sexta-feira, 20 de março de 2009

"Terceiras Peles" ou Fachadas Ventiladas: solução útil para eficiência energética e conforto ambiental

Em minhas aulas, costumo dizer que as edificações, onde passamos praticamente toda a vida, são nossas "terceiras peles", considerando-se as roupas, que também usamos praticamente por todo o tempo, as nossas "segundas peles".

Todas as nossas três peles devem (ou deveriam) nos proporcionar: proteção em relação à radiação solar, isolamento térmico, respiração, ventilação, permitir perda de calor ou evitar ganhos de calor quando necessário e na quantidade necessária, devem ser confortáveis, práticas e adequadas às atividades que abriguem, além, claro, de esteticamente agradáveis. São muitas e importantes missões.

Como não sou dermatologista nem estilista, considerarei aqui apenas as nossas terceiras peles, os edifícios, cuja interação com o exterior se dá, basicamente, por suas fachadas e coberturas.
Para que um sistema de fachadas possa proporcionar ao menos algumas daquelas tarefas com eficiência, é importante que se considere a opção das fachadas ventiladas.

A solução construtiva de fachadas ventiladas não é comum no Brasil. Mas é muito útil por permitir relações mais dinâmicas com o meio, trocas de calor mais eficientes e também isolamento térmico. Mesmo em regiões onde as condições climáticas não são muito rigorosas, como em nosso país, elas podem proporcionar muito bons resultados.

A matéria que segue, publicada pela revista Téchne, da Ed. Pini, neste mês de março de 2009, traz uma rica e interessante análise da solução construtiva fachadas ventiladas, com dados técnicos bastante úteis. Parabenizo a editora, os autores e colaboradores da matéria e reproduzo a seguir seu conteúdo.

Fachadas ventiladas combinam funções estéticas com bom desempenho térmico, além de contribuir para reduzir cargas do condicionamento de ar
Por Eride Moura, para Téchne

Ainda em processo de introdução no Brasil, a fachada ventilada tem sua eficiência comprovada há mais de 30 anos nos países do hemisfério Norte. Por aqui, vem suscitando interesse tanto pelos efeitos estéticos quanto pelo desempenho térmico prometidos. Em tempos de exigência de menor consumo energético, o sistema pode contribuir para reduzir as cargas de condicionamento artificial de ar. Pode também, como uma "capa" protetora, preservar a estrutura e prolongar a vida útil da edificação.

Empregando materiais específicos e utilizando-se de princípios físicos simples, a fachada ventilada não deve, em hipótese alguma, ser confundida com a chamada fachada cortina. Ambos distinguem-se, é verdade, das fachadas convencionais, mas têm em comum apenas o fato de criarem um invólucro separado e independente da estrutura do edifício. A subestrutura que suporta o revestimento é de aço inoxidável ou alumínio e pode ser ajustada.

No caso da fachada ventilada, a cavidade formada entre os dois paramentos - de 10 cm a 15 cm de largura, mas podendo ser maior para possibilitar a passagem de instalações - é determinante para o sucesso do sistema, funcionando como colchão de ar renovável. A troca de ar é permanente na câmara e maior o conforto ambiental dentro do edifício.

No hemisfério Norte, onde essas fachadas foram desenvolvidas, como o inverno é rigoroso e a manutenção do calor nos ambientes internos é fundamental, parte dessa cavidade é preenchida por uma camada de material isolante, geralmente painéis de lã de vidro ou de rocha. Exemplos muito antigos desse conceito de fachada dupla podem ser vistos nos Estados Unidos e na Inglaterra, em edifícios históricos, que apresentam uma segunda fachada em alvenaria de tijolos, trabalhada independentemente da parede estrutural.

Com a evolução dos materiais, esse paramento externo pôde receber, além de vidros altamente sofisticados, placas de revestimento de materiais que agregam valor e beleza aos edifícios. Granito, mármore, porcelanatos, cerâmicas (extrudadas, esmaltadas, grés, cotto) e placas compósitas de metais ou laminados melamínicos são de uso corrente nesses países.

Colocação da peça cerâmica extrudada na subestrutura em obra na Alemanha

Sistema de juntas abertas

Nas últimas décadas, os estudos realizados em laboratórios europeus, visando reduzir custos com energia para calefação e refrigeração, levaram ao desenvolvimento da fachada ventilada, cujo princípio fundamental - e que a distingue da curtain wall - é o fato de possuir juntas abertas. O espaço entre as placas do invólucro (as juntas) não recebem vedação completa nas aberturas inferiores e superiores, possibilitando, assim, a criação da lâmina de ar na cavidade entre as duas paredes (ver figuras).

Essa lâmina de ar é a característica dominante do sistema de fachada ventilada, uma vez que é responsável pelo desencadeamento do efeito chaminé - um sistema eficaz e natural de ventilação.

Fachada de porcelanato com proteção de fibra de vidro, na Itália

O fenômeno fundamenta-se em um princípio simples da física: o ar mais quente sobe e, pela diferença de pressão, suga para dentro da cavidade o ar mais fresco. O ar da cavidade é continuamente renovado e não chega a aquecer a face do corpo da edificação, que permanece protegida.

Estanqueidade à água

Dimensionado corretamente, mesmo com as juntas abertas, o sistema controla a entrada de água da chuva incidente e elimina uma das causas mais frequentes da deterioração das fachadas - as infiltrações causadas por fadiga secante ou mástique.

