segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Selo Qualiverde: Prefeitura incentiva construções de prédios ecoeficientes

Publicado em Procel Info por Lara Martinho, novembro de 2012.

Rio de Janeiro - Para incentivar empreendimentos que contemplem ações favoráveis ao desenvolvimento sustentável, reduzindo impactos ambientais, a prefeitura do Rio de Janeiro criou a certificação Qualiverde


Rio de Janeiro - Com o objetivo de incentivar empreendimentos que contemplem ações favoráveis ao desenvolvimento sustentável, de modo a aumentar a eficiência energética e reduzir impactos ambientais, a prefeitura do Rio de Janeiro criou a qualificação Qualiverde para edificações. O objetivo da certificação, instituída por meio do Decreto nº 35745, de 06 de junho de 2012, é zelar pela utilização racional e sustentável dos recursos naturais. A ideia surgiu há cerca de dois anos, quando a prefeitura, através da Secretaria de Urbanismo fez este estudo e chegou a conclusão da necessidade da certificação.

Os critérios ou práticas para a obtenção do Selo foram formulados e listados no referido decreto, que pode ser visto na íntegra no Portal da Prefeitura do Rio. As exigências são de cunhos diversos e contemplam desde as fases de planejamento e execução da obra até o funcionamento do empreendimento após a sua conclusão.

Exemplos de ações que devem ser adotadas por uma construção que deseja ter a qualificação é a utilização de telhado verde no teto do último pavimento da edificação, sendo permitidas áreas destinadas à circulação ou locação de painéis de captação de energia solar; o uso de aquecimento solar da água; a iluminação eficiente - que consiste na troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes -; estudos para a utilização da ventilação natural existente; tecnologias de economia e eficiência no uso de água e energia durante e depois das obras.

O empreendimento é qualificado de acordo com o número de ações que promove, ou seja, cada ação de sustentabilidade gera pontos para a edificação. Essa pontuação também é destacada no decreto, ao lado de cada ação descrita. O empreendimento que atingir, no mínimo, 70 pontos, já é qualificado como Qualiverde, e o que atingir, no mínimo, 100 pontos, será contemplado com a qualificação Qualiverde Total. A única diferença entre as duas certificações está na pontuação, pois seguem os mesmos critérios.

Segundo o arquiteto da Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio, Pedro Rolim, o objetivo do decreto é aumentar consideravelmente o número de construções ecoeficientes na cidade. Com investimentos privados de R$ 500 milhões em 35 projetos do governo estadual, a capital carioca quer atingir o patamar europeu e norte-americano, que equivale a uma média de 15% de construções sustentáveis no hall de suas novas obras.

O empreendimento é qualificado pelas ações que promove, ou seja, cada ação de sustentabilidade gera pontos para a edificação.


Desde o decreto, somente a Vila dos Atletas, localizada na Barra da Tijuca, possui o Selo. Segundo Rolim, é a primeira edificação pública a ser qualificada.

A divulgação do Qualiverde é feita através de seminários pelo Brasil e no exterior e tem o apoio da Firjan, do Conselho de Meio Ambiente, entre outras organizações.

Além de reduzirem a emissão de gases do efeito estufa e estimularem as práticas de desenvolvimento sustentável, as construções poderão obter descontos de até 50% ou mesmo isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). A qualificação em forma de decreto serve para que a prefeitura tenha a agilidade necessária para acompanhar as inovações tecnológicas que chegam ao mercado.

Como conseguir o Selo? 
Para requerer o Selo Qualiverde é necessário seguir vários procedimentos, como o preenchimento de formulário da prefeitura com informações do estabelecimento que serão analisadas pelas secretarias municipais de Urbanismo e Meio Ambiente. O formulário está disponível no site supracitado, anexo ao decreto municipal. Sendo aprovado, o projeto recebe o licenciamento para as obras com as exigências necessárias para obtenção do Selo. Após as obras, verificam-se as ações de sustentabilidade na obra e, então, é concedida a certificação.

