quinta-feira, 30 de abril de 2009

Criar e Inovar

O novo paradigma de desenvolvimento
Por Denise Mazeto
Integradora de Sustentabilidade do CRIS

Pensar em sustentabilidade é buscar uma visão integrada que considere a ética como principio orientador para um novo paradigma. É ter a determinação de partir para soluções criativas e inovadoras que almejem a felicidade e o bem estar de todos os seres. O atual modelo econômico diz que precisamos comprar e comprar, para assim manter o mercado aquecido e gerar empregos. Nosso subconsciente, aceita esse fato e cede aos impulsos. A essa lógica da “normose” soma-se a “doença de ser normal”,está o pensamento do “máximo lucro no menortempo possível”.

Novos protagonistas

A boa noticia é que um novo caminho começou a ser trilhado por pessoas que criam e inovam na revisão de sistemas, materiais e processos. Re-avaliam o ciclo produtivo para que o consumo de matériaprima, água, energia, mão-de-obra, entre outros, tenha como ponto fundamental o respeito à vida.

Seguem alguns exemplos:

SOLUÇÕES DESCENTRALIZADAS:
Energias
renováveis, reciclagem de resíduos, aproveitamento de água de chuva e tratamento de esgoto são exemplos de soluções descentralizadas que tornam a perspectiva de um mundo ecologicamente equilibrado ainda mais próxima denossa realidade.

FIBRA VEGETAL NA FABRICAÇÃO DE TURBINAS
EÓLICAS:
Desenvolvida por uma empresa nacional,que substitui a danosa fibra de vidro, nociva ao operário que trabalha na produção.

COCO: Um super alimento, a casca e a fibras dão origem a mantas de isolamento térmico e acústico, botões, pastilhas para revestimento, vasos etc.


BAMBU: É rapidamente renovável e seqüestra 30% a mais de carbono do que outra vegetação de mesmo porte, substituindo a madeira em construções, móveis e utensílios doméstico.
Desafios para a ação
Pesquisas mostram que o ser humano comum precisa de 10 mil horas de prática para mudar o padrão neural, um comportamento. Estamos em transição. É preciso acreditar e incentivar com informação de qualidade, clara e transparente, que leve a reflexão e ao engajamento de cada um na criação de uma realidade diferente, mais próxima de um mundo saudável e sustentável.

Passarela Verde

Por Bruno Bertante de Moraes

O que vemos hoje no Brasil, na área de sustentabilidade são pessoas sérias, que tem consciência da complexidade deste tema, e outros que estão embarcando nessa “moda” para ganhar dinheiro com um falso market e publicidade enganosa.

São Paulo ganha a primeira passarela sustentável, iniciativas como essa do governo que acontecem uma vez ou outra , deveriam ocorrer diariamente e nosso governo tem que dar o exemplo, todas as obras publicas deveriam ser sustentáveis. Não falo como uma utopia urbana, mas hoje, muitas cidades do Mundo inteiro, qualquer obra publica ou privada, devem conter iniciativas sustentáveis.

Mas não adianta partimos em pequenas iniciativas isoladas para mudar a paisagem urbana, a Alemanha, por exemplo, cede incentivos fiscais e auxilia a população que queira tomar medidas sustentáveis para mudar o partido urbano de suas cidades.

Quando será que a política brasileira irá acordar para a realidade, quando os outros já tiverem feito, e assim copiamos tudo?

Passarela Verde




Por: Revista Vida Imobiliária Edição Brasil
Imagens:
www.crispassarelaverde.blogspot.com




Uma parceria do Unibanco com a Subprefeitura de Pinheiros dará à cidade a primeira "passarela verde". As obras para a revitalização da Passarela Eusébio Matoso e das praças localizadas em seu entorno, em Pinheiros, já começaram e a inauguração do espaço está prevista para o início de outubro.
O projeto é de Marcelo Todescan e Frank Siciliano , da Todescan Siciliano Arquitetura e está embasado em conceitos de sustentabilidade e de educação ambiental em toda a àrea, que tem trânsito diário de 5 mil pessoas.

As obras estão a cargo da Fakiani Construções e prevêm investimento de R$ 1,3 milhão.

Dentre os diferenciais sustentáveis estão o telhado verde com grama que retém as impurezas do ar e reduz o calor urbano; piso de borracha reciclada para portadores de necessidades especiais e dois elevadores que garantirão acesso às pessoas com mobilidade reduzida. As laterais dos elevadores serão construidas com ecoplacas fabricadas a partir da reciclagem de aparas de tubos de creme dental.

A previsão de entrega da área revitalizada foi para outubro de 2008.Para Marcelo Todescan , da Todescan Siciliano Arquitetura, um dos objetivos do projeto foi trazer vida a um local importante da cidade. "Assim como ocorre hoje em outras grandes cidades ao redor do mundo, hoje temos a necessidade de revitalizar áreas como esta. A maioria das pessoas ainda não viu a aplicação na prática dos conceitos que estão sendo implantados neste local e poderão entender mais de sustentabilidade a partir deste exemplo".
Ficha Técnica:
Obra : Passarela Eusébio Matoso
Extensão: 95 metros
Projeto: Todescan Siciliano Arquitetura
Execução: Fakiani Construções

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entrevista para o jornal Folha de São Paulo.

Caros,

Na semana passada, dei entrevista para subsidiar matéria da repórter Natalie Cotuogno, da Folha de São Paulo, que foi publicada em 26/04/09. Reproduzo a seguir seu conteúdo.

A publicação da reportagem completa se encontra no link:

http://www.cursosgreenbuilding.com.br/artigos/Reportagem-Folha-SP.asp


Tem aumentado a procura por retrofit "sustentável" nos imóveis residenciais, ou seja, aquele que leva em consideração economia de recursos (água, energia elétrica) e uso mais inteligente de recursos naturais como iluminação e ventilação?


O brasileiro não tem a cultura da conservação. Economizou energia quando foi obrigado a fazê-lo em 2001, por conta do apagão. Não economiza água, usa chuveiro elétrico, prioriza o mais barato ao mais econômico. Com isto é natural que a reforma (ou retrofit) de imóveis residenciais no Brasil, com vistas ao uso mais eficiente dos recursos, ainda não é, eu diria, um grande mercado. Já no setor comercial as reformas trazem retorno operacional, se viabilizam, e por isto têm sido feitas.

Mas, em se tratando de edificações novas, o cenário é diferente. Já há leis que estimulam o uso eficiente de energia, há recomendações nos códigos de obras de muitos municípios e, mais recentemente, as certificações ambientais de edificações. Tudo isto estimula a qualidade de projeto e da construção de edificações novas.

O que é possível fazer, em um apartamento residencial, por exemplo, que não tem autonomia para mudanças externas, para que o retrofit garanta economia de água e energia?
No caso do uso da água, é muito comum que equipamentos como bacias de caixa acoplada, torneiras e registros com o tempo percam a capacidade de vedação e comecem a deixar vazar água. Mesmo um pequeno filete ou gotejamento pode desperdiçar imensas quantidades de água. A simples revisão e substituição de algumas peças destes equipamentos pode trazer economias importantes. Além disto, o uso de medição de consumo individualizada em condomínios, como é a da energia, por exemplo, também pode trazer benefícios, pois o consumidor sabe quanto consome e quanto paga pela água, pode mais rapidamente identificar a existência de vazamentos, e daí naturalmente passar a economizar. Finalmente o mais importante, hábitos de consumo: Evitar banhos demorados, lavar calçadas e carros, desperdícios ao lavar pratos e roupas, etc.

Com relação à energia, além evidentemente dos hábitos de consumo (como evitar deixar lâmpadas acessas e equipamentos ligados desnecessariamente), pode-se estimular o uso de equipamentos mais eficientes. Trocar uma geladeira com 10 anos de uso, máquina de lavar ou micro-ondas, por novos, pode trazer economias significativas. Mas as maiores economias são obtidas evitando-se o uso de chuveiros elétricos, substituindo-se por gás, quando for possível (embora esta não seja também uma solução muito ecológica), ou prerencialmente por coletores solares, estes sim, a solução mais interessante para aquecimento de água para banho. Mesmo em edifícios residenciais, obtem-se resultados úteis com o pré-aquecimento de água.

Deve-se ainda evitar (eu diria até mesmo banir, definitivamente) o uso de lâmpadas incandescentes, que transformam em calor, e não em luz visível, 90% da energia que consomem. Lâmpadas fluorescentes, por outro lado, consomem entre 1/5 e 1/7 da energia que as incandescentes consomem e duram entre 8 e 10 vezes mais. Mesmo custando menos de R$ 2,00 a unidade, não vale a pena usar lâmpadas incandescentes mais para nada em iluminação. Sua fabricação está inclusive sendo proibida em muitos países desenvolvidos.