A água que consegue penetrar no interior da cavidade é extremamente reduzida. Estudos realizados na Alemanha demonstram que menos de 1% da água que consegue penetrar atinge o paramento, o que pode ser controlado por uma camada impermeabilizante.
O afastamento entre o paramento externo e a abertura das juntas dos painéis deve ser dimensionado de tal forma que equilibre a pressão no interior da cavidade, fazendo com que a água, se penetrar, escorra por trás do painel. Na prática, o espaçamento das juntas deve ser de 4 mm a 10 mm (em função da dimensão das placas), o suficiente para absorver os desvios geométricos dos painéis e eventuais imprecisões da montagem.

Encaixes na peça extrudada facilitam a montagem. O espaço entre os dois paramentos funciona como uma câmara de circulação e renovação de ar

Sistema respirante

O sistema que permite a ventilação natural possibilita, também, a dispersão do vapor presente no interior das paredes, eliminando a umidade dos edifícios novos ou recuperados. Por outro lado, o vapor de água que se forma no interior do edifício pode sair parcialmente pela parede, sem nenhum impedimento, contribuindo para a conservação da estrutura. A fachada ventilada oferece, ainda, proteção acústica, pois as placas e a lâmina de ar (e o possível uso de proteção isolante) agem como barreira atenuando ruídos do exterior.

A fachada ventilada apresenta, ainda, melhor capacidade de adaptação às variações de temperatura ocorridas na estrutura do edifício. As placas de revestimento, fixadas na subestrutura independentes umas das outras, ficam livres para se dilatar de acordo com seu próprio coeficiente, graças ao grau de elasticidade da ancoragem. Assim, o revestimento não sofre esforços adicionais relevantes que possam provocar efeitos de degradação na fachada e que demandariam intervenções de manutenção, como ocorre com as fachadas convencionais.

Revestimento

Graças ao desenvolvimento de materiais de revestimento de alto desempenho técnico e estético, é possível criar fachadas ventiladas de grande eficiência e de excelente resistência às variações higrotérmicas e aos agentes atmosféricos em geral. Sobre a recente popularização, em todo o mundo, do uso de placas cerâmicas nesse tipo de fachada, o consultor Jonas Silvestre Medeiros, da Inovatec Consultores Associados, explica: "A beleza e a qualidade desses produtos caíram no gosto dos arquitetos, por oferecerem uma infinidade de possibilidades de criação arquitetônica, sendo muito utilizados, inclusive, em combinação com outros materiais".

De acordo com Medeiros, esse sistema não se consolidou ainda no Brasil porque as placas cerâmicas produzidas aqui têm pequenas espessuras e dimensões limitadas, o que aumenta o consumo de metal para o projeto da subestrutura. O granito, usado largamente nas fachadas tipo cortina, têm placas com, pelo menos, 25 mm de espessura, o que permite a colocação segura dos insertos pontuais.

Detalhe do tardoz do "biscoito" extrudado, com frisos para encaixe dos grampos

Por outro lado, os painéis cerâmicos de maior dimensão, apesar de requererem subestrutura mais leve para instalação e montagem, "precisam ser mais espessos para uso de ancoragens ocultas, devido à necessária segurança estrutural, o que encarece o sistema", esclarece o consultor.

Um tipo de painel cerâmico que vem obtendo muito sucesso em vários países é o extrudado, que equilibra as questões de espessura e resistência, e pode ser fabricado já com os encaixes necessários à montagem.

Apesar de não produzida ainda no Brasil, essa cerâmica pode ser adquirida sob a forma de sistema construtivo. No momento, fabricantes europeus de cerâmica, levando em conta o potencial de crescimento da construção civil no País, estão trazendo esse produto das matrizes européias, e programam a abertura de unidades específicas para a produção da cerâmica extrudada.

Porcelanato com ancoragem aparente em fachada de prédio na Espanha

Cuidados
"Não é aconselhável, no caso de fachadas ventiladas, o uso de painéis muito delgados, porque fica difícil a execução segura de furos ou cortes para as ancoragens que ligam a placa à subestrutura", alerta Jonas Medeiros. Por essa razão, na Europa, os porcelanatos são usados comumente com os sistemas de ancoragem aparentes.

E em sua face posterior, é exigido um reforço de tela de fibra de vidro, colada com resina epóxi ou poliéster resistente ao envelhecimento natural. "Assim, caso haja a quebra eventual de um painel, os fragmentos permanecem presos até a substituição da peça, o que pode ser feito facilmente, por se tratar de uma solução industrializada", explica Medeiros.

Os grampos são encaixados nas ranhuras nas extremidades das placas deslocando-os pelos frisos da cerâmica
Quanto à subestrutura metálica, o consultor chama a atenção para a qualidade do metal - aço inoxidável austenítico e ligas especiais de alumínio - e não recomenda acessórios de aço galvanizado, que podem enferrujar e pôr em risco toda a estrutura.

O fornecedor do sistema - explica o consultor - "deve oferecer a solução completa: projeto executivo, dimensionamento estrutural, painéis, componentes, acessórios, chumbadores, rufos e pingadeiras, serviço de instalação e equipe de engenharia responsável pela obra". Os projetos executivo e estrutural da fachada, segundo o consultor, devem ter um único responsável, para que a responsabilidade não fique diluída, no caso de ocorrer algum problema. A montagem industrializada permite o controle total do processo, o que é imprescindível à segurança desse sistema. "Esse tipo de fachada não pode admitir improvisações", conclui.

