quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Curso Preparatório "Como se Tornar um LEED GA / AP", em Florianópolis/SC - 25 e 26/09

Caros,

Este mês ministrarei mais uma turma do Curso Preparatório "Como se Tornar um LEED GA / AP", desta vez em Florianópolis/SC, nos dias 25 e 26/09.
Mais informações abaixo, ou pelo link da imagem:



Atualização em Julho 2016:
Caros,
Agora os interessados em se tornarem profissionais LEED Green Associate podem estudar e preparar adequadamente para o exame de credenciamento sem sair de casa. Teve início em Julho 2016 a primeira turma ONLINE do Curso Preparatório para o Exame LEED GA do Brasil.

Trata-se do mesmo curso ministrado por mim desde 2010, já realizado com sucesso em dezenas de turmas por todo o Brasil, para centenas de profissionais, completamente revisado e atualizado.

O curso é mesmo muito prático, oferece amplo material de estudos e consultas, 50 vídeo-aulas gravadas, somando mais de 16 horas de gravação, além de contar com atendimento tira-dúvidas por meio da tutoria e de exames simulados completos, comentados.

É realmente um curso completo, com tudo que você precisa saber para se preparar apropriadamente para ser aprovado na prova do LEED GA de primeira.

Para mais informações e inscrições, acesse: www.ecobuildingforum.com.br.


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Benchmark brasileiro para eficiência energética

Por Lara Martinho, para o Procel Info, originalmente publicado em Maio 2015


Indicadores permitem comparar o desempenho energético de um edifício com a média do setor. Em muitos países o benchmark é uma estratégia chave em políticas de eficiência energética. No Brasil, bons trabalhos tem sido desenvolvido com o apoio da Eletrobras e da Embaixada Britânica


Os benchmarks são indicadores que permitem comparar o desempenho energético de um edifício com a média do setor, e são essenciais para o desenvolvimento de instrumentos para redução de consumo de energia, como etiquetas prediais de eficiência energética. Ou seja, eles definem o nível de eficiência que representa um edifício típico do mercado. Para que isso ocorra, as contas de energia elétrica do prédio são comparadas com benchmarks para a mesma tipologia e assim tornar possível a avaliação.

Para as edificações existem três tipos de etiqueta de nível de eficiência: a etiqueta de projeto, a etiqueta de edifício construído e a etiqueta de consumo em uso. As duas primeiras já estão operacionais via PBE Edifica.

O processo de etiquetagem de consumo em uso consiste na composição de um indicador típico de mercado com base em dados reais de consumo e área das edificações para identificação do nível de eficiência do edifício de forma transparente por meio de uma etiqueta pública.

Em vários países do mundo o benchmark é uma estratégia chave em políticas de eficiência energética com grande potencial para direcionar programas de redução de consumo.

“Benchmarks e etiquetagem predial em operação já são aplicados em todos os edifícios grandes de Nova York, nos Estados Unidos, todos os edifícios públicos do Reino Unido e mais de 60% do mercado de imóveis comerciais na Austrália, entre outros exemplos que já existem em outros países”, comenta o professor e coordenador do Comitê Temático de Energia do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), Roberto Lamberts.

No Brasil, um programa de etiquetagem de edificações em uso deverá atender uma necessidade para indicadores simples e confiáveis de desempenho e sustentabilidade no ambiente construído. O maior trabalho no Brasil envolve o desenvolvimento técnico de benchmarks e metodologias de auditoria, coleta de dados e garantia de qualidade.

No Brasil os benchmarks já foram publicados para agências bancárias e escritórios corporativos, diz Lamberts

Os benchmarks a serem implantados terão que ser resistentes, relevantes, evolutivos e flexíveis, permitindo adaptação futura. Ao mesmo tempo, haverá a capacitação e o credenciamento dos profissionais que irão formar a base necessária para a implementação adequada desta etiquetagem no país.

O CBCS começou a trabalhar com benchmarking em 2013 ao perceber a carência de informações no setor e a urgência na publicação de referências e indicadores. Roberto Lamberts revela, que a Eletrobras, por meio do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), tem desenvolvido bons trabalhos em parceria com a Embaixada Britânica, que dá apoio ao Brasil no setor de energia, compartilhando a experiência e o conhecimento que o Reino Unido já possui nesta área, permitindo uma ampla troca de experiência entre os países.

Segundo Lamberts, no Brasil os benchmarks já foram publicados para agências bancárias e escritórios corporativos. Em ambas as tipologias, alguns edifícios ou empresas já estão aplicando os benchmarks para controle interno de eficiência.

