sábado, 16 de janeiro de 2016

Etiquetagem de edifícios: prédio com etiqueta A reduz consumo de energia em mais de 30%

Originalmente publicado em  em Outubro 2015

Programa Brasileiro de Etiquetagem, que concede a Etiqueta de Eficiência Energética, já popular no mercado consumidor de eletrodomésticos e lâmpadas, também prevê a certificação de edifícios comerciais e residenciais. Para construções, no entanto, o processo é pouco conhecido e praticado. Em Pernambuco, apenas a Arena Itaipava consta na lista de etiquetados. No caso do estádio, foi averiguado o projeto, que recebeu A. É a Celpe quem faz a avaliação, que pode ser do projeto, do prédio já construído ou de ambos, conforme a solicitação do construtor. Já o Inmetro e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) emitem a etiqueta

“O consumidor não demanda isso às construtoras, que teriam muito o que pensar. Quando o consumidor não demanda, a construtora não oferta”, expõe a gerente de Eficiência Energética da Celpe, Ana Mascarenhas, 
sobre a falta de prédios com selo. Similar ao que ocorre com eletrodomésticos e lâmpadas, adquirir, por exemplo, um apartamento num prédio com etiqueta A seria garantia de uma redução superior a 30% no consumo energético da residência.

No caso dos prédios comerciais, são estudados a envoltória (a cobertura e a fachada), a iluminação (qual o tipo da lâmpada?) e o sistema de condicionamento de ar. São feitos cálculos a partir de informações que levam em conta inclusive o material utilizado na construção. Vidro, por exemplo, tão em alta nos projetos recentes de empresariais, é material que impulsiona o uso do ar-condicionado, porque esquenta e o aparelho tem de trabalhar mais, para retirar o calor do ambiente. Ana Mascarenhas alerta que mesmo os vidros com baixo fator solar elevam o consumo. “O problema é que [na arquitetura] a gente copia modelos de países frios, que estão acima da Linha do Equador. Tem que pensar no conforto interno”.
Vidros e concreto armado impulsionam o consumo do
sistema de ar-condicionado
Em se tratando de residenciais, são levadas em conta a cobertura e fachada (envoltória) mais os projetos de ventilação e iluminação naturais de todo o prédio, inclusive das áreas comuns, como salão de festas. A nota, logo, é dada pelo prédio, e não por apartamento. Ana orienta: “Tem que pensar em materiais que tenham uma transmitância térmica baixa. Quanto mais compacto o material, mais calor passa. É o caso do concreto armado. As moléculas estão tão próximas que a parte de fora, quando esquenta, passa mais rápido para a parte de dentro. O concreto armado é um grande inimigo da arquitetura tropical. Melhor o bloco de quatro, seis, furos. Ele diminui a carga de calor, que se dissipa e passa lentamente”.
A especialista em energia eficiente credita à valorização das formas, ao invés da função, o grande responsável por construções naturalmente desconfortáveis que necessitam de artifícios que exigem custos. “O prédio pode ser lindíssimo, mas se for desconfortável, não adianta. As pessoas focam muito na forma, mas esquecem da função. Coloca-se um ar-condicionado e está tudo resolvido… sendo que tem um custo bastante alto. Ele é o vilão das nossas contas e um consumo que a pessoa vai ter durante toda a vida”, defende ela, que relembra modelos da arquitetura de décadas passadas, como o pé-direito alto e as janelas com venezianas, como ideais para o Nordeste. “A gente não tem esses artifícios simplesmente porque saíram de moda”, conclui.
O pé-direito alto e o aproveitamento da iluminação natural aparecem nesse projeto moderno

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