para o Norte, que proporciona o melhor aproveitamento ao longo do dia. A instalação em fachadas reduz o aproveitamento, pois os painéis ficam na posição horizontal e nem sempre podem ser voltados para o Norte.”
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Crédito para edificações sustentáveis
Por Agência Ambiente Energia
Um estímulo adicional para garantir a sustentabilidade na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016.
Grupo de trabalho integrado pelo Procel, o Inmetro e o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LABEEE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entre outras entidades, elaborou o Programa para Classificação do Nível de Eficiência Energética das Edificações Brasileiras. Segundo a Eletrobras, o programa permitirá qualificar hotéis para as cidades-sede e envolvidas com os grandes eventos esportivos a serem realizados no Brasil. Um dos pré-requisitos para inscrição no ProCopa Turismo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é que o empreendimento tenha a classificação “A” do Procel Edifica.
Com um linha de crédito de R$ 1 bilhão, o ProCopa Turismo destinará para cidades-sedes e capitais valores que variam de R$ 3 milhões a R$ 10 milhões, com prazos de pagamento que vão de 12 anos (projetos de ampliação, reforma e modernização) a 18 anos (novos empreendimentos).
Para Rodrigo Casella, arquiteto do Procel Edifica, a participação no programa de certificação não ajudará apenas a atender às exigências do BNDES. “Respeitar critérios de sustentabilidade também é melhor para a economia dos proprietários, que desperdiçarão menos energia nos empreendimentos”, disse. Para ganhar a classificação “A” do Procel, segundo Casella, os edifícios são avaliados segundo três sistemas individuais: envoltória (fachadas e cobertura), sistema de iluminação e sistema de ar condicionado. O prazo necessário para a avaliação é de 60 dias, dependendo da complexidade do projeto.
Veja o passo a passo para participar do ProCopa Turismo
Um estímulo adicional para garantir a sustentabilidade na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016.
Grupo de trabalho integrado pelo Procel, o Inmetro e o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LABEEE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entre outras entidades, elaborou o Programa para Classificação do Nível de Eficiência Energética das Edificações Brasileiras. Segundo a Eletrobras, o programa permitirá qualificar hotéis para as cidades-sede e envolvidas com os grandes eventos esportivos a serem realizados no Brasil. Um dos pré-requisitos para inscrição no ProCopa Turismo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é que o empreendimento tenha a classificação “A” do Procel Edifica.
Com um linha de crédito de R$ 1 bilhão, o ProCopa Turismo destinará para cidades-sedes e capitais valores que variam de R$ 3 milhões a R$ 10 milhões, com prazos de pagamento que vão de 12 anos (projetos de ampliação, reforma e modernização) a 18 anos (novos empreendimentos).
Para Rodrigo Casella, arquiteto do Procel Edifica, a participação no programa de certificação não ajudará apenas a atender às exigências do BNDES. “Respeitar critérios de sustentabilidade também é melhor para a economia dos proprietários, que desperdiçarão menos energia nos empreendimentos”, disse. Para ganhar a classificação “A” do Procel, segundo Casella, os edifícios são avaliados segundo três sistemas individuais: envoltória (fachadas e cobertura), sistema de iluminação e sistema de ar condicionado. O prazo necessário para a avaliação é de 60 dias, dependendo da complexidade do projeto.
Veja o passo a passo para participar do ProCopa Turismo
Cidade, doce cidade - o homem, por escolha, optou por áreas urbanas.
Por Ana Paula Severiano, para Revista Nova Escola / Especial Meio Ambiente – 08/2010
A densidade demográfica em pontos específicos do globo não deixa dúvida: o homem, por escolha, optou por áreas urbanas. É lá que estão as melhores oportunidades de emprego, saúde, cultura e lazer - e os maiores problemas. O desafio do momento é transformar esses grandes centros em locais sustentáveis e agradáveis de viver
Ao contrário das cidades antigas, que eram muradas para evitar o ataque inimigo, as metrópoles de hoje crescem sem limites. Desde 2007, mais da metade da população mundial está na zona urbana. A rapidez com que a migração ocorreu impressiona. No começo do século 20, nove em cada dez pessoas ainda moravam no campo. Mas, a partir da década de 1950, o cenário mudou. "As cidades absorveram quase dois terços da explosão populacional global e hoje o crescimento é de 1 milhão de bebês e migrantes por semana", afirma Mike Davis, professor da Universidade da Califórnia, no livro Planeta Favela.