A escolha do metal deve ser criteriosa, e os materiais compatíveis, para que não se crie um par galvânico entre o material mais nobre e o menos nobre

Faltam normas

Sobre a inexistência de normas brasileiras específicas para a execução desse tipo de fachada, Jonas Medeiros acredita que isso possa ser resolvido, em parte, com a adaptação das normas e ensaios para esquadrias, pois as exigências são semelhantes. E também com as normas internacionais de projeto e desempenho. No Brasil, não há normas específicas para fachada cortina nem para fachada ventilada, e mesmo para a fixação de cerâmicas e mármores com argamassa, as normas atuais são incipientes. Os ensaios necessários para essas fachadas - estanqueidade à água, pressão de vento positiva e negativa, impacto de corpo mole e duro, dimensionamento da estrutura, isolamento térmico e acústico - são fundamentais para validar a comercialização de qualquer sistema.

Vantagens

Apesar de apresentar custos bem superiores aos sistemas convencionais, a fachada ventilada oferece grandes vantagens, desde que dimensionada e calculada racionalmente e não utilize metais que sofrem significativa corrosão. No que diz respeito à redução do consumo de energia em climatização, a vantagem é indiscutível. Além de ter seu desempenho testado e aprovado em rigorosos laboratórios europeus e norte-americanos, a fachada ventilada com revestimento cerâmico foi avaliada, em São Paulo, pelo professor Alberto Hernandez Neto (ver boxe), do Laboratório de Engenharia Mecânica da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).

Edifício Zuiderhof II, em Amsterdã, Holanda
A fachada ventilada não necessita de intervenções frequentes de restauração, e os riscos de fissuras e descolamentos de placas são reduzidos. No caso de uma placa vir eventualmente a se estragar, pode ser facilmente substituída, pois é possível intervir sobre cada peça, separadamente. O sistema, inclusive, permite uma rápida e completa renovação do edifício, com a troca e repaginação das placas, modificando inteiramente seu aspecto exterior.

Mercado aberto

Como se trata de uma construção não destrutiva, limpa e rápida, a fachada ventilada vem sendo largamente usada em obras de retrofit na Europa, inclusive em edifícios residenciais. O engenheiro Jonas Medeiros alerta para o fato de que, ao projetar esse tipo de fachada em retrofit, o projetista deve levar em conta que o recuo do imóvel será reduzido e, para isso, precisará consultar a legislação local. O consultor, no entanto, acredita que o retrofit não é o grande mercado potencial para esse tipo de fachada, mas sim os grandes edifícios comerciais, sedes corporativas e institucionais, shoppings centers, hospitais e faculdades que usam intensivamente a energia elétrica e que têm um orçamento mais adequado para fazer face aos custos do sistema.

Empresas apostam em shoppings e edifícios corporativosA crise parece não ter atingido o ânimo do setor cerâmico de alta tecnologia. Pelo menos duas empresas desembarcaram no País sistemas de fachadas ventiladas.

A KeraGail buscou, por meio de uma parceria com a alemã Buchtal, a transferência, para o País, de sua expertise de produção da cerâmica extrudada. Uma unidade industrial exclusiva dessa cerâmica para fachadas será construída no Brasil nos próximos quatro anos. As peças podem receber, na superfície, uma camada de dióxido de titânio, produto que dificulta a aderência da sujeira e facilita a limpeza. "Sempre tivemos interesse no produto", diz o arquiteto João Paulo Ulrich de Alencastro, gerente de negócios e outsourcing da KeraGail. "Agora o mercado está preparado."

A holandesa Hunter Douglas, por sua vez, adquiriu a empresa alemã NBK Ceramic, pioneira na fabricação de cerâmica terracota natural extrudada de grandes tamanhos para fachada ventilada. No Brasil, o produto já é anunciado com grandes perspectivas e, por enquanto, será importado.

De acordo com Dennis Squilante, gerente comercial da Hunter Douglas, a empresa está lançando os produtos NBK com grandes dimensões, específicos para as fachadas ventiladas, que podem receber tratamento antipichação.
As duas empresas têm projetos em andamento no País mas nenhuma obra ainda foi executada. A primeira obra de fachada ventilada na América do Sul com a cerâmica NBK da Hunter Douglas foi inaugurada recentemente, no Chile.

Fachada racionalizada
Por reduzir significativamente o consumo de energia, utilizar sistema industrializado e materiais recicláveis (pode ser desmontada e montada facilmente em outro local), a fachada ventilada é um elemento que facilita a obtenção da certificação de sustentabilidade. O consultor Jonas Medeiros chama a atenção, no entanto, para o fato de que, enquanto questões da sustentabilidade estão sendo exaustivamente discutidas - como a captação e o reaproveitamento de águas usadas ou das chuvas e a disseminação da energia solar -, a construção brasileira ainda enfrenta no seu dia a dia altos índices de desperdício. E explica: "Dependendo do tipo de material, esse desperdício pode ser de 5%, 25% e até 40%, o que poderia ser evitado, caso houvesse um esforço concentrado para a redução do problema na construção convencional, principalmente pelo investimento em projetos executivos para uso mais racional de materiais, na alvenaria e nos revestimentos, por exemplo". E argumenta: "Não seria uma mudança de paradigma, como é o caso do uso da tecnologia de fachada ventilada, mas um esforço-chave no sentido da sustentabilidade e que resultaria em economia de escala significativa para as empresas".

