Compartilho publicação da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção, principal entidade do setor) postada pelo nobre conterrâneo Nilson Sarti, com um comentário:
No que se refere ao item "máxima utilização dos recursos naturais", me atrevo comentar que seria mais apropriada a expressão: "utilização criteriosa (ou responsável) dos recursos naturais".
E acrescento: Como mais uma vez ficou claro na recente conferência da ONU sobre o clima (COP 26), empresas de todos os setores precisam cada vez mais demonstrar boas práticas em ESG e compromisso com as mudanças climáticas globais. No setor na construção, construir de maneira sustentável é mais que uma oportunidade, é uma necessidade. É o mínimo, mas um importante passo nesse sentido. Consulte-nos para saber como fazê-lo.
Após as passagens recentes de Paulo Mendes da Rocha e Ruy Othake, outro grande ícone da arquitetura que tive a honra e privilégio de conhecer pessoalmente, o também multi-premiado arquiteto ítalo-britânico Sir Richard Rogers faleceu ontem, 18/12/2021, em sua residência, em Londres.
À frente do escritório Rogers Stirk Harbour + Partners (RSHP), o trabalho do senhor Rogers sempre primou pela inovação, pelo design de vanguarda e pela atenção às questões do desempenho ambiental e sustentabilidade.
Durante uma visita técnica ao escritório RSHP, que liderei e acompanhei, como parte da agenda da II Missão Técnica EcoBuilding / ArqTours a Londres em 2011, estávamos sendo muito bem recebidos e assistindo a uma apresentação do também lendário sócio Mike Davis (o cara de vermelho), quando, do lado de fora da sala de reunião, pela calçada à beira do rio Tâmisa, vimos passar o senhor Rogers, então com seus 78 anos, chegando para o trabalho, de bicicleta! (Se aposentou do trabalho apenas em 2020!)
Sem saber quem éramos, e sem ter previsto esta reunião em sua agenda, ele foi até a sala, perguntou de onde éramos, e respondi que éramos do Brasil. Sir Rogers resolveu se sentar e passou conversar conosco e contar estórias de suas passagens pelo país, de sua admiração por nossa cultura e o desejo de realizar trabalhos por aqui. A apresentação se converteu em um incrível bate-papo descontraído com um dos maiores ícones da arquitetura mundial.
Foi uma grande honra para todos nós e um dos momentos mais marcantes e inesquecíveis das muitas missões técnicas bem sucedidas que tive o privilégio de organizar e realizar com a ArqTours, para muitas cidades pelo mundo.
Muito obrigado, Sir Rogers. Missão muito bem cumprida! Sua obra e seu legado permanecerão para sempre. Que descanse em paz!
Com grande satisfação, compartilho que o edifício sede da RAC Engenharia, em Curitiba, já certificado LEED Platinum, recebeu recentemente a Pré-certificação WELL, com nossa consultoria EcoBuilding, e com 91 pontos aprovados pelo International WELL Building Institute (IWBI)! Será, portanto, o primeiro edifício certificado WELL Platinum do continente! Parabéns, Ricardo Cansian e todo o time RAC Engenharia.
With great satisfaction, I share that RAC Engenharia's headquarters building, in Curitiba, already LEED Platinum certified, recently received the WELL Pre-certification, with our EcoBuilding consultancy, and with 91 points approved by the International WELL Building Institute (IWBI)! It will therefore be the first WELL Platinum certified building on the continent! Congratulations, Ricardo Cansian and the entire RAC Engenharia team.
Reproduzo aqui artigo que escrevi para a Inovatech Engenharia, a respeito das certificações WELL e Fitwel (spolier: apesar dos nomes parecidos, são bem diferentes!).
O artigo foi publicado originalmente em: https://inovatechengenharia.com.br/certificacoes/well-ou-fitwel/
A vez das pessoas – WELL ou Fitwel?