Tóquio, Nova York, Mumbai, São Paulo, Moscou, Cairo, Xangai: essas são algumas das cidades com mais de 10 milhões de habitantes definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como megacidades. "Elas articulam a economia global, ligam as redes informacionais e concentram o poder mundial", diz o cientista social Manuel Castells. Por isso, há tanta gente vivendo no mesmo espaço. É nas regiões mais urbanizadas que se encontram as melhores oportunidades de emprego e renda, bem como de acesso a Educação, saúde, lazer e cultura. Mas nessas aglomerações há também os maiores desafios de gestão socioambiental.
Os problemas de um habitante de São Paulo são diferentes dos enfrentados por um morador de Londres. Nos países desenvolvidos, o desafio é encontrar fontes de energia alternativas para substituir os combustíveis fósseis. Na esfera social, inquieta o crescimento de periferias formadas por imigrantes ilegais. Nos países em desenvolvimento, as questões são mais básicas. "Aqui, precisamos discutir o destino do lixo e do esgoto domésticos e a qualidade do transporte público. Também temos de debater a falta de áreas verdes e a questão das moradias em locais irregulares", diz Pedro Jacobi, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Lá ou cá, o objetivo é o mesmo. "Na construção de cidades sustentáveis, colocamos centralmente o resgate de melhores condições de vida prejudicadas pelo crescimento desordenado", diz Marta Romero, urbanista e professora da Universidade de Brasília (UnB).
É DO SÉCULO 18 A IDEIA DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL
A palavra sustentabilidade está nas campanhas publicitárias, é escrita com letras grandes na bolsa de pano que substitui a sacola plástica na hora das compras e repetida nos discursos de empresários e políticos. O engenheiro florestal alemão Hans Carl von Carlowitz foi o primeiro a empregar o termo (originalmente, nachhaltigkeit), no livro Silvicultura Econômica, de 1713. Na época, as florestas de sua região, a Saxônia, foram devastadas pela exploração de minas de prata: os terrenos tinham sido desmatados para escavação, e a madeira, utilizada nos fornos a lenha em que se fundia o metal. Carlowitz trabalhava como inspetor geral de mineração do estado e em seu livro sugeriu um manejo florestal sustentável para garantir o estoque de madeira no futuro. Na visão do inspetor, os homens deveriam respeitar o limite de recuperação da floresta e o ritmo de crescimento das árvores para não provocar danos irreparáveis. Ele propunha o replantio de espécies nativas e a substituição da madeira por recursos alternativos.
No fim dos anos 1960, outra palavra começou a mudar de significado: desenvolvimento. Em 1968, cientistas, industriais, diplomatas e economistas sem vinculação partidária se reuniram em uma vila de Roma, na Itália, para discutir a relação entre recursos naturais e desenvolvimento. Esse grupo ficou conhecido como Clube de Roma. Em seu primeiro relatório, Os Limites do Crescimento, de 1972, o Clube já advertia que o modelo de progresso baseado no uso irracional dos recursos naturais estava falido. Ou seja, desenvolvimento não poderia ser sinônimo apenas de crescimento econômico. No mesmo ano, a ONU realizou a Conferência de Estocolmo, a primeira reunião internacional para discutir o meio ambiente. Mais de uma década depois, em 1983, criou-se a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas.
Em 1987, a expressão "desenvolvimento sustentável" foi definida no relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento. Segundo o documento, "desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem colocar em risco a possibilidade das gerações futuras".
ECO-92 INCLUI REDUÇÃO DA POBREZA NA IDEIA DE SUSTENTABILIDADE
O impacto do Relatório Brundtland e a organização cada vez maior dos movimentos ambientalistas culminaram na Conferência Eco-92, realizada na cidade do Rio de Janeiro.
A Agenda 21, que sintetiza as propostas da conferência, é um marco porque consagrou a ampliação do conceito de sustentabilidade, que passou a agregar as dimensões social e econômica. Desde a Eco-92, a sustentabilidade não significa apenas usar de forma consciente e eficiente os recursos naturais. "Sustentabilidade é também redução dos níveis de pobreza, criação de emprego e renda, redução das desigualdades e da violência e democratização das informações e decisões", explica a socióloga Lúcia Ferreira, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Quando a discussão sobre a qualidade de vida nas áreas urbanas ganhou força, em meados da década de 1970, pensava-se que o único jeito de minimizar os impactos ambientais e os problemas sociais era impedir o crescimento das cidades. No entanto, as tentativas de manter as pessoas no campo, por razões econômicas e culturais, foram frustradas. Para Lúcia Ferreira, as cidades são indiscutivelmente polos de atração. "Mas mandar as pessoas de volta a seus locais de origem não resolve. É o momento de rever as políticas públicas", diz.
Não há uma receita para o sucesso, porém boas práticas adotadas no Brasil e no exterior indicam que, sim, é possível escapar do colapso (veja o infográfico na página 64). Para isso, os gestores devem entender as cidades como organismos que precisam entrar em equilíbrio: "O consumo de recursos renováveis não pode exceder a capacidade de reposição deles. Assim como a taxa de emissão de poluentes não pode superar o ritmo de absorção e transformação por parte do ar, da água e do solo", diz Marta.
O arquiteto Carlos Leite, especialista em desenvolvimento sustentável, é otimista (veja nota no rodapé do texto). Há mais de dez anos, ele viaja o mundo para conhecer alternativas sustentáveis em lugares separados não apenas pela distância geográfica mas também pelas diferenças culturais. Para ele, as cidades ideais não existem. "Elas são feitas por homens e refletem os problemas dos homens. Mas existem exemplos que evidenciam ser possível mudar e achar as fórmulas para construir cidades mais sustentáveis, onde o encontro das pessoas entre si e com o ambiente seja privilegiado."
CONSTRUINDO NOVOS VALORES
A discussão sobre a sustentabilidade deverá, no futuro, resultar em mais organização e mobilização da sociedade civil. A escola, no entanto, ainda não cumpre bem o papel de sistematizar essas informações e promover a reflexão crítica. Veja abaixo os principais erros no ensino do conteúdo e como evitá-los.
Propor atividades pontuais, como uma campanha de reciclagem de latas.
- Cabe à escola promover a mudança dos hábitos não sustentáveis, buscando aprimorar as relações das pessoas entre si e com o meio ambiente.
- Restringir o tema às aulas de Geografia ou Ciências.
Uma escola que adota práticas sustentáveis precisa envolver toda a equipe na mudança de hábitos para desenhar seu "ecossistema".
Impor ações aos alunos sem promover discussões sobre o tema com base no conhecimento científico.
- Crianças e jovens que são informadas e participam das decisões no ambiente escolar têm mais chance de cobrar o poder público e promover ações ambientais.
- Ignorar as relações do contexto local com o global.
Focar a prática da escola na reflexão e na proposta de soluções para os problemas da comunidade, mas relacionando-os ao ecossistema global.
Consultoria - Lúcia Legan, fundadora do Ecocentro do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (Ipec), e Marcos Sorrentino, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP
PARA SABER MAIS:
Bibliografia
• A Cidade na História, Lewis Mumford, 742 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3082-8042 (edição esgotada)
• Planeta Favela, Mike Davis, 272 págs., Ed. Boitempo, tel. (11) 3875-7285, 41 reais
Internet
• No site do Instituto Brasileiro de Administração Municipal, é possível fazer o download do documento Cidades Sustentáveis.
Fontes:
Sustainable Places
BNC
Sustainable Cities
Hammarby Sjöstad
Nota: O Prof. Arq. Carlos Leite, citado na matéria, apresentará o curso "Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes" na EcoBuilding, em São Paulo, em 01 e 02 de outubro. Mais informações em: www.ecobuilding.com.br ou (11) 2361 6659 / 2359 0018.
A densidade demográfica em pontos específicos do globo não deixa dúvida: o homem, por escolha, optou por áreas urbanas. É lá que estão as melhores oportunidades de emprego, saúde, cultura e lazer - e os maiores problemas. O desafio do momento é transformar esses grandes centros em locais sustentáveis e agradáveis de viver
Ao contrário das cidades antigas, que eram muradas para evitar o ataque inimigo, as metrópoles de hoje crescem sem limites. Desde 2007, mais da metade da população mundial está na zona urbana. A rapidez com que a migração ocorreu impressiona. No começo do século 20, nove em cada dez pessoas ainda moravam no campo. Mas, a partir da década de 1950, o cenário mudou. "As cidades absorveram quase dois terços da explosão populacional global e hoje o crescimento é de 1 milhão de bebês e migrantes por semana", afirma Mike Davis, professor da Universidade da Califórnia, no livro Planeta Favela.
Tóquio, Nova York, Mumbai, São Paulo, Moscou, Cairo, Xangai: essas são algumas das cidades com mais de 10 milhões de habitantes definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como megacidades. "Elas articulam a economia global, ligam as redes informacionais e concentram o poder mundial", diz o cientista social Manuel Castells. Por isso, há tanta gente vivendo no mesmo espaço. É nas regiões mais urbanizadas que se encontram as melhores oportunidades de emprego e renda, bem como de acesso a Educação, saúde, lazer e cultura. Mas nessas aglomerações há também os maiores desafios de gestão socioambiental.
Os problemas de um habitante de São Paulo são diferentes dos enfrentados por um morador de Londres. Nos países desenvolvidos, o desafio é encontrar fontes de energia alternativas para substituir os combustíveis fósseis. Na esfera social, inquieta o crescimento de periferias formadas por imigrantes ilegais. Nos países em desenvolvimento, as questões são mais básicas. "Aqui, precisamos discutir o destino do lixo e do esgoto domésticos e a qualidade do transporte público. Também temos de debater a falta de áreas verdes e a questão das moradias em locais irregulares", diz Pedro Jacobi, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Lá ou cá, o objetivo é o mesmo. "Na construção de cidades sustentáveis, colocamos centralmente o resgate de melhores condições de vida prejudicadas pelo crescimento desordenado", diz Marta Romero, urbanista e professora da Universidade de Brasília (UnB).
É DO SÉCULO 18 A IDEIA DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL
A palavra sustentabilidade está nas campanhas publicitárias, é escrita com letras grandes na bolsa de pano que substitui a sacola plástica na hora das compras e repetida nos discursos de empresários e políticos. O engenheiro florestal alemão Hans Carl von Carlowitz foi o primeiro a empregar o termo (originalmente, nachhaltigkeit), no livro Silvicultura Econômica, de 1713. Na época, as florestas de sua região, a Saxônia, foram devastadas pela exploração de minas de prata: os terrenos tinham sido desmatados para escavação, e a madeira, utilizada nos fornos a lenha em que se fundia o metal. Carlowitz trabalhava como inspetor geral de mineração do estado e em seu livro sugeriu um manejo florestal sustentável para garantir o estoque de madeira no futuro. Na visão do inspetor, os homens deveriam respeitar o limite de recuperação da floresta e o ritmo de crescimento das árvores para não provocar danos irreparáveis. Ele propunha o replantio de espécies nativas e a substituição da madeira por recursos alternativos.
No fim dos anos 1960, outra palavra começou a mudar de significado: desenvolvimento. Em 1968, cientistas, industriais, diplomatas e economistas sem vinculação partidária se reuniram em uma vila de Roma, na Itália, para discutir a relação entre recursos naturais e desenvolvimento. Esse grupo ficou conhecido como Clube de Roma. Em seu primeiro relatório, Os Limites do Crescimento, de 1972, o Clube já advertia que o modelo de progresso baseado no uso irracional dos recursos naturais estava falido. Ou seja, desenvolvimento não poderia ser sinônimo apenas de crescimento econômico. No mesmo ano, a ONU realizou a Conferência de Estocolmo, a primeira reunião internacional para discutir o meio ambiente. Mais de uma década depois, em 1983, criou-se a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas.
Em 1987, a expressão "desenvolvimento sustentável" foi definida no relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento. Segundo o documento, "desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem colocar em risco a possibilidade das gerações futuras".
ECO-92 INCLUI REDUÇÃO DA POBREZA NA IDEIA DE SUSTENTABILIDADE
O impacto do Relatório Brundtland e a organização cada vez maior dos movimentos ambientalistas culminaram na Conferência Eco-92, realizada na cidade do Rio de Janeiro.
