Por Carla Mendes, para o Procel Info, publicado em 30.09.16
São Paulo - Projeto mostra aos futuros prefeitos os benefícios de instalar placas fotovoltaicas em escolas e reverter economia para o município

A ideia da ação é de que o telhado das escolas seja utilizado para gerar energia elétrica e que o dinheiro do pagamento da eletricidade seja economizado e poderia ser revertido em melhorias educacionais ou em outras prioridades da cidade. Uma ação importante, principalmente em tempos de crise. Além disso, ao solarizar escolas podemos aquecer a economia local, aumentando a arrecadação de impostos e a geração de empregos.
Aproveitando o ensejo das eleições municipais – que acontecem neste domingo – e o fato de que hoje mais de 50% das escolas brasileiras são municipais, o Greenpeace viu uma oportunidade de alavancar o projeto, mostrando aos futuros governantes os reais benefícios da solarização nas escolas, sempre tomando como base os resultados efetivos obtidos em São Paulo e Uberlândia.
O momento eleitoral é visto como uma oportunidade de tentar ter uma promessa do candidato de aplicar o projeto e levantar o tema na sociedade como um todo. A coordenadora campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, Bárbara Rubim, afirma que sempre que o Greenpeace citava o projeto em audiências públicas no Congresso Nacional era percebido um grande interesse político no projeto, pois ele une duas coisas muito positivas: a energia renovável aliada à sustentabilidade e a melhoria na educação.
”O momento eleitoral é visto como uma oportunidade de ter uma promessa do candidato de aplicar o projeto e divulgar o tema em toda a sociedade”.
Início do projeto
A ideia da solarização das escolas surgiu quando o Greenpeace fez, em 2015, um financiamento coletivo para a instalação de placas solares em duas escolas públicas, uma em Uberlândia e outra de São Paulo. O resultado foi muito positivo, sobretudo na escola municipal Milton Magalhães Porto, em Uberlândia, não somente porque a escola já economizou cerca de R$ 15 mil desde a instalação do sistema, mas devido ao impacto forte ocorrido na educação e conscientização ambiental de professores e alunos.
No processo de escolha do local que iria receber o projeto, o Greenpeace pensou em hospitais, praças, casas de celebridades, dentre outros, até que chegou à conclusão de que instalar painéis solares em escolas seria a melhor opção “não somente pela educação ambiental mas também porque de todas as estruturas sociais, elas são realmente o lugar que mais congrega atores-chave de uma sociedade: os professores, as crianças, os pais e o governo”, afirma Bárbara.
Quando o projeto foi concebido, ocorria uma discussão política acerca da isenção de ICMS na microgeração e o Greenpeace começou um processo de pressão para que o governo de São Paulo aderisse à essa isenção. Segundo Rubim, os idealizadores queriam mostrar o impacto econômico que a isenção poderia significar no rendimento de um sistema fotovoltaico. “Por isso escolhemos fazer em uma escola de São Paulo (Oswaldo Cruz), que era um estado que não tinha dado a isenção mas que sabemos de sua relevância político-econômica, e uma outra escola no único estado que já tinha dado a isenção, que era Minas Gerais”, explica. A escolha de Uberlândia se deu porque a cidade já se mostrava como um lugar que despontava para o uso da energia solar, pelo número de sistemas instalados.
Quando o projeto foi concebido, ocorria uma discussão política acerca da isenção de ICMS na microgeração e o Greenpeace começou um processo de pressão para que o governo de São Paulo aderisse à essa isenção. Segundo Rubim, os idealizadores queriam mostrar o impacto econômico que a isenção poderia significar no rendimento de um sistema fotovoltaico. “Por isso escolhemos fazer em uma escola de São Paulo (Oswaldo Cruz), que era um estado que não tinha dado a isenção mas que sabemos de sua relevância político-econômica, e uma outra escola no único estado que já tinha dado a isenção, que era Minas Gerais”, explica. A escolha de Uberlândia se deu porque a cidade já se mostrava como um lugar que despontava para o uso da energia solar, pelo número de sistemas instalados.
A primeira abordagem é feita através da Secretaria Municipal, que se articula com os órgãos da prefeitura que precisam ser comunicados – Secretaria de Obras, de Infraestrutura – e que faz a ponte com a escola. Após a aprovação da iniciativa pela prefeitura, foram visitadas mais de dez escolas e a Milton Porto foi a que reuniu mais fatores, como uma boa estrutura física para o sistema, quanto a localização em um bairro considerado carente. A ideia era levar o projeto a uma região que teria um pouco mais de dificuldade de acesso a esta tecnologia. Bárbara destaca a total abertura da diretoria da escola ao receber a ideia e também os multiplicadores solares e os treinamentos que eles traziam.