No caso de projetos de reforma ou de modificação de construção já existente, as ações e práticas de sustentabilidade deverão ser relativas à edificação em sua totalidade, bem como ao lote em que ela se encontra e não somente ao acréscimo de área construída ou reformada. Ou seja, é preciso fazer uma averiguação do local para detectar que adaptações serão necessárias e no que vai afetar a edificação ou o local onde se encontra.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Empresa carioca desenvolve novo modelo de turbina eólica para residências

Publicado em Automatic House - Novembro de 2012

Protótipos instalados em Maricá, Rio de Janeiro, na sede da empresa
Protótipos instalados em Maricá, Rio de Janeiro, na sede da empresa

A Enersud desenvolveu um novo modelo de turbina eólica para ser instalado nas grandes cidades, no topo de edifícios e casas. O plano de microgeração foi desenvolvido para atender às necessidades dos pequenos consumidores de energia, que poderão instalar os aerogeradores na parte superior das suas residências.
Fabricadas com tecnologia totalmente brasileira, as turbinas têm eixo vertical e a energia nelas gerada deverá suprir a demanda residencial, e também poderá ser utilizada nos sistemas internos de segurança de condomínios. Caso haja sobras, o consumidor poderá dispensar o excedente energético na rede pública, com um sistema de compensação que será estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A Enersud investiu um milhão de reais na construção dos novos aerogeradores, e a previsão é de que o equipamento entre no mercado a partir do segundo semestre do ano que vem. A empresa está bastante animada com a implantação desse novo modelo no Brasil, e acredita que, daqui pra frente, haverá um crescimento de 30% nos negócios.
Os primeiros protótipos foram instalados em Maricá, Rio de Janeiro, na sede da empresa, mas, em breve, mais turbinas serão implantadas em Salvador e em algumas cidades do norte do Rio de Janeiro. A Enersud diz que os estudos da microgeração com o uso de turbinas verticais estavam sendo desenvolvidos há algum tempo, no entanto, apenas recentemente houve avanços no uso e fabricação dessa tecnologia.
A empresa ainda estima que o mercado brasileiro absorva aproximadamente mil turbinas eólicas de pequeno porte por ano. Com informações daEnersud.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Prédio com ‘energia zero’

