domingo, 25 de agosto de 2013

Edifícios com lâminas solares devem triplicar em dois anos

Por Louise Downing, da Bloomberg, publicado em Exame.com em Julho 2013 
 
O mercado de energia solar colocada em edifícios e em materiais de construção deve crescer de cerca de US$ 2,1 bilhões para US$ 7,5 bilhões até 2015

Hearst Tower, edifício "verde" projetado por Norman Foster em Nova York

Londres – Dos estádios no Brasil até as sedes dos bancos na Grã-Bretanha, arquitetos liderados por Norman Foster estão integrando células solares na estrutura dos edifícios, ajudando o mercado de tecnologia a triplicar dentro de dois anos.
 
Os sistemas de energia solar estarão no topo dos estádios anfitriões da Copa do Mundo de Futebol em 2014, no Brasil. Em Manchester, norte da Inglaterra, o escritório do Co-operative Group Ltd. tem lâminas solares da Solar Century Holdings Ltd. em suas superfícies verticais.
 
Os projetos marcam um esforço dos designers por adotar edifícios integrados com a energia fotovoltaica, ou BIPV, onde os recursos de geração de energia são planejados desde o início, em vez de improvisados como uma reflexão tardia.
Foster e seus clientes estão procurando produzir obras atraentes respeitando a diretiva da União Europeia de que os novos edifícios devem produzir emissões próximas de zero depois de 2020.
"Construções solares integradas em edifícios de escritórios e fábricas, que geram energia de forma consistente durante o dia, além de não exigirem terrenos caros adicionais ou instalações feias, são vistos como a solução energética mais óbvia", disse Gavin Rezos, diretor da Viaticus Capital Ltd., uma empresa australiana de consultoria corporativa, que é um dos fundos de capital privado que investe dinheiro em tecnologia.

O mercado de energia solar colocada em edifícios e em materiais de construção deve crescer de cerca de US$ 2,1 bilhões para US$ 7,5 bilhões até 2015, de acordo com a Accenture Plc, mencionando a pesquisa da NanoMarkets.

Espera-se que as vendas de vidro solar atinjam quase US$ 4,2 milhões em 2015, com paredes integradas com células solares a US$ 830 milhões. Cerca de US$ 1,5 bilhão deve ser gerado a partir de telhas solares.
 
"Estamos nos aproximando de um ponto de inflexão e, em algum ponto do futuro edifícios com energia solar integrada serão uma ‘obrigação’ na concepção de qualquer edifício novo e significativo", disse Mike Russell, diretor do grupo de serviços de utilidade pública da Accenture, em Londres.
 
A tecnologia solar foi instalada no telhado do Estádio de Pituaçú, em Salvador, no Brasil, bem como em seu vestiário e na cobertura do estacionamento, já que o país se prepara para a Copa do Mundo.
 
Designs acessíveis

Incorporar energia solar em materiais de construção traz desafios. A Foster + Partners, a firma de arquitetura liderada por Norman Foster, que remodelou a Hearst Tower, em Nova York, e projetou um arranha-céu em Londres, conhecido como o Gherkin, disse que é importante considerar que as estruturas sejam acessíveis para limpeza e manutenção. A empresa está projetando um novo escritório em Londres para a Bloomberg LP.

"Embora as células individuais sejam discretas e fáceis de integrar, exigem elementos de cabeamento e adicionais que precisam ser cuidadosamente incorporados", disse David Nelson, chefe de design da Foster + Partners.
 
Mais caro 
Produtos solares integrados ainda são pelo menos 10 por cento mais caros do que os painéis solares fotovoltaicos tradicionais, disse Alan South, diretor de inovação na Solar Century.
"No momento, é muito mais barato instalar um módulo convencional, a menos que seu telhado tenha uma forma incomum. E produto solar caro instalado em telhados inadequados é um recurso decorativo futurista, não uma solução de energia", disse Jenny Chase, analista de energia solar na Bloomberg New Energy Finance.

Ainda assim, gerar eletricidade onde ela é usada se torna mais atraente já que o preço da energia das grandes usinas de combustíveis fósseis aumenta. O custo da energia solar está em declínio com o aumento da energia produzida centralmente, disse Russell da Accenture. Isso vai pesar sobre os serviços de utilidade pública.