E em relação ao melhor uso da luz natural e da circulação de ar?
A maior parte de nosso imenso território, incluindo toda a faixa litorânea, que concentra a maior parte da população, tem clima tropical, quente e úmido. Nestas condições, a melhor estratégia para se obter conforto ambiental sem recorrer a mecanismos artificiais, é proporcionar sombra, ou seja, proteção quanto à radiação solar direta, e ventilação, ou seja, amplas aberturas para a retirada de calor. Deve-se conhecer o percurso aparente do sol durante o ano, implantar adequadamente a edificação de forma a que se valorize o aproveitamento da luz do dia, evitando-se o inconveniente da luz solar direta. Pode parecer um pouco complicado mas as ferramentas necessárias para isto são bem simples. Os arquitetos as conhecem (ou deveriam conhecer) bem. São avaliações que são feitas em projeto.

Em edificações existentes, muitas vezes é possível se abrir janelas, paredes ou mesmo coberturas, para se promover melhor aproveitamento da luz natural e ventilação, mas é preciso tomar cuidado para que estas medidas, ao invés de mais conforto, provoquem incômodo pelo excesso de calor. É preciso saber, em cada caso, em função das orientações em relação ao percurso do sol, quais as soluções mais indicadas, de maneira a promover o conforto do usuário. É, portanto, necessária orientação técnica.

E quanto à iluminação? Quais alternativas de iluminação artificial são mais recomendadas para baixo consumo e iluminação adequada?
Como comentei na questão anterior, deve-se estimular o uso de lâmpadas fluorescentes, muito mais eficientes e econômicas que as incandescentes. Cabe lembrar que hoje em dia, ao contrário de alguns anos atrás, há modelos de lâmpadas fluorescentes com temperaturas de cor quentes, nuetras e frias. A temperatura de cor é o índice que define a aparência da luz da lâmpada. As pessoas em geral (isto é fisiológico) têm preferência pela luz quente em ambientes residenciais e há alguns anos (na época do apagão, por exemplo) não havia no Brasil muitas opções de fluorescentes de luz quente. Hoje há, e não custam mais que as frias.

Outra tecnologia que está ficando cada vez acessível são os LED´s (da sigla em inglês, Light Emission Diodes). Os LED´s são a meu ver, o futuro da iluminação. Duram muito mais, até mesmo do que as fluorescentes, têm tonalidades de cor diversas e consomem muito pouco. As potências das lâmpadas de LED´s, como têm sido chamadas (embora tecnicamente não sejam propriamente lâmpadas, mas equipamentos eletrônicos) são medidas em unidades de Watts, não em dezenas de watts, ou sejam alguns consomem quase nada, relativamente. Ainda são caros, não têm fabricação no Brasil ainda, mas já são uma realiadade de mercado em muitos pasíses e não tenho dúvida de que serão também no Brasil, em breve.

É melhor ter um grande ponto de iluminação, por exemplo, ou vários pequenos?
Eu diria que na maioria dos casos, mais de um ponto resolve melhor do que apenas um. Mesmo em ambientes pequenos, um lavabo, por exemplo, é conveniente se ter um ponto central geral e outro sobre a bancada, ou uma arandela, para o espelho, por exemplo. Em quartos, pode-se ter uma iluminação para leitura, em salas de estar, opções para iluminação de objetos ou peças decorativas. Naturalmente, deve-se distribuir os circuitos de forma a que se possa acendê-los separadamente, o que também contribui para economia de energia.

Quais as tendências que o senhor antevê em relação ao retrofit sustentável em residências?
Eu diria que a tendência é que a busca pelas certificações ambientais ou etiquetagem de edificações será cada vez maior e isto trará maior preocupação com relação à eficiência energética das edificações. Por enquanto, estas certificações, como o LEED, de origem estadunidense, o AQUA, derivada do HQE francês, Casa Clima, italiana, ou o Procel Edifica, programa brasileiro de etiquetagem de edificações, lançado em 2008 pelo Procel (todas têm modalidades específicas para edificações existentes), são todas de adesão voluntária. No entanto, o Procel Edifica está previsto para se tornar obrigatório no país em 2012 e a partir daí, todas as novas edificações terão que atender aos seus requisitos. Naturalmente, criar-se-á então novo estímulo para o retrofit de edificações existentes.

O senhor tem algum caso que possa dividir conosco a esse respeito?
Estou atualmente envolvido, como consultor de projetos, em casos de edificações residenciais novas, já participei de trabalhos de retrofit de edificações comerciais, mas não residenciais.
Acrescento link para uma interessante matéria a respeito de um retrofit de um ícone da arquitetura do séc XX, o Empire State Building, edifício comercial, mas talvez possa interessar:
http://br.noticias.yahoo.com/s/06042009/24/economia-negocios-equipe-especialistas-anunciam-revolucionario.html

Aproveito para informar que o Empire State Building será uma das visitas técnicas que faremos em junho próximo, como parte da II Missão Técnica Green Buildings em Nova York, com meu acompanhamento e orientação.

Atualização em setembro 2010:
Mais informações sobre as missões técnicas que organizo e acompanho podem ser obtidas aqui no blog ou no portal http://www.ecobuilding.com.br/. Registre-se no blog (coluna à direita) e cadastre-se no site para que possa se manter informado. As vagas normalmente se esgotam rapidamente.

Até breve,

Antonio Macêdo Filho.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Diversidades energéticas.

Energia Solar radiada sobre o BrasiL
As diferentes formas e seus subprodutos


Por Augustin T. Woelz
Coordenador de projetos de Aquecedores Solares
de Baixo Custo (ASBC) da Sociedade do Sol
info@sociedadedosol.org.br

O Brasil é o país mais bem ensolarado do planeta. É nossa obrigação fazer o melhor uso desta energia, que se apresenta de várias formas, e de seus subprodutos:

Foto: Maíra Carbonieri

VENTO
Resulta do aquecimento da superfície que aquece o ar. Isto produz variação de densidade causando movimentações das massas atmosféricas. SUBPRODUTO: Ao incidir sobre geradores eólicos, (grandes cata-ventos) é gerada energia elétrica limpa; nosso potencial eólico é 1,5 vezes a do parque elétrico instalado.
BIOMASSA
Cobertura vegetal da nação.
SUBPRODUTO: A vegetação produz álcool, óleo diesel e energia elétrica. Temos potencial para substituir todo o petróleo consumido no Brasil.
ONDAS DO MAR
Subproduto dos ventos.
SUBPRODUTO: Tem potencial para decuplicar a energia gerada no país.A radiação transforma-se diretamente em energia elétrica ao incidir sobre placas eletrônicas ou fotovoltaicas.
NUVENS E CHUVAS
Com a radiação, as águas do mar evaporam e geram nuvens que deságuam no continente. O excesso é absorvido pelos rios, lagos e oceanos.
SUBPRODUTO: As águas resultantes, guardadas em represas, atuam sobre turbinas e geradores. A hidrelétrica é a principal fonte de energia da nação.
CALOR
Imagem: Sociedade do Sol
Usado de várias formas, como aquecer água e ar.
SUBPRODUTO: Usado com alta eficiência para aquecer água de banho. Temos tecnologia atender a todos, dado o baixo custo. A aplicação em escala permite substituir 10% da demanda nacional por energia elétrica.
ENERGIA ELÉTRICA DIRETA
A radiação transforma-se diretamente em energia elétrica ao incidir sobre placas eletrônicas ou fotovoltaicas.
SUBPRODUTO: Instalando as placas fotovoltaicas sobre 6% da área nacional, poderíamos fornecer toda a energia usada pela humanidade (desafio: alto custo).

Em resumo, energeticamente falando, o Brasil é uma das nações mais importantes da Terra.Atuando corretamente, parte da solução do aquecimento planetário estará encaminhado.

SAIBA MAIS
www.sociedadedosol.org.br
www.altercoop.com.br
www.energiasrenovaveis.com

Transitions Towns

Cidades de Transição é um movimento nascido no Reino Unido, que busca a mobilização da sociedade para um design coletivo da transição das cidades para uma lógica mais sustentável.
O grande objetivo é reunir todos os segmentos sociais em busca de soluções para as questões que mais afligem os assentamentos urbanos, buscando uma nova forma de consumo principalmente dos combustíveis fósseis, uma matriz energética mais sustentável, entre outras questões.

Os motivos são os mais diversos, mas a abordagem de Rob Hopkins tem como base o Pico do Petróleo e as Mudanças Climáticas:

Pico do Petróleo: Achar alternativas para esta fonte de energia finita entre outras é crucial para o futuro da humanidade, pois é certo que chegamos ao limite do uso do petróleo em nossa civilização.

Mudanças Climáticas: Não se sabe ainda quais serão as conseqüências futuras, mas é consenso que existe um aquecimento global que está modificando o clima em todo o planeta, ocasionando desde os desequilíbrios mais tênues até as grandes catástrofes como furacões destruidores, tsunamis, enchentes e terremotos.