15/12/2020
Neste artigo, Antonio Macedo Filho, nosso especialista e WELL AP, analisa e apresenta um resumo a respeito das principais características das duas principais certificações internacionais de bem-estar para empreendimentos, o Well Building Standard (WELL)e o Fitwel, sistemas que têm sido largamente utilizados por organizações de todo o mundo para identificar empreendimentos que promovem a saúde e o bem-estar das pessoas. Confira!
Certificações Ambientais, quais os benefícios?
Certificações ambientais de empreendimentos (ou selos verdes) são instrumentos, normalmente voluntários, para parametrização, mensuração, aferição, validação e reconhecimento da adoção de estratégias que, uma vez implementadas e verificadas, dão razão à emissão de certificados emitidos por organismos certificadores de credibilidade normalmente internacional.
Proprietários, investidores, poder público, usuários e gestores de empreendimentos certificados têm, com as certificações, comprovação de que se trata, de fato, de empreendimentos de mais qualidade, dispondo de indicadores claros quanto às estratégias implementadas, seus níveis de desempenho e benefícios proporcionados.
Sobre as Certificações de Bem-estar
Recentemente, novas certificações têm surgido, no intuito de favorecer e garantir a qualidade dos espaços construídos, bem como a saúde e bem-estar dos seus ocupantes, respondendo às demandas de um mercado competitivo e à tendência global de valorização das pessoas como foco central das tomadas de decisão, o chamado “Movimento Wellness”.
O conceito base é bastante simples e óbvio: Passamos a maior das nossas vidas em ambientes construídos (mais de 90% do tempo) e estes ambientes e as condições que nos oferecem impactam, de forma substancial e de diversas maneiras, a nossa saúde, nosso bem-estar e qualidade de vida. De fato, segundo a OMS, fatores ambientais e sociais, somados a fatores comportamentais, impactam significativamente mais em nossa saúde e bem estar do que fatores genéticos ou cuidados médicos.
O assunto ganhou ainda maior relevância em 2020, uma vez que passou a ser mais claramente percebido pelo público geral e empresas de todos os setores estão buscando adotar programas para oferecer garantias às pessoas quanto à qualidade dos seus espaços, em um contexto de pandemia viral de escala inédita.
Semelhanças entre WELL e Fitwel
A certificação WELL (WELL Building Standard™) foi desenvolvida a partir de pesquisas científicas lideradas por iniciativa da Delos, com o envolvimento de centros de pesquisas médicas nos EUA e iniciadas em 2007, que levaram ao lançamento do selo em 2014 pelo IWBI – International Well Building Institute, organismo responsável pela administração do sistema de classificação, que tem sede em Nova York. É o primeiro selo do mundo para empreendimentos saudáveis.
O GBCI – Green Business Certification Incé o agente independente responsável por realizar as verificações e atestar a conformidade com os requisitos do WELL. O GBCI também atua como organismo de certificação para outros programas de sustentabilidade, como LEED, IFC Edge, SITES, PEER e outros.
O sistema Fitwel foi criado também nos EUA em 2017, a partir de uma iniciativa conjunta do Center for Disease Control, e a US General Services Administration (responsável por administrar o patrimônio imobiliário do governo) e o Center for Active Design(organização sem fins lucrativos também com sede em Nova York) é o órgão que gerencia os processos de certificação.
Portanto, ambos os sistemas têm semelhanças em aplicabilidade e estrutura: Ambos são sistemas que visam promover a saúde e o bem-estar das pessoas nos ambientes, são usados internacionalmente, podem ser aplicados a diferentes tipologias de edifícios, incluindo escritórios e residenciais, para edifícios inteiros ou interiores. Ambos os programas têm três níveis de certificação (Silver, Gold e Platinum para WELL e 1, 2 ou 3 estrelas para Fitwel) e preveem recertificação periódica, em um ciclo de três anos.