Eficiência térmica comprovada
Como o Brasil não dispõe ainda de normas para a instalação e funcionamento de fachadas ventiladas, algumas empresas utilizam normas estabelecidas para esquadrias e recorrem a conceituadas instituições para avaliar a eficiência de seus produtos. No ano passado, a KeraGail do Brasil solicitou ao professor Alberto Hernandez Neto, do Laboratório de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), uma avaliação da eficiência termoenergética do sistema desenvolvido pela empresa, que utiliza cerâmica extrudada, em comparação com uma fachada em pele de vidro.

Especializado na avaliação do desempenho de sistemas de refrigeração e climatização, o Laboratório desenvolve estudos para redução de consumo de energia em edificações climatizadas, utilizando como uma das ferramentas o programa de simulação Energy Plus. O EnergyPlus é um software de simulação de carga térmica e análise energética que possibilita simulações confiáveis de diversas tipologias arquitetônicas, sistemas construtivos e condicionamento de ar. O professor tem a certificação EnergyPlus consultant, outorgada pelo grupo que desenvolveu o software, o Departamento de Energia dos Estados Unidos, a partir de dois outros softwares, o Blast e o DOE-2.

Conclusões
O case de simulação de desempenho térmico tomou como exemplo um centro empresarial, composto por duas torres de 28 pavimentos, cada uma delas com uma área total de 22 mil m² de fachadas, com envoltório de pele de vidro duplo translúcido e serigrafado branco. O envoltório proposto era de pele de vidro duplo translúcido, e 4.410 m² de sistema KeraGail de fachada ventilada. A simulação levou em conta um dia de verão, em que a temperatura interna desejada era de 24°C.

Devido ao desempenho térmico da fachada ventilada, observou-se uma sensível redução na temperatura superficial interna e, por consequência, da temperatura média do ar na Zona 1 (ver gráficos).

Analisando o consumo do sistema de climatização do pavimento-tipo, chega-se a uma redução de 8,5%. A redução foi sensível no consumo do sistema de climatização na Zona 1 (em média 64%).
É preciso levar em conta que o sistema KeraGail compôs apenas 20% da área de fachadas do pavimento-tipo, sendo que, dessa área, 1/3 do sistema está localizado em regiões onde não há climatização (banheiros), não contribuindo assim para redução de consumo.

terça-feira, 17 de março de 2009

Finalmente, a Etiqueta Procel para Edificações

Caros,

Com atraso de mais de 3 décadas em relação às primeiras iniciativas na área, está em operação no Brasil, o programa Procel Edifica, que lançou o selo Etiqueta Procel para edificações energeticamente eficientes.

As primeiras regulamentações do desempenho energético das edificações surgiram na Europa, a partir da França e da Inglaterra, após a primeira grande crise do petróleo, de 1973. O objetivo então era melhorar o isolamento térmico das residências, para diminuir o consumo de energia para aquecimento. Alguns anos depois, novas regras passaram a regular também a perda de calor de dentro para fora, as dimensões de aberturas, a eficiência dos equipamentos, e assim por diante. Gradualmente, as regulamentações foram se tornando obrigatórias e, consequentemente, as edificações foram se tornando mais eficientes no uso da energia.

As atuais certificações ambientais de edifícios (LEED, Aqua, BREEAM e outras) são evoluções e adequações destas primeiras regulamentações, mas, ao contrário das regulamentações oficiais, são de adesão voluntária.

O nosso programa de etiquetagem de edificações está naquele estágio inicial de adesão voluntária mas será obrigatório em pouco tempo e mudará de forma drástica a forma como nós arquitetos teremos que desenvolver nosso projetos. Como já é prática em muitos países, nós teremos que quantificar, ainda em projeto, o desempenho energético da edificação quando construída. Este será um dos fatores a serem considerados para a aprovação do projeto pelas prefeituras. Haverá um limite máximo para o consumo de energia dos edifícios, medido, por exemplo, em kWh por m2 de área útil.

Isto significa que teremos que ser muito mais técnicos, precisos e cuidadosos ao fazer simulações, estudos de insolação, especificação de materiais e dimensionamento de aberturas, coberturas e equipamentos.

A era do "gesto arquitetônico", da "expressão do traço" e da "forma precede a função", a meu ver está com os dias contatos. Mas a Arquitetura não será mais feia, ou menos criativa. Já temos muitos exemplos de excelente e bela Arquitetura eficiente, responsável, ponderada, ou, como é chamada hoje, sustentável.

No Brasil, frequentemente subimos escadas dois degraus por vez. Não ficarei surpreso se alcancarmos em 3 anos o mesmo nível em que os europeus estão hoje, mais de 30 anos depois das primeiras regulamentações do desempenho energético dos edifícios. Já estamos, na verdade, vivenciando o início desta nova era.

