terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A Certificação AQUA como ferramenta de gestão na Construção Civil

Por Arq. Paulo Pinheiro, LEED GA, Consultor de Sustentabilidade EcoBuilding

A Certificação AQUA, desde a sua primeira versão em 2008, vem crescendo e contribuindo para o desenvolvimento da construção sustentável no Brasil, o amadurecimento do mercado reflete na atualização dos referenciais técnicos, que atualmente encontra-se na quarta versão, lançada em 2016, desafiando empreendedores, projetistas e construtores a continuarem pelo caminho da alta qualidade ambiental em seus empreendimentos. Concebida pela Fundação Vanzolini a partir do referencial francês Demarché HQE, o AQUA inaugurou no mercado brasileiro a reflexão da construção sustentável tendo como base a legislação, o embasamento normativo e as características construtivas, ambientais e sociais do Brasil, um grande ganho considerando que as principais economias mundiais possuem certificações ambientais de edificações pautadas em suas características locais.

Um dos grandes destaques da Certificação AQUA é a importância dada para o sistema de gestão para o desenvolvimento de um empreendimento com alta qualidade ambiental. Baseado no PDCA (Plan, Do, Check and Act) o AQUA convida à elaboração de bases que permitam o planejamento, execução, monitoramento e retroalimentação tendo em vista a qualidade e o atendimento das metas de sustentabilidade para o empreendimento. A busca pela excelência na qualidade é um dos valores da Fundação Vanzolini, que inclusive certifica a ISO 9001, e que reflete no AQUA como preocupação durante todo o processo de certificação, sendo avaliado pelo corpo de auditores durante as três auditorias presenciais, podendo ser alvo de melhorias e desenvolvimento para otimização da aplicação das metas de sustentabilidade, tornando-se assim uma excelente ferramenta de gestão e controle para o empreendimento.


Figura 1 - Sistema de Gestão do Empreendimento AQUA Fonte: Ecobuilding Fórum

O sistema de gestão do empreendimento, exigido pelo AQUA, é composto por diversas partes cujo objetivo é definir com clareza o comprometimento, as competências e responsabilidades dos profissionais envolvidos, identificando as expectativas de todas as partes envolvidas no processo e as metas de sustentabilidade que serão buscadas. A comunicação, monitoramento e análises críticas são ferramentas fundamentais para o sucesso do sistema de gestão e o AQUA traz especial atenção para elas, exigindo inclusive que sejam definidos procedimentos para ações corretivas no caso de desvios ao longo do processo.

Cabe destacar a preocupação da certificação AQUA com o desenvolvimento do empreendedor e dos profissionais envolvidos, através da exigência de elaboração de um balanço do empreendimento, ao final do processo, cujo conteúdo deverá ser composto pelos desvios relacionados às metas de sustentabilidade, prazos e custos, e as soluções adotadas, além da avaliação da conformidade dos projetistas, consultores e construtores, cujo material deve servir de embasamento para tomada de decisões mais assertivas no desenvolvimento de futuros empreendimentos, fechando o ciclo do PDCA proposto pela certificação. Destaca-se portanto que a certificação AQUA vai além da definição de propostas para o aumento da eficiência e qualidade ambiental dos empreendimento, ela emerge como uma ferramenta para definição e melhoria dos sistemas de gestão que norteiam a construção civil brasileira, permitindo assim o atendimento e manutenção das bases sustentáveis de sua concepção.


Em tempo:
Estamos inaugurando pelo EcoBuilding Fórum, na próxima sexta dia 03/02/2017, a primeira turma do curso online Aplicação do Processo de Certificação AQUA-HQE HabitacionalTrata-se do primeiro curso sobre o tema pela internet no Brasil.

O curso é ministrado pelo Arq. Paulo Pinheiro e está muito bem montado para apresentar todos os aspectos relacionados à aplicação do processo AQUA-HQE Habitacional, será realizado em 8 módulos semanais com vídeo-aulas gravadas e conta amplo material de estudos e leituras complementares, além de serviço de tutoria. As inscrições ficam abertas até a 4a semana do curso. Mais informações pelo link indicado acima ou pelo: cursos@ecobuildingforum.com.br.


Novas Missões Técnicas ArqTours / EcoBuilding: Japão e Barcelona / Construmat - Maio 2017

Caros,

Comento aqui sobre uma ótima oportunidade:

A ArqTours by Raquel Palhares, agência especializada em Viagens de Arquitetura e Missões Técnicas para o mundo da Construção, em parceria com a EcoBuilding Consultoria, apresenta a uma nova programação para 2017:
Missão Técnica Japão e Missão Técnica Barcelona Construmat 2017

As agendas estão montadas para possibilitar a participação nos dois eventos na mesma viagem, para os que assim desejarem, em Maio 2017. 


Trata-se de mais uma novidade preparada com o cuidado e a qualidade que fazem dos programas ArqTours oportunidades de enriquecimento pessoal e profissional de fato especiais (com ótimo custo-benefício, garanto).

Mais informações pelo link abaixo, com a própria Arquiteta Raquel.
Recomendo.



