Por revista Época.
Associar uma grande caminhonete gastando combustível com os efeitos do aquecimento global é algo evidente. O que pouca gente imagina é o potencial de poluição de um imóvel. Segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos, as construções são responsáveis por 39% de todo o consumo energético e por um porcentual semelhante de emissão de gases do efeito-estufa. Diante disso, o diário americano The Wall Street Journal convidou quatro escritórios de arquitetura a projetar o que eles entenderiam como as casas ecologicamente corretas do futuro. Não era preciso se preocupar com questões como custo, estética e o modo como as pessoas estão habituadas a morar.
A ideia era apresentar projetos inovadores, mas não impraticáveis. E surgiram propostas muito curiosas, como a "casa-camaleão". Confira abaixo a proposta de cada escritório.
Casa-camaleão
Imagine uma residência que se "adapte" ao clima externo. Esta é a proposta do escritório Cook and Fox, de Nova York, que desenhou a casa-camaleão: suas paredes são cobertas por uma camada "biomórfica" que reage às mudanças climáticas. Ela escurece quando o sol está forte, para isolar a construção do calor, e se torna mais clara nos dias nublados para absorver a maior quantidade possível de luz. A fachada é projetada para captar a água da chuva para suprir as necessidades de água da casa - mais um paralelo com o réptil, que absorve pequenas gotas de orvalho pelo nariz e as leva para a boca. Essas inovações fazem parte do conceito de biomimetismo. Apesar de suas soluções modernas, a casa-camaleão é planejada para não destoar de residências vizinhas tradicionais.
Casa-coméstivel
Não é à toa que o escritório Rios Clementi Hale denominou seu projeto de "A Incrível Casa Comestível".A fachada da residência de três andares é dominada por uma horta vertical, que inclui grão-de-bico e tomate e chá-verde, entre outros vegetais. Além de alimentar os moradores e fornecer sombra constante, absorve o calor de forma mais eficiente que os materiais tradicionais. O telhado funciona como um reservatório que armazena água e mantém a temperatura interna agradável. Certamente não é uma casa bonita pelos padrões estéticos convencionais, mas chama a atenção.
Casa-árvore
A casa projetada pelo escritório McDonough and Partners tem várias fatores de eficiência energética. A superfície da residência, tal qual uma folha, contém uma camada fotossintética que captura a luz do sol. Ao contrário dos painéis solares convencionais, retangulares e obrigatoriamente instalados num espaço plano, esses receptores podem ter formato maleável, numa cobertura em curva. Além de aquecer a água e gerar energia para a casa, liberam oxigênio para a atmosfera, compensando as emissões de gás carbônico de outras áreas do imóvel. O "tronco" da casa-árvore, ou seja, sua sustentação, dispensaria a madeira ou metais; no lugar deles, estruturas de carbono, mais leves. E as "raízes" seriam um sistema de troca de calor do solo com o ar do entorno da casa, que permite deixar a residência mais quente no inverno e mais fresca no verão.
Para os arquitetos do escritório Mouzon, olhar para o futuro não significa necessariamente dispensar técnicas antigas. A casa verde projetada por eles contém ideias conhecidas há muito tempo para a redução do uso de energia. Uma delas é o efeito-chaminé. A residência explora bastante esse recurso, que funciona assim: a diferença de pressão faz com que o ar mais quente da chaminé suba e "empurre" para baixo o ar mais fresco do ambiente externo, fazendo com que ele entre na casa pelas portas e janelas e deixe a casa mais ventilada, com uma temperatura agradável. Outra proposta simples é colocar tanques com tilápias nos jardins ao redor da casa para fornecer alimento de forma simples ao proprietário. "Está entre os meios mais energeticamente eficientes de produzir proteína animal", diz Steve Mouzon, chefe do escritório.
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