A Etiqueta Procel é posta em prática

Reproduzo a seguir matéria a respeito do programa brasileiro de etiquetagem de edificações. Publicado em 2008, fruto do trabalho de diversos pesquisadores, entre os quais destaco o prof. Roberto Lamberts, da UFSC, o programa Etiqueta Procel começa a ser posto em prática pelo mercado.

Iniciativa de fundamental importância para a evolução da qualidade das futuras edificações brasileiras, é ainda de adesão voluntária, mas será obrigatório. E isto causará impactos. Comento um pouco sobre minhas impressões a respeito das implicações do programa em uma próxima postagem. Por enquanto, acompanhem a matéria.

Etiquetagem avança

Ainda pouco conhecido do setor, Selo Procel Edifica deve certificar o primeiro edifício neste ano e se tornar obrigatório em 2012
Por Gisele C. Cichinelli, para Construção Mercado (Ed. Pini), publicado em PiniWeb

A exemplo do que já ocorre com eletrodomésticos, o Selo Procel Edifica irá certificar projetos que preveem redução de consumo e uso de energias alternativas, estimulando a adoção de ações nesse sentido. A etiquetagem das edificações comerciais, públicas e residenciais opera, desde 2007, em caráter provisório, mas, a partir de 2012, passará a vigorar como lei. O primeiro prédio deverá ser certificado neste ano, na forma de um estudo piloto.

O objetivo do Selo é estimular os construtores e incorporadores a aderirem aos conceitos de eficiência energética em edificações, viabilizando a implementação da Lei 10.295/01 ("Lei de Eficiência Energética"). Mesmo ante a resistência do setor frente à adoção de soluções e práticas ecoeficientes, especialistas se mostram otimistas em relação ao programa de etiquetagem. "Qualquer iniciativa que induza o mercado a reduzir o consumo de energia elétrica é benéfica", opina Luiz Henrique Ceotto, diretor de construção e projetos da Tishman Speyer do Brasil.

Ainda são raras as incorporadoras que se preocupam com o nível de eficiência energética de seus empreendimentos. Mas, segundo o engenheiro civil Fernando Westphal, gerente de eficiência energética da unidade de sustentabilidade do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações), o selo será um forte instrumento de mudança no mercado. "Hoje, quem se atenta para essa questão não consegue mostrar ao consumidor final o diferencial do seu projeto", ressalta. Para ele, o selo agregará valor às edificações, dando oportunidade para que esses empreendimentos se diferenciem dos convencionais.

Entre os itens a serem avaliados pelo programa estão o sistema de iluminação, o sistema de condicionamento de ar e a envoltória. Para cada um deles, já existem pré-requisitos e recomendações para alcançar as classificações que vão de "A" a "E", dependendo do nível de eficiência energética da edificação. "Para cada item, será atribuído um peso. A média ponderada das três etiquetas irá determinar a classificação final do prédio", observa Westphal.

Para manter a liberdade do projetista, a lei considera também a opção de análise de conformidade por meio de simulação computacional. Neste caso, o projeto não precisa seguir os itens prescritivos da lei, desde que seja comprovado, por meio de simulação térmica e energética, que a solução proposta apresenta eficiência maior ou igual à norma. "Espero que isso coloque de vez a prática de simulação computacional como uma ferramenta usual de projeto", espera o engenheiro do CTE.

De fato, a implementação da etiqueta deve trazer impactos à maneira brasileira de projetar. Além de exigir maior integração entre os projetistas, práticas já consagradas como o uso de fachadas envidraçadas, isolamento térmico em paredes e vidros duplos deverão ser questionadas. "Será que é possível fazer um prédio eficiente com cortina de vidro no Brasil? Será que o vidro duplo resolve o problema nesse caso? E será que não precisaríamos utilizar mais isolante térmico em paredes? Estamos tentando responder a questões como essas por meio de simulação computacional. Não há uma resposta genérica, e nem deve haver. Cada caso é um caso. Mas nossos projetistas não estão acostumados a esse tipo de análise. Isso vai mudar", enfatiza Westphal.

Investimento compensa

Na opinião de Ceotto, o prazo de cinco anos para que o selo seja implementado em caráter obrigatório é suficiente para as empresas se adaptarem às novas exigências. Sobretudo porque as tecnologias que proporcionam redução de consumo já estão disponíveis no mercado. Mas o diretor ressalta que, para lançar mão delas, o incorporador ou construtor terá de desembolsar de 5% a 7% a mais no custo de construção de edificações comerciais e residenciais, respectivamente. A economia gerada, no entanto, chega a até 40%, "pagando" o investimento em apenas três anos. "Estamos sensibilizando o investidor em relação a essa questão. Eles devem entender que é como se estivessem investindo em um seguro contra a obsolescência da edificação", acrescenta.

Roberto Wagner Lima Pereira, consultor do Ministério de Minas e Energia, lembra que o fato de o conceito de construções verdes já estar incorporado em diversos segmentos da construção civil deve facilitar a adaptação do mercado às novas diretrizes. Mas, para Westphal, a falta de divulgação do projeto pode ser um dos entraves para que a lei 10.295 pegue. "As edificações deveriam receber atenção especial. Tenho a impressão de que, no Brasil, como a geração de energia é quase toda renovável (hidrelétricas), não há uma preocupação com eficiência energética, como nos Estados Unidos e Europa, por exemplo", alerta.