Delos Headquarters, NYC (LEED & WELL Platinum + Living Building) Fonte: Antonio Macedo Filho
Por que escolher um ou outro? Conheça as diferenças
Mas, embora existam semelhanças há também diferenças bastante significativas. Entender essas diferenças pode ajudar os proprietários a determinar qual programa é mais apropriado para cada ativo.
Concepção dos sistemas
O sistema WELL foi concebido por um conjunto de especialistas das áreas de pesquisas científicas médicas e do setor da construção e mercado imobiliário para promover a concepção, o desenvolvimento, o uso e a operação de empreendimentos que, por meio de um conjunto de indicadores claros, promovam a saúde, o conforto, o bem estar e a qualidade de vida das pessoas nos ambientes construídos, não apenas nos espaços de trabalho.
O sistema valoriza o projeto destes espaços, por meio de ampla integração multidisciplinar, tratando tanto de aspectos físicos como também psicológicos e comportamentais, de gestão de pessoas, políticas de operação e manutenção, dentre outros.
Já o sistema Fitwel foi criado por iniciativa de um órgão de gestão imobiliária para atender à demanda por mais qualidade em espaços existentes. Foi pensado para propor soluções e medidas relativamente simples, que possam ser implementadas facilmente, sem grandes reformas ou alterações nestes espaços, nem grandes investimentos, portanto, e que possam ser documentadas de maneira também simplificada, pelos próprios proprietários, sem necessidade de envolver muitas disciplinas ou profissionais especializados. Foi concebido para ser simples e fácil.
Esta diferença fundamental na forma como foram concebidos os sistemas dá origem a outras diferenças também importantes, a saber:
Abrangência da abordagem
O sistema WELL aborda os temas da saúde e bem-estar de diferentes formas. São 10 categorias em sua mais recente versão, a v.2 (7 na v.1) e em cada uma delas há pré-condições (itens obrigatórios) e otimizações (facultativas) que somam mais de 100 itens aplicáveis, a partir dos quais se afere o nível de desempenho dos ambientes. São elas:
Ar
Água
Nutrição
Luz
Movimento
Conforto Térmico
Som
Materiais
Mente
Comunidade
Certificação WELL – Itens obrigatórios, retirado do site do Sistema WELL
Categorias da certificação WELL, com seus itens obrigatórios e facultativos
Já o Fitwel apresenta 63 estratégias (nenhum item obrigatório) para serem consideradas para atender aos objetivos agrupados nas seguintes áreas:
Impactos de saúde na comunidade
Redução da morbidade e abstenismo
Equidade social para grupos vulneráveis
Instituição do bem-estar
Prover opções de alimentação saudável
Promover a segurança dos ocupantes
Aumentar a atividade física
Categorias da certificação Fitwel – retirado do site da certificação Fitwel
Categorias da certificação Fitwel, com seus itens obrigatórios e facultativos
Complexidade e facilidade de uso
O atendimento aos requisitos WELL requer a comprovação por meio de evidências claras, com o envio de documentos comprobatórios emitidos por diferentes agentes envolvidos no processo, à semelhança dos processos LEED. Já o Fitwel foi projetado para ser simples de implementar e também de documentar. O volume de documentos a serem enviados, inclusive porque a quantidade de assuntos abordados no Fitwel é menor que no WELL, é, portanto, também bem menor e, em muitos casos, são aceitas autodeclarações, sem necessidade de medições in loco.
Além disso, o Fitwel não possui pré-requisitos. Ou seja, não há itens obrigatórios. Dessa forma, tudo é opcional. Isso permite, por um lado, grande flexibilidade para os usuários do Fitwel escolherem a combinação de estratégias que melhor se aplica a seus projetos. Por outro lado, os requisitos simples e as baixas barreiras à entrada fizeram com que o Fitwel fosse considerado “pouco exigente” ou “muito fácil” para algumas propriedades. Em certos casos, quase nada precisava ser feito além do que já se tinha implementado, para se atingir a certificação (além de pagar as taxas do processo).