Porém, a aplicação dos benchmarks enfrenta uma certa dificuldade de coletar dados confiáveis, principalmente com relação à área útil da edificação e contas de energia, tanto nas edificações públicas como nas privadas. Para Lamberts, essa e a maior barreira para o crescimento dos benchmarks no país, já que essas informações são importantes para o estudo e precisam mostrar uma redução efetiva dos custos energéticos.

“No Brasil, existe uma certa resistência para a disponibilização de informações sobre a edificação. Seria mais simples a implementação de benchmarks se houvesse uma parceria com a aplicação de programas incentivadores da transparência para a divulgação de informações pertinentes ao consumo energético de edificações”.

A CBCS em parceria com a PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento tem feito um trabalho voltado para o poder público que fornecerá benchmarks para edifícios públicos. O conselho acredita, que essa parceria ajudará bastante na redução do consumo de energia.

Hospitais investem em gestão de energia

Tiago Reis, para o Procel Info, originalmente publicado em Maio 2015


Buscando competitividade, rede particular amplia busca pelo uso racional de energia. Entretanto, para especialista, falta de conhecimento ainda é obstáculo para o crescimento da eficiência energética no setor


Hospitais públicos e privados estão investindo alto para obter um uso eficiente de energia elétrica e consequentemente reduzir os custos com esse insumo. Com a possibilidade de racionamento e o aumento da conta de luz, as unidades de saúde precisam se adequar para não serem surpreendidos com os altos valores das tarifas. Mas tornar eficiente o consumo de energia nessas unidades é uma atividade complexa, já que um hospital funciona 24 horas por dia durante os sete dias da semana. Além disso, a demanda de energia é muito elevada, já que muitos equipamentos possuem um alto consumo de energia, o que torna ainda maior esse desafio. Por isso, a gestão de energia ganhou um papel fundamental na administração dos hospitais brasileiros, tanto os da rede particular, que buscam competitividade para a adquirir novos clientes, quando a rede pública.

Um edifício hospitalar é considerado um projeto extremamente complexo devidos as suas diversas necessidades específicas. Portanto, atender aos critérios de eficiência energética e sustentabilidade tornam essas unidades ainda mais complexas. Mesmo com as dificuldades inerentes ao setor, a preocupação com a eficiência energética tem aumentado nos últimos anos. Hospitais como o Sírio-Libanês, em São Paulo, e o Mater-Dei, em Belo Horizonte, implementaram recentemente programas que visam reduzir a demanda por energia elétrica. Mesmo com os altos investimentos, os resultados estão aparecendo.

O Hospital Sírio-Libanês recentemente concluiu a expansão de sua unidade do bairro Bela Vista, na capital paulista. Os blocos E, F e G foram concebidos com o objetivo de alcançar o máximo de eficiência energética. Para isso, as novas torres, de 16 andares, possuem uma série de recursos para mitigar o consumo de energia, que vão desde a compra de equipamentos mais eficientes até a utilização de vidros que refletem a luz solar e novos sistemas de condicionamento de ar e aquecimento de água. Também foram implementados sistemas de automação para ajustar a demanda de energia com as necessidades de cada momento, o que permite um melhor controle do recurso e adequar a carga de energia de acordo com a ocupação dos hospital em cada horário, o que amplia os níveis de eficiência energética durante as 24 horas do dia.

Segundo o gerente de Manutenção do Hospital Sírio-Libanês, Humberto Rodrigues da Mata, as unidades do grupo já investem há algum tempo em medidas que valorizem o uso eficiente de energia. Os projetos são desenvolvidos e estudados para trazer a melhor viabilidade técnica e econômica para que o hospital possa alcançar o melhor desempenho de eficiência energética e operacional. Ele destaca, que entre as inovações implementadas nas novas torres está a nova central de água gelada, que reduziu o consumo em 40% o consumo de energia se comparado com o sistema antigo. O sistema de aquecimento de água, que é utilizado na nova unidade e nos prédios antigos, também foi otimizado e reduziu em cerca de 1/3 a demanda energética do sistema.

“Foram investidos no aquecimento de água uma combinação que utiliza quatro sistemas, o solar, bomba de calor, gás natural e energia elétrica. Isso tudo, de forma eficiente e automatizada, se otimiza a utilização no melhor ponto de performance, o que traz uma economia na ordem de 30% em comparação com um sistema convencional”, explica Humberto.