Apenas na cidade de São Paulo, mais de 1,2 mil edificações estão em construção. Diante desse dado, cabe perguntar: qual será a estrutura necessária para analisar todos esses projetos e obras? Westphal sai na frente e avisa que faltam laboratórios credenciados para realizar a certificação "Alguns clientes querem buscar a etiqueta, mas não temos a quem submeter os projetos", alerta. Enquanto os laboratórios são preparados para avaliarem os projetos, o primeiro prédio deverá ser certificado ainda em 2009, na forma de um estudo piloto.

Em relação às edificações residenciais, Solange Nogueira Puente Santos, gerente da divisão de projetos de eficiência energética em edificações do Procel/Eletrobrás, lembra que a regulamentação para etiquetagem do nível de eficiência energética ainda está sendo elaborada. Com tipologias variadas e pouco uso de condicionamento de ar, a regulamentação irá avaliar o nível de conforto térmico proporcionado por um determinado projeto. Para isso, a simulação de desempenho térmico será fundamental.
Os projetos poderão ser avaliados antes da execução das obras, permitindo a identificação de itens críticos que coloquem em risco o conforto térmico no ambiente construído. Já a fiscalização será feita de acordo com os projetos certificados. "Primeiro, certifica-se o projeto; em seguida, a obra pronta", explica Westphal.

Consumo em números

As edificações representam quase metade do consumo de energia do País. Segundo informações do Ministério de Minas e Energia, elas são responsáveis por 42% de toda a energia elétrica consumida. O setor residencial contribui com 23%, o comercial, com 11% e o público, com 8% desse percentual. Um dos grandes vilões, nesses dois últimos setores, é o sistema de condicionamento de ar, com 48% do consumo de energia elétrica, seguido pelo sistema de iluminação, com 24%.

Com a concessão da etiqueta, e posteriormente do selo, o Ministério de Minas e Energia acredita que será possível nortear parâmetros para construções mais eficientes, estimulando o mercado a adotar as melhores práticas no que se refere à economia de energia. "Ações como essas têm como objetivo postergar investimentos em novos projetos de geração de energia economizando divisas para o País e minimizando os impactos negativos ao meio ambiente", ressalta Roberto Wagner Lima Pereira, consultor do Ministério de Minas e Energia.

Enquanto o consultor rechaça o risco de um novo apagão no País, especialistas alertam sobre a possibilidade de um novo colapso energético. Basta uma rápida olhada na curva de crescimento da economia brasileira para ter algumas pistas do que poderá acontecer. Nos últimos 20 anos, o aumento do consumo de energia tem sido muito maior do que o aumento do PIB. "Isso significa que o País, como um todo, não é eficiente", lembra Fernando Westphal, do CTE. "Sempre que se fala em projeção de aumento no PIB, há um alerta para uma provável crise de abastecimento de energia. Para crescer de maneira eficaz, temos que mudar nossos padrões de eficiência e esse assunto deveria receber mais atenção do governo e da mídia", acrescenta.

Etiquetagem passo-a-passo

O processo de etiquetagem baseia-se na avaliação da edificação em duas fases, de projeto e construída. Confira os principais passos.

Nível de eficiência
O requerente deverá apresentar o projeto e autodeclarar, por meio de um memorial de cálculo e diversas comprovações, o respectivo nível de eficiência energética da sua edificação a um laboratório acreditado pelo Inmetro.

Análise
Após a conferência dos dados, o laboratório valida ou não o nível autodeclarado. É facultado ao laboratório reiniciar o processo, desde que toda a documentação seja reapresentada com as devidas alterações para ser submetida à nova análise.

Etiqueta
A última fase é a avaliação da edificação construída. Através de uma conferência por amostragem, verifica-se se a obra foi executada de acordo com as premissas do projeto, que servem de base para a avaliação. A conferência é da obra pronta e a etiqueta é datada.

Fonte: Procel/Eletrobrás
Publicado em PiniWeb, em março de 2009

segunda-feira, 9 de março de 2009

Grandes e verdes

"Grandes e verdes"

O título do artigo que segue, publicado esta semana (março 2009) na versão digital da revista Isto É, é homônimo de uma publicação de referência em Arquitetura Sustentável, Big & Green, que eu recomendo. Foi publicado quando a certificação LEED ainda não se havia disseminado pelo mundo e era um fenômeno essencialmente estadunidense, mas apresenta os principais casos de grandes edifícios "verdes".

A tradução pode não ser a mais apropriada, uma vez que a idéia não é fazer referência à cor do edifício, mas o fato de que os chamados "edifícios verdes" estão se popularizando é relevante. O fato de que o assunto está tomando as páginas, impressas e eletrônicas, de publicações de mídia ampla, quero dizer, não técnicas, é relevante.
Eu tive oportunidade de visitar alguns destes edifícios pelo mundo (inclusive o Bank of america em Nova York, citado na matéria), e posso afirmar, são de fato impressionantes. Vale a pena conhecê-los. São exemplos interessantes do que se pode fazer com boas idéias e dinheiro suficiente para realizá-las.
Estamos preparando novas missões técnicas para visitarmos, mais uma vez ou pela primeira vez, alguns destes fantásticos empreendimentos. Fique atento às notícias que darei aqui no blog. Por enquanto, reproduzo a seguir a interessante matéria "Grandes e verdes":

A tendência das obras sustentáveis chegou aos megaprédios comerciais. Muitos deles alcançam mais de 600 metros de altura e têm 120 andares
Por João Loes, para Isto É

Foto: Bank of America, 1 Bryant Park, Nova York: pé direito alto e redução do consumo com ar condicionado

Foi-se o tempo em que ser verde, na arquitetura, era opção. O que começou como tendência em pequenos prédios, que recolhiam água da chuva e geravam parte da energia elétrica em painéis solares, hoje é regra em praticamente toda construção, independentemente de seu tamanho. Os grandes prédios comerciais, a última fronteira para a aplicação dos princípios da sustentabilidade, também se renderam à tendência do ecologicamente correto. É o que mostra uma nova leva de superarranha- céus que crescem pelo mundo.