Esse olhar proposto por Hopkins traz uma maneira mais positiva e ativa de se posicionar frente a esse grande desafio de migrar de uma sociedade insustentável para um mundo mais perene, e que não consuma com tanta avidez os recursos naturais. Talvez por esse motivo sua expansão venha sendo tão rápida. Atualmente, cerca de dois anos depois da criação do conceito, mais de 500 cidades já aderiram ao movimento e vêm empreendendo seus esforços positivamente para transformar suas realidades. A partir desse epicentro, existe hoje uma rede de transição, que desenvolve um movimento de suporte e de incentivo às demais.
Por Mônica Picavêa , revista GEA
Diretora (Fundação Alphaville)
monica@alphaville.com.br

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Dia da Terra, 22 Abril.

Earth Day – Salvando o Planeta ou a Humanidade?

Por: Revista sustentabilidade
Imagem: earthday network


Há cerca de quatro décadas, a civilização ocidental comemora o Dia da Terra (Earth Day) no dia 22 de abril, uma tomada de consciência cada vez mais urgente que nosso Planeta é tudo que temos para sobreviver.

Dias antes da data comemorativa, a redação da Revista Sustentabilidade, como a de qualquer veículo que trata do assunto meio ambiente e sociedade, começou a ser inundada por e-mails com sugestões de pautas e de artigos informando o que empresas, entidades e governos estão fazendo e propondo reflexões sobre este dia.

Como a questão da sustentabilidade do nosso planeta e de nossas sociedades é tema constante da cobertura do portal, não fizemos nenhum especial e demos atenção ao casos mais interessante ou que revelam alguma novidade em termos de proposta de solução.

Isso não quer dizer que desmerecemos o esforço de milhares de empresas que implementaram desde campanhas com consumidores até projetos de educação e conscientização de seus funcionários. Muito pelo contrário, a redação da Revista Sustentabilidade acredita serem válidas quaisquer iniciativas que sejam honestas e ajudem na tomada de consciência.Preferimos oferecer nossa reflexão sobre o tema.

Temos que deixar bem claro que o que está em jogo não é o planeta Terra em si, mas sim a sua capacidade de suportar a vida como a conhecemos e, especialmente, a sobrevivência da maioria dos 6 bilhões de seres humanos que aqui estão.

A Terra, devemos que repetir, vai continuar existindo e a vida na Terra também, de uma outra forma.

Estamos falando de preservar a Humanidade, ou a maioria dos seres humanos, do sofrimento que as mudanças climáticas estão causando com maior intensidade a cada ano que passa. É, no fundo, uma questão ética, que deve permear todas as ações humanas daqui para frente para incluir o maior número de pessoas possível e as gerações futuras num meio que lhes possa permitir dignidade, auto-determinação, liberdade e bem estar.

Ou seja, reduzir o sofrimento e permitir o básico do ser humano: direito à vida digna e plena e à felicidade.

Talvez chegamos ao um ponto de inflexão no nosso progresso ocidental. Atingir tal comportamento ético necessita de mudanças radicais no comportamento individual e coletivo das pessoas, das empresas e dos governos.

A responsabilidade tem que ser compartilhada entre sociedades e indivíduos; as ações das empresas têm que começar a olhar o bem comum e a cooperação tem que suplantar a competição na diplomacia dos governos.

A crescente adesão ao Dia da Terra mostra que mudanças estão acontecendo, mas, como qualquer aprendizado e mudança de comportamento, o sofrimento é inevitável.

Não o sofrimento dos outros, mas o sofrimento causado a si próprio pelo processo de autocrítica, rejeição de crenças do passado e o sofrimento da dúvida sobre a certitude do caminho escolhido. Sofrimento para indivíduos, empresas e sociedades.

O caminho trilhado até agora, que deu às corporações e empresas tanto poder, terá que ser mudado para incorporar no seu bojo uma nova visão do processo produtivo, da inovação, do lucro e da distribuição de resultados financeiros. Isso é importante, pois a maioria das pessoas trabalham em empresas e incorporam os valores das empresas.

O Planeta vai sobreviver sem a gente, como faz após a morte de cada geração, mas a Humanidade não vai trilhar um caminho mais ético se as gerações que estão no poder não iniciarem as mudanças necessárias.

Imagem: Participantes no Dia da Terra, 1970. Photo: EPA History Office Foto: EPA Instituto Histórico







sexta-feira, 17 de abril de 2009

CES- Centro de Educação para Sustentabilidade.

Sustentabilidade em São Paulo.





O CES é a concretização de um sonho. Sua proposta é transformadora, otimista e demonstra a possibilidade de uma nova maneira de viver, conectada com os aspectos social, ambiental, econômico e visão de mundo - considerados os 4 pilares da sustentabilidade.
Localizado no condomínio AlphaVille Burle Marx, em São Paulo , o CES tem uma área construída de 288 m2. A iniciativa é fruto da parceria entre a Fundação Alphaville, Alphaville e Urbanismo , a prefeitura de Santana do Parnaíba e o CRIS (Centro de Referências e Integração em Sustentabilidade), que integrou uma equipe multidisciplinar nas áreas de bioconstrução, manejo de água e energia renovável.Antes e durante toda a implantação foram oferecidas oficinas sobre técnicas sustentáveis e contamos com o apoio do GAIA EDUCATION para esse trabalho.

O GAIA foi criado pelos profissionais de Findhorn Ecovillage que está ligado à ONU, Organização das Nações Unidas.Esta Cartilha poderá orientar passo a passo todos os elementos integrados na construção do Centro que desde a sua concepção pretende difundir os conhecimentos sobre sustentabilidade, tendo em vista a maior de todas as construções: um mundo mais equilibrado e justo para todos.

Acrescento um vídeo gravado no local, o qual explica a idéia dessa iniciativa:



Fonte: www.crisfundacaoalphavilleces.blogs.pot.com
www.crissustentabilidade.blogspot.com

Edifícios Ecoeficientes.

Reformar um prédio deixa de ser exercício de decoração e passa a ter obrigações com futuro do Planeta

Por Bruno Versolato, especial para O Estado de S.Paulo

Imagem: fachada do centro comercial na Lapa: nada lembra o velho galpão usado para fabricar turbinas.

SÃO PAULO - Até 2020, 80% dos edifícios existentes nas grandes cidades já estarão construídos. O restante estará em fase de projeto ou em obras. No entanto, a maioria deles ainda é construída ou reformada com técnicas e materiais pouco ou quase nada sustentáveis. “Construção sustentável não é apenas eficiência energética e reúso d’água. Envolve materiais de baixo impacto no ambiente, uso de madeira de reflorestamento e métodos de construção eficientes. Hoje, cerca de 20% de uma obra vai para o lixo. Em um prédio de 5 andares, 1 vira entulho”, afirma o engenheiro ambiental e professor da PUC-Rio Carlos Penna.

Segundo o World Watch Institute (WWI), arquitetos e engenheiros em todo o mundo não têm conhecimento dos materiais, desenhos e técnicas úteis para levantar prédios sustentáveis. Edifícios são responsáveis por cerca de 30% de todo o uso de energia, emissão de gases do efeito estufa e geração de dejetos. “A construção e renovação de construções é o setor com maior potencial técnico e econômico para reduzir emissões”, diz um estudo, citando o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).





Mas, nos últimos anos, o mundo da construção civil começou a abrir os olhos para o lado sustentável de uma obra. Um exemplo é o complexo de escritórios Business Park. Há quatro anos, quem entrasse em um galpão desativado no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, com a missão de transformar um colosso de concreto de 17 mil metros quadrados em um centro comercial, chamaria uma empresa de demolição e iniciaria a obra do zero. Construído na década de 1950, o local era obsoleto até mesmo para abrigar outra fábrica.

"Há menos de dez anos ninguém pensaria em usar a estrutura e construir outra coisa em cima”, afirma o arquiteto Tadasi Akeho.

Projetado e construído em 2006, o antigo galpão abriga hoje um moderno centro empresarial. “Só aproveitamos a estrutura do galpão”, conta o engenheiro Paulo Belucco. Os sanitários usam água captada da chuva e a parte elétrica foi projetada para chegar com alta voltagem na porta do cliente, para evitar superaquecimento e perdas em longos caminhos de fios com pouca espessura.
“Como aqui é uma área de várzea, cavando um metro já existe água, então é possível utilizá-la nas bacias sanitárias”, afirma Akeho. Além disso, os vidros usados na construção podem garantir iluminação adequada sem permitir que o calor entre.

“Reduzir, reaproveitar, reciclar”, repete constantemente o arquiteto Gustavo Calazans, especialista em reformas ecossustentáveis de casas e apartamentos. “Esse prédio, por exemplo”, diz ele, apontando a lapiseira com um gesto de mão para a sacada de seu escritório em Higienópolis, também na zona oeste de São Paulo, “tem 50 anos. O aço, a areia, o concreto já foram usados. Já fizeram o seu ciclo. Não há por que construir outro prédio”, diz ele. “A área dos velhos galpões aqui na zona oeste, os velhos prédios do centro, que são belíssimos, todos podem ser recuperados”, defende Belucco.

