terça-feira, 20 de julho de 2010

Em 2011, eletrodomésticos com selo Procel vão consumir ainda menos energia

Por Rogério Ferro, do Instituto Akatu, julho 2010


Geladeiras, máquinas de lavar e fogões terão que seguir normas mais rigorosas de eficiência energética e consumir ainda menos energia elétrica; novos aparelhos devem chegar ao mercado a partir do segundo semestre do próximo ano

A designer Alessandra Vaz passa muito pouco tempo dentro de casa, onde mora sozinha. Ela lava roupa uma a duas vezes por semana e usa o microondas, no máximo, três vezes por semana. No final de cada mês, a conta de luz nunca passa de R$ 18,00. Isso porque todos os seus eletrodomésticos têm o selo Procel com classificação A, que garante a maior eficiência no consumo de energia.

“Tive a sorte de começar a morar sozinha justamente quando havia o incentivo fiscal do governo para produtos de linha branca e fiz questão de comprar todos os aparelhos com o selo de eficiência energética. Valeu muito a pena”, festeja Alessandra.

O que ela não sabe é que agora, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), está revisando seus padrões para tornar ainda mais econômicos os produtos da chamada linha branca. Esses eletrodomésticos têm uma classificação de consumo de energia que vai de A, mais eficiente, ao E, menos eficiente.

Hoje, a maioria das geladeiras (90,5%), máquinas de lavar roupa (98,7%) e fogões (69,4%) fabricados no Brasil está dentro do padrão A. O Inmetro quer estabelecer critérios mais rigorosos para aumentar a garantia de eficiência energética dos eletrodomésticos.

Ou seja, eles têm que ser ainda mais econômicos. Segundo o Inmetro, com a revisão, apenas 5% dos fogões, 36% das geladeiras e 37% das máquinas de lavar roupa poderão receber o selo A de eficiência. Com isso, a indústria terá que se tornar mais competitiva e o consumidor terá mais opções.

Marcos Borges, Coordenador do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), explica que o processo de revisão está sendo conduzido em parceria com os representantes dos fabricantes, que ajudam a propor os índices de eficiência energética.

“Por essa razão, a primeira etapa é negociar com o setor produtivo quais serão os novos índices. Esse processo está em conclusão, e, até o começo de agosto, os novos regulamentos já deverão ser colocados em consulta pública por 30 dias. Em seguida, os comentários recebidos são analisados, consolidados e o regulamento final publicado. A partir daí, os fabricantes tem de 6 a 12 meses para se adaptar as novas regras”.

Na prática, o Inmetro espera que os eletrodomésticos mais eficientes estejam nas lojas no segundo semestre de 2011.

Mas atenção. Isso não quer dizer que consumidores como Alessandra, que já têm aparelhos com atual selo Procel, devem sair trocando pelos novos. “Esses aparelhos já são eficientes e devem ser usados até o fim da sua vida útil. Os consumidores que possuem esses eletrodomésticos já estão economizando bastante”, recomenda Heloisa Mello, gerente de operações do Instituto Akatu.

“O que nós queremos agora é aumentar esses índices de eficiência energética e dispersar. Vamos ter menos aparelhos com classificação em A, algo em torno de 15%, 20% e fazer uma distribuição de 15% a 20% em B e assim por diante”, explica o diretor da qualidade Inmetro Alfredo Lobo.

Segundo Borges, sempre que ocorre um acúmulo nas classificações superiores, o Inmetro reclassifica os programas subindo os índices de eficiência. Borges, explica os benefícios da rotina.

“Um refrigerador hoje é, em média, 60% mais eficiente que um modelo de 10 anos atrás. Desde a implementação do selo Procel, cerca de 9 bilhões de reais deixaram de impactar na conta de energia dos brasileiros. Isso equivale a 40 meses de operação ininterrupta e máxima de Angra I, usina de energia nuclear localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro”.

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