Os projetos incluem torres de mais de 600 metros de altura, construções com formas inusitadas e recursos que, há pouco tempo, não passavam de um sonho. "Até no Brasil, onde a arquitetura sustentável só virou assunto depois da conferência ambiental Eco92, já temos exemplos de grandes prédios comerciais verdes", explica Issao Minami, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).

Foto: Centro comercial em Madri: Fachada da obra ser á forrada de painéis solares

No País, há edifícios que adotam procedimentos como recolher e reutilizar água de chuva para limpeza e descargas ou economizam energia elétrica com sistemas inteligentes de ar-condicionado. Mas é no Exterior que as soluções sustentáveis para prédios comerciais impressionam. Um exemplo que ainda está no papel, mas já tem data para começar a ser erguido, junho de 2009, é o Centro de Convenções Internacionais de Madri, na Espanha. Toda a sua fachada, que lembra uma fatia do que seria um enorme cilindro, com 110 metros de diâmetro, será forrada por painéis solares e terá reentrâncias e saliências.

A mudança na forma garantirá iluminação natural enquanto o sol estiver brilhando, independentemente do ângulo de incidência da luz. "Usar o sol como uma fonte energética é um dos pilares das construções que querem ser sustentáveis", explica Minami.

Foto: Shanghai Tower: no topo do prédio, turbinas eólicas produzirão energia

Outro projeto de edifício comercial, esse já concluído, que se desdobra para aproveitar a energia solar é a sede do Bank of America, em Nova York, nos Estados Unidos. A obra tem uma característica única - todos os 54 andares da construção têm pédireito superior à média, o que não só aumenta a incidência da luz em dias frios como reduz o gasto com ar-condicionado em dias quentes. Outra preocupação com a sustentabilidade do projeto ficou evidente durante os quatro anos de execução da obra. Todos os materiais utilizados nos 670,6 mil metros quadrados do edifício vieram de fornecedores a, no máximo, 500 milhas de distância do canteiro de obras. Com isso, reduziu-se o impacto ecológico do transporte.

Na Ásia, um curioso edifício está sendo erguido, engrossando a lista dos monstros de concreto verdes. Com obras iniciadas em novembro de 2008, o Shanghai Tower, na China, terá 632 metros de altura, 120 andares e 30,4 mil metros quadrados de área. A forma espiralada da construção reduzirá a força dos ventos no edifício em 20%, o que diminuirá os gastos com a estrutura do prédio. Mas o vento, nesse projeto, não é só inimigo. Turbinas eólicas instaladas no último andar produzirão energia elétrica para o condomínio, numa iniciativa inédita no setor.
"Todas essas tecnologias têm um preço que pode parecer muito alto na hora da obra, mas elas representam, em média, só 2% no custo total da empreitada", afirma Luiz Henrique Ceotto, diretor de design e construção da Tishman Speyer Brasil. "Gastar um pouco mais no começo é garantia de economia no longo prazo." E de um planeta muito melhor no futuro.

domingo, 8 de março de 2009

SP Green

Caros,

No segundo semestre de 2008, tive a satisfação de tomar parte de projeto bem interessante, como professor orientador de um trabalho final de graduação em Arquitetura na Belas Artes, do então estudante, meu ex-aluno Marcelo Valentin.

O projeto, um complexo multi-funcional na região central de São Paulo, ao qual chamamos SP Green, estava previsto para atingir elevado grau de sustentabilidade, e, claro, trazia grandes desafios.

Após muitas pesquisas e análises, chegamos à conclusão de que, se fosse executado em conformidade com todas as recomendações de projeto, alcançaríamos LEED platina (a certificação LEED é a referência internacional para construção sustentável, especialmente em se tratando de edifícios de escritórios).

Trago aqui algumas imagens do trabalho, para que os colegas percebam como, com algum empenho, é possível mesmo na graduação atingir bons resultados e como a sustentabilidade está sendo posta em prática de projeto.

Me arrisco a antecipar que a próxima geração de arquitetos estará melhor capacitada a lidar com a questão e, como resultado, imagino que teremos melhor Arquitetura. Me orgulho de poder contribuir para isto hoje.

O agora Arquiteto Marcelo Valentin foi aprovado com nota máxima e está nos EUA, buscando se aprofundar ainda mais na questão dos "green buildings".

Acredito que ainda teremos mais notícias do rapaz.

É isto aí, Chapa, you keep up the good work!

Ecobuild 2009: condomínios sustentáveis prontos para morar

Caros,


A feira EcoBuild, que ocorre anualmente em Londres cresceu juntamente com o interesse do público pelo tema. A sua 5a edição ocorreu no início deste mês de março 2009. Não pude estar este ano mas reproduzo a seguir comentários publicados pela editora Abril, elaborados pelo colega Frank Siciliano.


