Acredito que, entre os colegas, a maioria já deve conhecer o suficiente a respeito, mas acho que permanece oportuno o comentário que acrescento a seguir.
O uso de coletores solares é simples, relativamente barato e, para uso residencial unifamiliar, de elevada eficácia no fornecimento de água quente para consumo doméstico. Mas o melhor mesmo é que para isto, utiliza apenas uma fonte de energia limpa, renovável, gratuita e praticamente infinita, o sol.
No Brasil, apesar de ser um dos países que mais recebem radiação solar no mundo, o sistema mais utilizado para aquecimento de água é ainda o chuveiro elétrico, equipamento que transforma energia elétrica, forma nobre de energia (que precisa ser produzida, transformada e transmitida), em calor, forma pobre de energia, resultante não aproveitável de qualquer processo de transformação de energia, que equivale, em muitos casos, a perda de rendimento, ou baixa eficiência no processo.
Um chuveiro elétrico pode custar menos de R$ 20,00, mas pode ter potências de 8.000 W, frequentemente o equipamento mais potente de uma residência, que, para a classe média brasileira, pode facilmente ter 3 banheiros, cada um com um chuveiro elétrico.
Consideremos agora o seguinte: Todo o sistema elétrico brasileiro, das usinas às tomadas elétricas, está dimensionado para atender à demanda de pico, que é representada por um verdadeiro "pão de açucar" no gráfico da curva de carga de um dia típico padrão nacional, por um período de aproximadamente 3 horas, entre 17:30 h. e 20:30 h., todos os dias. Boa parte desta demanda é devida ao uso do chuveiro elétrico em todo o país. Em cidades médias ou grandes isto pode representar 20% de tudo o que se consome na ponta, que é, não por acaso, quando a energia é mais cara para o consumidor.
Gráfico: Curva de carga típica nacional - fonte: Procel - Eletrobrás
Ou seja, o uso de coletores solares para aquecimento de água para uso doméstico, além de trazer benefícios econômicos diretos para o próprio usuário e consumidor, traz ainda importantes benefícios para o país como um todo, uma vez que colabora para diminuir a demanda futura de energia, quando ela é mais necessária, na ponta.
Toda esta introdução se justifica por que parece que o assunto finalmente chegou às esferas superiores do poder executivo do nosso país. O programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, ambicioso projeto para habitação social, está prevendo o uso de coletores solares para aquecimento de água para estas residências populares. O governo está preocupado com o conforto do banho do brasileiro de baixa renda? Acho que não é caso. O governo está preocupado com a demanda energética nacional, por que sabe que se não fizer isto, o usuário fatalmente porá chuveiros elétricos e o problema apenas crescerá. Não há mesmo outra opção.
Mas tem que fazer bem feito, dimensionar adequadamente, especificar adequadamente, considerando-se as características regionais de insolação, os hábitos de consumo, etc. Sei que há no Ministério de Minas e Energia técnicos bem capacitados a fazê-lo. Espero que sejam bem sucedidos no processo.
Acrescento a seguir matéria a respeito do assunto, que reproduzo com autorização dos colegas da revista Sistemas Prediais.
Boa leitura.
Arq. Antonio Macêdo Filho.
Governo incentiva uso de energia alternativa
Por Alberto Nascimento, na revista Sistemas Prediais, editora Novatécnica.
Um sinal de que o uso da energia solar está cada vez mais em evidência é o Programa Minha Casa, Minha Vida, lançado no final de março pelo Governo Federal, que tem a meta de construir um milhão de casas para famílias brasileiras de baixa renda. O projeto prevê o uso da energia solar térmica em substituição aos chuveiros elétricos. Além disso, está prevista a aplicação de outras soluções sustentáveis como o reaproveitamento de água, sistemas de coleta e tratamento de esgoto e uso de madeira de origem certificada.
As tecnologias e materiais ambientalmente sustentáveis vão variar dependendo da região do país. Em algumas localidades, por exemplo, poderão ser instalados sistemas de coleta e reaproveitamento de água de chuva. Já as placas solares devem ser utilizadas em todas as cidades.
Com base em estudos técnicos e experiências piloto realizadas no Rio de Janeiro - onde já se utiliza placas solares em casas populares - o aproveitamento da energia solar, mesmo que apenas para substituir os chuveiros elétricos nas habitações do programa, pode poupar 520 megawatts /ano e evitar a emissão de 830 mil toneladas de gases poluentes. O custo estimado para a instalação dos equipamentos é de R$ 1,9 mil por habitação, o que corresponde a cerca de 3% do valor da obra.
