É notável que já desde início a coordenação do curso, na pessoa da colega Arq. Cristina, esteja buscando oferecer aos seus graduandos a melhor formação que se possa obter, especialmente em se tratando de uma região onde ainda muito o que se fazer em prol da sustentabilidade. Abordo aqui apenas alguns aspectos, que puder observar.
Esta foi a minha segunda visita a Porto Velho e à Uniron e nas duas oportunidades, pude perceber, sobrevoando a porção sul da Amazônia, como há, de fato, ainda muitas queimadas, em pontos diversos aparentemente isolados no meio da imensa floresta. É mesmo preciso que se ofereça estímulo convincente o suficiente fazer um proprietário de terras manter a sua parte de floresta e obter retorno por isto. Ou seja, dinheiro. É o que precisa.
Nos dois hotéis em que estive, em todos os quartos, nos banheiros são utilizados chuveiros elétricos. Não vi instalações de coletores solares em nenhuma parte e a região, que está a apenas 8 graus de latitude sul, é, portanto, de sol abundante e praticamente constante todo o ano. Detalhe: os chuveiros consomem energia elétrica que é em grande parte produzida em usinas térmicas a diesel! Pior: o combustível, que não é produzido localmente, tem de ser trazido de barco de Manaus, em uma viagem de 7 dias. Sem comentários.
Mas, as coisas estão mudando. As duas únicas usinas hidrelétricas em construção atualmente no Brasil estão sendo feitas no Rio Madeira, em Rondônia e serão capazes de atender não apenas a demanda da região como contribuirão para o progresso do país injetando mais energia no sistema elétrico nacional.
As duas novas usinas, chamadas Santo Antônio e Jirau, serão as primeiras a terem sido aprovadas pelo ministério do Meio Ambiente segundo as novas e mais exigentes regulamentações ambientais que foram aprovadas pela então ministra Marina Silva, que inclusive é da região (nasceu no Acre). Estas novas normas colocam o Brasil entre os de legislação ambiental mais avançada do mundo (uns diriam mais restritiva do mundo) e farão destas novas usinas hidrelétricas as mais ambientalmente responsáveis do planeta.
Um exemplo para muitos países, especialmente para a China, onde recentemente foi inaugurada a usina de Três Gargantas que, além do imenso impacto ambiental, provocou um dos maiores movimentos migratórios que tem registro na história da humanidade, obrigando mais de 4 milhões de pessoas a deixarem as suas vilas, que foram inundadas.
Espero que quando a energia elétrica vier a ser produzida de forma renovável em Porto Velho, os arquitetos locais (muitos deles terão já sido formados lá mesmo), saibam utilizá-la de forma eficiente e ponderada, valorizando a que recebemos gratuitamente do sol e do vento, de forma que nos aproximemos da almejada sustentabilidade.
Se assim for, ficarei satisfeito em ter podido contribuir um pouco e terão valido a pena as minhas visitas a Porto Velho, onde espero voltar em breve, para rever os novos amigos.
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