A recuperação do antigo galpão foi mais que uma obra arquitetônica. Foi uma intervenção urbanística. A área, até então industrial, tornou-se um centro de negócios e criou um eixo de desenvolvimento. “Notamos que até a vizinhança mudou”, diz Akeho.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Hoje, a eficiência energética das construções se tornou centro das discussões quando se fala em sustentabilidade desde o lançamento do pacote ambiental do governo de Barak Obama, nos Estados Unidos. Em 17 de fevereiro, Obama sancionou um plano que injeta US$ 20 bilhões para programas como o aumento da eficiência no uso de eletricidade nos prédios públicos e nas casas de famílias de baixa renda, e para tentar encontrar maneiras melhores para poupar energia. Especialistas na área concordam com ele em que a economia obtida com os investimentos em eficiência energética será maior do que o custo desses programas ao reduzir as contas de luz.

QUEBRANDO TUDO

O objetivo principal de uma reforma sustentável é tornar o prédio mais eficiente energeticamente. Mas um bom retrofit, nome técnico dado à adaptação de edifícios antigos a padrões sustentáveis, no entanto, leva em conta muito mais que isso. “Vivemos 90% do nosso tempo encaixotados”, afirma Penna. “Precisamos de ventilação natural, verde, algumas árvores, paisagem. Precisamos de conforto ambiental, se não a gente enlouquece”, conclui.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Balada Sustentável.

Enquanto você se diverte nesta casa noturna na Holanda, o simples ato de dançar ou caminhar, o próprio piso tem um sistema que transforma este movimento em energia elétrica para alimentar as luzes e som .Agora só falta trazer essa tecnologia para as baladas aqui no Brasil.

Piso Inteligente.

Pode até parecer coisa de ficção. Mas em julho, na cidade holandesa de Roterdã, uma superbalada chamada Critical Mass deve apresentar para o público o protótipo da primeira danceteria auto-sustentável do planeta. "A idéia é tornar o conceito de sustentabilidade algo atrativo e sexy para um grande número de jovens", afirma Martijn Jordans, um dos criadores do projeto, desenvolvido na Holanda pela ONG Enviu e por um escritório de arquitetura.Se o negócio bombar, os organizadores pretendem transformar a danceteria ecológica em um evento itinerante. "Muitos festivais e clubes já mostraram interesse em sediar uma festa auto-sustentável, inclusive em São Paulo", diz Jordans.Enquanto a novidade não chega, veja no infográfico como será essa danceteria verde.

Com design de Renata Steffen e infográfico de Alexandre Jubran.
Por Amauri Arrais e Marcio Pinheiro,
Revista Mundo Estranho - 05/2007

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Genzyme Corporate Headquarters.

Caros,

Em novembro estive em Boston por conta da GreenBuild Conference & Expo 2008 (mais informações em http://amacedofilho.blogspot.com/2008/11/greenbuild-conference-expo-boston-2008.html). Dentre as visitas técnicas que tivemos oportunidade de fazer, visitamos a sede da Genzyme Corporation, certificado LEED platina.

Não é fácil atingir o nível platina. Mais difícil ainda é fazer isto com esta qualidade estética e funcional, com um belo projeto. Após tê-lo conhecido pessoalmente, considero este o mais belo caso de edifício certificado LEED em todo mundo. Sem dúvida excelente exemplo de arquitetura sustentável.

Reproduzo aqui texto do meu ex-aluno de arquitetura Bruno Bertante, que teve também oportunidade de conhecer o Genzyme, após eu ter-lhe comentado a respeito.

Um exemplo a ser seguido.


Genzyme Corporation é uma multinacional da área de biotecnologia, e sua nova sede é localizada em U.S.A,na cidade de Cambridge , no Kendall Square. Uma área que até então era desvalorizada, mas atualmente esta sofrendo grandes mudanças, muitos empreendimentos estão se deslocando para próximo do Genzyme Center.

A edificação recebeu a classificação LEED platina, ela tem o formato de um cubo irregular com volumes que entram saem para fora. Seu gabarito acompanha ao contexto urbano do bairro, e abriga doze pavimentos de escritórios. Para conseguir essa classificação na certificação LEED 75% do material utilizado na construção era de conteúdo reciclável, e 90% de lixo de construção foi totalmente reciclado.
O Genzyme Center tem uma solução bastante interessante para captar iluminação natural. No telhado existem sofisticados sistemas de espelhos que se orientam, comandados por computadores, em direção ao sol. Esses refletem os raios solares para um outro sistema fixo de espelhos que direciona a iluminação para um enorme atrium central que corta os doze pavimentos, diminuindo o uso da iluminação artificial.

O escritório de arquitetura Behnisch responsável pelo projeto do Genzyme, teve a solução cinematográfica de captar essa iluminação que foi focada no atrium e difundi-la com enormes lustres composto por varias laminas de alumínio polido, que espalham a luz solar pelo edifício, formando desenhos, que são projetados por toda a área envolta do atrium.

Existe um sistema de monitoramento que controla a temperatura interna do edifício, em acréscimo há um controle individual da temperatura nos escritórios.Esses sistemas agem em conjunto ao sistema de iluminação ,que pode ser aumentado ou diminuído, ambos comandados eletronicamente. Alem disso, o Genzyme tem uma fachada dupla de vidro ventilada, que retêm a temperatura externa e mantêm um clima agradável internamente, todos esses sistemas chegam a economizar 42% menos energia que uma edificação tradicional, com as mesmas dimensões.

A ventilação trabalha cruzada por toda edificação, entrando pelas aberturas verticais e pelos acessos, e sendo exaustada pelo atrium, que tem o papel de absorver o ar quente e expelir para o exterior, criando ambientes saudáveis. A ventilação cruza por todos os espaços de escritórios e sociais, e o ar interno esta sempre renovado, em constante circulação.


Soluções como 220m² de painéis fotovoltáicos, reaproveitamento de água suja, criando um sistema que trate e faça com que a água retorne para uso, e utilizar carpetes e as tintas que não contenha elementos voláteis tóxicos, foram decisões importantes para obter a certificação LEED.

O interior do Genzyme Center é composto por vários percursos ajardinados, no atrium central, nos pavimentos de escritório e sociais,agregando um caráter humano para o edifício ,o qual muitos funcionários fazem suas reuniões com clientes ou seu coffee break nessas áreas verdes.
Todas essas soluções que qualificam o ambiente e o clima interno foram pensadas no bem estar dos funcionários e visitantes do Genzyme, conseqüentemente há um aumento de produtividade no trabalho.Foi feito uma pesquisa com os funcionários que estão trabalhando no edifício, e houve um decréscimo de 5% de pessoas doentes e 88% das pessoas aumentaram seu bem estar.


Fonte:
Texto: Bruno Bertante de Moraes
Imagens: site http://www.arq.ufsc.br/

terça-feira, 14 de abril de 2009

Aquecedor solar para habitações populares.

Aquecedor solar reduz conta em 70%.

A principal "ferramenta" do governo federal para estimular a eficiência energética é a Caixa Econômica Federal, que financia mais de 80% das unidades habitacionais vendidas no país. O banco estuda embutir, nos financiamentos da casa própria, o custo para a instalação de aquecedores solares de água ? que dispensam o uso do chuveiro elétrico, maior vilão do consumo nacional. A Caixa já financia esse tipo de equipamento, mas em separado.

"Na habitação de interesse social, o aquecedor aumenta o custo da casa entre 8% e 25%. Esse custo ainda é impeditivo para famílias com renda de até três salários mínimos", admitiu o gerente de meio ambiente do banco, Jean Rodrigues Benevides, durante a Ecogerma, feira da área de meio ambiente realizada em São Paulo no mês passado. "Mas, depois de instalado, o aquecedor diminui o gasto com energia elétrica. Se for embutido no custo do financiamento, ficará mais compensador para o mutuário."

Segundo ele, em Minas Gerais "onde está sendo executado um projeto-piloto de habitações populares que utilizam o aquecimento solar", a conta de luz paga por uma família de quatro pessoas, cada uma tomando um banho de 12 minutos por dia, fica em R$ 46,14 com o uso do chuveiro elétrico. Com a instalação do aquecedor solar, a conta mensal dessa mesma família cai para R$ 13,84 uma diferença de 70%. Considerando-se um aquecedor com custo de R$ 1,5 mil, o retorno do investimento se dá em quatro anos.

Fonte: Gazeta do Povo

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A história da matéria.

Caros,

Uma das publicações que recomendo a qualquer pessoa interessada em sustentabilidade é "Cradle to Cradle" (literalmente, do "berço ao berço"), de Michael Baungart e William McDonough, este último arquiteto e consultor, um dos pioneiros nos estudos da sustentabilidade da construção.

Um dos conceitos fundamentais que norteiam a publicação diz respeito à forma como as coisas são produzidas, utilizadas e descartadas, ou reutilizadas.

O filme que segue, bem interessante, trata exatamente desta mesma questão, explicando como são os processos pelos quais passa a matéria prima que consumimos, desde sua extração até a distribuição e sua estocagem, e como a ação do ser humano destrói e interfere no meio ambiente.