O gerente também destaca que o hospital tem investido na modernização do sistema de iluminação das suas unidades. Nos novos blocos foi implementado um sistema de alto rendimento que proporciona um baixo consumo de energia, em torno de 6,6 quilowatts por metro quadrado. Já a parte antiga, foi toda eficientizada por meio de um retrofit e instalação de iluminação de LED, que é controlada por um sistema de automação predial que é capaz de interagir com todas as modalidades utilitárias, como iluminação, ar-condicionado, aquecimento de água, sistemas de elevadores, o que somado, gera um potencial de ganho na ordem de 20%, por meio da otimização operacional. Humberto também revela que outro ponto importante na questão da eficiência energética é o fato das novas torres terem sido concebidas com vidros de alto desempenho em sua fachada. Essa tecnologia evita a insolação e a propagação de calor no ambiente, o que provoca uma redução significativa na utilização do ar-condicionado. O gerente enfatiza que essas medidas associadas ao compartilhamento das tecnologias mais modernas entre as novas torres e a estrutura antiga faz parte das diretrizes do hospital que busca alcançar o máximo de eficiência e sustentabilidade nas suas operações.
Modernização dos sitemas de iluminação e equipamentos mais eficientes podem reduzir, em média, 30% o consumo de energia dos hospitais

“A construção da nova torre faz parte do momento atual do hospital de buscar uma certificação gold, por meio de uma construção sustentável. Mas é uma prática nossa já, através dos anos, ter feito economia e operação utilitária da forma mais eficiente possível, aplicando redutores do consumo de água, aplicando a melhor possibilidade de aquecimento de água por meio de uma matriz eficiente, sistema de automação predial. Isso tudo liga a nova construção com a parte antiga do hospital trazendo os benefícios para um contexto maior”, pontua Humberto.

Outra unidade hospitalar que ampliou os investimentos em eficiência energética nos últimos anos foi o Mater Dei. Localizado em Belo Horizonte o grupo, em mais de 30 anos de atuação, buscou sempre adotar as melhores práticas de eficiência energética, hídrica e sustentabilidade em seus espaços. Um exemplo prático dessas atitudes é a construção do novo hospital da rede, na avenida do Contorno, região Centro-Sul da capital mineira. Desde o projeto, toda a estrutura foi desenvolvida para atender o que existe de mais avançado na arquitetura e engenharia hospitalar, revela a Superintendente de Tecnologia e Infraestrutura da Rede Mater Dei de Saúde, Rafaela França.

O edifício da Contorno, que funciona desde a metade de 2014, possui toda a sua iluminação em LED, tecnologia de vidro duplo, que reduz a troca de calor entre o ambiente interno e externo, e um sistema de climatização automatizado. O mesmo sistema funciona como um co-gerador de energia, no qual todo calor produzido pelo ar-condicionado é utilizado para o aquecimento de água, o que reduz consideravelmente o consumo de energia para o aquecimento de água utilizada nos banhos e na cozinha.

Com objetivo de aumentar ainda mais a eficiência energética, os novos equipamentos médicos adquiridos pela rede possuem alta tecnologia para reduzir o tempo de duração dos exames e procedimentos e consequentemente o consumo de energia. Rafaela França também destaca que os investimentos feitos na área de TI, no qual toda a estrutura de data-center, um dos vilões do consumo de energia, foi virtualizada, contribuindo também para um uso mais racional da eletricidade.

“O hospital fez toda a sua infraestrutura de data center e tecnologia de informação com 78% dos seus servidores virtualizados. O que é isso? Faz com que a gente economize energia elétrica. Não tem servidor físico. Então, 78% dos nossos servidores são virtuais. Isso já é um conceito que você diminui a energia elétrica para poder alimentá-los, diminuiu a refrigeração, e com isso nós aplicamos o conceito da TI verde. Além disso, também na parte de tecnologia, o hospital adquiriu computadores All-in-One, aparelhos que possuem apenas o monitor. Além de melhorar o espaço físico, eles também consomem menos energia. Então isso também foi uma metodologia aplicada no novo empreendimento e no prédio antigo, todas as novas necessidades serão nesse padrão”, esclarece a superintendente.

Mesmo com os investimentos apresentados, principalmente pelos hospitais particulares, o engenheiro clínico e consultor, Luiz Flávio Brito, considera que no Brasil o nível de eficiência energética no setor ainda é muito baixo. Para ele, a falta de conhecimento sobre a gestão de energia ainda é muito grande, o que contribuiu para o desperdício.