Publicado em Ambiente Energia em Outubro de 2012

Por Silvio Anunciação, do Jornal da Unicamp - Os edifícios residenciais, comerciais e públicos são responsáveis por aproximadamente 47% de toda a eletricidade consumida no país, conforme relatório do Ministério de Minas e Energia e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), instituições do governo federal. O dado é um dos fundamentos de estudo conduzido na Unicamp pelo engenheiro de controle e automação Bruno Wilmer Fontes Lima.
O pesquisador da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) acaba de propor metodologia para desenvolvimento de sistema de geração de energia que permitirá a esses prédios a produção de toda a eletricidade consumida por eles. O projeto utilizaria fontes renováveis, principalmente, painéis solares fotovoltaicos – dispositivos responsáveis pela captação e transformação da energia solar em elétrica. O estudo integra mestrado apresentado por Bruno Lima ao Programa de Pós-Graduação em Planejamento de Sistemas Energéticos da FEM.
“A ideia surgiu com esta nova tendência de edificações que podem gerar a própria eletricidade que consomem. Isso vem sendo implantado em alguns países da Europa,  no Japão e nos Estados Unidos. Nestes países já existem legislações obrigando, a partir de 2020, que prédios públicos sejam edifícios de energia zero, isto é, prédios que, ao longo do ano, gerem toda a eletricidade que consomem a partir de fontes renováveis”, conceitua o estudioso.
De acordo com ele, sua pesquisa objetiva, em especial, auxiliar engenheiros e arquitetos no dimensionamento de sistemas de energia zero, permitindo maior adoção deste tipo de edificação no país. O engenheiro revela que esta metodologia será aplicada, inclusive, em um laboratório de ensino e pesquisa da Unicamp, cujo projeto já está em andamento. O edifício para abrigar o laboratório deverá ser construído nas instalações da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC).
“A meta do projeto, desenvolvido em parceria com a CPFL [Companhia Paulista de Força e Luz], é ter o menor impacto ambiental durante sua construção e operação, além de tornar o prédio um edifício de energia zero. O laboratório contará com aproximadamente 600 metros quadrados e será integralmente instrumentado e monitorado, de modo a ser utilizado para futuras pesquisas nesta área”, informa o pesquisador.
O docente do Departamento de Energia da FEM, Gilberto de Martino Jannuzzi, orientou a dissertação. Já o projeto para a construção do laboratório da Unicamp, que deverá ser um dos primeiros edifícios de energia zero do país, é coordenado pela professora Vanessa Gomes da Silva, do Departamento de Arquitetura e Construção da FEC. O estudo de Bruno Lima obteve financiamento da CPFL, por meio de convênio com o Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da instituição.
Viabilidade – Ecologicamente corretos, os edifícios de energia zero também podem ser viáveis do ponto de vista econômico. O engenheiro e estudioso da Unicamp afirma ter efetuado cálculos demonstrando que, em aproximadamente 15 anos, os custos com a implementação e manutenção do sistema são pagos com a economia de energia obtida.
“O edifício de energia zero é mais caro que um prédio convencional, principalmente, devido ao acréscimo de custo para instalação do sistema de geração de energia. Mas os valores vêm diminuindo. É importante que estas tecnologias e conceitos tornem-se viáveis, pois só assim se popularizarão. Mas, infelizmente, ainda existem obstáculos no Brasil. O primeiro é que quem investe na construção do edifício, geralmente, não é aquele que vai pagar a conta de eletricidade. Outro problema é que, normalmente, a tomada de decisão não é feita sob uma visão de longo prazo”, destaca Bruno Lima.
Para o orientador do trabalho, o docente Gilberto de Martino Jannuzzi, uma série de fatores tem permitido o desenvolvimento de projetos renováveis e viáveis economicamente. Ele cita “o avanço das tecnologias de geração descentralizada de energia, a integração com edifícios e o conhecimento sobre as possibilidades de eficiência energética”.
A geração distribuída de eletricidade, de acordo com Gilberto Jannuzzi, é aquela produzida próxima ou no próprio local de consumo. “A sua utilização a partir de fontes renováveis pode atender parte da crescente demanda por energia no país, evitando, por exemplo, a construção de novas hidrelétricas e termelétricas; e reduzindo os impactos socioambientais”, esclarece o orientador, que atua como pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp.
Compensação - Recentemente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) baixou uma norma que deve estimular a implementação de projetos mais eficientes no país, como os dos edifícios de energia zero. Aprovada em abril deste ano, a resolução cria um sistema de compensação de energia. Ele permite que proprietários de geração distribuída de eletricidade, como seriam os donos de edifícios de energia zero, possam injetar o excedente da eletricidade não consumida na rede de distribuição.
A distribuidora, por sua vez, utilizaria este excedente como crédito para abater do consumo de eletricidade. Essa situação ocorreria, por exemplo, em momentos em que o sistema não fosse capaz de produzir energia suficiente, como nos horários de pico ou em períodos noturnos, quando os sistemas de energia solar não funcionam.
“Esta resolução possibilita certa viabilidade para os edifícios de energia zero no Brasil. Ela permite redução de custos porque dispensa a utilização de uma bateria para o sistema poder armazenar o excedente da eletricidade. O sistema com a bateria é mais caro do ponto de vista da manutenção e tem um impacto ambiental muito maior que os sistemas sem baterias. É assim que funciona na Europa e nos EUA”, explica Bruno Lima.
Etapas - A metodologia proposta pelo pesquisador da Unicamp consiste em etapas simples que incluem análises sobre o consumo de energia do edifício e sobre o potencial energético local. Ele cita como exemplo a cidade de Campinas, cujo potencial foi analisado com base em dados do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp.
“Os indicadores do Cepagri demonstram que o potencial eólico da região não é muito forte. A velocidade média anual do vento é muito reduzida, abaixo de 2 metros por segundo. Para uma geração eólica boa são necessários ventos com uma média anual acima de 5,5 metros por segundo, de acordo com estudos de especialistas da área. Por outro lado, o potencial solar da região é muito relevante”, detalha.
O estudo propõe ainda o dimensionamento e a simulação do sistema de geração, concluindo com a avaliação dos resultados para averiguar se a energia gerada seria suficiente para classificar o edifício como zero. “Indicamos também ferramentas para auxiliar na escolha de um sistema dentre diversas opções de arranjos e tecnologias, bem como o seu custo, o da eletricidade produzida por ele e o tempo de retorno de energia”, esclarece.
Solstício Energia - Após a conclusão do mestrado, o engenheiro Bruno Lima irá se dedicar às atividades da Solstício Energia, empresa recém-incubada por ele e mais um grupo de amigos na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incamp) da Agência de Inovação Inova Unicamp. “O empreendimento irá desenvolver projetos fotovoltaicos e, principalmente, buscar alternativas para tornar esta fonte de energia mais acessível à população com a redução de custos”, divulga.
Publicação
Dissertação: “Geração distribuída aplicada a edificações: edifícios de energia zero e o caso do Laboratório de Ensino da FEC-Unicamp”
Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)
Autor: Bruno Wilmer Fontes Lima
Orientador: Gilberto de Martino Jannuzzi
Financiamento: CPFL
(Fotos: Antônio Scarpinetti)