Casa ecológica deve se adaptar às condições do meio em que será construída, a fim de reduzir os impactos ambientais. Projeto mistura equipamentos tecnológicos e materiais ecologicamente corretos
Nem coisa de hippies, nem idéia de arquitetos alternativos. A casa ecológica saiu da prancheta e tornou-se realidade para pessoas comuns, preocupadas com a preservação do meio ambiente. Para causar menos danos à natureza, o imóvel mistura materiais ecologicamente corretos, equipamentos hi-tech que diminuem o uso de recursos naturais e um projeto arquitetônico que aproveita ao máximo as condições do terreno, a iluminação solar e a ventilação.
Quando vai construir, pouca gente pensa no impacto que uma obra terá no meio ambiente. Os materiais usados podem ter sido obtidos com a destruição de florestas ou incluir produtos tóxicos. Além disso, depois de concluído o imóvel, tanto a residência como os seus moradores vão deixar marcas na natureza. Preocupadas com o futuro das próximas gerações, algumas famílias de classe média alta - formadas principalmente por profissionais liberais - têm procurado diminuir muito esses efeitos.
Com miniestações de tratamento de esgoto enterradas no quintal, por exemplo, conseguem obter índices de até 95% de pureza da água, reutilizada em limpeza ou para molhar o jardim. Aquecedores solares garantem um banho quente sem eletricidade, enquanto janelas estrategicamente posicionadas aproveitam a iluminação e a ventilação naturais - e economizam a energia.
As opções disponíveis se multiplicam a cada dia, ao mesmo tempo em que aumentam os desafios para se evitar que o planeta entre em colapso. “É muito importante usar a tecnologia a favor de construções de menor impacto”, destaca Roberta Kronka Mülfarth, do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
O meio ambiente que o diga. Segundo cientistas, as mudanças recentes no clima da Terra têm relação direta com a ação do homem. Segundo dados da Organizações das Nações Unidas (ONU), em 1990, cada brasileiro era responsável pela emissão de 1,4 tonelada de dióxido de carbono - um dos gases do aquecimento global - na atmosfera. Em 2002, o volume subiu para 1,8 tonelada. Pode parecer pouco diante de países como os Estados Unidos, onde a taxa subiu de 18,9 para 20 toneladas por pessoa, mas o crescimento é de 28% - nos EUA, foi de 6%.
Também tem aumentado o uso de recursos naturais e energéticos. Ainda de acordo com a ONU, o consumo de água no Planeta cresceu seis vezes no século 20, enquanto a população apenas triplicou. Mantido esse ritmo, não é difícil prever uma crise de abastecimento daqui a algumas décadas. Estatísticas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento mostram ainda que o gasto de energia de cada brasileiro era de 1,14 kilowatt por hora em 1980. Em 2002, o valor tinha dobrado.
Publicado originalmente no Portal Obra24Horas, em agosto 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário