quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Evolução e o Futuro da Energia Eólica no Brasil

Por: Estadão Projetos Especiais - Jornal O Estado de São Paulo

No contexto mundial, o Brasil já ocupa a 10ª posição no ranking das nações produtoras de energia eólica em capacidade instalada. O potencial de geração de energia eólica no País é estimado em 350 GW, com grande parte dessa capacidade localizada no Nordeste e Sul do País. Os estudos da ABEEólica também apontam potenciais nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, entre outros.

Só em 2014, foram instalados 96 novos parques eólicos, que somaram à matriz elétrica 2.495,5 MW de potência. Os estados contemplados com os novos empreendimentos foram Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Ceará, Bahia, Pernambuco e Piauí. Com esse aumento da capacidade instalada, a fonte eólica passou a representar 5% da matriz elétrica brasileira.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, em apenas um dia (20 de julho), foram produzidos 2.989,2 megawatts médios (MWmed) de energia gerada pela força dos ventos — o suficiente para o abastecimentos de cerca de 13 milhões de pessoas, levando-se em conta um consumo de energia elétrica residencial de 166 KWh/mês. Em oito anos, a expansão dos parques eólicos pode fazer a produção representar 11% do total, contribuindo amplamente para melhorar a qualidade do abastecimento da energia elétrica no Brasil.


Molde das pás de energia eólica, que medem geralmente entre 50 e 60 metros,
na fábrica da Siemens, empresa que participa de 18 projetos do setor no Brasil
Histórico

Utilizar a energia gerada pela força dos ventos faz parte da matriz energética nacional desde 1992, com o início da operação comercial da primeira turbina eólica, de 225 kW, em Fernando de Noronha (PE). A iniciativa foi resultado de uma parceria entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) e a Companhia Energética de Pernambuco (CELPE), por meio do financiamento do instituto de pesquisas dinamarquês Folkecenter.

Nos dez anos seguintes, avançou-se pouco na consolidação da energia eólica como alternativa na geração de energia elétrica no País, em parte pela falta de políticas que focassem a fonte, mas principalmente pelo alto custo da tecnologia. Durante a crise energética de 2001, entretanto, foi criado o Programa Emergencial de Energia Eólica (Proeólica) com o objetivo de contratar 1.050 MW de projetos de energia eólica até dezembro de 2003, sendo substituído pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Este último, além de incentivar o desenvolvimento das fontes renováveis na matriz energética, abriu caminho para a fixação da indústria de componentes e turbinas eólicas no Brasil.

Desde então, os números não param de crescer. De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), hoje a capacidade instalada de geração eólica é de cerca de 7 GW. As estimativas para o final de 2017 indicam 14.3 GW de eólica instalados na matriz elétrica brasileira.
Fonte: ABEEólica
Segmento em expansão
O aumento da importância e competitividade da energia eólica em comparação com outras fontes vem atraindo empresas e investidores para participar nos leilões de geração de energia agendados pelo governo federal. Os projetos de energia eólica foram maioria, por exemplo, no Leilão de Energia Elétrica A-3 (com entrega a partir de 2018), que ocorreu no dia 21 agosto: de 371 projetos habilitados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 338 foram projetos eólicos.



Especialmente no Nordeste, região com ótimas condições para a geração dessa energia proveniente da força dos ventos, várias empresas têm se interessado em investir no enorme potencial eólico brasileiro. A Siemens, por exemplo, participou de 18 projetos de energia eólica no Brasil, um dos principais mercados globais para a empresa em campos onshore (em terra) e o segundo maior mercado das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos.

Nesses projetos, a empresa instalou até o ano passado 205 aerogeradores nos Estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. Apenas para a Tractebel Energia foram 63 turbinas em cinco novos parques eólicos, somando uma capacidade de 145 MW.

A Siemens espera aumentar sua participação na diversificação das fontes de energia no País, em especial a eólica. Afinal, além de contribuir para a oferta energética, o uso de aerogeradores tem outro benefício: já que a energia produzida pelas turbinas eólicas substitui a necessidade de se gerar essa mesma energia por outras fontes não limpas, o uso da fonte acaba por evitar a emissão de CO₂. Com base na capacidade instalada atual, isso significa mais de 6,7 milhões de toneladas de CO₂ por ano que deixaram de ser emitidas, o equivalente a cerca de 4 milhões de automóveis.

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