Pode ser que ache o video um pouco longo para se ver pelo computador, mas, sem dúvida, este é um processo muito menos impactante do que ir até uma locadora de DVDs.

O Empire State será um Green Building.

Caros,

No ano passado realizamos a I Missão Técnica Green Buildings em Nova York. Visitamos vários dos mais relevantes edifícios certificados da cidade. O Empire State Building, no entanto, era apenas o mesmo bom e velho gigante de concreto e aço, atração turística inevitável, ao menos para os que visitam a cidade pela primeira vez.

Agora, para a segunda edição da missão Green Buildings em Nova York, que ocorre no próximo mês de junho 2009, o Empire State Building será visto com outros olhos. O edifício está em processo de modernização e passará a ser também um Green Building. Os responsáveis esperam alcançar a certificação LEED ouro, nos próximos anos. É um caso e tanto, um edifício gigantesco, quase totalmente ocupado, visitado diariamente por milhares de pessoas, já com quase 80 anos de vida útil, será transformado num dos maiores green buildings do mundo. É um bom exemplo.

Será mais um feito impressionante na história deste projeto, cujas obras se iniciaram em 1929 e foram realizadas durante os efeitos da primeira grande crise financeira, iniciada naquele ano. Agora, curiosamente, em meio a outra crise de ordem semelhante, o prédio inicia o processo que lhe garantirá sobrevida de pelo menos mais algumas décadas, adequando-se a este novo século.

Reproduzo a seguir matéria sobre o assunto, publicada originalmente no site do New York Times, em 07 de abril 2009:

Equipe de especialistas anuncia revolucionário projeto de modernização com eficiência energética no Empire State Building.

O programa de atualização de US$ 500 milhões do prédio comercial mais famoso do mundo incorpora projeto completo para redução do uso de energia em cerca de 40%.
Imagem: Empire State, foto de Antonio Macêdo.

Usando o Empire State Building como caso e modelo de teste, parceiros de construção e projetos, consultores de classe mundial e sem fins lucrativos -- incluindo a Iniciativa Climática Clinton (CCI-Clinton Climate Initiative), Rocky Mountain Institute (RMI), Johnson Controls Inc. (JCI) e a Jones Lang LaSalle (JLL) -- divulgaram um processo inovador de análise e modernização das estruturas existentes visando a sustentabilidade ambiental.

Adotado como elemento principal do programa de atualização de mais de US$ 500 milhões sendo atualmente realizado no mais famoso prédio comercial do mundo, o programa é a primeira abordagem completa que integra diversos passos para o uso da energia de forma mais produtiva. O programa deverá reduzir o consumo de energia em até 38% e irá proporcionar um modelo replicável para projetos similares em todo o mundo. O trabalho já teve início nos sistemas do prédio e tem término previsto para o final de 2010. O restante do trabalho, a ser realizado nos espaços alugados, deverá estar concluído até o final de 2013. A parte que está programada para ser finalizada dentro de 18 meses irá resultar em mais de 50% da economia de energia prevista. O restante levará 36 meses adicionais com finalização até 2013.

O projeto irá provar a viabilidade dos projetos de modernização da eficiência energética para aumentar de forma dramática a eficiência energética do prédio e reduzir sua emissão de carbono total com períodos sensatos de retorno e lucratividade melhorada.

No final do processo de definição do projeto, a equipe analisou os passos a serem tomados em conjunto com outros passos visando a sustentabilidade, como parte do programa de reconstrução do Empire State, dentro da estrutura do sistema de qualificação do programa LEED (Leadership in Energy and Environment Design) do USGBC - U.S. Green Building Council. Os cálculos internos mostram que o Empire State Building poderá se qualificar para a certificação LEED ouro para Prédios Existentes, e os proprietários pretendem obter tal certificação.

"Prédios comerciais e residenciais são responsáveis pela maior parte da pegada de carbono total das cidades em todo o mundo -- mais de 70% no caso da Cidade de Nova York. Desde fevereiro de 2008, o Empire State Building tem sido usado como bancada de testes para a criação de um processo replicável para redução do consumo de energia e dos impactos ambientais", disse Anthony E. Malkin, da Empire State Building Company, proprietária do prédio. "A maioria dos novos prédios é construída visando o meio ambiente, porém a verdadeira chave para o progresso substancial é a redução do consumo de energia e da pegada de carbono dos prédios existentes".

"Este processo inovador, que desenvolveu novas técnicas para modelagem e organização de um programa integrado, oferece um caminho claro para a adoção em todo o mundo, levando a significativas reduções na emissão de gases com efeito estufa", conforme acrescentou Malkin.

"Juntamente com outros passos já tomados, para a reciclagem de resíduos e entulhos das construções, o uso de materiais reciclados e produtos ecológicos de limpeza e de dedetização, o modelo construído no Empire State Building irá de forma significativa acelerar a redução do consumo de energia e do impacto ambiental e permitirá mais operações sustentáveis -- e, ao mesmo tempo, irá melhorar a rentabilidade e o conforto dos inquilinos. Este é um programa real, que acontece em tempo real, criando empregos realmente ecológicos".

Os parceiros do projeto usaram ferramentas novas e já existentes de modelagem, medição e projeção em um processo novo, e que pode ser repetido, para analisar o Empire State Building e estabelecer um conhecimento total de seu uso de energia, bem como de suas eficiências e deficiências funcionais. Isto proporcionou recomendações de ações ao longo de uma curva de custo-benefício para aumentar a eficiência sem prejudicar o desempenho final. Com a revisão de mais de 60 atividades opcionais, a equipe identificou oito projetos economicamente viáveis, aplicáveis à renovações em todo o prédio, modernização de sistemas elétricos e de ventilação e reforma dos espaços alugados, que irão proporcionar um retorno significativo do investimento, tanto ecológica quanto financeiramente.

"Neste problemático ambiente econômico, existe uma tremenda oportunidade para as cidades e os proprietários de prédios modernizarem os prédios existentes para pouparem dinheiro e energia", disse o ex-Presidente Clinton. "Estou orgulhoso com o trabalho que a iniciativa climática da minha fundação tem feito em 40 das maiores cidades do mundo, incluindo Nova York, onde tivemos um papel principal na formação de um conjunto exclusivo de parceiros, os quais estão trabalhando para tornarem possível a modernização do Empire State Building. É este tipo de colaboração inovadora que é crucial para a proteção de nosso planeta e para fazer com que nossa economia se recupere novamente".

"Este projeto utiliza toda experiência, pesquisa e inovação que acumulamos em nossos 125 anos neste negócio", disse Iain Campbell, Vice-Presidente da Johnson Controls, a companhia de serviços de energia do programa. "É gratificante saber que da mesma maneira que apontamos para este prédio como uma das grandes realizações de nossos avós, nosso netos poderão apontar para nós da mesma forma".
Imagem: Empire State e New York city, foto de Antonio Macêdo.

"Este projeto não irá somente reduzir de forma dramática o impacto ambiental do Empire State Building, mas também poderemos fazê-lo de uma maneira que irá proporcionar economias significativas de custos para o prédio e também para seus inquilinos", disse Raymond Quartararo, Diretor Internacional da Jones Lang LaSalle.

Com o custo do projeto inicialmente estimado em US$ 20 milhões, as economias adicionais e redirecionamento de despesas, originalmente planejadas no programa de modernização do prédio, e gastos alternativos adicionais nas instalações dos inquilinos, o Empire State Building irá economizar US$ 4,4 milhões em custos anuais com a economia de energia, reduzir seu consumo de energia em cerca de 40%, recuperar seu custo extra líquido em cerca de três anos e cortar sua emissão total de carbono através de oito iniciativas-chaves, incluindo:

1. Modernização da iluminação das janelas: Renovação de aproximadamente 6.500 janelas de vidro com isolamento térmico, usando os vidros e caixilhos existentes para criar painéis de camadas triplas de vidro com novos componentes que reduzem dramaticamente a carga de aquecimento do verão e a perda de calor durante o inverno.

2. Modernização do isolamento dos radiadores: Isolamento adicional por trás dos radiadores para reduzir a perda de calor e aquecer de forma mais eficiente o perímetro do prédio.

3. Modernização da iluminação, aproveitamento da luz do dia e tomadas dos inquilinos: Introdução de projetos de iluminação melhorados, controles da luz do dia e sensores de ocupação das cargas das tomadas em áreas comuns e nos espaços alugados, para reduzir os custos de eletricidade e cargas de resfriamento.

4. Substituição dos Manipuladores de Ar: Substituição das unidades de manipulação de ar por ventiladores com controladores de freqüência variável para permitir maior eficiência energética durante a operação e, ao mesmo tempo, melhorar o conforto dos inquilinos individuais.

5. Modernização da planta de resfriadores: Reutilizar os cascos dos resfriadores existentes e ao mesmo tempo, remover e substituir o seu interior para melhorar a eficiência e a capacidade de controle dos resfriadores, incluindo a introdução de controladores de freqüência variável.