Medições e verificações
O programa WELL requer que medições de desempenho e verificação da qualidade dos espaços seja realizada por meio de visita presencial ao empreendimento a ser certificado de um avaliador WELL aprovado. Este profissional realiza uma inspeção visual das características de saúde do edifício, verifica a documentação fornecida no aplicativo e conclui o teste de desempenho direcionado para itens específicos, como acústica, por exemplo. Esta etapa de validação no local fornece aos proprietários de ativos uma garantia adicional de que resultados confiáveis estão de fato sendo alcançados.
O programa Fitwel não faz qualquer exigência de verificação no local (sequer aborda a questão do desempenho acústico, por exemplo).
Aplicação para portfólios de edifícios existentes e novos
Ambos os programas pretendem trabalhar tanto para novos projetos de construção quanto para edifícios existentes. No entanto, as estratégias propostas pelo Fitwel são escaláveis e replicáveis em um portfólio de construção existente de forma bem mais simples que as estratégias do WELL. Por ser mais fácil de ser implementado em edifícios existentes, o Fitwel oferece maiores oportunidades de aplicação por gestores prediais e gerentes de instalações, que podem com suas próprias equipes internas conduzir os processos.
Por outro lado, o WELL abre a possibilidade de se atingir excelentes resultados nos casos de projetos de empreendimentos novos ou que sofram significativas reformas e uma opção melhor para organizações que buscam incorporar princípios de saúde e bem-estar de maneira abrangente, consistente e completa, envolvendo diversas áreas da empresa.
Custo
Estas diferenças fundamentais entre os sistemas impactam diretamente em outra também muito relevante: os custos dos processos. O custo total da certificação é em geral significativamente mais alto para a WELL do que para o Fitwel, naturalmente. Ambos os programas avaliam as taxas com base na área do empreendimento, mas as taxas de registro e as taxas de certificação sofrem uma variação maior no caso do WELL do que no Fitwel.
Os testes de desempenho e medições in loco exigidos para o WELL acarreta custos adicionais que o Fitwel, como não exige medições in loco, não tem. Serviços de consultoria especializada são muitas vezes também requeridos pelos contratantes de processos WELL, o que nem sempre ocorre para processos Fitwel, pois bem mais simples.
Considerações finais
Embora os programas compartilhem muitas semelhanças, WELL e Fitwel adotam abordagens bem diferentes para lidar com a questão da qualidade dos espaços para a promoção da saúde humana.
Por seu nível de exigência, abrangência de abordagem, consistência das informações, meios de validação e investimento de tempo e recursos, tanto no seu desenvolvimento quanto em sua aplicação, o WELL é considerado como “topo de linha” pelo mercado imobiliário de empreendimentos saudáveis. Isto, por outro lado, também o torna inatingível por muitos.
Quanto ao o Fitwel, por sua simplicidade, praticidade e foco em aplicações que tenham visibilidade para as os usuários, tem ganho espaço justamente por ser barato e fácil. Corre também o risco, justamente por isto, de perder em credibilidade e passar a ser considerado como algo de menor valor, que não traz benefício real ou eleva o nível de saúde e bem-estar além da prática comum.
Então, qual programa é melhor para você? A resposta depende de vários fatores que incluem os seus objetivos, o nível de comprometimento da empresa e suas equipes de gestão com o tema da saúde e bem estar das pessoas, o perfil dos ativos específicos e o tamanho do portfólio de produtos, dentre outros.
Por fim, a boa notícia é que agora existem programas de certificação, metodologias e pesquisas de saúde baseadas na ciência, que podem ser aproveitados para melhorar os desempenhos e a qualidade dos espaços construídos para a promoção da saúde e do bem-estar para as pessoas que vivem e trabalham em seus edifícios.
Quadros Comparativos para o WELL e Fitwel
Quadro comparativo entre as áreas de abordagem da certificação WELL e Fitwel
Comparativo entre o WELL e o Fitwel – Aplicações e tipologias
Comparativo entre o WELL e o Fitwel em aspectos gerais