Ecobuild: condomínios sustentáveis prontos para morar
Publicado no site http://www.casa.com.br/, da Abril.

O arquiteto Frank Siciliano, em Londres, acompanha mais um dia na Ecobuild, feira de construção sustentável. Seminários apontam que a forma de construir mudará radicalmente. E a indústria se prepara para oferecer novos sistemas e embelezar os que já existem.

Construtoras apresentaram seus projetos de condomínios criados com a integração de várias tecnologias de baixo impacto. As unidades são vendidas como produtos acabados, completas e funcionando. É uma nova perspectiva que já se abriu para o mercado imobiliário europeu. E as empresas estão exportando tais soluções para o Leste Europeu e Ásia.



Os telhados verdes também ganharam força. Agora, é possível encontrar soluções para prédios novos e existentes, com tecnologias muito mais avançadas do que as que encontramos no nosso mercado. São soluções modulares ou mantas de material reciclado que aplicados sobre a cobertura servem de base para o substrato e a vegetação.


Ainda no tema coberturas, chamou atenção um captador de iluminação externa. Instalado na cobertura (justamente sobre aqueles cômodos centrais ou onde não é possível abrir novas janelas), ele tem um tubo refletivo que manda a luz a uma lente prismática - com aparência e acabamento de luminárias convencionais. Ela ilumina o ambiente de forma muito eficiente. Muito simples. A percepção de que o caminho da sustentabilidade já permeia de forma definitiva o meio acadêmico está na exposição de estudantes.


Podemos ver pelas maquetes expostas a qualidade estética dos trabalhos, mostrando que para ser sustentável a arquitetura não precisa ser feia. Esse foi inclusive tema de uma das palestras apresentadas na feira. A indústria local parece que já compreendeu que o sucesso desta transformação trilha o caminho da boa estética e encontramos aqui uma variedade impressionante de materiais ecológicos para acabamento de interiores e fachadas feitos de forma a proporcionar ao arquiteto uma gama de opções que valorizam o desenho arquitetônico.


Dentro dos painéis de palestras uma se destacou: ela era sobre construção de escolas com design sustentável e foi apresentada pelo escritório Studio E Architects. É realidade por aqui a preocupação de reduzir o impacto ambiental na construção e operação dos grandes edifícios públicos, com vários exemplos prontos e operando. Muito interessante foi o processo de criação desses projetos com o envolvimento dos alunos, professores e da comunidade em todos os estágios, sendo um instrumento de educação e tomada de consciência dos jovens, seus pais e educadores, transformando-os em agentes multiplicadores.

O que: Ecobuild 2009
Onde: Earls Court, Londres
Quando: de 03 a 05 de março de 2009
Quanto: entrada gratuita




Nasce a A+C Desenvolvimento Profissional

Caros,

Estive por um tempo (desde dezembro) afastado do blog, para organizar algumas coisas. Foi por uma boa causa.

A partir de tratativas iniadas em novembro passado, no início do ano de 2009, assinamos um contrato, para mim muito importante, que uniu as operações da Câmara de Arquitetos, empresa fundei há 10 anos, com a AEA - Academia de Engenharia e Arquitetura, dirigida por Cristiano Moura, agora sócio.

Como resultado, criamos a A+C Desenvolvimento Profissional, que já começa a pôr em prática o seu objetivo de oferecer cada vez mais e melhores oportunidades de aperfeiçoamento profissional para o mundo da construção. Não falo apenas dos cursos, pelos quais nos tornamos conhecidos e reconhecidos, mas uma série de atividades voltadas à informação e qualificação profissional contínuos em Arquitetura, Engenharia e Construção.

Algumas novidades estão já em operação e outras virão.
Muitas são, como não poderia deixar ser, relacionadas à sustentabilidade na construção.
Além dos cursos regulares, os cursos para a certificação LEED, com o suporte do GBC Brasil, eventos e missões técnicas internacionais, são algumas delas.

As informações são atualizadas constantemente nos sites: http://www.camaradearquitetos.com.br/ e http://www.aeacursos.com.br/ e eu também darei notícias aqui no blog.

Obrigado e até breve!

Comunicado de Antonio Macêdo Filho, em Setembro de 2010:
Caros leitores,

Agora, já passados mais de 13 meses da dissolução da experiência A+C, ao invés de simplesmente excluir este post, deixo aqui registrado o seguinte:
- Não tenho, e certamente nunca mais terei, qualquer relação com este casal à esquerda na foto, comigo e minha esposa, Raquel (à direita);
- Minha empresa, a EcoBuilding, que criei após a dissolução da malfadada parceria da Câmara de Arquitetos com a AEA não tem qualquer relação com as atividades que estes ainda promovem;
- Em nossa empresa, não compactuamos, ou fazemos uso de qualquer prática "não usual" no trato com clientes e fornecedores e não utilizamos os dados pessoais ou CPF´s de quem que seja, de forma não autorizada;
- Não fazemos uso de textos ou imagens produzidos por terceiros sem autorização e divulgação da autoria do trabalho;
- Lição aprendida: Quem trabalha correta e honestamente deve apenas trabalhar com quem haja da mesma forma.

Antonio Macêdo Filho.