Apesar do apelo econômico, o Procel Edifica, emitido pelo Inmetro, ainda tem pouca adesão de construtores e incorporadores no Brasil
Por Vanessa Barbosa, para EXAME.com
Segundo o Ministério de Minas e Energia, setor de edificações responde por 42% do consumo de energia do país.
São Paulo - Conta-se nos dedos o número de empreendimentos brasileiros que possuem a etiquetagem de eficiência energética Procel Edifica. Lançada há pouco mais de um ano e válida para prédios comerciais e públicos, ela foi concedida a apenas 10 edifícios. Outros 40, que já foram avaliados pelo Inmetro, aguardam a emissão da etiqueta.
A análise faz parte do Programa Nacional de Conservação e Eficiência Energética em Edificações (Procel-Edifica), que promove a economia e o uso racional da energia elétrica nas edificações. Até o momento, a etiqueta se aplica somente a edifícios comerciais e públicos, que são analisados a partir de três características: sistema de iluminação; condicionamento de ar; e envoltória (análise da fachada, áreas de vidro, janelas, etc.).
Para cada um dos pré-requisitos é dada uma classificação, que vai de "A" a "E", dependendo do nível de eficiência energética da edificação. A média ponderada das três etiquetas determina a nota final do prédio. O sistema de ar-condicionado, por ser um dos que mais consomem energia, tem peso 4, e os demais, peso 3.
Atualmente, a adesão ao programa é voluntária. Mas não por muito tempo. "A ideia é tornar obrigatória a etiquetagem energética dos edifícios, assim como acontece com os eletrodomésticos", afirma Rodrigo Casella, arquiteto do Procel Edifica. "Até o final do ano, ela também deverá ser estendida para edificações residenciais".
Os prédios construídos segundo padrões de eficiência energética custam, em média, de 5% a 7% a mais que os tradicionais. Entretanto, a economia gerada pode chegar até 40%. Para Casella, o apelo econômico (e atrativo) da etiquetagem revela-se o canal mais efetivo para aumentar a adesão dos empresários do setor da construção civil, que ainda é baixa. "Eficiência energética significa economia na conta de luz, ou seja, além dos benefícios para o ambiente, a etiquetagem pesa menos no bolso", enfatiza o arquiteto.
Por uma Copa e Olimpíadas "verdes"
Nos próximos seis anos, o país deve presenciar um boom de novas construções para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Para estimular a adoção de soluções de baixo impacto ambiental pelo setor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma linha de crédito para hotéis em construção ou que pretendam passar por uma reforma.
Um dos pré-requisitos para inscrição no ProCopa Turismo é que o empreendimento tenha a classificação "A" do Procel Edifica. A linha de crédito é de R$ 1 bilhão e se destina a cidades-sedes e capitais, com valores que variam de R$ 3 milhões a R$ 10 milhões.
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Um comentário:
Excelente iniciativa, uma política que torne obrigatória a etiquetagem do Procel Edifica seria um grande passo no desenvolvimento de arquiteturas mais eficientes e sustentáveis, além de obrigar o próprio profissional de arquitetura a se atualizar e trabalhar com conceitos e soluções que até então eram apenas "uma expectativa" em seu cotidiano profissional.
Vamos torcer para que políticas deste tipo sejam cada vez mais comuns e que alterem de fato o cenário da sustentabilidade em nosso país.
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