Desafio da sustentabilidade: empreendimentos existentes

Reproduzo aqui artigo que escrevi para o portal Tem Sustentável, publicado em Novembro 2016.
Veja mais em: http://www.temsustentavel.com.br/


empreendimentos

Desafio da sustentabilidade: empreendimentos existentes

Certificações ambientais de 
empreendimentos são atestados considerados de “terceira parte”, emitidos por entidades de credibilidade para confirmar, validar e ratificar a adoção de estratégias e medidas para a promoção da sustentabilidade. Ocorre em edificações que tenham atendido a critérios claros e mensuráveis de desempenho ambiental em diversas áreas de abordagem dos processos de projetos e execução de obras, bem como de operações definidos em um conjunto de procedimentos previstos em sistema de certificação específico.
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LEED green building – www.behomeplan.com


O mercado de certificações ambientais de empreendimentos tem crescido a proporções exponenciais em todo o mundo, com destaque para o Brasil, país que tem se revelado internacionalmente nesse segmento, impulsionado essencialmente por edificações novas, que são identificadas pela denominação “Green Buildings” ou edifícios sustentáveis. Mas, o que fazer quanto aos 
empreendimentos existentes? Não poderíamos também torná-los empreendimentos sustentáveis?
A promoção do desenvolvimento sustentável, ou seja, a ideia de promover a satisfação das necessidades do presente sem comprometer a capacidade do planeta de também atender às necessidades das gerações futuras, passa, necessariamente, pela promoção de melhores práticas para novos empreendimentos e, claro, para as estruturas existentes, que podem contribuir de maneira fundamental para que se atinja esse objetivo.
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Em oito anos, houve um aumento considerável no de empreendimentos existentes sustentáveis – FOTO hespinnakergroupinc.com


Por que empreendimentos sustentáveis ou Green Buildings?
Os edifícios são responsáveis por boa parte do consumo de energia elétrica em todo o mundo, bem como do consumo de água, das emissões de CO2 e geração de resíduos. Edifícios sustentáveis podem contribuir de maneira significativa para a redução da pressão sobre a demanda futura de recursos e para a redução dos impactos ambientais da construção.
Isso tudo na medida em que promovem melhores desempenhos nessas e outras áreas, com sensíveis reduções dos consumos de recursos como energia, água, gás e materiais, bem como reduções das gerações de resíduos e emissões de gases de efeito estufa e outros que prejudicam a qualidade do ar e a camada de ozônio atmosférico.
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Os benefícios dos green buildings – ARTE ECOBuilding, com dados da USGBC


Além de redução de custos operacionais decorrentes da diminuição do consumo de recursos, os 
Green Buildings também promovem melhor qualidade dos ambientes internos e externos e favorecem o bem-estar e a qualidade de vida, o que tende a também favorecer a produtividade em ambientes de trabalho. Tais fatos levam à valorização da imagem dos empreendimentos e de seus promotores e demais envolvidos, o que por sua vez reflete em maior valor agregado da propriedade, melhores vendas e retorno do investimento nessas estratégias.
O ciclo de vida dos empreendimentos
Edifícios sustentáveis são, portanto, empreendimentos bem planejados, projetados e construídos. São, de fato, melhores que a grande maioria. Contudo, para garantir a sustentabilidade ao longo do ciclo de vida de uma construção, é fundamental que sejam igualmente operados e mantidos adequadamente. Construir de maneira sustentável constituiu um importante primeiro passo. Todavia, a questão que deve ser melhor resolvida está relacionada justamente à fase que mais pesa no custo do ciclo de vida de um empreendimento: sua operação e manutenção.

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Os custos de empreendimentos sustentáveis existentes são menores se comparados aos de novos – FOTO ECOBuilding


Quando considerados os custos das pessoas que ocupam esses edifícios, tais questões se tornam ainda mais relevantes, já que os impactos das condições ambientais promovidas pelos edifícios na performance das pessoas, sejam em escritórios, hospitais, escolas, comércios ou indústrias, são de fato diretos e podem ser claramente percebidos, sobretudo porque representam um elevado percentual dos custos totais das empresas ao longo do ciclo de vida de um empreendimento.
Quais os custos envolvidos?
Pesquisas realizadas por organismos internacionais e brasileiros confirmam que os custos adicionais associados à construção de empreendimentos sustentáveis novos podem não alcançar sequer 2% do custo da obra e, para empreendimentos existentes, não chegam a 1% do valor do bem para adoção de práticas de sustentabilidade para a obtenção de uma certificação de Green Building para operação e manutenção, com retorno do investimento em um prazo inferior a dois anos.
Por outro lado, a conquista de uma certificação de sustentabilidade pode levar a uma agregação de valor patrimonial desses empreendimentos da ordem de 10%, além de representar um ganho expressivo de competitividade e atratividade junto ao mercado, o que se reflete em maiores taxas de ocupação e valores de locação.
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O mercado de empreendimentos verdes nos próximos anos – FOTO ECOBuilding


Com isso, pode-se afirmar que em pouco tempo o mercado como um todo, e não apenas em alguns setores, certamente irá perceber que os empreendimentos sustentáveis são de fato melhores, passarão a valorizá-los ainda mais e a demandar cada vez melhores níveis de desempenho e qualidade das operações.
Empreendimentos que não sejam capazes de dar respostas adequadas a essas demandas, gradualmente perderão usuários em favor dos Green Buildings e, muito provavelmente, terão que recorrer à adoção de estratégias de sustentabilidade para recuperar atratividade no mercado. Afinal, sustentabilidade é uma questão ligada à própria sobrevivência, da sociedade e dos negócios voltados a empreendimentos. Os Green Buildings são, portanto, o caminho a ser seguido.

Comentário que acrescento em Janeiro 2017:
Em breve teremos um novo curso on-line pelo EcoBuilding Fórum, dedicado à capacitação de profissionais para implementarem boas práticas de sustentabilidade em empreendimentos existentes, com aplicação da certificação LEED EB-O&M, para Operação e Manutenção. Cadastre-se pelo site para se manter informado: www.ecobuildingforum.com.br.