6. Atualização do sistema de controle de todo o prédio: Atualizar o sistema existente de controle do prédio para otimizar as operações de HVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado), bem como proporcionar informações de sub-medição mais detalhadas.

7. Atualização do controle de ventilação: Introdução de ventilação com controle de demanda nos espaços ocupados, para melhorar a qualidade do ar e reduzir a energia necessária para condicionar o ar exterior.

8. Sistemas de gestão de energia dos inquilinos: Introdução de sistemas de uso de energia individualizados baseados na Web para cada inquilino, para permitir gestão mais eficiente do uso de energia.
Imagem: Empire State, foto de Antonio Macêdo.

Recentemente, diversas iniciativas foram lançadas, incluindo o programa de Modernização de Prédios da CCI e do PlaNYC da Cidade de Nova York em 2007, com o objetivo de reduzir a significativa pegada de carbono das estruturas existentes nas principais cidades. O programa piloto, lançado no Empire State Building, deixa de apresentar passos teóricos e direcionais e traz planos de ação quantificáveis que podem ser amplamente adotados em todo o mundo. Através das ações tangíveis anunciadas hoje (abril de 2009) pela Iniciativa Climática Clinton, Johnson Controls Inc., Jones Lang LaSalle, Rocky Mountain Institute e pela Empire State Building Company, os proprietários de prédios possuem agora um exemplo prático de um caminho economicamente inteligente para serem membros responsáveis da comunidade global. Este projeto pode aumentar a confiança das cidades, estados e governos de todo o mundo na viabilidade de programas que fazem mudanças positivas, agora.

"Para tornar as cidades mais limpas e mais eficientes em relação à energia, precisamos urgentemente de modelos replicáveis para a modernização dos principais prédios existentes. Este exemplo visionário ajudará a informar e inspirar iniciativas que poderão cortar as emissões de carbono, economizar energia, economizar dinheiro, criar empregos e fornecer melhores locais de trabalho nos prédios por todo o mundo", disse Amory B. Lovins, Presidente do Conselho e Cientista-Chefe do Rocky Mountain Institute.

Fonte: NOVA YORK, 6 de abril /PRNewswire
Por Adam Pietrala e Viet N'Guyen
(com adaptação de Antonio Macêdo Filho)

O processo de análise completo está disponível on-line como material de fonte aberta ao público nos endereços www.esbsustainability.com e www.esbnyc.com.

O Decálogo do Sol.

DEZ PRINCÍPIOS PARA UM CONSTRUIR SUSTENTÁVEL

No começo dos anos 90, no evento Eco-92 que teve lugar no Rio de Janeiro, foram mostradas ao público mundial, de modo inequívoco, as conseqüências que os habitantes do planeta sofreriam devido ao desfrute indiscriminado dos recursos naturais devido às emissões exponenciais de CO2 e às emissões dos mais diversos poluentes lançados nos diversos ecossistemas.

Hoje sabemos que a muitas dessas previsões estavam corretas e atingiram uma dimensão alarmante. Somando o constante aumento da população mundial, a crescente má distribuição de renda e a insaciável fome pelos recursos naturais, obtemos como resultado mudanças climáticas que acontecem em ciclos cada vez mais rápidos.

Um desenvolvimento que viabiliza o futuro deve contemplar responsabilidade social, atenção ao meio ambiente e eficiência econômica. Não há mais tempo a perder. Chegou a horta de agirmos de modo decidido em âmbito mundial.

Nossas edificações dissipam cerca de metade da energia global produzida em todo o mundo. A tecnologia para construir de forma parcimoniosa, do ponto de vista energético já esta disponível há muito tempo: é portanto hora de aplicá-la. Por conta de um retrofit energético dos edifícios existentes é possível reduzirmos em até 80% as emissões de CO2 produzidas pelos diversos sistemas de climatização e aquecimento de água.

Somos nós, seres humanos, os responsáveis pelo atual desenvolvimento sem futuro. Há porem uma boa noticia: ainda podemos “dar a volta por cima” se considerarmos que há soluções que podem ser aplicadas imediatamente. Para alcançarmos este objetivo, faz-se necessário que ajamos de forma coletiva, com o auxilio de todas as instituições sociais, políticas e econômicas.

O filósofo alemão Hans Jonas, formulou uma interessante frase, imperativa para nossos dias: “ Ajam de modo que as vossas ações sejam compatíveis com a possibilidade de manter uma vida humana integral sobre o planeta”. Este pensamento diz respeito a todos os setores da sociedade, mas são os projetistas e técnicos os protagonistas de um crescimento sustentável. O motivo ? As construções duram por muito tempo e influenciam de modo decisivo a qualidade ecológica, econômica, sociocultural e estrutural da sociedade à qual pertencem. Perceba que é costume avaliar toda uma nação pelas características de suas principais cidades.

Os dez princípios são um assunto individual e voluntário, mas ao mesmo tempo representam uma linha mestra para todos aqueles que pretendem participar ativamente de um desenvolvimento sustentável. O objetivo é encorajar cada individuo a empenhar-se com entusiasmo e bom senso nessa direção e assim acelerar a transformação do nosso sistema energético, no sentido de torná-lo eficiente e limpo.

O Decálogo do Sol

1- Somos filhos do Sol: O Sol é nossa única e inesgotável fonte de energia e base para todas as formas de vida do planeta. Levar em consideração a energia solar, em todos seus aspectos, no nosso modo de construir e viver, melhora a qualidade da vida.

2- Faremos uma revolução energética global fundamentada na eficiência, na preservação dos recursos naturais e na adoção de formas renováveis de energia.

3- Criaremos ambientes saudáveis e confortáveis, que favorecerão o crescimento da consciência dos seus usuários, ao mesmo tempo que salvaguardam os recursos naturais e o meio ambiente. Estes ambientes estarão em harmonia com os ciclos naturais e dialogarão com as tradições construtivas locais

4- Serão as pessoas o principal centro de referência, sejam aquelas que já habitam estes ambientes, sejam aquelas que os habitarão amanhã. Somos conscientes que a arquitetura é a expressão de nossos desejos, saudades, sonhos e beleza e tudo isso nunca deverá se contrapor à vida. Como eixo central não adotaremos a individualização de cada setor da sociedade mas, sim, um agir amplo e solidário. Todo habitante do nosso planeta tem o direito de conduzir sua vida de uma forma digna.

5- Iremos buscar através da beleza e harmonia um bem estar que não coloque em risco os ciclos naturais, risco este, que poderia causar o comprometimento irreversível da capacidade de auto-regeneração do planeta.

6- Somos plenamente conscientes que as edificações deverão ser usadas por cinquenta, cem anos, ou até por mais tempo. Por essa razão as medidas tomadas para garantir a segurança do meio ambiente devem ser medidas eficazes num longo prazo. As zonas residenciais se manterão atuais no futuro se forem esteticamente atraentes além de eficientes do ponto de vista energético.

7- Transformaremos o passado em futuro revitalizando energeticamente os edifícios existentes, através das modernas técnicas construtivas que já desenvolvemos. Este procedimento nos permitirá usar menos energia para assegurar o conforto ambiental nesses edifícios. Dessa forma serão reduzidas fortemente as emissões de CO2.

8- Escolheremos para todos as edificações novas um padrão de construção que reduza drasticamente a necessidade de aportes externos de energia. Vamos utilizar materiais limpos e tecnologias ecocompativeis considerando globalmente o impacto ecológico dos materiais. Proveremos estas novas edificações com iluminação, acústica e qualidade interna do ar otimizadas pois são estes os fatores que incidem de forma decisiva na qualidade da vida.

9- Aplicaremos com sabedoria as técnicas que utilizam de modo econômico e eficiente os recursos naturais, cientes de que mesmo os canteiros de obra podem fazer a diferença na diminuição dos impactos ambientais. Ao mesmo tempo, daremos preferência às energias de fontes renováveis.

10- Nosso pensamento é flexível. As nossas ações serão direcionadas no sentido de cultivar uma mobilidade social sustentável. Em nossos empreendimentos daremos preferência a soluções que economizem energia e recursos naturais e que estejam à altura de ir de encontro às necessidades do individuo, sem com isso limitar a coletividade.

O "Decálogo do Sol" foi elaborado na Agenzia CasaClima de Bolzano pelo seu diretor, Norbert Lantschner e adaptado e traduzido pelo representante da Agenzia no Brasil, engenheiro Claudio Leozzi.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O Escurecimento Global.

Um futuro próximo.

Por Bruno Bertante de Moraes.

Ainda nem resolvemos o problema do Aquecimento Global, e já aparece uma nova notícia alarmante sobre o Escurecimento Global. Não se trata de nenhuma previsão futurista de pesquisadores, mas uma situação que estávamos convivendo faz tempo, e nem sabíamos de sua existência, e se não acharmos alguma solução iremos mudar com o futuro da humanidade.

Cientistas a partir de 1950 perceberam que os índices de evaporação nas estações de meteorologia estavam diminuindo, e que algo de errado estava acontecendo. Pesquisadores do mundo inteiro se aprofundaram nessa pesquisa e chegaram ao diagnóstico de que alguma coisa estava interferindo na temperatura da Terra e influenciando na quantidade de raios solares que incidia na superfície terrestre.