"Isso não é custo, é investimento que vai virar economia. Será sentida no bolso dessas famílias, que vão pagar menos de conta de luz, e pelo ambiente, que será menos poluído", disse o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, que participou da solenidade de lançamento do Programa ao lado de outros onze ministros, treze governadores e dezenas de parlamentares, além de representantes de movimentos sociais e entidades empresariais.
O Programa também prevê mais rapidez e simplificação dos procedimentos para os licenciamentos ambientais dos projetos de casas populares. Resolução nesse sentido será apreciada na próxima reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que será realizada até o final de abril.
A proposta em pauta prevê procedimento uniforme e simplificado para o licenciamento de empreendimentos até 100 habitações; licença única para todo o empreendimento; um critério único para todos os estados; e um prazo máximo de 60 dias para a expedição da licença ambiental. As condições para o licenciamento serão: preservação de áreas de proteção permanente; o empreendimento não pode estar localizado em área de risco e terá que ter infra-estrutura de esgoto, entre outros.
Casas padronizadas
O programa prevê imóveis padronizados. As casas térreas possuirão 35m², e os apartamentos, 42 m².
Especificação da tipologia 1 (casa térrea com 35 m2)
- Compartimentos: sala, cozinha, banheiro, 2 dormitórios, área externa com tanque.
- Área da unidade: 35 m².
- Área interna: 32 m².
- Piso: cerâmico na cozinha e banheiro, cimentado no restante.
- Revestimento de alvenarias: azulejo 1,50m nas paredes hidráulicas e box. Reboco interno e externo com pintura PVA no restante.
- Forro: laje de concreto ou forro de madeira ou pvc.
- Cobertura: telha cerâmica.
- Esquadrias: janelas de ferro ou alumínio e portas de madeira.
- Dimensões dos compartimentos: compatível com mobiliário mínimo.
- Pé-direito: 2,20m na cozinha e banheiro, 2,50m no restante.
- Instalações hidráulicas: número de pontos definido, medição independente.
- Instalações elétricas: número de pontos definido, especificação mínima de materiais.
- Aquecimento solar/térmico: instalação de kit completo.
- Passeio: 0,50m no perímetro da construção.
- Área da unidade: 35 m².
- Área interna: 32 m².
- Piso: cerâmico na cozinha e banheiro, cimentado no restante.
- Revestimento de alvenarias: azulejo 1,50m nas paredes hidráulicas e box. Reboco interno e externo com pintura PVA no restante.
- Forro: laje de concreto ou forro de madeira ou pvc.
- Cobertura: telha cerâmica.
- Esquadrias: janelas de ferro ou alumínio e portas de madeira.
- Dimensões dos compartimentos: compatível com mobiliário mínimo.
- Pé-direito: 2,20m na cozinha e banheiro, 2,50m no restante.
- Instalações hidráulicas: número de pontos definido, medição independente.
- Instalações elétricas: número de pontos definido, especificação mínima de materiais.
- Aquecimento solar/térmico: instalação de kit completo.
- Passeio: 0,50m no perímetro da construção.
Especificação da tipologia 2 (apartamento com 42 m²)
• Compartimentos: sala, cozinha, área de serviço, banheiro, 2 dormitórios.
• Prédio: 4 pavimentos, 16 apartamentos por bloco – opção: até 5 pavimentos e
20 apartamentos.
• Área da unidade: 42m².
• Área interna: 37 m².
• Piso: cerâmico na cozinha e banheiro, cimentado no restante.
• Revestimento de alvenarias: azulejo 1,50m nas paredes hidráulicas e box. Reboco
interno e externo com pintura PVA no restante.
• Forro: laje de concreto.
• Cobertura: telha fibrocimento.
• Esquadrias: janelas de ferro ou alumínio e portas de madeira.
• Dimensões dos compartimentos: compatível com mobiliário mínimo.
• Pé-direito: 2,20m na cozinha e banheiro, 2,40m no restante.
• Instalações hidráulicas: número de pontos definido, medição independente.
• Instalações elétricas: número de pontos definido, especificação mínima de materiais.
• Aquecimento solar/térmico: instalação de kit completo.
• Passeio: 0,50m no perímetro da construção.
Acrescento este vídeo, que ilustra a reportagem acima da revista Sistema Prediais, explicando como é o funcionamento de um aquecedor solar.
O sistema de aquecimento solar já é bastante conhecido no Brasil, porem poderia ser mais utilizado nas edificações.
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