Em relação ao custo da realização do projeto, o Greenpeace estabeleceu um teto quando da idealização do piloto, mas segundo Bárbara a adequação do orçamento irá depender da necessidade de cada escola. A média usada para as escolas é de uma mini-usina de 10 kW, que custa em torno de R$ 70 mil. Para uma escola que tenha entre 700 e 900 alunos este é um sistema que seria capaz de suprir entre 60% e 70% do consumo e, por consequência, do gasto com energia. Nos estados em que há a isenção do ICMS esta relação é proporcional, mas onde não há, o gasto ainda é um pouco maior devido à necessidade de se pagar o imposto (em média 15%).
O Greenpeace fez o projeto-piloto e agora trabalha para transformá-lo em uma política pública. No fim de 2015 as escolas solares foram incluídas na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016, o que abre uma possibilidade maior de destinação de recursos federais para a realização do projeto no âmbito das prefeituras. “O que a gente quer é que em algum momento o Greenpeace possa sair dessa equação, pois se o projeto é sempre feito com base em doação, ele não é replicável”.
Bárbara ressalta que, além disso, a instituição também tem trabalhado com emendas parlamentares que podem destinar parte dos recursos recebidos anualmente do Congresso para realizar este tipo de ação, mas, neste caso, a verba vai direto para a prefeitura, que se torna completamente responsável pela execução do projeto.
Bárbara ressalta que, além disso, a instituição também tem trabalhado com emendas parlamentares que podem destinar parte dos recursos recebidos anualmente do Congresso para realizar este tipo de ação, mas, neste caso, a verba vai direto para a prefeitura, que se torna completamente responsável pela execução do projeto.
“A isenção de ICMS no estado de São Paulo veio em maio de 2015 e hoje, além de São Paulo, 22 estados já praticam a isenção”
O foco nas eleições municipais é para trazer aos candidatos o foco da transformação da ação de solarização nas escolas em política pública para o mandato. A partir do momento em que houver o comprometimento do futuro prefeito, constando no plano de meta do governo municipal, o Greenpeace atua como uma ajuda na seleção das escolas, dimensionamento do sistema e suporte de informações sobre formas de conseguir financiamento necessário.
O objetivo do Greenpeace é instalar painéis solares em 70% das escolas municipais, gradualmente, ano a ano. Esses 30% restantes podem não receber o projeto por falta de infraestrutura ou sombreamento do telhado, por exemplo. A ideia é começar de uma forma mais lenta e aproveitar a economia gerada pelo sucesso dos primeiros casos para alimentar um fundo que possibilite o desenvolvimento de projetos futuros.
No projeto-piloto de Uberlândia, a empresa Alsol, em parceria com o Greenpeace, não só instalou os painéis como também doou quatro dos 48 painéis usados na escola. Entretanto, no caso do projeto virar política pública, a escolha da empresa seria feita mediante licitação.
O retorno do investimento no sistema fotovoltaico é de cinco a sete anos no Brasil, em média. Em Uberlândia a previsão é que o tempo seja de cinco anos já que o estado de Minas Gerais assim como o da Bahia, como ressalta Bárbara, possuem tarifas altas. Fora que a longevidade desses sistemas é de 25 anos.
Finalizando, ela diz que não há tantas barreiras para a implementação do projeto de solarização como política pública, é realmente mais a vontade política. “É uma fonte bastante versátil neste sentido”, conclui.
O foco nas eleições municipais é para trazer aos candidatos o foco da transformação da ação de solarização nas escolas em política pública para o mandato. A partir do momento em que houver o comprometimento do futuro prefeito, constando no plano de meta do governo municipal, o Greenpeace atua como uma ajuda na seleção das escolas, dimensionamento do sistema e suporte de informações sobre formas de conseguir financiamento necessário.
O objetivo do Greenpeace é instalar painéis solares em 70% das escolas municipais, gradualmente, ano a ano. Esses 30% restantes podem não receber o projeto por falta de infraestrutura ou sombreamento do telhado, por exemplo. A ideia é começar de uma forma mais lenta e aproveitar a economia gerada pelo sucesso dos primeiros casos para alimentar um fundo que possibilite o desenvolvimento de projetos futuros.
No projeto-piloto de Uberlândia, a empresa Alsol, em parceria com o Greenpeace, não só instalou os painéis como também doou quatro dos 48 painéis usados na escola. Entretanto, no caso do projeto virar política pública, a escolha da empresa seria feita mediante licitação.
O retorno do investimento no sistema fotovoltaico é de cinco a sete anos no Brasil, em média. Em Uberlândia a previsão é que o tempo seja de cinco anos já que o estado de Minas Gerais assim como o da Bahia, como ressalta Bárbara, possuem tarifas altas. Fora que a longevidade desses sistemas é de 25 anos.
Finalizando, ela diz que não há tantas barreiras para a implementação do projeto de solarização como política pública, é realmente mais a vontade política. “É uma fonte bastante versátil neste sentido”, conclui.
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