terça-feira, 31 de maio de 2016

Supermercados buscam soluções para reduzir consumo de energia

Por Tiago Reis, para o Procel Info, reproduzido por Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasil - Em busca de competitividade, setor adota eficiência energética para reduzir custos e aumentar as vendas
Após um ano em que as despesas com energia elétrica perderam apenas para os custos com folha de pagamento, o setor de supermercados do Brasil tem intensificado a busca por soluções na área de eficiência energética. Desde as grandes redes até os pequenos estabelecimentos o foco é um só: reduzir os gastos com energia elétrica.

Segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), no ano de 2014, o segmento consumiu 8,6 GWh, o equivalente a 2,5% do consumo de energia em todo o país. O consumo médio por loja ficou em 103 MWh, o que resultou num gasto de cerca de R$ 3,5 bilhões somente com a conta de energia. Mesmo com a redução do valor das Bandeiras Tarifárias, o setor ainda não absorveu totalmente os reajustes ocorridos em 2015. Principalmente nos pequenos estabelecimentos e em lojas de cidades do interior, o valor gasto com energia elétrica, em muitos casos, se equiparou com as despesas com folha de pagamento.

Num cenário de retração econômica, a gestão eficiente de energia tornou-se fundamental, já que este segmento possui grande demanda de utilização de equipamentos de refrigeração e aquecimento de alimentos, sistemas de climatização e iluminação, além de computadores. Ao reduzir a conta de energia, os supermercados ganham em competitividade e essa despesa menor pode refletir na política de preços de cada estabelecimento, resultando em descontos para o consumidor, aumento das vendas e lucros.

Segundo a Abras, desde 2012 as lojas têm intensificado as ações para tornar o setor mais “verde”. De acordo com levantamento da entidade, no triênio 2012-2014 houve uma redução de 5,4% no consumo de energia pelos supermercados brasileiros.

“As lojas mais modernas já contam com painéis solares, água de chuva armazenada para as descargas dos banheiros, estruturas que maximizam o uso de luz natural e substituição de equipamentos, que são mais modernos, econômicos e menos poluentes”, informou a associação por meio de comunicado.

De acordo com Fábio Cuberos, gerente de Regulação do Grupo Safira Energia, empresa que presta consultoria no setor, a demanda por projetos de eficiência energética teve um aumento considerável nos últimos dois anos. No segmento de supermercados, a principal demanda é por tornar mais eficiente o setor de refrigeração, que é o principal consumidor de energia desse tipo de estabelecimento.
Os supermercados são os maiores consumidores de energia do setor varejista

“Se for feito um trabalho visando tornar mais eficiente os sistemas de refrigeração, substituindo equipamentos antigos por mais modernos, a empresa vai conseguir ter um melhor retorno. Iluminação também faz parte disso e reduz os custos, mas o que representa os maiores ganhos, certamente é a refrigeração”, afirma Cuberos.

Entretanto, ele revela que devido a situação econômica do país, alguns empresários estão optando, num primeiro momento, pelo mercado livre de energia, para, com a economia gerada pela tarifa mais baixa, investir posteriormente na substituição de equipamentos.

“A redução de custos com a mudança do mercado cativo para o mercado livre é muito maior e mais rápido do que projetos de eficientização. Projetos de eficiência energética demandam investimentos, dão resultados no longo prazo. No mercado livre, a redução imediata é de no mínimo 30% nos custos”, ressalta Cuberos.

O gerente do Grupo Safira aponta que outra tendência do setor é investir em geração própria de energia. Com a atualização da resolução 482, da Aneel, a micro e mini-geração distribuída ficou bastante viável, principalmente para os consumidores conectados na baixa tensão, o que tem aumentado a procura por soluções nessa área.

Grandes redes modernizam suas lojas

Uma das principais redes do setor, a multinacional francesa Carrefour, por meio da sua Plataforma de Sustentabilidade, intensificou nos últimos anos a adoção de medidas para ampliar a eficiência energética em suas instalações. No Brasil, 80% da energia consumida pelas lojas do Carrefour são provenientes de fontes de baixo carbono, como: eólica, biomassa e de pequenas centrais hidroelétricas. Além disso, foram providenciadas a substituição de balcões frigoríficos abertos por modelos fechados e a troca das lâmpadas comuns por modelos de LED.

Buscando um modelo para tornar ainda mais eficiente e sustentável a operação de suas lojas, o Carrefour selecionou em 2015 dois hipermercados para testar um novo sistema de iluminação. O projeto, implementado nas lojas de Jundiaí (SP) e Vila Velha (ES), teve como objetivo reduzir as perdas de iluminação por meio da distribuição de luminárias apenas nos pontos necessários. “Como resultado, a nova tecnologia ocasionou redução de cerca de 30% no consumo de energia”, disse a rede varejista por meio de nota.

A loja de Vila Velha, inaugurada em setembro, é a primeira da rede a contar com a iluminação 100% de LED. Além disso, todo o calor gerado pelo sistema de refrigeração é utilizado para o aquecimento de água da unidade, o que proporciona uma significativa redução no consumo de energia.

“Parte do conceito da nova geração de hipermercados e supermercados da rede, o novo sistema de iluminação está contemplado no calendário de revitalizações das lojas espalhadas pelo Brasil. Eles reduzem significativamente consumo de energia e o impacto na emissão de gases de efeito estufa. Associado a esses projetos, o Carrefour conta também com diversas iniciativas de conscientização dos seus colaboradores voltadas ao consumo consciente dos recursos naturais”, completa a multinacional.

O Grupo Pão de Açúcar (GPA), proprietário das marcas Extra, Pão de Açúcar e Assaí, também intensificou a adoção de medidas para reduzir o consumo de energia. Desde 2014, funciona um grupo de trabalho para implementar ações de eficiência energética nas lojas, centrais de abastecimento e unidades administrativas do GPA.
Adesão ao mercado livre e geração própria de energia nos horários de pico são iniciativas adotadas para reduzir o valor da conta de energia

Entre as iniciativas adotadas pelo grupo, estão, para a área administrativa, a criação de regras para uso do ar condicionado e da iluminação nos horários com menor fluxo de colaboradores nos escritórios, uso inteligente dos elevadores, considerando os horários de baixo fluxo e substituição de lâmpadas por modelos mais eficientes.

Já nas lojas e centrais de abastecimento do Extra e Pão de Açúcar foi efetuada a instalação de lâmpadas de LED, fechamento dos balcões de refrigeração e automação do sistema de climatização. Além disso, 80% das lojas já possuem geradores para utilização nos horários de píco e foi implementado, em cada loja, uma rotina de análise e mensuração do consumo de energia para identificar possíveis falhas e assim tomar medidas imediatas de correção.

Nas lojas recém-inauguradas do atacadista Assaí, o projeto contempla a utilização maior da iluminação natural, por meio de cobertura zenital e fachadas de vidro. Também nessas lojas foram implementados sistemas de condicionamento de ar de acumulação, que armazena água gelada e utiliza na refrigeração da loja em períodos nos quais a tarifa é mais alta. Esse sistema se autocontrola, racionalizando o consumo de energia.

“Essas medidas, quando concluídas devem atingir, por exemplo, a redução de até 25% no consumo de energia de uma loja de hipermercado. No caso do Assaí, por ser uma rede de operação de baixo custo, a redução média será de 10%”, conclui o GPA.

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