"As tecnologias solares de última geração podem ter um impacto potencialmente devastador nas receitas da indústria de serviços públicos", disse Russell. "Isso vai forçar as prestadoras a distribuir todos os custos sobre menos clientes, elevando os preços de energia, e fazer da geração distribuída ainda mais atraente".

Brasil é o quarto país entre os que mais concentram construções sustentáveis

Por Carolina Gonçalves, para Agência Brasil, publicado em Automatic House, em Julho 2013
 
No ano em que a luta contra o desperdício ganhou o topo da agenda ambiental internacional, o mercado brasileiro busca mais um degrau no ranking mundial de construções sustentáveis. Hoje, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os países que mais concentram edificações feitas a partir de critérios ambientalmente adequados. Os Estados Unidos reúnem o maior número de empreendimentos em análise, seguidos pela China e pelos Emirados Árabes Unidos.

Mais de 720 projetos brasileiros aguardavam a certificação internacional, conferida pela organização não governamental internacional chamada Green BuildingCouncil (GBC), responsável por estimular as construções verdes no mundo. Pelo menos 99 edificações no país detêm o selo. A expectativa do governo e da indústria de construção é chegar a 900 projetos para análise da organização até o final do ano.
 
Caso consiga atingir a meta, o Brasil ocupará a terceira posição na lista dos países com mais edificações ambientalmente projetadas. A construção civil é responsável por alto consumo de recursos naturais e utiliza energia em larga escala, de acordo com números do Conselho Internacional da Construção. Mais de 50% dos resíduos sólidos gerados por atividades humanas são oriundos do setor.
 
"O conceito de construção sustentável está amadurecendo e se consolidando dentro da cadeia produtiva da construção civil", avaliou Wagner Soares, gerente de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg)
 
Para alcançar esse status, engenheiros e arquitetos precisam observar uma série de pré-requisitos e medidas, como a redução do consumo de energia e a prioridade às condições de luminosidade natural e de lâmpadas de baixo consumo, além do uso de aparelhos eletrodomésticos mais econômicos (indicados pelo selo Procel).
 
"A reforma ainda é um tanto complicada e o custo ainda não é muito baixo. Você tem um aumento de 15%, em média, do custo da construção quando trabalha com sustentabilidade e isso coloca em risco o valor do investimento", destacou Soares. Pelas contas do GBC Brasil, esse gasto, que já foi 30% superior ao de obras convencionais, pode significar uma diferença de até 5%.
 
Wagner Soares destacou que existe uma tendência de diminuição dos gastos ao longo do tempo. A expectativa é que as pessoas adotem, cada vez mais, sistemas ambientalmente sustentáveis. Soares ponderou que o maior investimento ainda impede que esses projetos representem uma realidade frequente no país.
 
O governo federal, por sua vez, desenvolve ações para estimular programas ambientalmente sustentáveis. O Ministério do Meio Ambiente disponibiliza cursos pela internet sobre procedimentos que podem ser adotados para adequar prédios públicos a esses sistemas de sustentabilidade.
 
O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida começou há dois anos, com a obrigatoriedade do uso de energia solar em todos os novos empreendimentos destinados às famílias com renda máxima de três salários mínimos. A etapa incluiu dois milhões de residências, das quais 1,2 milhão para famílias com renda máxima de três salários mínimos.
 
Técnicos do governo informaram que existem diversas linhas de financiamento para beneficiar esses projetos. Procuradas pela Agência Brasil, as principais instituições financeiras públicas - Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - não apontaram qualquer crédito criado especificamente para essa finalidade. Os projetos podem ser beneficiados por linhas de crédito que já existiam. A Caixa Econômica Federal não deu informações sobre o assunto.

