quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Certificação EDGE chega ao Brasil

Fonte: CBIC Mais, informativo da CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Setembro 2016

Chega ao mercado latino-americano o EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiencies), sistema de certificação de construções sustentáveis, criado pelo IFC (International Finance Corporation) – braço do Banco Mundial para o financiamento privado.

No esforço global para minimizar os efeitos das mudanças climáticas, a indústria da construção passa a ter um papel de destaque na redução das emissões de gases de efeito estufa. Segundo dados do Banco Mundial, o setor representa 18% do total das emissões no mundo, além de ser responsável por 60% do uso de energia, 25% do uso total de água e 40% do uso de materiais. A construção sustentável é uma agenda positiva tanto para a iniciativa privada quanto para o setor público, pois hoje já existe um crescente processo de conscientização do mercado brasileiro em relação aos conceitos de sustentabilidade. 

O país vive momento muito difícil e o lema da CBIC tem sido a necessidade de virarmos a página. Temos buscado ideias criativas e que tragam impacto também na sustentabilidade, afirmou o presidente da CBIC, José Carlos Martins, destacando a importância da parceria com o IFC. Queremos tra- zer o EDGE pra cá, avisou. Presidente da CMA, o engenheiro Nilson Sarti destacou os avanços produzidos nesse campo, com a geração de novos negócios também no Brasil e em diversos setores, incluída a construção civil. Sustentabilidade é business, não é sonho, afirmou. 

Nilson Sarti, presidente da CMA/CBIC; José Carlos Martins, presidente da CBIC; Sônia Bridi, jornalista especializada em sustentabilidade e os autores das publicações sobre Energia Renovável, Osvaldo Soliano, e Recursos Hídricos, Orestes Gonçalves, durante a 3ª Reunião Ordinária da CMA, no Rio de Janeiro.
A adoção de critérios de sustentabilidade, portanto, é um imperativo da área. Dessa forma, tornam-se cada vez mais importantes as certificações ambientais na construção civil, com o objetivo de fomentar e comprovar a redução do consumo de insumos cada vez mais raros, como água e energia. 

Atenta a essa tendência mundial, a Comissão de Meio Ambiente (CMA) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em correalização com o SENAI Nacional lançou nesta sexta-feira as publicações: Gestão de Recursos Hídricos na Indústria da Construção – Uso eficiente da água em edifícios residenciais e Gestão Eficiente da Energia na Indústria da Construção – Energia solar fotovoltaica em condomínios oportunidades, aplicações e boas práticas. As publicações estarão disponíveis para download no site da CBIC, na área da CMA.

Na sexta-feira 23/09/16, a certificação EDGE foi apresentada aos empresários do setor e associados da CBIC durante a 3ª Reunião Ordinária da CMA, ocorrida no Rio de Janeiro, na sede da Ademi-RJ. A convite da comissão da CBIC, esteve presente o consultor do Green Buildings do IFC no Brasil, Edward Borgstein, para quem já existe uma infraestrutura de certificação disponível, a partir dos parceiros globais que têm presença no Brasil. 

A CBIC Mais conversou com o líder do Programa de Cidades e Negócios Sustentáveis para a América Latina e Caribe do IFC, Kristtian Rada, sobre o EDGE. Para ele, o software não terá grandes custos aos empresários brasileiros, por isso poderá ser utilizado por pequenas e médias empresas da construção civil nacional. “O sistema prova que importantes melhoras no desempenho sus- tentável do projeto não acarreta necessariamente em aumento de custos.”, afirmou. Segundo Rada, o Brasil é um dos mercados potenciais mais importantes da América Latina para a disseminação dessa nova ferramenta de certificação. Leia os principais trechos da entrevista:

O que é a certificação EDGE? Qual é a importância da certificação em âmbito internacional?

Kristtian Rada – O EDGE é uma certificação que simplifica o processo para obter as credenciais de um edifício verde. A base é um sistema online, de fácil utilização e de livre acesso, que permite a rápida avaliação da performance do edifício nas três áreas mais importantes: energia, água e materiais. Com o uso do sistema online, o desempenho é comparado com uma linha de base que representa uma construção típica de cada região. A certificação EDGE é adquirida quando se consegue um desempenho de 20% melhor que a linha de base nas três áreas. O objetivo é que a obtenção da certificação incentive importantes melhoras no desempenho sustentável do projeto, mas que não tenha grandes custos ao proprietário. Dessa maneira, se pode conseguir a certificação em grande escala.

Kristtian Rada, líder do Programa de Cidades e Negócios
Sustentáveis para a América Latina e Caribe do IFC
O software consegue quantificar os benefícios ao meio ambiente da obra?

K.R. – Sim, o software quantifica as toneladas de CO² que foram emitidas no meio ambiente e a redução do custo operacional do edifício, com a redução do consumo de água e energia.

O IFC está promovendo o software em 125 países emergentes. Quais são os mercados que mais valorizam a certificação EDGE?

K.R. – Os mercados que mais valorizam a certificação EDGE são justamente países em desenvolvimento. É uma certificação que pretende alcançar um grande impacto em países onde outros tipos de certificação são difíceis de alcançar – como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Podemos ver exemplos em Filipinas, Indonésia, África do Sul, e, no caso latino-americano, estamos promovendo a certificação em 5 países.


Quais são os resultados dos mercados que já estão utilizando o software EDGE?

K.R. – O EDGE já vem demonstrando que certificar um edifício verde é possível e não envolve custo adicional. O IFC já vem promovendo investimentos no Green Building de mais de 1 bilhão de dólares em nível global e tem apoiado os governos com as normas de regulação, como foi feito com o Código da Construção Verde na Colômbia.

Qual é o próximo passo do IFC para a divulgação da certificação no Brasil?

K.R. – O Brasil é um mercado muito importante para o EDGE, onde atualmente estamos trabalhando com sócios globais (GBCI e SGS). Agora estamos buscando aliados brasileiros que demonstrem capacidade técnica e conhecimento do mercado para promover a certificação EDGE no Brasil.

O software EDGE é gratuito, mas haverá algum tipo de curso para que as empresas brasileiras possam melhor utilizá-lo? 

K.R. – O efeito do software é gratuito e pretendemos organizar workshops técnicos sobre a ferramenta para promover sua difusão em médio prazo.

Para entender melhor sobre a certificação e verificar as possibilidades de implantação, clique aqui.


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