Sistemas solares fotovoltaicos foram por muito tempo apresentados como uma forma limpa de gerar eletricidade, porém cara se comparada com outras alternativas, do petróleo à energia atômica. Não mais.

"O sistema fotovoltaico se tornou uma alternativa de baixo custo a novas usinas nucleares", conforme o estudo chamado Custos Solares e Nucleares, de John Blackburn, professor de economia da Universidade Duke, na Carolina do Norte, e Sam Cunningham, um aluno de graduação. A passagem ocorre quando o preço do kilowatt/hora chega a 16 centavos de dólar.
Enquanto o custo da energia solar vem declinando, os custos da energia nuclear aumentaram nos últimos oito anos, disse Mark Cooper, pesquisador de análise econômica da Universidade de Vermont.
A estimativa de custos de construção - cerca de 3 bilhões de dólares por reator em 2002 - vem sendo revisada regularmente para cima, para uma média de 10 bilhões de dólares por reator, e as estimativas apontam que continuaram subindo, disse Cooper, um analista cuja especialidade é avaliar os preços da energia nuclear. Identificar o custo real de tecnologias de geração de energia é complicado por causa da amplitude dos subsídios e renúncia fiscal envolvidos.
Como resultados, os contribuintes e usuários americanos podem terminar gastando centenas de bilhões de dólares ou até trilhões de dólares a mais que o necessário para alcançar uma ampla oferta de energia de baixo carbono, se propostas legislativas no Congresso americano levarem à adoção de um ambicioso programa de desenvolvimento nuclear, registrou um relatório em novembro passado.
O documento Todos os Riscos, Nenhuma Recompensa para os Contribuintes, foi a resposta para uma lista desenvolvida pelo Instituto de Energia Nuclear, um grupo industrial. O instituto defendeu um mix de subsídios, créditos de impostos, garantias de empréstimos, simplificações de processos e suporte institucional em larga escala.

Com longos períodos de obras e atrasos frequentes, isso pode significar que os usuários de eletricidade comecem a pagar preços mais caros 12 anos antes que as usinas produzam eletricidade.
Entre 1943 e 1999, o governo americano pagou perto de 151 bilhões de dólares (valores de 1999), em subsídios para energia eólica, solar e nuclear, como escreveu Marshall Goldberg, do Projeto de Políticas de Energia Renováveis, uma organização de pesquisa de Washington. Desse total, 96,3% foram para a energia nuclear, segundo o relatório.
Segundo Mark Cooper, ainda assim tais custos são insignificantes em comparação com os riscos financeiros e subsídios que podem acompanhar a próxima onda de construção de usinas nucleares.
A agência classificadora de riscos Moody's mencionou os riscos de novas usinas nucleares em um relatório de 2009. "A Moody's avalia adotar uma visão negativa para a construção de novas centrais nucleares", registra o documento.

O risco de mercado foi agravado com a recente recessão. "A crise atual diminuiu a demanda por energia mais do que a crise do petróleo dos anos 1970", disse Cooper. A recessão "parece ter causado uma mudança fundamental nos padrões de consumo que diminuirá a taxa de crescimento de longo prazo da procura por eletricidade".
*Veja.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário