Uma parceira entre a embaixada italiana, a Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia Energética de Brasília (CEB), fez do prédio da embaixada na capital federal uma referência em todo o país nos estudos e na produção de energia renovável. O projeto, com o custeio de empresas italianas, promove investimentos na geração de energia a partir da luz do sol e dos ventos para provar que é possível uma casa de uma família comum gerar boa parte da energia que consome de maneira sustentável.
De acordo com o professor Rafael Shayani, do departamento de Engenharia Elétrica da UnB, na atual fase do projeto, a embaixada já consegue reduzir 20% no consumo de energia. A economia, explica o professor, é resultado de placas fotovoltaicas instaladas no telhado do prédio e que geram energia elétrica a partir da luz do sol. “As placas fotovoltaicas, diferente dos coletores solares, são capazes de produzir a energia elétrica e suprir a demanda do prédio. Os coletores solares, que geralmente se encontram em alguns telhados de casas brasileiras, servem apenas para esquentar a água”, detalha Rafael Shayani.
Placas fotovoltaicas instaladas no telhado da embaixada italiana em Brasília (Foto: Embaixada da Itália)
O professor também explica que o tamanho da economia com energia elétrica depende da quantidade das placas fotovoltaicas instaladas no telhado.
Para fazer uma comparação, no telhado da embaixada da Itália – que é um prédio grande com consumo alto – há 400 placas instaladas, que juntas têm potência de geração de 50 kilowatts.
Uma casa típica estaria bem abastecida com potência de 2 kilowatts, calcula o professor, a um custo de R$ 20 mil reais. Esse investimento, ainda de acordo com Rafael Shayani, daria uma economia de R$ 150 por mês na conta de energia.
Já há uma empresa brasileira que vende essas placas. Na internet, é possível encontrar fornecedores estrangeiros. A pessoa que estiver interessada em instalar as placas fotovoltaicas não precisa comprar um sistema que dê conta de toda a demanda da casa. Pode ser apenas uma quantia para ajudar a complementar o fornecimento de energia. Para fazer a instalação, é necessário ligar na concessionária de energia do estado e solicitar o serviço de “compensação de energia com micro-geração”, que é o termo técnico usado.
A concessionária então fará a instalação do sistema interligado à rede de energia e também de um novo medidor de energia. O novo medidor permite que, quando a energia da casa gerada pelas placas não estiver sendo usada, ela retorne para a rede. Desse modo, é como se o consumidor estivesse “devolvendo” energia para a concessionária, o que gera economia na conta.
“O projeto está provando que é possível uma casa produzir, de forma sustentável, boa parte da energia que consome. O principal é que, por trás dessa iniciativa, há toda uma propaganda ambiental, que vale muito. O sistema não produz nenhum gás do efeito estufa. Não gera custo de saúde pública”, diz o professor.
Desde abril de 2012, a Aneel regulamentou o uso das placas fotovoltaicas como complemento à energia fornecida pelas concessionárias. Para o professor Rafael Shayani a regulamentação é um avanço para que a iniciativa se espalhe pelo país. “Temos muito potencial de sol aqui no Brasil, a tendência é que essa tecnologia se espalhe, principalmente pelas cidades ensolaradas, como Belo Horizonte e Brasília”, afirma. Apesar disso, ele ressalta que o sistema ainda é muito novo e que deve levar tempo para consumidores e concessionárias se adaptarem.
Plantas usadas no tratamento de fitodepuração da água do esgoto produzido pela embaixada (Foto: Embaixada da Itália)
Uma próxima fase do projeto na embaixada contará com a instalação de 5 micro-turbinas eólicas no telhado da embaixada, para aproveitar a força do vento na geração de energia. Ainda dentro da busca pela sustentabilidade, a embaixada conta também com um sistema de tratamento do esgoto por meio de plantas que consomem as impurezas da água. Livre das substâncias tóxicas, a água pode ser reutilizada, desde que não seja para beber.