Com o objetivo de conscientizar os funcionários e clientes sobre as práticas de eficiência energética e sustentabilidade, Rafaela França afirma que o Mater Dei mantém um programa constante de informação entre todas as pessoas que transitam pelas unidades da rede. Por meio de palestras, panfletos e ações por meio de redes sociais, o hospital trabalha para fortalecer a cultura do combate ao desperdício e valorizando o uso racional dos recursos.
Para especialista, nível de eficiência energética nos hospitais ainda é baixo. Falta de conhecimento e profissionais capacitados ainda são uma barreira para o setor

“Com os colaboradores e gestores de negócios é uma prática comum a nossa preocupação com o consumo da água e da luz. Orientamos sempre a utilização racional de todos os recursos. Também colocamos nos meios de comunicação interna, como a intranet, informativos sobre quanto custa deixar um computador ligado sem necessidade, quais são os hábitos que as pessoas devem evitar ter, a atenção que todos devem ter com a luz, com o ar condicionado. Já com os clientes nós distribuímos folhetos com as informações sobre as formas de praticar medidas de sustentabilidade e uso racional de energia e água. Também estamos planejando novas ações para enfatizar, de forma sistêmica, esses ensinamentos para os nossos clientes, tanto por meio impresso, cartilha e folheto, como pelas redes sociais”, explica Rafaela.

Entretanto, Brito ressalta que no país, ao contrário de outros setores, como a indústria, ainda não existe um pensamento voltado para a eficiência energética nos hospitais, já que o quadro de profissionais é composto basicamente por profissionais de saúde. Essa falta de conhecimento contribui para o aumento do custo do insumo, com o pagamento de multas, tarifas de ultrapassagem e utilização de sistemas e tecnologias defasadas e pouco eficientes. Como o retorno com eficiência energética nem sempre vem de forma imediata, o engenheiro afirma que muitos gestores preferem dispensar suporte da engenharia, em quantidade suficiente para ajudar a decidir sobre questões relacionadas à gestão de energia, para destinar recursos para outros setores.

Sobre a falta de investimentos em eficiência energética na rede pública de saúde, hoje restrita, em sua maioria, a pequenos projetos de distribuidoras de energia, o consultor destaca que a falta de mão de obra qualificada é o grande entrave.

“Com relação aos hospitais públicos existe o edital e quando um projeto não atingir os níveis de eficiência desejados ele pode ser impugnado. Ainda sim, a falta de mão de obra dificulta a eficiência energética de forma constante nos hospitais públicos. Você tinha um eletricista que desrosqueava a lâmpada, que depois foi substituído por outro manipulava vários tipos de lâmpada, o que contribui para a atualização do profissional ficasse defasada. Esse pessoal precisa de capacitação. Se você pegar o nível de conhecimento desses profissionais, ele evolui muito pouco ao longo dos anos. Já na iniciativa privada funciona de forma diferente. Existe uma métrica diferente, mais bem definida”, afirma Lúcio Flavio Brito.

O engenheiro acrescenta que a crise energética e o aumento das tarifas da energia elétrica podem ampliar a procura pela eficiência energética nas unidades de saúde. Entretanto, ele ainda é reticente sobre a atitude de alguns hospitais em gerar a própria energia. Para ele, esse procedimento ainda é muito imaturo no país, já que ao adotar a co-geração ou geração própria de energia, o hospital, em vez de ser apenas um consumidor, vai ser responsável por toda a estrutura energética do empreendimento, o que exige muita responsabilidade e preparo. Lúcio enfatiza que somente quando as engenharias estiverem trabalhando junto com a administração dos hospitais é que o conceito de eficiência energética estará de fato implementado no setor.

“O que vai facilitar a gestão energética com certeza é o fortalecimento da presença das várias engenharias e da arquitetura na concepção dos hospitais e incorporar isso no dia a dia dessas unidades. E aí vem o papel das escolas, das indústrias, e o Brasil vem crescendo nessa área. Temos técnicos em equipamentos biomédicos, temos os tecnólogos em sistemas biomédicos, os engenheiros biomédicos, os especialistas em engenharia clínica, e mestres e doutores nessa área do conhecimento que vem se apropriando desse segmento. Agora isso pode ser profissionalizado, sistematizado em nível governamental ainda você coloca ainda milhares de estabelecimentos assistenciais de pequeno e grande porte o ganho é gigantesco. Uma saúde mais consciente do ponto de vista energético. É mais saúde com menos quilowatt-hora”.