quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Tour First - Torre sustentável em Paris

Tour First - Torre sustentável em Paris (La Défense)

Neste mês de novembro de 2009, tive oportunidade de acompanhar a quarta edição da Missão Técnica Paris Batimat, organizada agora pela ArqTours, by Raquel Palhares (na foto, à direita).

Em uma semana fria de outuno europeu, visitamos, além do Salão Batimat, maior feira de construção do mundo (este ano um pouco menor, mais ainda enorme), pudemos também realizar algumas visitas técnicas bem interessantes. Comentarei a Batimat em uma próxima postagem.

Dentre as visitas técnicas que realizamos, destaco aqui a Tour First, que está em construção (na verdade, reconstrução) em La Défense, na grande Paris. O edifício será, quando concluído, em 2010, o mais alto da França. Trata-se na verdade de um enorme retrofit do edifício original, concluído nos anos 80.

Antes de visitar a obra do Tour First, tivemos também oportunidade de visitar o escritório de arquitetura responsável pelo projeto, onde o arquiteto titular gentilmente nos recebeu para uma apresentação detalhada sobre a intervenção, que foi fruto de um concurso internacional e envolveu todo o edifício.

A empresa proprietária do edifício tinha a intenção com esta renovação se adequar aos novos requisitos de sustentabilidade e
novos parâmetros de mercado. Um dos requisitos fundamentais era a adequação ao referencial HQE - Haute Qualité Environnementale , certificação ambiental de edificações que é a referência para a certificação brasileira AQUA - Alta Qualidade Ambiental.

A possibilidade de demolição chegou a ser considerada, mas a renovação completa se mostrou a opção mais sensata para a região de La
Defénse, importante distrito financeiro da capital francesa.

A proposta vencedora incorporou, no balanço geral entre as áreas de demolição e construção, mais de 9.000 m2 aos 77.000 originais, incluindo novos dez andares, o que tornará o edifício o mais alto do país.

A planta original dispunha os pavimentos tipo de escritórios em três segmentos separados. O novo projeto, por sua vez, criou uma extensão nas plantas tipo de 1,5 m. para fora do prédio, em toda a sua periferia, de forma a que os segmentos de planta passaram a ser inter-conectados internamente, sem necessidade de ir ao hall, possibilitando a ocupação por uma mesma empresa de toda a planta.

Toda a fachada original foi substituída. Todos os caixilhos e vidros originais foram encaminhados para empresas de reciclagem. Para a nova fachada, estudos de insolação e radiação foram realizados com o auxílio de simulação computacional, para determinar quais as regiões que necessitariam de maior ou menor proteção, em função da incidência de radiação durante o ano, considerando-se, inclusive a influência do sombreamento dos edifícios vizinhos, especialmente nos pavimentos inferiores do edifício.

A partir destes estudos, foram distribuídas pelas fachadas, soluções distintas que envolvem vidros duplos ventilados, vidros duplos não ventilados e vidros simples.

Os sistemas de ar condicionado, por sua vez, também foram projetados para estas variações de demanda térmica pela planta.

Os elevadores originais foram também substituídos por modelos mais eficientes, com sistema de reaproveitamento de energia, novo conjunto de sistemas de iluminação e de automação e controle garantirão a também maior eficiência energética ao complexo.

A reforma do edifício incluiu também, por conta dos novos andares que foram somados à estrutura, reforços estruturais nas fundações, que, surpreendentemente, conforme soubemos durante a visita, são feitas em radier, com apenas 30 m. de profundidade.

Do alto da imponente torre, podemos ter uma bela
vista de Paris, e da região de La Défense.

Apesar do alto custo da reforma, em torno dos 300 milhões de Euros, os proprietários, antes mesmo da conclusão das obras, já ficaram muito satisfeitos. O empreendimento foi comercializado a investidores que já garantiram a ocupação plena do edifício, após conclusão das obras.

É um exemplo de sustentabilidade aplicada a grandes obras e a comprovação de que de fato não há construção sustentável sem viabilização comercial.

As certificações ambientais são fundamentais para garantir às edificações o caráter de green buildings e a valorização dos empreendimentos. O referencial francês HQE, assim como o AQUA no Brasil, são uma boa ferramenta para isto.

A IV Missão Técnica Paris Batimat 2009 foi realizada entre 01 e 09 de novembro e 2009. A próxima edição será na mesma época, em 2011. Muito provavelmente haverá novas obras como esta para visitarmos na dinâmica região de La Défense.

A bientôt, Paris.

Por Antonio Macêdo Filho.


2 comentários:

Arq. Bruno Moraes disse...

António,

Parabéns o Blog esta muito bom!
Com muito assunto interessante.
To vendo que você deu continuidade nele, e mudou um pouco a "cara" do blog, esta bem legal mesmo, eu to sempre entrando pra me interar.

Legal,vocês terem ido pra Dubai, tenho muita vontade de conhecer ainda.

Antonio,tem um amigo meu que esta querendo fabricar um produto que vem da sobra da recauchutagem de pneus, são uns aglomerados da borracha, aqui no Brasil não tem quem fabrique, e nos EUA já é bastante utilizado em paisagismo,hípicas,jardins,etc.
Gostaria de um dia falar com você, e você me dar umas dicas se vale a pena investir nesse produto reciclado.
Se o Brasil teria mercado...etc.

Grande Abraço
Mande um beijo para Raquel também.

Bruno

Raquel Palhares disse...

Adorei seu post sobre a nossa visita à Tour First! Foi um dos momentos inesquecíveis da viagem!
Vou colocar no meu blog também seus comentários sobre esta obra!
Sucesso! Te amo!
Quel