Após diversas hipóteses analisadas, chegaram a seguinte conclusão: a causa do Escurecimento Global era que partículas que se encontram suspensas na atmosfera, juntamente com partículas de água, estavam refletindo a luz solar diretamente para o espaço.

Com isso menos raios solares estavam penetrando na superfície do planeta e causando o escurecimento, gerando resfriamento no globo. Mas se o resfriamento não estava ocorrendo ou não era percebido pelos seres humanos, é porque o Aquecimento Global esta agindo em conjunto mascarando o Escurecimento Global.

Isso é muito grave, se diminuirmos drasticamente a incidência dessas partículas que refletem os raios solares, teríamos um Aquecimento Global drástico. De acordo com uma reportagem do Discovery Channel em menos de 100 anos a temperatura do planeta iria aumentar em 10 C° e em muitas regiões será impossível a sobrevivência do ser humano.

Estamos falando de um assunto novo, e muito preocupante, que envolve o planeta inteiro. Para conhecer mais sobre o assunto, sugiro que assista às quatro partes do documentário da Discovery Chanel, que está disponível no site Youtube.

Acrescento um trecho desse documentário que explica como foi composta a camada que está gerando o Escurecimento Global:


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Copa Verde

2014 será o ano da Copa no Brasil.

A vinda da Copa do Mundo de 2014 para o Brasil não vai apenas mexer com a infraestrutura das cidades escolhidas para serem sub-sedes, mas trará luz aos estádios brasileiros. Hoje construções inadequadas para um evento desta magnitude, eles terão a oportunidade de agregar o que há de mais moderno em termos de engenharia e se adequar ao século 21. Uma tendência, pelo que os projetos mostram, é que as obras tendem a perseguir o conceito de arquitetura sustentável. Até por que, o tema do mundial no país deverá ser a “Copa Verde”.

Imagem: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Das 17 capitais candidatas, pelo menos cinco abraçaram a tese do “estádio verde”. A começar pelo possível palco da final da Copa, o Maracanã. O estádio, cujas obras de reconstrução começam ainda neste ano, terá acoplado à sua arquitetura uma praça arborizada e será autossustentável na produção de energia. Isso será possível através de painéis solares que serão acoplados à cobertura de vidro que irá revestir o estádio.

A inovação tecnológica está orçada em R$ 200 milhões, mas, segundo a secretária estadual de Esporte, Turismo e Lazer do Rio de Janeiro, que administra o Maracanã, em 10 anos esse investimento estará pago, já que o estádio deixará de consumir energia elétrica em pelos menos 70% de suas instalações. “A vantagem é que o Estado não bancará sozinho a obra”, avisa a secretária Márcia Lins.

A cobertura com painéis fotovoltaicos para o Maracanã geraria 3,7 MWp. “É o suficiente para suprir energia para mais de duas mil residências”, explica o diretor técnico do Instituto Ideal, Ricardo Rüther, responsável pelo projeto. Rüther coordena também o Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (Labsolar/UFSC), que já pesquisa e aplica há alguns anos esta tecnologia. Estádios com painéis fotovoltaicos já usados em estádios europeus. O exemplo mais bem sucedido é o Stade de Suisse Wankdorf, em Berna, na Suíça. Com 10.738 células solares, o estádio gera 1,134 gigawatts hora (GWh) de energia por ano.

Imagem: Estádio Vivaldão, em Manaus.

Em Manaus, a tese da sustentabilidade ainda é mais escancarada. A cidade adota o slogan “A Copa mais verde do mundo” e promete construir uma arena com 46 mil lugares, levando em conta relatórios ambientais do Greenpeace, do World Winde Fund for Natures (WWF) e da Conservation International (CI). A empresa a ser contratada é a alemã Gerkan Marg und Partner (GMP), que construiu boa parte das arenas utilizadas na Copa de 2006.

Imagem: Arena da Floresta, em Rio Branco.

No Acre, o estádio candidato é a Arena da Floresta. O estado também aposta no conceito “verde” e projetou uma cobertura em madeira e bambu para cobrir a obra. O material virá de reflorestadoras certificadas, compromete-se o governo acreano, garantido que materiais a base de alumínio e acrílico, considerados poluentes, não serão usados na obra. “Teremos todo um processo de manejo sustentável”, explica o secretário de Esportes, Turismo e Lazer do Acre, Cassiano de Oliveira.

Brasília também está engajada e, além da arena para jogos, pretende construir um estádio de apoio para treinamentos das seleções. A construção vai se chamar Arena Biogol. No estádio, cada gol marcado reverterá dinheiro para o reflorestamento de uma área do tamanho de um campo de futebol. Os gols também reverterão recursos para as favelas do entorno do Distrito Federal, financiando painéis solares nas escolas destas localidades. O dinheiro para o projeto virá de parcerias com a iniciativa privada.

Imagem: Estádio das Dunas, em Natal.

Outro estádio que será construído dentro do conceito da arquitetura sustentável será o que está planejado para Natal, no Rio Grande do Norte. No projeto, 35% dos 82 hectares onde se erguerá a obra serão destinados à preservação ambiental. Haverá ainda uma estação de tratamento de esgoto para a reutilização dos efluentes.

Quando a Fifa bater o martelo sobre as sub-sedes, ainda este ano, começaremos a se saber quais desses projetos se tornarão de fato sustentáveis ou não.

Fonte: Portais dos governos de RJ, DF, RN, AM e AC Agência Brasil

Bancos poderão condicionar crédito a iniciativas ambientais.

Fonte: Reportagem de Ana Paula Paiva no Reuters do Brasil 08/04/09

terça-feira, 7 de abril de 2009 18:07 BRT Brasília (Reuters) - O Ministério do Meio Ambiente e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) assinaram nesta terça-feira um protocolo que permitirá a instituições financeiras privadas se comprometem a conceder empréstimos somente para empresas e projetos sustentáveis.

Os bancos, no entanto, não serão obrigados a aderir ao protocolo.

"O Fábio Barbosa (presidente da Febraban) me explicou que a Febraban assina e depois os bancos individualmente também vão assinar a sua adesão a este protocolo", disse a jornalistas o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

citar nomes, o presidente da entidade que representa os bancos privados afirmou que instituições de grande porte aguardam apenas a assinatura do protocolo pela Febraban para adotarem os novos critérios para a concessão de crédito.

É que os grandes bancos já estão engajados, já aderiram faltando uma formalização que fechamos hoje", afirmou Barbosa, acrescentando que o mecanismo já vem sendo praticado há algum tempo por certos bancos privados.

Ele explicou que o objetivo do protocolo não é ser restritivo quanto a projetos e a clientes. Servirá para colocá-los na legalidade.

"O objetivo é estimular e, muitas vezes, financiar alguns projetos que levarão o cliente a adotar boas práticas ambientais".

"Isso pode significar mais para o meio ambiente do que alguns milhares de guardas ambientais", complementou Minc, acrescentando que o acordo com as instituições financeiras é o sexto assinado em sua gestão com segmentos do setor produtivo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pinte seu telhado de branco!


Texto:Bruno Bertante de Moraes

Imagem: Telhado branco nas Bermudas.
Artigo recentemente publicado na revista cientifica Climatic Change chamou a atenção de muita gente e foi bastante divulgado nos meios de comunicação pelo Mundo. Ongs internacionais, inclusive o Green Building Council Brasil, começaram a divulgar e criar a campanha: ”Pinte seu telhado de branco!”.

Segundo o estudo, se as 100 maiores cidades do mundo pintassem seus telhados de branco de todos os seus edifícios, iríamos diminuir consideravelmente a temperatura do planeta. Apesar dos telhados verdes serem uma solução muito mais eficiente e funcional contra o problema do aquecimento global, pintar os telhados de branco seria uma solução rápida e significativa.

Al Gore, Prêmio Nobel da Paz, já havia chamado a atenção no filme “Uma Verdade Inconveniente” que a cor dos pólos, eminentemente branca, reflete de 80 a 90% da radiação solar. A partir do momento que os pólos começaram a derreter, eles passam a ficar com o mesmo índice de reflexão do oceano, que é 8%. Portanto, com o derretimento do gelo, os próprios pólos passam a contribuir para o aquecimento global.

O raciocínio é o mesmo para os telhados, as cores marrom e vermelho, geralmente encontradas nos telhados convencionais chegam a absorver até 80% da radiação solar, transmitindo calor para as edificações. Se pintarmos os telhados com cores claras, eles poderão refletir até 90% dessa energia luminosa.

Cada 10m² de telhado ou superfície horizontal clara é equivalente a uma economia de 1 tonelada de gás carbônico, em equipamentos funcionais da edificação, como o ar condicionado.

Dado o recado, cabe cada um fazer sua parte para diminuirmos o aquecimento global.