A Agenda 21, que sintetiza as propostas da conferência, é um marco porque consagrou a ampliação do conceito de sustentabilidade, que passou a agregar as dimensões social e econômica. Desde a Eco-92, a sustentabilidade não significa apenas usar de forma consciente e eficiente os recursos naturais. "Sustentabilidade é também redução dos níveis de pobreza, criação de emprego e renda, redução das desigualdades e da violência e democratização das informações e decisões", explica a socióloga Lúcia Ferreira, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Quando a discussão sobre a qualidade de vida nas áreas urbanas ganhou força, em meados da década de 1970, pensava-se que o único jeito de minimizar os impactos ambientais e os problemas sociais era impedir o crescimento das cidades. No entanto, as tentativas de manter as pessoas no campo, por razões econômicas e culturais, foram frustradas. Para Lúcia Ferreira, as cidades são indiscutivelmente polos de atração. "Mas mandar as pessoas de volta a seus locais de origem não resolve. É o momento de rever as políticas públicas", diz.
Não há uma receita para o sucesso, porém boas práticas adotadas no Brasil e no exterior indicam que, sim, é possível escapar do colapso (veja o infográfico na página 64). Para isso, os gestores devem entender as cidades como organismos que precisam entrar em equilíbrio: "O consumo de recursos renováveis não pode exceder a capacidade de reposição deles. Assim como a taxa de emissão de poluentes não pode superar o ritmo de absorção e transformação por parte do ar, da água e do solo", diz Marta.
O arquiteto Carlos Leite, especialista em desenvolvimento sustentável, é otimista (veja nota no rodapé do texto). Há mais de dez anos, ele viaja o mundo para conhecer alternativas sustentáveis em lugares separados não apenas pela distância geográfica mas também pelas diferenças culturais. Para ele, as cidades ideais não existem. "Elas são feitas por homens e refletem os problemas dos homens. Mas existem exemplos que evidenciam ser possível mudar e achar as fórmulas para construir cidades mais sustentáveis, onde o encontro das pessoas entre si e com o ambiente seja privilegiado."
CONSTRUINDO NOVOS VALORES
A discussão sobre a sustentabilidade deverá, no futuro, resultar em mais organização e mobilização da sociedade civil. A escola, no entanto, ainda não cumpre bem o papel de sistematizar essas informações e promover a reflexão crítica. Veja abaixo os principais erros no ensino do conteúdo e como evitá-los.
Propor atividades pontuais, como uma campanha de reciclagem de latas.
- Cabe à escola promover a mudança dos hábitos não sustentáveis, buscando aprimorar as relações das pessoas entre si e com o meio ambiente.
- Restringir o tema às aulas de Geografia ou Ciências.
Uma escola que adota práticas sustentáveis precisa envolver toda a equipe na mudança de hábitos para desenhar seu "ecossistema".
Impor ações aos alunos sem promover discussões sobre o tema com base no conhecimento científico.
- Crianças e jovens que são informadas e participam das decisões no ambiente escolar têm mais chance de cobrar o poder público e promover ações ambientais.
- Ignorar as relações do contexto local com o global.
Focar a prática da escola na reflexão e na proposta de soluções para os problemas da comunidade, mas relacionando-os ao ecossistema global.
Consultoria - Lúcia Legan, fundadora do Ecocentro do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (Ipec), e Marcos Sorrentino, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP
PARA SABER MAIS:
Bibliografia
• A Cidade na História, Lewis Mumford, 742 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3082-8042 (edição esgotada)
• Planeta Favela, Mike Davis, 272 págs., Ed. Boitempo, tel. (11) 3875-7285, 41 reais
Internet
• No site do Instituto Brasileiro de Administração Municipal, é possível fazer o download do documento Cidades Sustentáveis.
Fontes:
Sustainable Places
BNC
Sustainable Cities
Hammarby Sjöstad
Nota: O Prof. Arq. Carlos Leite, citado na matéria, apresentará o curso "Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes" na EcoBuilding, em São Paulo, em 01 e 02 de outubro. Mais informações em: www.ecobuilding.com.br ou (11) 2361 6659 / 2359 0018.
domingo, 5 de setembro de 2010
Cidades Sustentáveis + Inteligentes [ Sustainable Cities + Smart Cities ]: Cidades do Futuro
Cidades Sustentáveis + Inteligentes [ Sustainable Cities + Smart Cities ]: Cidades do Futuro: "Carlos Leite Artigo publicado na Revista AU, agosto, 2010 Inteligentes e sustentáveis: tecnologia, inovações e 80% da população mu..."
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Cursos de Arquitetura e Construção Sustentável - EcoBuilding / GBC Brasil - Programação de Setembro
Mais informações e inscrições:
Assinar:
Postagens (Atom)