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A partir do momento em que o tema aquecimento global e preservação do meio ambiente toma manchetes do mundo inteiro, a sustentabilidade torna-se peça-chave, despertando o interesse de todos os setores de produção, atingindo em cheio o setor da construção civil, considerado um dos grandes vilões do meio ambiente. E não é à toa, portanto, que edificações que geram a própria energia e aproveitam a água da chuva são cada vez mais cobiçadas por grandes empresas no mundo todo, tornando-se importantes projetos arquitetônicos. De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgado no site da Procel, o uso mais eficiente de concreto, metais e madeira na construção e um menor consumo de energia em aparelhos de ar condicionado e iluminação poderiam economizar bilhões de dólares em um setor responsável por quase 40% do consumo mundial de energia. Destaca, ainda, que o setor da construção civil em todo o mundo poderia promover a redução da emissão de 1,8 bilhão de toneladas de dióxido de carbono.
O arquiteto Antonio Macêdo Filho, mestre em Arquitetura Bioclimática e Edifícios Sustentáveis pela Universidad Politécnica de Madrid, e também coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo Sustentável da Universidade Cidade de São Paulo (UniCid), ressalta que a sustentabilidade é sinônimo de conforto e que seu processo na construção civil é irreversível. Macêdo, que foi o fundador da Câmara de Arquitetos e Consultores, conversou com o Portal Obra24horas sobre sustentabilidade, ecobuilding e também sobre seus novos projetos, como a criação do Portal Eco Building (WWW.ecobuilding.com.br) . Confira a nossa entrevista.
Portal Obra24horas: Há alguns meses você criou na internet uma ferramenta chamada Eco Building, que reúne, além de notícias e artigos sobre sustentabilidade, uma programação de cursos e workshops espalhados pelo Brasil e exterior. Como surgiu a ideia de criar o Eco Building e qual o seu objetivo?
Antonio Macêdo Filho: Em 1999, quando fundei a Câmara de Arquitetos e Consultores na cidade de São Paulo, a proposta inicial do trabalho era falar justamente sobre sustentabilidade e eficiência energética nas edificações, área na qual sempre atuei. Mas, naquela época, para se falar de sustentabilidade era preciso falar também de outras áreas. Foi preciso abrir o leque, oferecer uma infinidade de cursos derivados para cursos específicos. Com isso, a educação continuada cresceu demais e perdeu o foco. Foi pensando nisso, em voltar à formação direcionada, que criamos o Eco Building, cuja principal função é apresentar informações atualizadas, úteis e interessantes sobre sustentabilidade na construção civil.
A atualização e formação específica em Arquitetura e Construção Sustentável é, naturalmente, uma necessidade do mercado. Costumo dizer que é retorno à verdadeira arquitetura. Aquela que se perdeu ao longo dos tempos com o advento das novas tecnologias.
No Eco Building, o público profissional encontra a mais ampla gama de cursos e treinamentos especializados do Brasil, voltados à formação de profissionais habilitados em lidar com planejamento, projetos, obras, certificações ambientais e todos os demais aspectos da construção sustentável.
Portal Obra24horas: Todos os anos você acompanha diversas Missões Técnicas para os mais importantes eventos de construção sustentável no mundo, incluindo visitas técnicas, orientações e acompanhamento de especialistas no assunto. Quais as diferenças da arquitetura praticada lá fora para a nossa?
Antonio Macêdo Filho: A arquitetura não tem cara. Ela tem que ser múltipla. É claro que na Europa a arquitetura sustentável é mais antiga. Há regulamentos que cuidam disso há mais de 30 anos. O continente foi o que mais sofreu com a recessão na segunda guerra mundial, tendo que lidar com racionamento de tudo durante muito tempo. Portanto, estão mais evoluídos nesse parâmetro. A sustentabilidade já faz parte do dia-a-dia da construção civil. Nós, assim como os Estados Unidos e boa parte do mundo, estamos apenas iniciando nesse processo.
Portal Obra24horas: Como a arquitetura brasileira é vista lá fora?
Antonio Macêdo Filho: Existe aí duas vertentes. A arquitetura moderna, a qual pertence Oscar Niemeyer, cujas obras são reconhecidas, valorizadas e tidas como verdadeiras obras de arte e esculturas urbanas espalhadas pelo mundo todo. Mas há também a arquitetura contemporânea de Ruy Ohtake e tantos outros profissionais espalhados pelo Brasil, cuja arquitetura criativa, alegre e livre – por não pertencer a nenhuma linha dogmática – chama a atenção do mundo com seu jeito leve e festivo
Portal Obra24horas: Você acredita no futuro da arquitetura sustentável como sendo apenas “arquitetura”, sem que haja selos e etiquetas que atestem a sustentabilidade do empreendimento?
Antonio Macêdo Filho: Essa é uma tendência natural do futuro da arquitetura. Mas é preciso reconhecer também a importância dos selos que atestam a sustentabilidade do projeto construtivo neste momento. E claro que nesse caminho em que a sustentabilidade é super valorizada, há de aparecer sempre alguém querendo tirar proveito da situação, dizendo-se sustentável, mas que não preenche todos os quesitos que lhe garanta o selo. E até aí tudo bem, porque na tentativa de parecer verde todo esforço é bem-vindo. Portanto, aquilo que não faz mal, pode fazer bem. O que não se pode fazer é propaganda enganosa. Isso sim é crime, e dos graves.
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