 

Residência venderá energia elétrica para a Light no Rio de Janeiro


Por Juliana Martins, da Revista Téchne publicado em PiniWeb, em 08 de Agosto de 2013
 Com placas fotovoltaicas, começa a funcionar o primeiro sistema de microgeração de energia integrado à rede da concessionária.  Começou a funcionar na última terça, 6/8, a primeira unidade de microgeração de energia elétrica interligada à rede da Light, concessionária que atua no Rio de Janeiro. Uma casa no bairro de Santa Teresa, na capital carioca, instalou um sistema de painéis fotovoltaicos que a credenciou a participar como projeto piloto da empresa. A partir de agora, o excedente de energia produzido na residência poderá ser vendido para a Light, abatendo os valores pagos na conta de luz - a legislação brasileira não prevê o pagamento em dinheiro ao usuário.
Acervo Pessoal
Primeira casa dentro do sistema Light a gerar energia solar tem os painéis fotovoltaicos dispostos no telhado da residência
 
O proprietário da casa é o alemão Hans Rauschmayer, diretor da empresa de consultoria Solarize, que desenvolveu o sistema em parceria com a empresa Polo Engenharia. Eles deram início ao projeto assim que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, em novembro de 2012, a retificação da Resolução Normativa nº 482/2012, que estabelece as condições gerais para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica e cria o sistema de compensação de energia elétrica. "O objetivo da casa era primeiro ver na prática como isso funciona no Brasil. Sou alemão e lá tem muita gente produzindo energia solar. Temos fornecedores, acessórios, mas no Brasil não existe ainda, estamos começando a criar o mercado", analisa Hans. De acordo com o estudo inicial feito pelo proprietário, a casa consome, em média, 150 kWh por mês. O sistema foi projetado para gerar um excedente de energia de cerca de 40%.

Estrutura
Os painéis fotovoltaicos policristalinos, que captam a radiação solar e fazem sua conversão direta em energia elétrica, foram instalados no telhado da residência, local com mais incidência solar. São nove módulos de 235 Wp e área de 1,5 m². Eles geram energia elétrica em corrente continua, que é levada por um cabo até o inversor de conexão à rede, que faz a conversão para corrente alternada, em sincronia com a rede elétrica, e desliga o sistema caso haja alguma pane. O inversor, com potência de 2,0 kW, possui ainda um servidor web, ainda em teste, que permitirá ver pela internet o quanto o sistema gera de energia. A energia segue então, para o Dispositivo de Seccionamento Visível (DSV) - instalado pela concessionária fora da edificação -, que desliga o sistema caso seja necessário fazer alguma manutenção na rede.

Sem baterias

O sistema não funciona com baterias. A energia produzida é usada de forma prioritária dentro da casa, por qualquer aparelho conectado na tomada ou pela iluminação, e o excesso vai para a rede da concessionária. "O inversor gera energia com um pouco mais de tensão que a rede, o que força essa prioridade", explica Hans. Ao longo do dia, a energia solar é usada quando o tempo está aberto e sem nuvens; quando o sol é encoberto por nuvens, a mudança para a rede da concessionária é feita automaticamente. "Dentro de casa, não sei e não preciso me preocupar de onde está vindo a energia que eu consumo", explica Hans.
Para poder acompanhar o gasto e a venda de energia, a Light instalou um medidor bidirecional que mede o consumo de energia dentro da casa e o injetado na rede. "Se eu consumir mais que gero, tenho que pagar esse saldo. Se conseguir gerar mais, volta por créditos em kWh", explica o proprietário da casa, lembrando que esse crédito pode ser abatido de contas futuras ou em outro medidor sob o mesmo CPF ou CNPJ.

A única intervenção solicitada pela concessionária foi a adequação do ponto de acesso. A residência tem mais de 40 anos e o sistema elétrico era antigo. Com a reforma e a troca do quadro de distribuição, foi possível fazer a ligação segura da rede. No dia 24 de julho, a Light fez a última visita técnica e aprovou a instalação do sistema solar e em menos de 15 dias o sistema já estava em uso.
Acervo Pessoal
O medidor e o DSV ficam do lado de fora da residência para que seja feita a leitura mensal e para acessar e desligar o sistema em caso de reparos
Acervo Pessoal
Imagem da tela do Inversor que mostra dados do sistema. Em breve, será possível acessar pela internet para saber o quanto ele está gerando de energia.