Acrescento uma reportagem gravada pela TV Bandeirantes sobre o assunto:

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Casa 100K

Depois do famoso condomínio Bedzed em Surrey, Londres, o modelo de condomínios sustentáveis esta se difundindo pelo Mundo. A casa 100K é um exemplo de condomínio residencial sustentável, que pretende alcançar o mais alto nível de eficiência, de forma a que a edificação interfira o mínimo possível no meio em que se encontra e é capaz de suprir todas suas necessidades funcionais.
Veja interessante matéria publicada no mês de março em AU:

Novo padrão de moradia
Por Victor Martinez na resvista AU março 2008


Baixo custo, área de habitação personalizável e baixo impacto ambiental. Essas são as três diretrizes do projeto Casa 100k ?, o condomínio residencial que lança o conceito sustentável de habitação com a pretensão de atender três importantes questões: ambiental, financeira e social.

A proposta é do arquiteto Mario Cucinella, que desenvolveu o projeto para pesquisa em parceria com a multinacional italiana de cimentos Italcementi e com a Politecnica, uma consultoria de estruturas e sistemas. As 50 casas do complexo residencial, cada uma com 100 m², devem ser capazes de produzir toda energia consumida pela união de estratégias ativas e passivas sem nenhuma emissão de CO². Para isso, integram sistema fotovoltaico, bomba geotérmica, turbinas eólicas, reaproveitamento das águas pluviais e estratégias passivas do próprio projeto - o que transforma o complexo em uma máquina bioclimática.

A cobertura de cada casa terá 35 m² de placas solares, com capacidade de produção de energia elétrica de 42,4 kWh/m² por ano, que abrange todas as necessidades energéticas das edificações, mais a alimentação da bomba de calor geotérmica. As varandas possuem um telhado verde que contribui para estabilizar o microclima externo junto com as estufas de plantas, incentivando o arrefecimento passivo.


As unidades têm fachadas gêmeas para facilitar a ventilação natural cruzada no próprio complexo. A lateral da casa voltada para a direção sul possui maior proporção de vidros e mais espaços externos - como os das varandas suspensas - justamente para aproveitar tanto a luz natural quanto o calor durante o inverno.

Para reduzir o custo de construção gerado pela macroescala do projeto, está previsto o uso de pré-fabricados e drywall. Elementos modulares serão os protagonistas, porque além de sustentável, as casas se destacam pela flexibilidade. Os moradores, por exemplo, podem decidir a composição de suas casas escolhendo entre determinadas opções de planta.

Para os futuros moradores terem maior liberdade no projeto, o interior das residências foi concebido com grandes espaços abertos, que podem ser divididos utilizando componentes móveis, como painéis e partições removíveis e flexíveis. Os elementos para o acabamento interno podem ser selecionados pelas exigências do morador quanto ao conforto acústico, iluminação e temperatura.

Já a fachada recebe painel de revestimento com um sistema intercambiável de oito cores - para variar a vista externa e assegurar sua consistência com o design dos interiores. Pode ser feita com três tipos diferentes de materiais: um à base de fibroconcreto; outro, à base de celulose reciclada; e um terceiro, de um material chamado "txactive", uma espécie de concreto que absorve ácidos nitríticos e outros gases poluentes do ar, desenvolvido pela Italcementi.

O condomínio deve criar, ainda, uma "poupança energética": como se estima que nem toda energia gerada por cada casa é consumida pelos moradores, parte da produção energética será comercializada. Com essa venda, o investimento na compra da casa é compensado com o lucro energético gerado a cada mês. Além dessa produção individual, na Europa há diversos incentivos ficais para residências que gastam menos energia com o uso de fontes alternativas.


Essa forma de agrupamento residencial ainda oferece a oportunidade de incluir uma série de instalações comuns que podem ser usadas por todas as famílias. Em vez, por exemplo, de todas as casas terem suas lavanderias, seria criado um único lugar para todos os condôminos usarem. Essa estratégia, além de eliminar a compra repetida e a dispersão de equipamentos que consomem energia, produz poupanças significativas em termos de aquisição, funcionamento e custos de manutenção.

O projeto Casa 100k ? foi exposto na 11ª Exibição Internacional de arquitetura organizada pela Bienal de Veneza e ganhou o prêmio da Architectural Review, o Awards Futures Projects 2009, na categoria sustentabilidade.

Desafios Climáticos

Você assina jornais?

A palavra jornal vem de Giorno, dia. Supõe, portanto, produção diária de informação.
Mas, você já parou para pensar um pouco na quantidade de energia e recursos que são necessários para produzir, imprimir e distribuir a imensa quantidade de exemplares de jornais que as pessoas recebem todos os dias?

Quando eu me toquei para isto, já faz alguns anos, decidi cancelar minha assinatura da Folha de São Paulo, um dos maiores jornais do hemisfério sul. Descobri que já havia pago por muitos meses mais à frente de jornais. Decidi então mudar o regime de assinatura para somente finais de semana. Pude manter meu hábito (por que não?) de ler o jornal com calma no final de semana e dormir tranquilo com isto. Ainda bem que existem as versões online dos mesmos jornais, muito mais sustentáveis, para ler durante a semana.

Pois bem, neste final de semana li algo interessante que resolvi reproduzir aqui no blog, a partir da versão digital que acessei nesta segunda-feira. Boa leitura online.

Serão necessárias idéias e tecnologias completamente novas

por Marcelo Gleiser para a Folha de São Paulo 05/04/2009.

Na semana passada, li uma reportagem da jornalista Sharon Begley na revista americana "Newsweek" que me deixou preocupado. Eu já sabia do enorme desafio que será conseguirmos desenvolver tecnologias de geração de energia limpa de modo a diminuirmos a concentração de dióxido de carbono (CO2) e outros gases causadores do efeito estufa em tempo útil. Mas os números são desanimadores. E desafiadores.

Começando do começo, é inútil continuarmos a discutir se o aumento da temperatura global está ou não sendo causado pela poluição industrial. Segundo a maioria esmagadora dos cientistas, especialmente aqueles que se ocupam justamente das pesquisas nesta área, o aumento da temperatura global desde o inicio da era industrial não é uma coincidência.

Mesmo considerando possíveis efeitos naturais -emissões de gases subterrâneos, erupções vulcânicas, flutuações na luminosidade solar- não há dúvida de que a correlação existe: o aumento da temperatura global é, em grande parte, causado pela nossa dependência de combustíveis fósseis. Dado isso, precisamos agir o quanto antes para diminuí-la.

A questão principal no debate sobre como enfrentar os desafios da mudança climática é se devemos focar nossos esforços no desenvolvimento de tecnologias que já existem ou se devemos investir em pesquisas capazes de inovações inesperadas na área.

Em princípio, a resposta é óbvia: devemos fazer os dois. Aprimorar tecnologias de exploração de energia solar, dos ventos, de biomassa e nuclear para que se tornem mais eficientes é fundamental. Muitos dizem que isso será suficiente, que basta melhorarmos o que já temos. Do lado oposto, o diretor do Departamento de Energia americano, o Prêmio Nobel de Física Steven Chu, afirma que precisaremos de invenções revolucionárias, do calibre mesmo de um Prêmio Nobel. O químico Nate Lewis, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que tenta criar materiais capazes de realizar uma espécie alternativa de fotossíntese, produzindo hidrogênio a partir de água e luz solar, concorda.

O objetivo aqui nos EUA é cortar as emissões em 20% até 2020. O problema é que isso não é suficiente: apenas traria as emissões americanas de volta aos níveis de 1990, que é menos do que o Protocolo de Kyoto (que os EUA rejeitaram) exigia. A meta de longo prazo sugerida é cortar em 80% até 2050. Em 2006, o consumo energético do planeta foi de 14 trilhões de watts. Supondo que a população cresça minimamente (saindo dos 6,7 bilhões atuais e chegando a 9 bilhões em 2050), que o crescimento econômico global seja baixo (1,6% ao ano) e que haverá um aumento na eficiência do uso de energia de 500% (!), o mundo usará 28 trilhões de watts em 2050, o dobro de 2006. Como atingir isso com as energias alternativas?

Para usinas nucleares produzirem 10 trilhões de watts em 2050, são necessários 10 mil reatores novos, ou seja, um reator construído dia sim, dia não a partir de agora. Usando todos os ventos disponíveis no planeta, produziríamos 10 trilhões ou 15 trilhões de watts. Um número mais realista seria em torno de 3 trilhões de watts, com 1 milhão de turbinas eólicas. Já com a energia solar, a mais ineficiente no momento, para atingirmos 10 trilhões de watts em 2050, precisaríamos cobrir 1 milhão de telhados por dia até lá! Impossível.

A solução é investir pesado na pesquisa básica, especialmente naquela voltada para a geração de energia. Serão necessárias ideias completamente novas, combinando engenharia, física, química e biologia. Um passo ainda mais fundamental, que o Brasil e todos os outros países do mundo deveriam estar tomando agora, é ampliar substancialmente o ensino de ciência nas escolas. Só assim a nova geração terá a chance de transformar o seu próprio futuro.