Por Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz, para Uol.com.br - Outubro 2010
Detalhe da fachada do edifício Copan, em São Paulo, projeto de Oscar Niemeyer.
Uma forma eficiente de resolver esse problema é instalar brises junto à fachada do edifício. Também conhecidos pela expressão francesa brise-soleil, os brises são elementos sombreadores utilizados nas construções. Uma tradução direta do francês seria algo como "quebra sol". Esses elementos possuem diversos formatos e podem ser feitos dos mais variados tipos de material e aplicados de muitas maneiras em projetos de arquitetura. Existem brises de aletas verticais, horizontais, fixos e móveis; há os em colméia, inclinados, feitos de cobogós, perfurados e em inúmeros outros formatos e materiais. Existem até brises orientados por computador, que abrem ou fecham conforme a incidência solar.
Além de funcionais, os brises definem a estética da fachada do Palácio Gustavo Capanema, no Rio
Ainda que existam há muitos séculos, em diversas arquiteturas mundo a fora, como as clássicas tramas da arquitetura mourisca, por exemplo, os brises foram amplamente divulgados e utilizados no mundo durante o modernismo, e se tornaram um dos ícones da arquitetura moderna.
Sua função básica é dupla: proteger o interior e/ou a fachada das edificações do sol excessivo, controlando, assim, a temperatura no interior da construção e também evitando o ofuscamento que a iluminação abundante pode causar. Às vezes pode ter outras funções secundárias, como prover privacidade: podem ser usados para sombrear resguardar um ambiente envidraçado.
Exemplos de utilização
Os brises foram largamente utilizados no Brasil. Um dos grandes exemplos da utilização inovadora desses elementos é o prédio do Ministério da Educação e Cultura no Rio de Janeiro, o conhecido Palácio Capanema, projeto realizado por uma equipe de arquitetos liderada por Niemeyer, Le Corbusier e Lucio Costa. Nesse edifício dos anos 30, brises móveis contornam a fachada do edifício. O edifício Copan, em São Paulo, também tem sua expressividade amplificada pelo uso intenso de brises.
Mas não só na arquitetura modernista do inicio do século podemos encontrar os brises-soleil. Eles são comumente encontrados na boa arquitetura contemporânea, como pode ser observado na fantástica obra de João Filgueiras Lima, o Lelé, no edifício da Fnac, em São Paulo, desenhado por Paulo Bruna, e no famoso Instituto do Mundo Árabe de Jean Nouvel.
Como diafragmas de máquinas fotográficas, os brises do Instituto do Mundo Árabe (de Jean Nouvel, em Paris) abrem e fecham conforme a incidência de luz
Como os brises são elementos que ajudam a controlar a insolação nas construções, esse tipo de solução vem de encontro às recentes preocupações com a sustentabilidade das construções. Ora, se a fachada de um prédio pode ser sombreada por interessantes brises, preservando a transparência desejada, porque aplicar apenas vidro e depois gastar uma quantidade imensa de energia com ar-condicionado? Esse tipo de questão é importante se fazer ao realizar sua obra, ou mesmo observar a cidade ao seu redor. Se o movimento moderno deixou uma lição relevante para os conceitos de sustentabilidade, certamente é a larga e inteligente utilização de brises, pois eles aumentam muito a eficiência energética das construções.
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Comentários:
Ao passo em que parabenizo os autores pelo artigo, que em linguagem acessível aborda questões técnicas importantes - não somente neste caso, mas também em outros publicados pelo Uol.com.br -acrescento para os leitores do Blog do Macêdo que estratégias passivas de projetos de arquitetura representam as mais eficazes do ponto de vista do custo-benefício, em se tratando de eficiência energética das edificações.
Estes e outros assuntos relacionados às tecnologias utilizadas para garantir o melhor desempenho dos edifícios eu abordo no meu curso Arquitetura Sustentável - Técnicas e Tecnologias para a Sustentabilidade na Construção.
Mais informações em: www.ecobuilding.com.br.
Prof. Arq. Antonio Macêdo Filho.
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