Por Louise Downing, da Bloomberg, publicado em Exame.com em Julho 2013
O mercado de energia solar colocada em edifícios e em materiais de construção deve crescer de cerca de US$ 2,1 bilhões para US$ 7,5 bilhões até 2015
Hearst Tower, edifício "verde" projetado por Norman Foster em Nova York
Londres – Dos estádios no Brasil até as sedes dos bancos na Grã-Bretanha, arquitetos liderados por Norman Foster estão integrando células solares na estrutura dos edifícios, ajudando o mercado de tecnologia a triplicar dentro de dois anos.
Os sistemas de energia solar estarão no topo dos estádios anfitriões da Copa do Mundo de Futebol em 2014, no Brasil. Em Manchester, norte da Inglaterra, o escritório do Co-operative Group Ltd. tem lâminas solares da Solar Century Holdings Ltd. em suas superfícies verticais.
Os projetos marcam um esforço dos designers por adotar edifícios integrados com a energia fotovoltaica, ou BIPV, onde os recursos de geração de energia são planejados desde o início, em vez de improvisados como uma reflexão tardia.
Foster e seus clientes estão procurando produzir obras atraentes respeitando a diretiva da União Europeia de que os novos edifícios devem produzir emissões próximas de zero depois de 2020.
"Construções solares integradas em edifícios de escritórios e fábricas, que geram energia de forma consistente durante o dia, além de não exigirem terrenos caros adicionais ou instalações feias, são vistos como a solução energética mais óbvia", disse Gavin Rezos, diretor da Viaticus Capital Ltd., uma empresa australiana de consultoria corporativa, que é um dos fundos de capital privado que investe dinheiro em tecnologia.
O mercado de energia solar colocada em edifícios e em materiais de construção deve crescer de cerca de US$ 2,1 bilhões para US$ 7,5 bilhões até 2015, de acordo com a Accenture Plc, mencionando a pesquisa da NanoMarkets.
Espera-se que as vendas de vidro solar atinjam quase US$ 4,2 milhões em 2015, com paredes integradas com células solares a US$ 830 milhões. Cerca de US$ 1,5 bilhão deve ser gerado a partir de telhas solares.
"Estamos nos aproximando de um ponto de inflexão e, em algum ponto do futuro edifícios com energia solar integrada serão uma ‘obrigação’ na concepção de qualquer edifício novo e significativo", disse Mike Russell, diretor do grupo de serviços de utilidade pública da Accenture, em Londres.
A tecnologia solar foi instalada no telhado do Estádio de Pituaçú, em Salvador, no Brasil, bem como em seu vestiário e na cobertura do estacionamento, já que o país se prepara para a Copa do Mundo.
Designs acessíveis
Incorporar energia solar em materiais de construção traz desafios. A Foster + Partners, a firma de arquitetura liderada por Norman Foster, que remodelou a Hearst Tower, em Nova York, e projetou um arranha-céu em Londres, conhecido como o Gherkin, disse que é importante considerar que as estruturas sejam acessíveis para limpeza e manutenção. A empresa está projetando um novo escritório em Londres para a Bloomberg LP.
"Embora as células individuais sejam discretas e fáceis de integrar, exigem elementos de cabeamento e adicionais que precisam ser cuidadosamente incorporados", disse David Nelson, chefe de design da Foster + Partners.
Mais caro
Produtos solares integrados ainda são pelo menos 10 por cento mais caros do que os painéis solares fotovoltaicos tradicionais, disse Alan South, diretor de inovação na Solar Century.
"No momento, é muito mais barato instalar um módulo convencional, a menos que seu telhado tenha uma forma incomum. E produto solar caro instalado em telhados inadequados é um recurso decorativo futurista, não uma solução de energia", disse Jenny Chase, analista de energia solar na Bloomberg New Energy Finance.
Ainda assim, gerar eletricidade onde ela é usada se torna mais atraente já que o preço da energia das grandes usinas de combustíveis fósseis aumenta. O custo da energia solar está em declínio com o aumento da energia produzida centralmente, disse Russell da Accenture. Isso vai pesar sobre os serviços de utilidade pública.
"As tecnologias solares de última geração podem ter um impacto potencialmente devastador nas receitas da indústria de serviços públicos", disse Russell. "Isso vai forçar as prestadoras a distribuir todos os custos sobre menos clientes, elevando os preços de energia, e fazer da geração distribuída ainda mais atraente".